Este é um texto sobre a trajetória do conjunto The Jordans, escrito na ocasião do lançamento do CD The Jordans Bons Tempos! 35 anos de Rock Instrumental.
O conjunto teve início em 1958, no bairro do Tatuapé em São Paulo, onde se reuniam Aladim, Sival e Tigueis com o nome de “The Tree Plays” para tocarem nos clubes do bairro e em programas de rádio na época do início do Rock and Roll no Brasil.
Neste vídeo Aladim conversa com Antonio Aguillar durante seu programa de rádio e conta sobre o início dos Jordans
Posteriormente, conheceram outros músicos que vieram fazer parte do grupo, como Mingo, que morava atrás da Biblioteca do Tatuapé e Manito, que se exibia em Shows das Lojas Sangia no mesmo bairro, em cima de caminhões palco.
Participaram do programa Crush-Hi-Fi da TV Record, na Rua da Consolação ao lado de Celly Campello, George Freedman, Antonio Cláudio e Jester Tigers, The Rebels, Gally Jr. (Prini Lorez) e outros grandes nomes que agitaram a juventude no início dos anos 60.
A convite de Carlos Gonzaga, o ídolo número 1 do Rock Balada Brasileiro, participavam de seus shows em todo Brasil, onde iriam conhecer Antonio Aguillar, que estreava um programa na antiga Rádio Nacional na Rua das Palmeiras, com o nome de Ritmos para a Juventude, no auditório da emissora, ao vivo, apresentado todos os sábados e que se tornaria o programa de maior audiência em São Paulo, Foi o embrião do Programa Jovem Guarda, que aconteceria alguns anos mais tarde.
Nesse programa apresentavam-se outros grandes ídolos da juventude do momento, como Demétrius, Baby Santiago, Wilson Miranda, Mário Augusto, Renato Guimarães, Moacir Franco, Jet Black’s, The Hits Gianne, etc. Teriam sua primeira gravação em 78 RPM pelo selo Mocambo, com a música Bouddha, surgindo aí a chance de serem contratados pela gravadora Copacabana, que lançaria o primeiro LP do conjunto, com o título de “A vida Sorri Assim”, que tornaria o conjunto conhecido do público brasileiro.
Nessa época também havia uma caravana de artistas da Rádio Nacional comandada pelo “Peru que Fala”, apelido de Sílvio Santos, que levava aos bairros e cidades do interior shows patrocinados pelas lojas Ultralar, com a presença fixa de Carlos Alberto de Nóbrega, Ronald Golias, Canarinho, Chocolate, Paulo Moien, Wilson Miranda, Betinho e seu Conjunto, Uccio Gaetta, Francisco Egídio, Agnaldo Rayol, Ângela Maria, Ronnie Cord, Cauby Peixoto e Os Jordans que lá estavam executando os rocks instrumentais para a juventude. Nesse momento também era dado o início na Rua Augusta da primeira casa noturna a executar músicas ao vivo dirigida ao público jovem, com os ritmos que predominavam naquele momento: Rock and Roll, Twist, Hully Gully, Madison, Calypso etc… e que se tornaria o ponto noturno mais famoso em todo o Brasil, cujo nome era Boate Lancaster; logo após outras seriam montadas também na Rua Augusta, como a Squindô (esquina com Av. Paulista), Salloon, San Quentin, Hi-Fi, etc… e os Jordans lá estavam animando aquelas noites inesquecíveis para quem frequentou e curtiu.
Os Jordans, a exemplo dos Jet Black’s, saíram da Boate Lancaster para o seu primeiro grande sucesso em disco com a música Blue Star, que se colocaria em primeiro lugar nas paradas de sucesso de todo o Brasil durante seis meses.
No ano de 1963 os Jordans participaram de muitos programas de grande audiência na TV, como o programa Yani Jr. na Record, junto com Jô soares, sendo na época o conjunto que o acompanhou em seus números de humorismo; o Clube dos Artistas, Almoço com as Estrelas, do saudoso Ayrton Rodrigues e em todos os musicais da Record, como Show do dia 07, Astros do Disco com Randal Juliano, programa Júlio Rosemberg na TV Cultura, Alô Brotos na TV Tupi com Sérgio Galvão, Clube do Rock, com Ademar Dutra na Organização Victor Costa (hoje Globo), programa Renato Corte Rayol na TV Record, Discoteca do Chacrinha na TV Rio e muitos outros programas famosos.
No retorno da Europa no final de 1967 os Jordans foram agraciados com o Título de Cidadãos Paulistanos, oferecido oficialmente pela Câmara Municipal de São Paulo.
Seguiram-se outras gravações dando sequência à carreira dos Jordans em todo o Brasil com as músicas F.B.I., Midnight, Tem va Pas e outras mais, o que fazia o conjunto cumprir uma agenda intensa de viagens pelo país. As emissoras de televisão, em virtude da grande aceitação do público, começaram a produzir programas do gênero e a convidar os artistas que estavam despontando nas paradas de sucesso para participarem de seus musicais: TV Exelsior com Whisky a Go Go, TV Record, Ritmos para a Juventude, TV Tupy, Alô Brotos, etc… E lá estavam os Jordans presentes em todos eles.
A TV Record, emissora líder em musicais na época, resolve então produzir um programa aos domingos sob o comando de Roberto Carlos, com o nome, a princípio, de Festa de Arromba, mas que depois recebeu o título de Jovem Guarda. Entre os nomes que deveriam fazer parte do programa estavam Os Jordans, contratados exclusivos para se apresentarem em todos os programas do eixo São Paulo / Rio.
Em 1966 os Jordans participaram do Programa Show do Dia 7, um especial da Record no qual foram surpreendidos com o sucesso de sua apresentação com a música Tema de Lara, em que tiveram que fazer o bis por três vezes em respeito ao público de pé, que exigia o bis, aplaudindo sem parar. Imediatamente a Copacabana colocou os Jordans no estúdio para gravar e lançar em apenas dois dias o Compacto Simples e depois o LP Studio 17, que foi o maior triunfo do conjunto, que recebeu o troféu Roquete Pinto, o Disco de Ouro e um contrato para a temporada na Itália em 1967.
Em outubro de 1967 embarcaram para a Europa para cumprir temporada na Itália, porém fazendo escala na Espanha, onde encontraram seus discos que foram lançados por lá.
Na França estiveram participando de entrevistas junto com Johnny Hollyday e Silvie Vartan.
Em Londres, Inglaterra, não sabiam o que o destino lhes reservaria de maravilhoso, e numa feliz coincidência, ao fazerem uma refeição em um Restaurante italiano em Picaddily Circus, tiveram a oportunidade de conhecer e serem filmados ao lado dos ídolos de todo o mundo, a banda The Beatles, que estava em sua fase de maior sucesso!
The Beatles recebeu os Jordans em seu laboratório de filmagens, defronte ao referido restaurante, proporcionando o maior comentário na imprensa falada e escrita em toda a América do Sul, tendo em vista que os Beatles nunca estiveram por aqui na sua fase áurea.
Finalmente desembarcaram na Itália, onde foram recebidos por toda a imprensa de lá, inclusive foram homenageados com um banquete oferecido pelo Cônsul brasileiro.
Apresentaram-se na TV italiana R.A.I. com uma montagem pelos cenógrafos italianos das estirpes russas, executando a música Tema de Lara e Noites de Moscou, vestidos de Cossacos num show transmitido por toda a Europa.
De volta ao Brasil ainda tiveram mais uma surpresa, que foi encontrar na viagem o conjunto britânico The Hollies, que vinha cumprir temporada aqui na América do Sul.
Antes de partirem da Itália assinaram um contrato de 05 anos para permanecerem na Europa a partir de 1968, contrato este que não foi cumprido por divergências entre os elementos dos Jordans, o que motivou a saída de Aladim, o solista da banda, e posteriormente os Jordans encerrariam suas atividades musicais.
Agora, em 1992, passados 25 anos, os Jordans se reúnem novamente a convite de Mingo, dos Clevers (falecido em 1995), que também fez parte do conjunto em sua primeira formação, e que resultou na motivação para a gravadora Movie-Play relançar os seus discos, agora remasterizados em CD.
Novamente estão os Jordans se apresentando em shows e programas de televisão a título de resgatar a memória da fase do Rock Instrumental Brasileiro. O conjunto produziu em 1995 um CD obedecendo o estilo que fizeram em toda sua carreira, com músicas inéditas e outras regravações de hits famosos com a técnica digital de hoje, destacando uma melodia que promete ser mais um sucesso (Cavatina), que será lançado brevemente pela gravadora Sky-Blue.
Os Jordans voltam com seus integrantes originais: Aladim, Tony, Sival, Foguinho, em algumas faixas que precisou de saxofone está o Manito, que também foi integrante dos Jordans no início de carreira.
“The Jordans foi um grupo lançado por mim em l960 na Som Copacabana com o LP A VIDA SORRI ASSIM, uma banda instrumental que fez muito sucesso principalmente com Blue Star e Tema de Lara. Seus componentes eram Aladim, Siwal, Tony, Foguinho, Mingo, Neno, Manito, Ziquito, José Aroldo Binda, Marco Aurélio Rocha , Porquinho. Em 1967 Aladim resolveu deixar o grupo e formar sua própria banda ALADIM BAND e gravou dois LPs. Em l967 The Jordans foram para a Europa e ocasionalmente tiveram a oportunidade de conhecer os componentes dos Beatles, o maior sonho de qualquer brasileiro e The Jordans tiveram esse privilegio.
Em 1976 acabou a banda The Jordans, cada um foi para seu lugar. A banda The Jordans, considerada a melhor banda instrumental dos anos 60, deixava de existir.
Foguinho, o baterista, era também cantor, mas nunca teve destaque como tal. Siwal também canta e ninguém sabe disso. Uma pena tantos valores fora da mídia! Foguinho gravou as músicas ‘What does it take to win your love’, ‘Yesterday When I Was young’ e ‘Make Me Smile’ ” (Antonio Aguillar)
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“Lembro-me da daquelas tardes quentes de sábado quando o auditório da Rádio Nacional de São Paulo era sacudido pelos ritmos estridentes dos The Jordans, emanados de suas irresistíveis vocações musicais.
Qualquer pessoa, mesmo afastada desse gênero musical, poderia ver que aqueles harmoniosos rapazes seriam sucesso em breve espaço de tempo. Era evidente.”
Assim dizia eu naqueles loucos anos 60, na contra capa do primeiro disco dos Jordans, “A Vida Sorri Assim”, e ainda hoje permanece verdadeiro. Em 1960, quando da estreia no mundo do disco, Aladim, Sival, Tony e Foguinho, a primeira formação original que permaneceu por muito tempo, contavam ainda com Irupê e Mingo (este depois foi para Os Incríveis). Mas o grupo sempre foi um celeiro de grandes nomes, tendo passado também por eles Manito e Neto (Os Incríveis) e Ziquito.
Permanecendo como o único conjunto de Rock Instrumental com a formação original até hoje, estes saudáveis senhores continuam mais jovens que há 35 anos atrás, pois assimilaram a tecnologia atual, sem perder aquela frenética busca do timbre ideal para cada som de cada instrumento.
São algumas décadas e dezenas de discos que separam aquele árduo início de carreira, quando estouraram internacionalmente com “Blue Star”, tendo passado por “Tema de Lara”, “Noites de Moscou”, “F.B.I.”, “Tem Va Pas”, “Peter Gunn” e muitas outras desde CD que levou um ano para ser gravado, pois o perfeccionismo deles impedia qualquer falha. Desta vez eles vieram para provar que são como o vinho, quanto mais velho, melhor! Mas, melhor para nós!”
Texto escrito por Antonio Aguillar, na ocasião do lançamento do “CD The Jordans Bons Tempos! 35 anos de rock instrumental”
“A última formação dos Jordans, que encerrou suas atividades, num baile em Bauru( agosto de 1974) era:
Marquinho( guitarra solo e cantor) Chico Medori ( Chicao), bateria e cantor, Toni, (contra baixo e cantor), Everaldo, ( Piston), Irupe, ( Sax) e EValdo ( Teclados) e cantor
Hoje, o Aladim detém o nome da banda, e junto com o Sinval e eventualmente com o Toni, mais um baterista, realizam shows, de forma esporádica.
Se apresentaram recentemente na Virada Cultural de SP.” (por Marco Aurélio, o Marquinho)