“Os Tártaros”, um conjunto que pertenceu à Jovem Guarda.

“Na década de 60 as garotas, na inocente efervescência da época, quando achavam um rapaz bonito diziam: “Que homem Bárbaro”! Com o passar do tempo, mudaram o cognome para Tártaro por acharem o boy mais dotado ainda…
Foi assim então que sem muitas pretensões, sugeri colocar o nome “Os Tártaros” no nosso grupo quando ainda estava em formação, e todos concordaram. Daí a mera coincidência com a banda Portuguesa de mesmo nome. Dei nome também ao conjunto “Os Capetas”, que era formado por irmãos dos integrantes dos Tártaros.” (por Walter Neves, membro do conjunto)

Da esquerda para a direita: Raimundo Carrero, Djilson Beirão, Walter Neves, José Araújo (de óculos) e Fred Monteiro.

Da esquerda para a direita: Raimundo Carrero, Djilson Beirão, Walter Neves, José Araújo (de óculos) e Fred Monteiro.

A primeira formação do conjunto fez história durante a fase da Jovem Guarda em Pernambuco, quando se apresentavam nas tardes de domingo no programa “Bossa Dois”, sob o comando de José Maria Marques, na TV Jornal do Comércio, Canal 2, nos Anos 60.
Da esquerda para a direita: Raimundo Carrero, Djilson Beirão, Walter Neves, José Araújo (de óculos) e Fred Monteiro. Pertenciam à gravadora de Pernambuco, a Mocambo. Os ensaios aconteciam na residência de José Araújo (Bass) na rua Geraldo de Andrade no Espinheiro.

Capa do compacto pela Mocambo

Capa do compacto pela Mocambo


Contracapa

Contracapa

Não podemos confundir com o grupo de Portugal com o mesmo nome, “Os Tártaros”. Fred Monteiro, na foto acima, o primeiro da direita para a esquerda, conta que Os Tártaros pernambucanos tomaram conhecimento da existência desse grupo posteriormente a sua criação aqui no Brasil. Fred Monteiro hoje é servidor público aposentado e possui um blog onde ele conta toda a história dos Tártaros pernambucanos, que juntamente com o conjunto The Silver Jets (do qual fez parte o nosso saudoso Reginaldo Rossi), foram os conjuntos mais badalados de Pernambuco e do Nordeste à época da Jovem Guarda.
Desta primeira formação, todos estão vivos e hoje são vovôs corujas. O Djilson dedica-se às atividades missionárias da Renovação Carismática. Fred Monteiro é aposentado pela Procuradoria da União. O José Araújo é um grande comerciante de peças eletrônicas e o Wálter Neves ainda continua na atividade advocatícia. O Raimundo Carrero (que, na foto é o primeiro da esquerda para a direita) saiu do conjunto logo após a gravação do compacto pela Mocambo. Hoje ele é escritor literário.

Hamilton Florentino conta que uma das muitas historias contadas por Fred Monteiro foi sobre o órgão Harmond trancafiado no Almoxarifado da TV Canal 2…
Em 1967, Sérgio Reis era uma das atrações no programa dominical BOSSA DOIS, comandado por José Maria Marques e Sérgio pediu para ser acompanhado pelos Tártaros. Quando transitava a caminho do auditório, Serjão avistou o famoso órgão e pediu ao produtor do programa, Geraldo Silva, para que os Tártaros pudessem tocar com aquele instrumento, uma vez que a gravação foi feita com um órgão da mesma marca. O produtor alegou a impossibilidade, O órgão estava trancafiado a sete cadeados. Era exclusivo de Sivuca, que se apresentava no programa NOITE DE BLACK-TIES, aos sábados à noite, na mesma emissora. Sérgio Reis ameaçou não se apresentar. Faltavam poucos minutos. O produtor telefonou para o dono da emissora, o senador F. Pessoa de Queirós. O comandante liberou o órgão sob uma condição: Assim que terminasse a apresentação de Sérgio Reis, o instrumento deveria ser guardado rapidamente. E, numa sessão de um intervalo comercial, a equipe de produção rapidamente retirou o órgão e o conduziram ao palco. Os Tártaros já estavam em seus devidos lugares e José Maria Marques anunciou a apresentação de Sérgio Reis. Fred Monteiro era o organista. Quando terminou a apresentação de Sérgio Reis, a equipe de produção invadiu o palco, com o programa ainda ao vivo, desligaram a fiação do órgão e carregaram-no de volta ao almoxarifado. Esse “causo” está no livro que Fred Monteiro publicou sobre Os Tártaros.

A primeira geração d`Os Tártaros (foto acima), que fez parte da Jovem Guarda pernambucana, tornou-se super conhecido não somente em Pernambuco e em todo o Norte/Nordeste mas em outras partes do Brasil. Foi o primeiro conjunto a utilizar o órgão eletrônico na região Nordeste e tudo começou com uma pianola da marca Hering que Fred Monteiro possuía. Fred fez uma adaptação de twiteres em cada orifício por onde saía o som das teclas. Os Tártaros se apresentaram no programa dominical com essa pianola “eletrônica” e ninguém percebeu que se tratava de uma pianola de brinquedo. Os Tártaros se apresentaram num clube social em Maceió, com essa pianola plugada quando Fred Monteiro tocou um improviso de um clássico dos grandes Mestres da Música Universal e todos os Tártaros gritavam: “DÁ-LHE PIANOLA!”….. (Esses “causos” estão no livro de memórias musicais sobre o conjunto, escritos por Fred Monteiro…. Em 1969, essa primeira geração tártara passou a batuta para um grupo liderado por Maristone, que continuou usando o nome Os Tártaros.

Walter Neves conta que Maristone foi o primeiro empresário do conjunto.
Lunático pelos Beatles e Rolling Stones, seu pseudônimo surgiu da junção de “Mário+Stones”. Na verdade a batuta foi passada para Mário Guimarães, que poderia ter sido o sexto componente dos Tártaros ainda na sua formação. Na dissolução da banda em 02/69, Mário Guimarães deu continuidade com Djilson e Waldilson. O Maristone é o primeiro ao lado direito na foto a seguir…

Os Tártaros com Maristone

Fotos dos Tártaros, acervo de Walter Neves

Os tártaros - cancela com pedrão

Os tártaros - foto de jornal 2

Os tártaros - foto de jornal 3

Os tártaros - foto de jornal

Os tártaros - show

Atualmente o conjunto está formado com a terceira geração de músicos.

Fontes desta postagem:
Walter Neves
Arquivo de Fred Monteiro
Maestro Hamilton Florentino dos Santos
Pesquisador Luiz Antonio Cardoso Martins

Segue um documentário sobre os 45 anos do conjunto “Os Tártaros”, de Recife…

7 respostas em ““Os Tártaros”, um conjunto que pertenceu à Jovem Guarda.

    • Pernambuco teve uma constelação de grandes conjuntos, na época da Jovem Guarda, mesmo os que não tiveram oportunidades de aparecerem na mídia, naqueles tempos. Porém os Tártaros, junto com vários outros conjuntos de yê-yê-yê, a exemplo de OS LOUCOS, THE SILVER JET’S, OS MODERATOS, THE LOVERS, ORGÍRIO CAVALCANTI, foram os mais presentes na mídia e que mais atraíam públicos nos bailes de finais de semanas. Apesar de tudo isso, nunca os demais conjuntos espalhados em todas as cidades do Nordeste, foram sufocados.

      Curtido por 1 pessoa

  1. Eu, Heliane Sousa, acompanhei vocês em todos os bailes na Destilaria do Cabo de Santo Agostinho, nós anos 60/70. Fã incondicional, apaixonada por todos do conjunto, mas em especial por Djilson. Amo vocês pra sempre.

    Curtido por 1 pessoa

  2. É necessário registrar que os Mustangs com o seu repertório de The Pops foi memorável. E o Conjunto Os Magníficos
    com sua formacao: João, Jandir, Carlinhos e Joca macaram executando com maestria os clássicos inesquecíveis de Santana e outros.

    Curtir

  3. Emocionada por rever meu Conjunto musical preferido daqueles lindos anos da adolescência. Não perdi nenhum baile n no clube da Destilaria no Cabo de Santo Agostinho. Amo vocês pra sempre. AMOOOOOOO. Beijos carinhosos cheios de saudade!😘😘😘

    Curtido por 1 pessoa

    • Apesar de participar na época de um conjunto na Imbiribeira chamado Os Jovens era o baterista, porém eu era fã dos Tártaros nós anos 70, sempre que podia ia a o clube português curtir Os Tártaros. Sou Jailson Mota- Jajau, abraço ao amigo José Araújo

      Curtir

Deixe um comentário