E “Raymond Jones” era Alistair Taylor!

Em 28 de outubro de 1961, um certo Raymond Jones perguntou na loja de discos de Brian Epstein se ele tinha um compacto gravado por um grupo local (de Liverpool) conhecido como The Beatles. Embora o Mersey Beat, que sempre publicava alguma coisa sobre o grupo, estivesse à venda em sua loja, Epstein provavelmente não o lia, pois não era um fã de música pop. Aparentemente ele não tinha noção de que aquele quarteto tocava quase todo dia na hora do almoço no Cavern, que ficava apenas a alguns metros de sua loja. Quando Epstein descobriu isso, ele foi ao local (Cavern) para perguntar ao grupo que gravadora havia lançado o compacto. A data está na história como tendo sido em 09-11-1961. Com o problema solucionado, ele resolveu pedir uma quantidade grande de discos, cerca de duzentos, que acabaram vendendo bem…

Brian Epstein

Mas quem seria Raymond Jones, se até hoje nunca se viu uma foto do famoso garoto?

Quando Brian Epstein foi ao Cavern Club em 09/11/1961, local onde os Beatles tocavam na hora do almoço, quem o acompanhou naquele dia em que ele foi pela primeira vez ver o conjunto que havia gravado o disco My Bonnie, foi seu assistente pessoal, Alistair Taylor.

Alistair Taylor também exerceu a função de Gerente Geral da Apple por curto período, tendo sido despedido em dado momento, sem nenhum reconhecimento.

Em seu livro Lyddypool, David Bedford afirma ter sido Alistair Taylor o verdadeiro Raymond Jones, o rapaz que em 28 de outubro de 1960 foi à loja de Brian e pediu o disco My Bonnie, mesmo havendo registros em Liverpool da existência de uma pessoa com esse nome na época…

Liddypool - livro by David Bedford

Segue um trecho da entrevista a qual consta do livro, uma conversa entre o autor e Alistair Taylor.

David Bedford conta que em maio de 2004 ele teve a sorte de passar algumas horas com Alistair Taylor em uma viagem de sua casa em Matlock, Derbyshire até Liverpool. Alistair era conhecido como “Mr. Fix it” dos Beatles e foi uma peça fundamental na operação do dia-a-dia da NEMS Enterprises. Ele era o Assistente Pessoal de Brian e o homem a quem John, Paul, George e Ringo recorriam quando precisavam de algo.
Quando eles se aproximaram, Mr. Fit-it disse que estava cansado e que eles não ficassem ofendidos se ele se recostasse para dormir durante a viagem. “Sim, certo, Alistair!”, respondeu David Bedford.
O autor conta que pelas próximas duas horas apreciou demais a companhia de um dos homens mais simpáticos que ele poderia esperar encontrar. Ele era muito divertido, além de humilde e cheio de histórias. Ele não via a necessidade de falar sobre a sua parte na historia dos Beatles e sobre algo do qual ele tivesse sido acusado. Ele falou carinhosamente de sua esposa Lesley que tinha sido diagnosticada com câncer terminal, e seu casamento longo e feliz. Infelizmente, em questão de semanas, Alistair faleceu, e foi logo seguido por sua amada Lesley.
Alistair nasceu em Runcorn, Cheshire, ao sul de Liverpool, em 21 de junho de 1935. Depois de um breve período em Londres, onde ele conheceu Lesley, voltou para o norte para trabalhar para um comerciante de madeira, William Evans, em Widnes, embora isso não o satisfizesse.

Então, Alistair, como você chegou a trabalhar para Brian?

“Eu vi um anúncio no jornal local pedindo um Assistente de Vendas na NEMS (North End Music Store), cargo que responderia a Brian Epstein. Naturalmente, eu rapidamente respondi ao anúncio. Quando eu encontrei Brian, nós nos demos muito bem e conversamos sobre música em todos os aspectos. Meu amor era sempre para o jazz, o que era diferente para Brian que adorava música clássica. No final da entrevista, que durou duas horas, Brian disse que minhas qualificações eram superiores ao cargo anunciado e que ele não poderia me pagar o suficiente para a posição oferecida. Meu coração quase parou.

Mas depois ele disse que gostaria de me empregar como seu assistente pessoal, por £10 por semana. Na verdade eu não entendi o que ele queria, mas claro que disse sim! Foi o começo de um grande relacionamento com Brian, que tinha seus altos e baixos. Ele me demitiu quatro vezes, e eu renunciei algumas vezes também!

Brian era gay. Eu sabia disso. Ele sabia que eu sabia, mas isso não importava. Ele sabia que eu não era gay, e que estava feliz no meu casamento. Isso nunca interferiu no nosso relacionamento de negócios.”

A voz de Alistair subitamente tornou-se mais séria.

“Neste ponto, eu quero dizer algo que tem sido editado e ficado fora das entrevistas no passado. Eu amava Brian. Isso não deve ser entendido com conotações homossexuais. Não era isso. Eu o amava. Ele era estranho, irritante, chato e frustrante, mas eu o amava. Ponto final.

Certa vez quando eu já tinha começado a trabalhar lá, Brian e eu fizemos uma pequena aposta sobre cada grande gravação que saia. Nós teríamos que dizer se seria um sucesso ou não. Desnecessário dizer, mesmo que ele não gostasse de música pop, ele podia reconhecer um sucesso a milhas de distância. Eu raramente acertava; não consigo lembrar de alguma vez ele ter se enganado, nunca! O prêmio da aposta era somente um Gin e Tônica, mas ele era incrível.

Ele introduziu este sistema notável de pedidos de gravação com essas pequenas etiquetas de forma que sabíamos quando tínhamos que renovar o pedido. No final, se Brian colocasse uma grande encomenda para uma gravação específica, os outros varejistas deviam pedir aquelas também. Brian era impressionante, e sua opinião era seguida com frequência”.

E sobre Raymond Jones, Alistair?

“Eu era o Raymond Jones. Os jovens estavam chegando na loja e pedindo pela gravação My Bonnie, com os Beatles. Nós não tínhamos aquilo e, até que alguém colocasse um pedido real, Brian não poderia fazer nada. Veja você, Brian tinha esta alegação de que se você fizesse um pedido de uma gravação por alguém, em qualquer lugar, ele descobriria. Contudo, não importava quantas pessoas haviam pedido, se ninguém tivesse pedido e feito um pagamento em depósito. Particularmente, como era uma importação da Alemanha, tornava-se muito mais importante.

Eu sabia que nós iríamos vender muitas cópias, então eu preenchi o formulário do pedido e paguei o depósito do meu próprio bolso em nome de Raymond Jones, um dos nossos clientes regulares.

Agora nós tínhamos um pedido, Brian e eu fizemos o rastreamento. Claro, o disco havia sido gravado na Alemanha, e havia sido gravado sob o nome de Tony Sheridan e os Beat Brothers. Brian recebeu o primeiro lote e ele se esgotou em pouco tempo.

Foi assim que há poucos anos atrás, eu anunciei que era Raymond Jones. E é isso, era eu.”

Fonte: The Beatles – Dito e Não Dito, de Arthur Davis

– Trecho do livro Liddypool , traduzido por Lucinha Zanetti

Um pouco sobre a Trajetória Artística do Músico Serginho Canhoto, ex-The Jet Black’s!

Sérgio Vigilato, conhecido como Serginho Canhoto, criou seu primeiro conjunto de Rock no início dos anos 60, grupo que se chamava “Os Corsários” e era formado por Sergio Canhoto na Guitarra Solo e Vocal, Osvaldo, conhecido como Dicão, na bateria, Brunno Pasqual no Contra Baixo, Luiz Carlos , Guitarra Base e Vocal, Leonato, Sax Tenor.

Nesta foto, Os Corsários se apresentam no Programa Ritmos para a Juventude, de Antonio Aguillar.

Grupo os Corsários acompanhando Roberto Carlos. Serginho Canhoto está com sua primeira guitarra elétrica feita por ele mesmo em 1962.

Grupo os Corsários acompanhando Roberto Carlos. Serginho Canhoto está com sua primeira guitarra elétrica feita por ele mesmo em 1962.

No ano de 1964, Sérgio deixou Os Corsários para ir tocar no conjunto The Jet Black’s, quando o guitarrista de base Orestes resolveu abandonar a carreira musical, sendo substituído por ele. Saiu em fins de 1966, e quem entrou em seu lugar foi o Alemão.

The Jet Black´s estava procurando um guitarrista base e foram falar com o Nilo, dos Bells. Porém ele estava bem com a sua banda, então sugeriu o nome do seu amigo de adolescência, exatamente o Serginho Canhoto, e foi então que ele foi procurado pelos integrantes dos Jet Black´s.
Sérgio estava na praia de Botafogo no Rio de Janeiro e ao voltar para São Paulo, encontrou o Nilo, Jurandi e Zé Paulo em frente o Cine Anchieta, Sacomã, Ipiranga. Quando eles o viram, conversaram e ficou acertada sua ida para os Jet Black´s, e no dia seguinte ele já estava ensaiando no alto do Pari com o Jurandi, Zé Paulo, Orestes, que estava deixando o grupo, e no lugar do Gato estava o Bobby di Carlo.
Sérgio Vigilato afirma que deve a seu grande amigo de adolescência, Nilo Antonio Alves, o Nilão do The Bells, a sua ida para os The Jet Black´s!

Quando saiu dos Jet Black’s, depois de seu aniversário em 08 de outubro de 1966, ele se juntou aos Wandecos (grupo que acompanhava a cantora Wanderléa) e criou outro conjunto, “Os Corsos”, que costumavam tocar nas boates da baixada Santista; depois foram tocar em Goiânia e na volta, em fins de 1968, Sérgio se preparou para ir para Los Angeles, Califórnia.

Em pouco tempo que ficou no Brasil, Sérgio fez muita coisa, mantendo seu espírito “cigano” e uma maneira toda sua de ser… Foi, por exemplo, o primeiro baixista do RC3 em suas primeiras apresentações com o Roberto Carlos em São Paulo, porque estava morando no mesmo apartamento da secretaria dele, a Edy Silva e o Roberto e toda a turma do Rio, acampavam lá para economizar, o que era necessário naqueles primórdios… E por estar lá entre eles, teve varias oportunidades de tomar parte nas ideias que surgiam a todo momento, tendo sido então o primeiro baixista do RC3, mas ficou muito pouco tempo, e insistiu para que Bruno Pascoal ficasse em seu lugar. Outro trio do qual fez parte, ainda antes de se juntar com os Wandecos, foi com o Erasmo Carlos, sendo ele no baixo, seu irmão Luiz Carlos Vigilato na bateria e o Erasmo na Guitarra; mas, como seu irmão estava passando por alguns problemas, Sérgio disse ao Erasmo que ia parar, e foi quando sugeriu que ele chamasse o Raul De Barros, que também já havia sido indicado ao Erasmo pelo George Freedman.
Uma curiosidade: era o Sérgio quem dirigia o Fusquinha do Erasmo, porque na época ele não sabia dirigir, e o fusquinha levava os três e mais os instrumentos, incluindo bateria e amplificador, imaginem só!

Sobre a foto de seu irmão, a seguir, Sérgio Vigilato disse:
 “As pessoas (atrás) eram meus amigos da Vila e do Ipiranga, eu fazia questão de celebrar meu aniversario 3 ou 4 vezes com todos meus amigos de infância e adolescência, então (nesta época) após celebrar no apartamento da Edy Silva com a Galera da imprensa, já tinha programado uma “FESTA DE ARROMBA” NA RUA DO GRITO ,IPIRANGA, SÃO PAULO, BRASIL.A razão que o Brunno Pasqual nào estava nestes dois aniversários meus, porque ele estava tocando na banda “The Dangers” que eu (contra a vontade da mãe dele) havia tirado ele da “MECÂNICA” para esperar uma oportunidade, (a qual consegui depois) que foi colocá-lo no meu lugar de baixista no RC3 (o Brunno estava tocando No CAIS CAIS na Galeria Metropolis em Sampa.
Luiz Caarlos Vigilato no aniversário de 21 anos de seu irmão Sergio - 1965

Luiz Carlos Vigilato no aniversário de 21 anos de seu irmão Sergio – 1965

Foto com os Corsos em novembro de 1966, após sua saída do The Jet Black’s.
Formação: Serginho ”Canhoto” de pé, Líder, guitarra solo e relações publicas, Ronny, guitarra-base e vocal, Luiz Marcelo , Guitarra(segunda) e vocal, Jose Adolfo Stern(Ze) Bateria e vocal e o Carlos Geraldo, baixo-Eletrico e vocal.

Novembro de 1966

Novembro de 1966

Aqui uma foto dos Corsos, onde Serginho Canhoto está com sua Hofner Model ‘Verythin” com a alavanca ‘BIGSBY”, na Boate” LA VIE EN ROSE” na major Sertório (Boca Do Luxo) 1967.

Os Corsos - 1967

Os Corsos – 1967

Formação do conjunto The Jet Black’s com Serginho Canhoto:

Jose Paulo Matrângulo, Baixo-Eletrico e vocal
Jose Provetti, guitarra solo e vocal,
Jurandi Trindade, Baterista e Relações Públicas
Serginho “Canhoto” (Sergio Vigilato), guitarra-base e vocal.
Nos Jet Black’s ele participou dos LPs lançados entre os anos de 1964 e 1966.

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Na foto a seguir, The Jet Blacks tocando em Tres Lagoas/MT, em 1964, onde vemos Serginho Canhoto com sua guitarra “jazzmaster” feita à mão,Bobbi Di Carlo,(que entrou no lugar do Gato em sua segunda passagem pelos The Jet Blacks),Jurandi (na Bateria) e José Paulo, no baixo.

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Bobby di Carlo, juntamente com Joe Primo, foi um dos fundadores do conjunto The Vampires, que depois trocaram o nome para The Jet Black’s.
Sobre ele, Sérgio comenta: “Bobby De Carlo, meu velho amigo, que substituiu o Gato no fim de 1964 quando eu estava tocando no The Jet Black’s… Grande personalidade, musico(Jazzista), aprendi com ele como usar a unha do dedo indicador como palheta e poder arpejar ao mesmo tempo! Coisas que jamais esquecerei… logicamente, o Orestes, que ficou nos Jets até eu me entrosar, foi outra grande influencia no meu aprendizado profissional. Sou fã dos dois, de “carteirinha!”

O grupo The Jet Black’s foi fundado originalmente por Joe Primo com o nome de The Vampires, para confundir o apresentador Antonio Aguillar; Primo Moreschi disse a ele o nome de um outro conjunto muito famoso na época, The Ventures, que foi o primeiro nome que lhe veio à cabeça, quando perguntado sobre qual era o nome de seu conjunto; o grupo depois mudou o nome para The Jet Black’s, com a devida permissão do cantor que usava o nome de Jet Black. Este então trocou seu nome para Little Black, cedendo ao grupo de rock o seu nome.

The Jet Black’s em 1965/66, em um programa que era apresentado às sextas-feiras ao vivo no subsolo do Instituto de Arquitetos, comandado pelo apresentador Fernando Zarakauskas .
Nesta foto, do acervo de Serginho Canhoto, estão Zé Paulo, ele, Serginho Canhoto, Gato e Jurandi na bateria.

“Eu, Fernando Zara, estou à esquerda, e era produtor deste programa ao vivo da Radio Piratininga levado todas às sextas- feiras no auditório do Instituto de Arquitetos localizado na Rua Bento Freitas ( subsolo ) tal como faziam os Beatles no inicio de carreira, e ao meu lado está o LUIZ ALBERTO como apresentador deste programa intitulado ” Clubinho da Juventude ” que tinha seu similar na TV Excelsior de São Paulo, às quintas-feiras às 17:00 horas, onde os novos talentos a gente apresentava pela primeira vez e acho que os THE REBELS tocaram lá, além de outros futuros ídolos da nova música jovem, que era o Rock ‘ n ‘ Roll. Quanto ao conjunto, eram os The Jet Blacks. Obrigado por resgatar esta foto, que é a única que comprova meu pioneirismo nesta área musical, que tb. o George Freedman pode comprovar, pois eu e ele andavamos juntos em busca de lançamento dele no meio discográfico…o que se deu logo após a entrada deste ritmo no Brasil. O Tony Campello pode confirmar minhas palavras.” (Fernando Zarakauskas)
The Jet Blacks em 1965-66

Sérgio está presente em todos os discos lançados pelos Jet Black’s no período de 1964 até 1966, e um dos fatos que marcou a presença deste grande musico no grupo foi que as capas dos LPs dos The Jet Black´s anteriores ao disco TOP TOP TOP, de agosto 1965, não tinham fotos do grupo em sua parte frontal. Isto se dava devido ao fato de ser muito difícil marcar uma sessão de fotos com todos os integrantes reunidos. O grupo tinha uma vida muito agitada e o Gato, por exemplo, não era nenhum exemplo de pontualidade.
O Serginho Canhoto então foi o grande “herói” desta almejada foto. Levou o Gato para dormir na casa de sua avó que morava na Rua do Grito, no Ipiranga, e assim pode pessoalmente acordar o Gato e levá-lo para a famosa fotografia. Uma vez, conversando com o Sérgio Canhoto nos Estados Unidos (onde ele mora atualmente, ele comentou que “Só Deus sabe quanto passei para conseguir esse momento!”. A foto foi tirada no Teatro Record, na Rua da Consolação, No. 2036.

The Jet Blacks e a foto para o LP Top Top Top

Top Top Top - The Jet Blacks

Neste áudio podemos ouvir The Jet Black`s tocando “Suzie Q” no Programa Jovem Guarda ao vivo, ainda com a presença de Serginho Canhoto.
A voz é de Gato:

 

Como mencionei acima, na volta de Goiânia, em fins de 1968, Sérgio se preparou para ir para Los Angeles, Califórnia, e no começo de 1969 deixou o Brasil e foi morar nos Estados Unidos.

Lá ele deixou de ser Serginho Canhoto para tornar-se Sérgio 2000, nome que lhe foi dado pela sua agente ainda em 1969, quando cantou pra ela uma canção de Tom Jobim.
Sérgio 2000

Em 1971 Sérgio retornou ao Brasil para uma visita aos amigos e familiares.
Veio no Navio “Brasil Maru” e a viagem levou 28/29 dias. Era a ultima viagem do navio e nele havia metade passageiros e metade carga! Sérgio diz que esta viagem em si merece um livro, pois vamos imaginar ele, único musico e cantor com sua aparelhagem, ali preso a bordo por quase 30 dias!

Nesta foto de 1971, Sérgio está em seu antigo quartinho na Vila Carioca e foi fotografado por Jorge Honda, seu amigo de infância.

Sérgio Vigilato - 1971 em seu quarto na Vila Carioca - foto Jorge Honda

Nesta outra foto também tirada por Jorge Honda em 1971, na Vila Carioca, Sérgio faz pose com o cigarro. É que na época ele estava estudando em Hollywood para ser artista de cinema, então o cigarro era pra “tirar onda”. Como ele mesmo disse, “tirei onda com o cigarro, por que eu não iria “poluir” meus pulmões por uma photo de cinema! Kkk”.

Sérgio Vigilato - 1971 - na Vila Carioca em sua primeira visita ao Brasil

Quando ele chegou ao Brasil em 1971, ficou por aqui por cerca de 6 meses, pois estava ajudando um amigo a fazer um filme de Cowboy. Ele escrevia e ajudava em tudo, pois estudava para ser artista de cinema em Hollywood.
Sérgio escreveu então todo o enredo, fez a trilha sonora, que compunha com sua guitarra e tocava gaita na musica, além de ensinar aos amigos os detalhes das tomadas da câmera (takes); Sérgio conta que levou um revolver de cowboy escondido e foram feitas 09 copias dele, inclusive uma delas está com seu amigo Nilo, o Nilão, dos Bells. Ele também ensinou o pessoal a fazer os cinturões iguais aos dos Cowboys americanos…
E, além disso tudo, Sérgio costumava cantar algumas vezes na noite, juntamente com seus amigos, principalmente o Nenê (Os Incríveis).

Nenê e Sérgio

Nenê e Sérgio

Em 1975 Roberto Carlos esteve em Los Angeles para um show e após o show, Sérgio foi convidado pelo Dedé (do RC7) para ver a “galera’ do Brasil, e os músicos haviam economizado cerca de $10,000.00 para comprar instrumentos musicais. O Sérgio conta que passou dois dias comprando tudo, o mais barato possível. Antes de eles irem embora,fizeram uma reunião para que ele voltasse com eles para ser o Relações Públicas da banda, e fazer o mesmo que ele havia feito nos Jet Black’s, quando José Paulo e Jurandi o promoveram para “tentar” reabrir as conexões perdidas com os fornecedores de roupas e instrumentos, mas ele disse que não, por que tinha outros projetos; Roberto perguntou o que ele ia fazer, e Sérgio respondeu: “Roberto, vou pro ALASKA!”

E, em 1978, ele foi para o Alaska tocando o baixo direito, de cabeça-pra-baixo, por ser canhoto!

1978 Ketchikan Alaska Ingersol Hotel Charles Lounge.

1978 Ketchikan Alaska
Ingersol Hotel Charles Lounge.

Eles eram um trio, e Sérgio sugeriu que o nome do trio fosse “FREEDOM”, o mesmo nome que em 1989 ele, Sergio “2000”, Taska Barlow e Nenê (Lidio Benvenuti) usaram em Juneau and Sitka, Alaska.

Sérgio 2000 no Alaska

“Quando fui para o Alaska, fui como baixista (tocando em um baixo de cabeça-pra-baixo) porque era para destros e eu sou canhoto. Sempre toquei com o nome de Sergio”2000″, tanto solo, como com o trio, quarteto, quinteto etc… Passados dois anos, tirei a carteira de Capitão, comprei um Yate (pequeno pra começar) e levava os turistas para pescar!” (Sérgio Vigilato sobre a sua estada no Alaska)

Sérgio e seu primeiro clienteem seu barco de pescaria no Alaska em 1983, após ter recebido sua licença de Capitão.

Sérgio e seu primeiro clienteem seu barco de pescaria no Alaska em 1983, após ter recebido sua licença de Capitão.

Sérgio 2000 e Taska Barlow

Sérgio 2000 e Taska Barlow

Sérgio Vigilato e sua guitarra.

Sérgio Vigilato e sua guitarra.

Sérgio tocando baixo (Fender Elétrico) na Banda de Jazz em ketchikan, Alaska - 1985

Sérgio tocando baixo (Fender Elétrico) na Banda de Jazz em ketchikan, Alaska – 1985

Sérgio Vigilato em Salem, Oregon, em 1989

Sérgio Vigilato em Salem, Oregon, em 1989

Atualmente Sérgio Vigilato exerce a profissão de Taxidermista e vive na Califórnia.

Sérgio em Burbank, Califórnia, em 1998, com sua velha guitarra, hoje de posse de sua filha Ina Vigilato. Atrás está sua loja onde ele exerce a profissão de Taxidermista.

Sérgio em Burbank, Califórnia, em 1998, com sua velha guitarra, hoje de posse de sua filha Ina Vigilato. Atrás está sua loja onde ele exerce a profissão de Taxidermista.

Todas as informações presentes nesta postagem foram fornecidas a mim pelo próprio músico Sérgio Vigilato, sendo as fotos todas de seu acervo particular.

The Jet Black’s e o Início de Tudo!

Em 1958, um jovem fotógrafo e jornalista assistiu no Cine Art Palácio, na Avenida São João, centro de São Paulo, a primeira exibição do filme Rock Around the Clock (Ao Balanço das Horas), e pode registrar a euforia dos jovens durante aquela projeção, e diante do que restou das poltronas do cinema, após a exibição do filme, resolveu que sua carreira profissional tomaria outro rumo. Decidiu que queria participar ativamente do movimento musical jovem brasileiro. Este fotógrafo chamava-se Antonio Aguillar.

O jovem Antonio Aguillar

Depois de atuar em algumas emissoras de Rádio, Aguillar foi convidado por Francisco de Abreu, diretor artístico das rádios Nacional e Excelsior de São Paulo, passando a produzir e apresentar programas de auditório.
Criativo, ele lançou programas de calouros, como o apresentado na Rádio Nacional, chamado “Aí vem o Pato”, abrindo as portas para muitos artistas que mais tarde viriam a ser famosos intérpretes da nossa música brasileira.
Antonio Aguillar convivia com profissionais de gabarito e estava feliz com seus programas de calouros, mas seu sonho era apresentar um programa totalmente dedicado à música jovem.
E foi o que aconteceu em fins de 1959, quando Francisco de Abreu, diretor da Rádio Nacional, hoje Rádio Globo, lhe deu a oportunidade de apresentar um programa diário denominado “Ritmos para a Juventude”.
Desde a década de 30 as grandes rádios possuíam estúdios espaçosos devido a apresentações de orquestras e produções de radionovelas. Sendo assim, havia espaço para acomodar umas cinquenta ou sessenta pessoas nesses auditórios. Foi então que um cantor que havia gravado em 1961 um 78RPM pela gravadora Todamerica, e que ali estava entre os cantores para participar do programa, teve uma grande ideia. Seu nome artístico: Joe Primo.

Filho de italianos, Primo Moreschi era o mais novo de uma série de 9 irmãos e morava com os pais na Rua Canuto Saraiva, no bairro da Moóca em São Paulo, em um sobradinho, até que a fatalidade da vida lhe tirou a mãe, logo em seguida o pai, e os irmãos tiveram que se separar para sobreviverem.

Primo foi viver com um irmão em uma pensão, e em suas andanças conheceu o compositor Américo de Campos, que foi quem primeiro lhe acenou com a possibilidade de entrar para o mundo da música, e ao contar o fato para seu amigo Luiz Merllo, este se mostrou surpreso por saber que Primo cantava e compunha e recomendou que ele fosse a um programa infantil que acontecia aos domingos na Rádio Nacional. Foi então que ele passou a ir todos os domingos e cantava uma música no programa. Joe Primo comenta: “Como havia um contrabaixo sempre ali no palco, sem ninguém que o tocasse, às vezes, eu arriscava ajudar nos acompanhamentos dos participantes (só amadores), dando uma de contrabaixista.”
Primo Moreschi conseguiu que uma gravadora o contratasse, e em menos de uma hora, ele já havia colocado voz em duas músicas, que foram: “Ela Me Fez De Limão”, e “Água de Cheiro”, ambas de sua autoria.
E foi em comum acordo entre Américo de Campos, o Sr. Rozemblitz e o técnico presente na gravação que decidiram que ele deveria ter um nome artístico, e este seria “Joe Primo”.

Primo Moreschi - compacto 78rpm

De como Joe Primo conhece Antonio Aguillar e teve a ideia de formar um conjunto musical.

Trabalhando nos meios de comunicação, estando em todo e qualquer lugar onde, de uma forma ou de outra, seu disco era tocado, Joe Primo voltou à Rádio Nacional de São Paulo para participar de outro programa de lançamentos musicais, intitulado “Ritmos Para a Juventude”, cujo apresentador chamava-se Antônio Aguilar. Quando entrou nos estúdios, algumas fãs que se encontravam lá dentro o reconheceram e, como sempre acontece quando elas vêm um artista, deram gritinhos característicos, abraçando-o e pedindo autógrafos, o que o deixou com mais moral perante o apresentador Antônio Aguilar, que até então ainda nem tinha ouvido falar no seu nome.

Radialista e jornalista experiente que era, Aguillar não perdeu a oportunidade dos gritinhos das fãs para comunicar aos ouvintes de seu programa, que estava no ar, o porquê daquela euforia, dizendo: “Acaba de entrar nos nossos estúdios, ele… vocês estão ouvindo ao fundo o alvoroço das fãs… está um pouco difícil para ele conseguir chegar até aqui… vocês vão ouvi-lo e reconhecê-lo, porque ele mesmo vai se apresentar.” Passou então o microfone ao Primo, que disse: “Quem vos fala é Joe Primo. É com muito prazer que estou aqui, para participar do programa do nosso amigo Antônio Aguilar, que gentilmente convidou-me para estar com vocês”.
O apresentador, mesmo sabendo que não o havia convidado, prosseguiu: “Gosto de fazer dessas surpresas para os nossos ouvintes, e é por esta razão que nossa audiência aumenta a cada dia”, ao que o cantor retrucou: “Aguilar, meu amigo, você tem que ampliar seu estúdio ou fazer seu programa diretamente do auditório da Rádio Nacional para dar chances a mais fãs poderem conviver com seus artistas”. Aguillaar prosseguiu o diálogo, dizendo: “Joe Primo, meu amigo, deixe estar que vou pensar seriamente nesse assunto.”
Após terminar o programa, Aguillar disse: “Obrigado pelo improviso, bem como a sugestão que você deu com o programa no ar. Mas, quanto a ampliar o estúdio, impossível. Fazer o programa diretamente do auditório depende de muitos fatores. O primeiro é a verba de patrocínio, sem a qual nada se faz. O segundo é que se o programa for no palco, as fãs vão querer ouvir seus cantores ao vivo, o que acarretaria a necessidade de um conjunto musical especializado em ritmos próprios da juventude para acompanhar os artistas. Sem contar que os artistas que cantam rock no momento são muito poucos. Mesmo assim, é quase certo que iriam querer ganhar algum cachê para participar. Enfim, não é fácil. Além do mais, eu ainda teria de ter poder de convencimento junto ao Abreu (diretor-geral da Rádio Nacional), para conseguir a liberação do auditório e levar avante essa empreitada. Sozinho é quase impossível.”
Depois de ouvi-lo atentamente, disse-lhe Primo: “Aguilar, se os problemas forem esses, eu tenho a solução para quase todos. Você não ouviu falar do meu conjunto de rock? E disse-lhe o nome do conjunto americano famoso na época, chamado The Ventures. Pois esse grupo é meu. Você já ouviu falar de Bobby De Carlo? Pois ele, além de cantar solo, faz parte do meu conjunto.”

Aguilar, surpreso, respondeu: “Sim, mas para fazer um programa diretamente do auditório, é preciso haver atrações capazes de preencher o tempo mínimo, que, acredito, deva ser de uma hora.” E Primo respondeu: “Deixa comigo. Eu e meu conjunto faremos pela manhã uns testes com alguns cantores ou cantoras amadores, aos quais você fará uma chamada pelo seu programa. Os que forem aprovados serão escalados para participar, intercalando-se comigo, cantando, juntamente com o Bobby Di Carlo, e meu conjunto tocando. Você verá que vai haver cantores profissionais que, ao perceberem o sucesso do programa no auditório, farão questão de participar sem sequer pensar em cachê.”
Animado com tudo, Aguilar disse: “Joe Primo, eu vou dar o primeiro passo ainda hoje. Sabe qual? Falar do que conversamos com o Abreu. Dependendo do que ele disser, amanhã mesmo farei as chamadas para quem quiser fazer testes procurar você sábado pela manhã, e seja o que Deus quiser. Mas (olho no olho), Joe Primo, pelo amor de Deus, não me vá mancar, porque isso tudo é muito sério. Após o cartão verde do Abreu, não existe volta”.
Resposta de Primo: “Pode confiar em mim. Palavra e responsabilidade eu tenho até demais.”

E assim foi feito.
Aguillar conversou então com Francisco Abreu sobre a sugestão feita pelo cantor Joe Primo, para que fosse incluído na programação um programa especial semanal, a ser realizado no grande auditório da rádio, na Rua Sebastião Pereira, 218.
E assim começou aos sábados o programa ao vivo, com plateia, no auditório da emissora, tendo sido o início do lançamento de cantores e grupos musicais.

Quando os dois se despediram e Primo começou a entrar no corredor lateral da Rádio Nacional, que dava até a saída para a Rua Sebastião Pereira, as fãs novamente lhe assediaram e depois de dar mais alguns autógrafos, conversou com seu amigo Barnabé, e em seguida, tomou um suco na lanchonete.
Foi exatamente nesse instante que ele começou a perceber a responsabilidade que havia assumido com Antônio Aguilar. Sem pestanejar, dirigiu-se para o bairro do Canindé, indo direto para a casa de Bobby Di Carlo, que era seu amigo havia algum tempo. Lá chegando, contei-lho a história, o diálogo, o combinado, e ele tudo ouvia sem discordar de nada. Quebrando o silêncio, Bobby virou-se para Primo e disse categórico: “Primão, você tá louco? Cara, como é que nós vamos tocar como conjunto se não só não temos músicos suficientes, como também não temos instrumentos e tempo hábil para consegui-los?”
Primo respondeu: “Bobby, é o seguinte. Nós só temos que arrumar um contrabaixo e um baterista. Bateristas normalmente costumam já ter sua bateria. Eu compro uma guitarra a prestação nas Casas Manon, da Rua 24 de Maio, e você reveza comigo na guitarra, ora solando, ora acompanhando! Uma hora eu canto e você me acompanha. Outra hora você canta e eu o acompanho.”
Nesse instante Bobby di Carlo o interrompeu, dizendo que se lembrou de ter conhecido um carinha que morava lá pelos lados de Santana e tocava mais ou menos violão. “Quem sabe, a gente dando algumas dicas de como era a batida da guitarra para acompanhar rock, ele aprendesse, uma vez que sabia tocar samba.”
Já era meio caminho andado, portanto valeria a pena arriscar. Fomos até lá e Bobby apresentou Joe Primo a José Paulo Matrangulo. Imediatamente, Primo perguntou se ele toparia participar de um conjunto de rock para tocar todos os sábados na Rádio Nacional. Ao ouvir o convite, principalmente pelo nome da Rádio Nacional, a resposta foi a seguinte: “Rapaz… é claro que eu topo, vou realizar um sonho”. José Paulo ficou muito alegre e disse que tinha um conhecido no colégio que tocava bem bateria, só não sabia se também tocava rock, pois só o tinha visto tocar samba. Após contatarem o baterista, cujo nome era Jurandi, este também concordou em participar do conjunto imediatamente, e assim marcaram um encontro para decidir como seria a atuação de estreia, tendo em vista não terem praticamente tempo hábil para ensaios. Nessa reunião eles combinaram quem tocaria o quê, dentre outras coisas. Ficou então estabelecido que na guitarra solo seria Bobby Di Carlo; no contrabaixo, Carlos Alberto de Carvalho, o Carlão, apelidado pelos amigos, dado sua altura e jeito de ser brincalhão. Era muito querido por todos, e Joe Primo o conhecia pois morava em sua casa como pensionista; na bateria, Jurandi e na guitarra base, Joe Primo e Zé Paulo.
E assim estava formado o conjunto de rock, que Joe Primo apresentaria a Antonio Aguillar para acompanharem os cantores no programa Ritmos para a Juventude, da Rádio Nacional.

Pronto e definido, só faltavam duas coisas: como fazer pra ele não passar por mentiroso, tendo em vista ter dito para o Antônio Aguilar que tinha um conjunto de rock com o nome de um conjunto americano, muito famoso na época, que nunca poderiam usar, conhecidíssimo que era dos aficionados em rock no mundo todo. Primo chamou Bobby de lado e lhe disse: “Ajude-me a encontrar um nome em inglês que, ao ser pronunciado, confunda-se o máximo possível com o do conjunto americano, The Ventures.”
Depois de muito pensar, chegaram à conclusão de que a único nome plausível que, ao ser pronunciado rapidamente, pudesse se confundir, seria The Vampires.
Resolvido o problema do nome do conjunto de rock recém-formado, Primo dirigiu-se ao apresentador e o autorizou a anunciar quando quisesse o primeiro programa “Ritmos para a Juventude”, diretamente do palco do auditório da Rádio Nacional de São Paulo.
Aquela semana que antecedeu a estreia do programa, Aguilar, ao fazer as chamadas, dava tanta ênfase à atração, que o conjunto The Vampires antes de se apresentar em público já estava praticamente famoso. No sábado, quando seria a estreia do programa, diretamente do palco e auditório da Rádio Nacional de São Paulo, que se situava na Rua Sebastião Pereira, no bairro Santa Cecília, às sete horas da manhã, Joe Primo, Bobby De Carlo, Zé Paulo, Jurandi e Carlão, componentes do conjunto de rock The Vampires, lá estavam presentes, arregaçando as mangas e agitando os preparativos junto com Antônio Aguilar, tentando organizar da melhor maneira possível tudo o que deveria acontecer no transcorrer das apresentações em cima do palco. Toda a direção artística musical, bem como algumas encenações em cima do palco para não deixar buracos entre uma apresentação e outra, ficou a cargo de Joe Primo. Aguilar, a todo instante, vinha a um dos estúdios improvisado para fazer testes e perguntava: “E aí, Joe Primo, você está confiante? Você acha que nós vamos conseguir preencher o horário cedido pela Direção? Será que vai ter um bom público no auditório?”
Joe Primo respondia: “Tenha calma, Aguilar. Ainda falta mais de uma hora para o início do programa… Assim que eu terminar os testes com esse pessoal todo, vou ver quem tem condição de cantar hoje e intercalar uns três ou quatro deles com o Bobby Di Carlo cantando “Oh, Eliana”. Em seguida, você usa seu poder de persuasão e convencimento, aproveitando a deixa dos aplausos destinados ao Bobby De Carlo, para valorizar o novato que irá se apresentar em seguida. Mais uns três novos e você anuncia Joe Primo, e eu canto. Novamente, alguns novos cantam e você chama o Carlão. Em seguida, encerramos com The Vampires tocando e deixando os participantes dançarem em cima do palco, enquanto você vai agradecendo a juventude presente, prometendo uma nova atração no próximo sábado.
“Combinado”!, respondeu Aguilar.”

Uma curiosidade: Alguns dias antes de The Vampires (futuros The Jet Black’s) participarem pela primeira vez do programa Ritmos Para A Juventude, diretamente do palco do auditório da Rádio Nacional de São Paulo, estavam no Largo Padre Bento em São Paulo tocando violão numa sexta-feira, o Foguinho e o Bobby di Carlo, entre outros, quando chegou o Joe Primo e disse pra eles: “amanhã, sábado, às 21h, vamos lá na Rádio Nacional no programa “No Mundo dos LP’s”, do Ademar Dutra.”
E eles foram, e eram quatro: Foguinho(caixa), Joe Primo( banjo), Bobby de Carlo(violão) e o Carlão, primo do Joe (piano). Depois do programa o Ademar Dutra recebeu muitas cartas comentando sobre o “conjunto”, cujo repertório era de músicas de Little Richard, Everly Brothers, Elvis, Cliff Richard.
Depois desta apresentação, começou o “primeiro” programa Ritmos para a Juventude com o Antonio Aguillar, diretamente do auditório da Radio Nacional de São Paulo, tendo o “FOGUINHO LITTLE FIRE” como cantor, juntamente com os The Vampires.

Aguillar  no Auditório da Radio Nacional (Esta foto é apenas ilustrativa, pois como informou Prmo Moreschi, o programa de estreia do Ritmos Para a Juventude, sob a batuta do Antonio Aguilar, diretamente do palco auditório da Radio Nacional de São Paulo situada na Rua Sebastião Pereira, ainda não tinha essa passarela na qual o Antonio Aguilar está. Somente existia o palco sem essa passarela.

Aguillar no Auditório da Radio Nacional (Esta foto é apenas ilustrativa, pois como informou Prmo Moreschi, o programa de estreia do Ritmos Para a Juventude, sob a batuta do Antonio Aguilar, diretamente do palco auditório da Radio Nacional de São Paulo situada na Rua Sebastião Pereira, ainda não tinha essa passarela na qual o Antonio Aguilar está. Somente existia o palco sem essa passarela.)

Roberto Caldeira dos Santos, mais conhecido como Bobby de Carlo, nasceu em São Paulo, no dia 30 de junho de 1945.
Começou sua carreira no início da década de 1960 cantando rock, tendo gravado a canção “Oh! Eliana”, de Marcucci, De Angelis e Sérgio Freitas e “Quero amar”, versão de Fred Jorge para música de Deane e Weisman. No ano seguinte gravou “Broto feliz”, de Marcucci, De Angelis e Sérgio Freitas e “Amor de brotinho”, de Ballard e Hunter, com versão de Sérgio Freitas. Ele costumava ir a programas de auditório, como o Rítmos para a Juventude, de Antonio Aguillar, na Rádio Nacional, era amigo de Joe Primo e foi, juntamente com o amigo, que estreou no conjunto The Jet Black’s no programa de Aguillar, com a seguinte formação: Bobby de Carlo na guitarra solo, Carlão no contrabaixo, Jurandy na bateria e Joe Primo e Zé Paulo na guitarra base.

José Paulo Matrangulo nasceu em 26 de maio de 1941 na cidade de Sertãozinho, interior de São Paulo. Seu pai era violinista da orquestra da cidade e o incentivou a seguir carreira de músico, já que ele possuía uma voz suave e o dom para a música, pois ainda muito jovem já havia aprendido a tocar violão.

Jurandi Trindade Abreu da Silva nasceu em 01 de dezembro de 1943 em uma pequena cidade do sul da Bahia e aos 16 anos já tocava bateria. Em meados de 1960 juntou-se aos amigos José Paulo e Bobby de Carlo na formação do conjunto criado por Joe Primo.

The Jet Black´s na Boate Lancaster

The Jet Blacks no Jardim de Inverno da antiga Boite Lancaster em São Paulo

The Jet Blacks no Jardim de Inverno da antiga Boite Lancaster em São Paulo

The Jet Black´s em sua formação de 1964

The Jet Blacks em 1964/66 - Serginho Canhoto, Zé Paulo, Gato e Jurandi

The Jet Blacks em 1964/66 – Serginho Canhoto, Zé Paulo, Gato e Jurandi

Depoimento do baterista Foguinho, que esteve no primeiro programa Ritmos para a Juventude, juntamente com The Vampires, na condição de cantor, o Little Fire:

Waldemar Botelho Jr Foguinho: “ANTES DE INICIAR OS VAMPIRES (THE JET BLACKS) E O PROGRAMA RITMOS PARA A JUVENTUDE DO AGUILLAR EU, O PRIMO, O CARLAO E O BOBBY DE CARLO FIZEMOS UM PROGRAMA ” PILOTO” NA RÁDIO NACIONAL DE S.PAULO APRESENTADO PELO SAUDOSO ADEMARZINHO DUTRA.O GRUPO RECEBEU CARTAS DOS OUVINTES ELOGIANDO E LOGO DEPOIS COMEÇOU O ANTONIO AGUILLAR E EU FUI JUNTO COM O GRUPO MAS COMO “CANTOR”E O MEU AMIGO D.J.SERGINHO DE FREITAS ME BATIZOU COMO “LITTLE FIRE”,POR CAUSA DO MEU CABELO RUIVO ME CHAMAVAM DE “FOGUEIRA” EM MEU BAIRRO.”

FONTE DESTA PESQUISA:

1. Histórias da Jovem Guarda – por Antonio Aguillar, Debora Aguillar e Paulo Cesar Ribeiro
2. O Protagonista Oculto dos Anos 60 – Primo Moreschi
3. The Jet Black’s – Eduardo Reis

A História dos Megatons, uma banda de Rock dos anos 60!

Em 1964, ao constatar que seus companheiros do conjunto The Jet Black’s lhe puxaram o tapete, quando do seu retorno a São Paulo, após passar meses internado em um Sanatório em Campos do Jordão, em tratamento, Joe Primo decide criar um novo conjunto, que chamou de Os Megatons.
O primeiro LP da banda foi exclusivamente instrumental, lançado pela gravadora Phillips em 1964.

Alfredo Borba, respeitadíssimo diretor artístico da gravadora Phillips, lançador de inúmeros artistas de renome mundial, deu seu aval para que Joe Primo gravasse com seu novo conjunto na gravadora, e o conjunto ainda teria que ser formado, instrumentos musicais comprados, repertório de 12 músicas escolhido, local para ensaios, mas a gravadora estava garantida.

Foi assim que Joe Primo falou com seu irmão Luizinho, que morava na Vila Nossa Senhora das Mercês, e o convidou para ser integrante do novo conjunto de rock, tocando a guitarra. Luizinho tinha contato com Renato, também ótimo guitarrista, que foi convidado para fazer uma dupla de guitarras com ele, que aceitou o convite. Faltava somente o baterista e Renato lembrou-se de um amigo que morava na Mooca, de nome Edgard. Este foi convidado e também aceitou, então estava assim formado a nova banda de rock, como conta Primo Moreschi em seu livro, “O Protagonista Oculto dos Anos 60”, nas Páginas 133 a 161.

Os Megatons

“Renato tinha uma guitarra, uma tenor elétrica de cinco cordas, que, no frigir dos ovos, acabou virando contrabaixo. Bastou apenas trocar as cinco cordas de guitarra tenor por cordas de contrabaixo para aflorar um som com características totalmente dissonantes, vindo ao encontro do que idealizei. Nossos instrumentos, de uma forma geral, primaram pelo improviso. O que interessava naquele momento era aprimorar o desempenho das guitarras para que, quando estivessem executando uma peça juntas, dessem ao ouvido a impressão de ser somente uma guitarra. Com essa inovação, nosso som seria um misto de The Byrds com Beatles, estilizado, procurando explorar ao máximo a agilidade manual invejável dos nossos guitarristas. Em comum acordo, escolhemos o nome do conjunto de rock: Os Megaton’s. Durante esses ensaios, por se tratar de duas guitarras que, na maioria das vezes, faziam o papel de uma, havia a necessidade de uma guitarra base para fazer os acompanhamentos. O neto da dona da pensão, um rapaz de 16 anos, mais ou menos, brincalhão e companheirão nosso, vivia mexendo com os instrumentos, propondo-se até ser nosso carregador de instrumentos para poder frequentar o meio artístico. Entreguei o contrabaixo em sua mão e passei a tocar provisoriamente a guitarra base. Agora, o som estava começando a atingir o que almejávamos. Passamos, então, a utilizar para nossos ensaios o salão da Empresa de Transportes Estrela do Norte, gentilmente cedido pelo meu grande amigo comendador José Morgado. E muitos ensaios.
Dentre as músicas que mais ensaiávamos, destacava-se o “Voo da abelha”, por se tratar de ser uma peça cuja execução requer muita agilidade nos dedos, o que muito credencia e qualifica o artista que a alcança. Eu a escolhi dentre as demais porque, quando de nossa aparição de estréia em público, com certeza iríamos ser questionados quanto à capacidade técnica e artística dos integrantes. Eu acreditava que a qualidade de sons diferenciados dos demais conjuntos de rock existentes na época nos dissociaria das mesmices, o que realmente aconteceu, e o público nos elegeria – como nos elegeu, um grupo sui generis. Pensando em todos esses detalhes, que pesquisamos exaustivamente, ensaiamos as 12 músicas escolhidas, aceitando sempre que possível a opinião de Serginho de Freitas e Bobby de Carlo, nossos maiores incentivadores, que, volta e meia, estavam nos vendo ensaiar e nos dando seus abalizados conselhos. Levamos praticamente 30 dias para preparar os arranjos. Feito isso, disse para Serginho que estávamos prontos para entrar em estúdio e gravar. Passamos nos escritórios da gravadora Phillips e conversamos com Lessa. Ele entrou em contato com o diretor artístico Alfredo Borba, que autorizou Serginho de Freitas ser o produtor do nosso disco. O estúdio de gravação que usamos, por coincidência, foi o mesmo em que eu gravei com o Jet Black’s no início. Quando estávamos iniciando as gravações, Alfredo Borba entrou no estúdio, deu uma olhada geral e passou o bastão para Serginho continuar com as gravações. Quem estava na técnica de som, manipulando aquela infinidade de controles operacionais top de linha daquela época, era Ghaus, profissional respeitadíssimo por artistas e gravadoras. Com a colaboração de Ghaus, só não fazíamos chover, mas sons diferentes extraíamos a nosso bel prazer – isso com apenas dois canais –, coisa que o público jovem sabia reconhecer e à qual dava valor. Tudo foi gravado na maior tranquilidade, sem necessidade de playback. Terminadas as gravações, fomos diretos para a sessão de fotos que comporiam a capa do LP dos Megaton´s. Várias fotos foram tiradas, em diversos lugares, tanto para o disco como para fins promocionais.
Passados alguns dias, soube por meio de Edgar, nosso baterista, que alguém de sua amizade disse-lhe ter ouvido uma emissora de rádio tocar o “Vôo da Abelha”, com o conjunto de rock Os Megaton’s. Quase não acreditei. Imediatamente, fui até a casa de Serginho de Freitas, pois ele morava a três quadras de minha pensão, procurar saber se ele tinha conhecimento daquela notícia. Com a maior naturalidade, Serginho mostrou-me uma relação enorme de emissoras de rádio, inclusive com os horários em que seus programas de rádio iriam executar o “Vôo da Abelha” com Os Megaton´s. Com um radinho portátil em sua mão, sintonizou a Rádio Bandeirantes, que transmitia naquele momento o programa de Luís Aguiar denominado “Os Brotos Comandam”. Ele estava acabando de anunciar Os Megaton’s tocando o “Vôo da Abelha”. Ao fim da execução, o apresentador deu um “alô” para mim, mais ou menos nesses termos: “Ôôôô, Joe Primo, parabéns pela excelente gravação! Isso vem demonstrar que quem foi rei nunca perde a majestade. Nós estamos com saudades de você e de nossas brincadeiras. Traga Os Megaton’s para batermos aquele papo. Alôooo, Nassura! Como vai a gordura?” Essa é tanto para o Luís quanto para o Nassura – empresário de shows de Mato Grosso, sempre tratado com carinho por Aguiar –sentirem saudades. Serginho me disse que a Gravadora Phillips não brincava em serviço. Quando de um lançamento, como no caso d’Os Megaton’s, o novo conjunto de rock do Joe Primo, que o meio radiofônico estava ansioso por conhecer, nada melhor que distribuir a todas as emissoras de São Paulo a “bolacha” do grupo, porque o trabalho de divulgação havia sido feito antecipadamente por nós.
À medida que “O Vôo da Abelha” ia sendo executada, os elogios à técnica e agilidade empregadas por Luizinho se tornaram comuns entre guitarristas de conjuntos de rock. Alguns chegaram a pensar que fosse montagem de gravação. Quando nos apresentávamos em programas de televisão, eram raras as vezes que alguém não questionasse se aquela agilidade de nosso guitarrista era real. Certa vez, ainda na TV Excelsior, fomos convidados a participar de um dos programas do Chacrinha, no qual também se apresentou Roberto Carlos, entre tantos outros artistas da época. Estávamos atrás da coxia aguardando o apresentador dar a deixa para entrarmos no palco para tocar, quando um ajudante de cenografia forçou uma passagem em cima de Renato, que praticamente estava se equilibrando tal qual malabarista, devido à falta de espaço, derrubando-o. Sua guitarra bateu a parte das cravilhas na madeira lateral de um tapume, e ele bateu com a boca na quina do instrumento. Até aquele exato momento, tinha pra mim que Renato fosse uma pessoa calma e pacata, mas eu estava tremendamente enganado. Ao perceber que sua guitarra desafinou e havia se machucado, nosso guitarrista partiu para cima do ajudante de cenografia dando-lhe bofetões. Outros funcionários da emissora intervieram em defesa do cenógrafo, obrigando-nos a também entrar em defesa do Renato, criando com isso o maior tumulto atrás dos cenários, sobrando sopapos até para o lado do auditório. Devido à maneira de Chacrinha apresentar seu programa, praticamente no improviso, o público pensou que fazia parte do show costumeiro. Mesmo assim, nós nos apresentamos, sendo chamados pelo apresentador como “o maior conjunto de rock do Brasil” e recebendo o maior carinho da plateia ali presente. Pensei que fôssemos ter algum revide na saída da televisão, mas errei, não ouve nada. Essas cenas devem estar nos arquivos dos programas do Chacrinha.
No sábado seguinte, fomos convidados a participar do programa de Ayrton e Lolita Rodrigues, “Almoço com as Estrelas”. Comparecemos trajando smoking, gravatinha borboleta e tudo mais que tínhamos por direito e obrigação, por conta do prestígio e liderança de audiência que o programa do Ayrton e da Lolita desfrutava no horário, com transmissão todas as tardes de sábado pela P.R.F.3, TV Tupi, canal 3. Tocamos nossa música de trabalho, “O Vôo da Abelha” e recebemos muitos elogios por parte de Ayrton Rodrigues, que valorizou demais a agilidade de nossos guitarristas. Os elogios tornaram-se uma constante em nossas apresentações, enchendo-nos de orgulho e satisfação por termos cumprido nosso “dever de casa”. Dentre as pessoas (fãs) que gentilmente acercavam-se de nós para pedirem autógrafos, um senhor, dono de um boliche, atividade que estava muito em moda em São Paulo, convidou-nos para tocar em seu estabelecimento. Achei um tanto esquisito tocarmos num boliche. Mas, como a proposta de pagamento por nossos serviços era relativamente boa, aceitamos. Assim, iniciamos outra modalidade de atração, ou seja, boliche com música ao vivo. Quando começamos a tocar no local, ficamos até meio receosos, devido a não haver praticamente ninguém. Qual não foi meu espanto, porém, quando, no começo da segunda música, olhei a nossa volta e notei que não parava de chegar cliente, aumentando a platéia a ponto de atrapalhar o trânsito na rua, para nos ver tocar! E o público participava, cantando conosco. Foi uma consagração. Desse dia em diante, a moda pegou. Todo boliche passou a ter um conjunto de rock.
Havia vários cantores que queriam gravar com acompanhamento d’Os Megaton’s. Só não nos dispúnhamos a gravar com a maioria porque Renato somente tocava conosco se respeitado o quesito de não interferir em seu emprego, que ele priorizava. Não dependíamos da música para viver, ou seja, tínhamos o conjunto praticamente como um hobby – cada músico tinha outro meio de sobrevivência – e procurávamos não ser antipáticos com quem quisesse gravar com Os Megaton’s. Na medida do possível, nós o fazíamos com o maior prazer. Em certo dia de ensaio, passando diante da casa de Serginho de Freitas, ele me disse que estávamos agradando com essa inovação de tocar e cantar. Disse-me também que havia uma pessoa que eu iria gostar de conhecer. Foi assim que me apresentou uma figura, com quem, de cara, simpatizei. Falava mais do que a boca. Tão magro, que, de frente, parecia estar de lado; de lado, parecia ter ido embora. Serginho cochichou ao meu ouvido, usando aqueles seus trejeitos característicos de falar com as pessoas: “Conhecias o bom Bitão?” Estranhando o nome, mas concordando, estendi a mão. Ele disse se chamar Wagner Tadeu Benatti, vulgo Bitão. Serginho, com a mão em volta de meu pescoço, perguntou-me: “Deixa o amiguinho assistir aos ensaios dos Megaton’s?” Respondi: “Oh, Serginho! Você manda, não pede, vamos lá!” No caminho, o amigo me informou que Bitão cantava, tocava e compunha. Quase chegando ao local de ensaio, encontramos Bobby de Carlo e seguimos todos juntos.
Depois das apresentações, começou um festival de gozações costumeiras que os integrantes dos Megaton’s, normalmente, costumavam fazer, imitando bêbado. Bitão também pegou a mania e, daí pra frente, se algum estranho nos visse, pensaria que estávamos todos embriagados. Após nos divertirmos pra valer, o novo amigo mostrou algumas de suas composições, ao mesmo tempo acompanhando-as, demonstrando muita versatilidade e desenvoltura. Cativou todos os componentes dos Megaton’s. Convidei-o para participar do conjunto. Serginho de Freitas perguntou para Bobby di Carlo se ele gostaria de gravar uma das músicas de Bitão. Bobby logo disse que sim. A música de que Sérgio mais gostou, tendo-a sugerido a Bobby que a ensaiasse para gravar, comigo na segunda voz, chamava-se “Tijolinho.” Naquele dia mesmo, começamos a fazer os arranjos. Ensaiamos até a exaustão, procurando criar um som nas guitarras que nos diferenciasse de todos os conjuntos existentes na época. Conseguimos um som que lembrava em muito o The Byrds. Tendo encontrado o que procurávamos para nos distinguir, restava-nos testá-lo em gravações e em público, o que não demorou a acontecer. Em contato com a gravadora Odeon, Serginho de Freitas, recebeu de Tony Campello, em meados de agosto ou setembro de l966, a informação de que queria gravar com Os Megaton’s cantando duas composições de Bitão. Ficamos muito contentes, principalmente, por termos sido lembrados e convidados a gravar por Tony Campello, produtor da gravadora.
Em meados de setembro de l966, entramos em estúdio e gravamos “Tarzan” e “Viajando”, pela Odeon, com produção de Tony Campello. Quatro meses antes, ou seja, em maio de l966, a gravadora Polidor havia lançado uma coletânea com Os Megaton’s, The Fevers, Os Vickings, Os Inocentes, Os Santos, Roberta, Roberto Rei, Os Golden Boys, etc. Como não sabíamos desse lançamento, deixamos de trabalhar esse LP; não fomos avisados em tempo hábil. Acabamos gravando outro compacto pela gravadora Odeon quase simultaneamente ao lançamento do disco coletivo da Polidor. Se tivessem me avisado, eu adiaria a gravação do compacto para me debruçar sobre a divulgação primeiramente do LP “O Fino para a Juventude”. Ter amigos no meio artístico era comigo mesmo. Sem querer me gabar, artistas renomados praticamente imploravam para gravar um disco, ao passo que eu recebia convites e mais convites para gravar, que tanto vinham das gravadoras como também dos cantores que queriam o acompanhamento d’Os Megaton’s.
Mal tínhamos gravado nosso compacto pela Odeon e já estávamos fazendo os arranjos musicais com Bobby de Carlo para gravar “O Tijolinho”, de Wagner Tadeu Benatti, no qual eu faria a segunda voz. Em alguns dias, estávamos com os arranjos prontos. Serginho de Freitas foi o produtor. Entramos em estúdio e regulamos, como de costume, o volume das guitarras para conseguir o som que durante nossos ensaios elegemos como o melhor. Logo na primeira, para teste, todos acharam que já era a boa, – fala de técnico de gravação. Todos os presentes eram só elogios à qualidade de arranjo, bem como ao som que conseguimos extrair das guitarras. Os elogios se estenderam por todo o meio artístico. Quase todos os cantores diziam que queriam gravar com Os Megaton’s. Dentre eles, Marcos Roberto, que chegou a compor uma música exclusivamente para nós gravarmos, intitulada “Cuidado”. Essa canção foi registrada num disco em cujo verso gravamos “Só penso em meu bem”, de um compositor amigo, do bairro do Canindé, gente da nossa patota, que apelidamos Lhe, por ele ser filho de libanês. Também gravamos o – acompanhamos – quando gravou seu compacto de estréia. Antes, gravamos “Meu machucadinho” e “Nelma”, composições de Bitão.
Certo dia, apresentando-nos no programa do Luiz Aguiar na Rádio Bandeirantes, “Os Brotos Comandam” nosso baterista, Edgar, começou com aquela brincadeira de imitar bêbado, caindo nas graças do apresentador, que deu corda e também acabou, sem querer, fazendo a entrevista como se também estivesse embriagado. A alegria tomou conta de todos, tanto dentro dos estúdios, quanto entre a assistência. Dos que estavam do lado de fora do estúdio, davam boas risadas Odair Batista, Umberto Marçal, José Paulo de Andrade e outros integrantes do elenco milionário que fazia parte da Rádio Bandeirantes, naquela época começando também como emissoras de TV. Nos corredores que levavam aos departamentos recém construídos, cruzávamos com todos que trabalhavam lá e recebíamos um carinho fora do comum dos que se dirigiam a nós, o que retribuíamos. Por ocasião de nos apresentarmos nos vários programas da época, Luizinho já ficava sentado ao lado do José Paulo de Andrade, dentro do estúdio. Nos intervalos que normalmente o apresentador tem, entre uma e outra gravação, conversavam e contavam causos, esquecendo que estávamos ali para entrarmos no ar de uma hora para outra. Isso nos obrigava, ás vezes, a sair correndo pelos corredores, dando trombada com todo mundo. Tudo isso era encarado pela “família Bandeirantes de Rádio e TV” com uma alegria e efusividade, que, desde o porteiro até João Sahad, só faltavam estender um tapete vermelho para que passássemos. Tempos que trazem muita saudade.
Como Serginho de Freitas também era disc-jóquei da Rádio América, que nessa época funcionava ao lado do estúdio da Rádio Bandeirantes, no mesmo prédio recém-construído, nosso contato era freqüente, facilitando nossa agenda de compromissos de gravações ou de apresentações, que recebíamos por seu intermédio. Certo dia, Serginho me avisou que tínhamos um convite para o programa “Pequeno Mundo de Ronnie Von”, junto com Bobby di Carlo. Foi a primeira vez que Os Megaton’s se apresentaram na televisão acompanhando Di Carlo tocando “O Tijolinho”, de Bitão, com o autor acompanhando o criador do arranjo e eu fazendo a segunda voz, conforme a gravação original. Nem Ronnie Von sabia disso. O produtor do programa era o Randal Juliano, apresentador do “Astros do Disco”, que tempos atrás me apresentou, defendendo o compacto mais vendido do The Jet Black’s, quando eu ainda fazia parte do conjunto. Por coincidência, ele apresentou em seu programa os verdadeiros organizadores e lançadores do The Jet Black’s, que o fizeram por força de um compromisso moral com o radialista Antônio Aguilar. Agora unidos em um novo grupo, com sucesso crescente nas paradas de sucesso, recebíamos o reconhecimento dos fãs das inovações de sons extraídos das guitarras e dos arranjos d’Os Megaton’s. Vez em quando, convidavam-nos a nos apresentarmos no “Pequeno Mundo de Ronnie Von”, que comumente cantava ao som do conjunto Baobás. Lá tivemos o prazer de conhecer também uma cantora de nome Decalaf, que tinha tudo para ser um grande sucesso, mas, de quem, sem explicação, nunca mais tivemos notícia no meio artístico.
Durante uma das apresentações no programa do Ronnie Von, fomos convidados a participar do programa da Hebe Camargo. Para a costumeira entrevista que a apresentadora fazia com seus convidados, ela chamou a mim e ao Bitão, que, muito novo, com apenas 15 anos, tornava-se um prato cheio, uma grande atração. Inteligentíssima, Hebe tirava o máximo proveito dos ímpetos e trejeitos de Bitão, transformando cada pergunta em um festival de gargalhadas. Depois de explorar ao máximo aquela entrevista, ela nos disse: “Como vocês dois fazem também composições às vezes em parceria, hoje, vocês terão que demonstrar isso. Entrem lá numa sala especial, totalmente indevassável, na qual vocês irão compor uma letra e música, para, em seguida, cantá-la aqui em público. Ah, vocês concorrerão com outro compositor, que ficará em outra sala. Lá fomos nós para aquela “boca torta”. Digo isso porque nem de leve poderíamos imaginar que seríamos expostos daquela maneira, sem ninguém ter nos avisado antes. Compor e cantar em dueto sem tempo de decorar um mínimo da melodia recém-criada? É um verdadeiro furo n’água, que só não recusei movido pela euforia daquele momento mágico. Só o fato de estarmos nos apresentando no programa da Hebe Camargo já provava aos meus desafetos que, como fiz com o Jet Black’s em tempos idos, estava novamente fazendo, agora com Os Magaton’s, sendo visto e entrevistado no programa de maior audiência da TV brasileira. Era uma vitória em nossa carreira, com a qual todo artista daquela época sonhava. Quanto ao concurso, perdemos.
Devido ao sucesso de “O Tijolinho”, entramos novamente em estúdio para gravar agora mais 12 faixas com Bobby De Carlo, dessas 12, duas comigo fazendo a segunda voz, “A Boneca que diz não” e “Teimosa”. Enquanto gravávamos o LP de Bobby, aproveitamos para gravar outro compacto contendo uma composição de Marcos Roberto, intitulada “Cuidado”, e, na outra face, “Só penso em meu bem”, de autoria de Lhe, inclusive um acompanhamento musical de Marcos Roberto cantando “Vai Embora Daqui”, composição sua que se tornou praticamente seu carro-chefe, devido ao sucesso. Toda vez que Marcos Roberto se apresentava em uma rádio com esse disco, nunca se esquecia de dizer que Os Megaton’s tinham feito tanto os arranjos quanto o acompanhamento. Sempre que podia, ele procurava nos enaltecer, dando-nos qualidades até além do que merecíamos. Marcão, aceita um abração do amigão? Então, sinta-se abraçado. Uuupa!
No segundo semestre de 1967, urante uma apresentação dos Megaton’s cantando “Meu machucadinho” na TV Bandeirantes, Sérgio Galvão e Débora Duarte convidaram-nos para fazer laboratório, nome usado pelos artistas, principalmente atores e comediantes, quando querem testar algo antes de ser exposto ao público. Elaboramos pequenas aparições com a intenção de fazer graça no meio das músicas que tocaríamos durante um programa com direção do renomado Caetano Zama. Até hoje, quando me lembro, quase não acredito que tivemos como diretor, colaborador, incentivador e orientador, para que pudéssemos lançar um programa com tantos altos e baixos; esse monstro sagrado respeitado e cultuado pelos seus dotes artísticos e culturais invejáveis. Só para se ter uma idéia do espírito criativo dessa fera, naquela época ele pesquisou a área e idealizou Os Megaton’s fazendo aparições, tocando e cantando, em diversos lugares sui generis, tais como, em cima de um ônibus andando, em cima do prédio da TV Bandeirantes, sobre postes de transmissão de energia elétrica da empresa Light, mil e um lugares quase impossíveis de enumerar. Isso tudo era feito por um cinegrafista que passava os dias inteiros filmando em table tops, modalidade de filmagem na qual o cinegrafista filma takes de dois segundos em dois segundos, com pausas para mudar de local, numa seqüência sincronizada. Ao ser exibida a gravação junto à música, vê-se uma movimentação numa rapidez extraordinária; não se consegue acompanhar e imaginar como pode alguém cantar a mesma melodia em lugares tão diferentes ao mesmo tempo. Na época, essa inovação de Caetano Zama nos colocou como o centro das atenções do programa “Quadrado e Redondo”, o que nos mantinha ocupados de quatro a cinco dias da semana com filmagens, boa parte dentro da própria TV Bandeirantes, nos altos do bairro do Morumbi, em São Paulo, outras em externas em algum lugar pitoresco sugerido por nós ou a mando de Zama. Quando terminávamos de gravar o que seria exibido aos sábados à tarde pela TV Bandeirantes, mal tínhamos tempo de jantar e já estava na hora dos ensaios, na Transportadora Estrela do Norte.
Os ensaios não se resumiam a nosso próprio repertório. Zama dava-nos compactos importados dos Monkey´s (Bus Stop), Rollyng Stones, Beatlles, etc., para que tocássemos suas músicas. Bitão e Sodinha (Antônio Carlos) tiravam praticamente de letra quase todas, porque almoçavam, jantavam e dormiam ao som desses discos. As gravações das músicas no estúdio da TV Bandeirantes tinham no som o técnico Índio, que sabia tudo de recursos de gravações e conseguia realizar o que idealizávamos. Deve-se também a sua colaboração técnica o sucesso que alcançávamos nas gravações iam ao ar nas tardes de sábado, conseguindo um ibope que a emissora jamais havia pensado que conseguiria alcançar. Quando circulávamos pelos corredores da TV Bandeirantes em dias que não estivéssemos gravando, maquiladores, maquinistas e operadores de boom (corpo técnico que cuidava do programa “Quadrado e Redondo”), sem exceção, davam aqueles tapinhas de satisfação em nossas costas, dando-nos parabéns pela audiência alcançada. Recebíamos aqueles elogios com muita humildade, mas, no fundo, sabíamos que havíamos feito por merecer, portanto, nada mais justo do que, pelo menos, o reconhecimento do público, para confirmar que estávamos no caminho certo. Só faltou mesmo uma compensação financeira.
De repente, surge Serginho de Freitas com um monte de compactos importados em baixo do braço em direção ao seu programa pela Rádio América. Chamou-me de lado e, em tom de voz bem baixo, disse-me que tinha um carinha que queria aparecer nos nossos ensaios no Canindé. Perguntei quem era, mas ele fez questão de não dizer. No dia seguinte, no momento em que ensaiávamos uma das músicas que gravaríamos para o “Quadrado e Redondo”, eis que aparece Serginho, com dois rapazes. Nas apresentações, um disse se chamar Antônio Marcos, e o outro, Mário Marcos. Serginho me falou que ele queria gravar um disco com arranjo e acompanhamento dos Megaton’s. Respondi que sim e perguntei qual seria a música. Antônio e Mário, então, cantarolaram um pouco da canção “Um amor melhor que o seu”. Passamos aquela noite inteira de ensaios procurando criar um arranjo que tivesse algo de diferente, como era nossa marca registrada. Naquele momento, ainda não estava bem ao meu gosto. Disse ao Serginho que precisávamos de mais alguns ensaios com o Antônio Marcos para encontrarmos um som e balanço que ficassem a contento tanto do conjunto, quanto do compositor. Como o estúdio que usaríamos para gravar – RGE, na Rua Paula Souza – estava com a agenda lotada, aproveitamos para ensaiar de dois em dois dias, determinados a lapidar seu arranjo tal qual uma jóia. Quando terminavam os nossos ensaios, acompanhávamos Antônio Marcos até o ponto de ônibus. Nessa época, ele morava na vila Matilde, tinha de tomar duas conduções para chegar a sua casa. Nas brincadeiras que surgiam enquanto esperávamos o ônibus, certa vez, Serginho pegou no pé dele, fazendo-o mostrar um dos sapatos que estava usando, com um pequeno furo na sola. Serginho, segurando o pé de rapaz, dizia pra mim: “Primão, o Marquitcho está desviando de ponta de cigarros, meu! Nós precisamos gravar esse disco dele de-pres-si-nha, senão o amiguinho vai vir ensaiar de chinela!” Antônio Marcos pegava-o pelo pescoço, fingindo enforcá-lo, chacoalhava-o, rindo e dizendo: “Ô, rapaaaz! Você está me es-cu-la-chan-do?” E continuava a brincadeira dando uma gravata com o braço em volta do pescoço de Serginho, até que ele pedisse desculpas. Os dois depois se abraçavam, e a turma d’Os Megaton’s quase morria de tanto rir. Assim, nesse clima de amizade e alegria, criamos um arranjo para acompanhar Antonio Marcos em seu primeiro disco solo e, ao mesmo tempo, marcar época, tanto no jeito de bater com a palheta nas cordas das guitarras, como na maneira diferente de tocar o contrabaixo. A exemplo de “O Tijolinho”, com essa gravação fizemos escola, que foi seguida por outros conjuntos.
Gravamos nos estúdios da gravadora RGE, naquela época situada na Rua Paula Souza. Quem estava na técnica de som, por coincidência, era o Ghaus, que tempos atrás foi técnico no estúdio da Gravodisc, onde gravei com o The Jet Black’s. Depois, eles apagaram a gravação e a refizeram, com outro em meu lugar, demonstrando cabalmente o quanto eram frios e calculistas, minando sob todos os aspectos a hipótese de que qualquer benefício pudesse me advir. Como meus princípios sempre foram de trabalhar com honestidade e responsabilidade, nunca enganando ou me aproveitando de ninguém, sempre acreditando e confiando nas pessoas, fui vergonhosamente passado para trás. Vi todo um projeto de vida que batalhei para conseguir ser usufruído por outros. Os louros e lucros que seriam meus por direito foram consumidos pelas cobras criadas por mim. Acho que só criei cobras para me picar.
No caso da música de Antônio Marcos, entramos em estúdio, gravamos algumas vezes até ficar sem defeito nenhum e, em cima dessa gravação, eu ainda pus um playback tocando órgão, ou seja, toquei contrabaixo e órgão no acompanhamento. Nós, d’Os Megaton’s, não ganhamos nem um centavo para fazer o arranjo nem para acompanhar a canção “Um amor melhor que o seu”, que acabou se tornando o primeiro sucesso que Antônio Marcos obteve em sua carreira de cantor, abrindo-lhe todas as portas para sua ascensão meteórica no estrelato. Infelizmente, Antônio Marcos nem ao menos uma vez, dentre tantas e tantas entrevistas, citou meu nome ou o d’Os Megaton’s, o que nos daria o prazer de ver e ouvir, pelo menos uma vez, o reconhecimento de nosso desempenho como arranjadores e conjunto instrumental que gravou seu primeiro sucesso.
Durante as gravações diárias do programa “Quadrado e Redondo” pela TV Bandeirantes, num dos poucos momentos em que parávamos de gravar os table tops que seriam exibidos no sábado, como era de costume, Sérgio Galvão e Débora Duarte, também partes integrantes do programa, ficaram eufóricos porque recebemos a notícia de que a atração ganhara mais tempo de duração, devido à audiência alcançada. Bitão virou-se pra mim e disse: “Joe Primo, se o Serginho ainda tivesse o conjunto dele, Os Mutantes, nós poderíamos chamá-los para participar de nosso programa.” Resolvemos ir até a casa de Sérgio, que gostou do convite e ficou muito satisfeito. Disse que fazia algum tempo que estava sem se apresentar em TV e costumava assistir ao “Quadrado e Redondo”, considerando-o “super pra frente”. Desse dia em diante, Os Mutantes passaram também a participar do programa, que também já contava com Tim Maia, naquela época ainda batalhando por um lugar ao sol.
Num dos programas, com Tim Maia já diante das câmeras para começar a cantar, Luizinho viu-se em palpos de aranha para conseguir acalmar os ânimos de uma senhora que se dizia ser dona da pensão que o cantor morava. Ela queria a todo custo invadir o programa justamente quando estivesse se apresentando, para lhe cobrar um aluguel. Luizinho conseguiu segurá-la. Imaginem o estrago que ele conseguiu impedir. Ao término da apresentação, Tim não tinha palavras para agradecer o favor recebido. Como a amizade reinava entre todos os integrantes do programa, esse foi mais um dos casos corriqueiros que se passaram entre nós.
Havia um rapaz, de nome Natan, que se uniu a nós como fã e amigo, ajudando a carregar instrumentos e entrando em estúdio de gravação conosco. Às vezes, acabava até gravando uma pequena participação nos programas, chegando a dar a impressão de que fazia parte do conjunto. Ele tinha um DKW, que se prestava a nos transportar para quase todos os lugares onde tivéssemos compromissos artísticos; nós colaborávamos com o combustível. O carro muitas vezes tinha de transportar até sete pessoas, porque Antônio Carlos, o Sodinha, integrante dos Megaton’s, namorava a Débora Duarte. Como a única condução que tínhamos era o DKW, não havia outro jeito, enfrentávamos essa verdadeira “boca torta” do bairro do Morumbi até o bairro do Pari. Somente quem conhece São Paulo pode avaliar a duração do aperto. Outra pessoa que convivia muito conosco era Alberto Luiz, um menino magrinho, com idade entre l8 e 20 anos, que tinha uma voz muito parecida com a do Roberto Carlos. Várias vezes eu o aconselhei a imitá-lo. Naquela época, ainda não havia aparecido essa legião de imitadores, portanto, quem o fizesse seria sucesso. Alberto Luiz também compunha, mas, devido a seu pouco conhecimento no meio artístico, encontrava muita dificuldade de mostrar suas composições. O que mais impedia que isso se realizasse era sua timidez e o receio de receber uma desfeita por parte de algum artista. Às vezes, cantarolávamos nossas composições um para o outro, durante os intervalos das gravações do nosso programa Quadrado e Redondo. Na sua humildade, ele demonstrava esse lado tímido, que aos poucos foi diminuindo, graças ao jeito brincalhão de todos os integrantes d’Os Megaton’s. Aquela nossa maneira de brincar com as pessoas, fingindo falar como quem estivesse bêbado, contagiava a quase todos da Rádio e TV Bandeirantes. Nos corredores da emissora, bastava qualquer um dos membros do conjunto cruzar com quem quer que fosse que já começava, tanto um como o outro, a falar como embriagado, praticamente como se fosse uma saudação.
Certa vez, Luiz Aguiar nos apresentou a Nalva Aguiar, dizendo-nos de seus dotes vocais. Naquela época, ela nem ao menos sonhava que iria gravar um disco, o que, aliás, não tardou a acontecer, e a cantora transformou-se num dos grandes sucessos fonográficos da época. Nesse dia, estávamos parados diante de um vidro que dividia o corredor dos estúdios da Rádio Bandeirantes, que naquele momento tocava a música “Coração de papel”. Eu disse para Luiz Aguiar que quem havia feito essa produção foi o mesmo produtor do nosso disco pela Gravadora Odeon, ou seja, Tonny Campello, que produziu nosso compacto simples “Tarzan”. Mal acabei de falar, Aguiar respondeu: “E quem canta está vindo ali”, apontando para Sérgio Reis, que parecia um bezerro desmamado, de tanto que chorava. Serginho de Freitas, brincando, pôs a mão no ombro de Sérgio Reis e, dirigindo-se a mim e a Luiz Aguiar, disse em tom de gozação: “Vocês sabem por que o amiguinho está chorando? É porque ele não encontrou a Lanna!” Nesse instante todos caíram na gargalhada, contagiando também Sérgio Reis, que ria e chorava ao mesmo tempo. O motivo da piada era que, tempos atrás, eu devia gravar mais um disco para cumprir meu contrato com a Gravadora Continental, cujo diretor artístico, Palmeira, sugeriu que eu gravasse a versão de uma música de nome “Lanna”. Passado algum tempo, essa mesma música foi lançada com gravação de Sérgio Reis, que a trabalhou muito, cantando e pedindo para tocá-la. Bem no começo da letra, diz-se: “Procuro por Lanna, que é meu amor, que se foi, sem adeus.” Já o motivo do choro de Sérgio Reis era porque sua mais recente gravação, “Coração de papel”, tinha entrado nas paradas de sucesso, consolidando com isso seu nome em letras maiúsculas (à altura de seu tamanho) no cenário nacional, abrindo-lhe todas as portas para o estrelato. Choro de alegria, de quem conseguiu se realizar naquilo que se propôs a fazer, diga-se de passagem, com louvor. Depois de todas as brincadeiras, todos começaram a dar os parabéns para Sérgio Reis, enaltecendo seu trabalho incansável, com Luiz Aguiar levando para o ar, em “Os Brotos Comandam”, toda aquela rasgação de seda.
Jorge Helau – disc-jóquei da Rádio América – gostava muito de jogar conversa fora com os integrantes de Os Megaton’s. Chegava, às vezes, com cara de poucos amigos para o nosso lado, e começávamos a indagar qual foi o bicho que o havia mordido. Depois de muita insistência de nossa parte, acabava dizendo que não estava legal porque havia se desentendido com a namorada. Nesse ponto, entrava Luizinho, dando uma de consultor para assuntos amorosos, e dizia: “Mas, Jorge, isso é um fato comum entre duas pessoas que se amam. Sabe como você deve fazer? Peça desculpas a ela e etc., etc., etc., entendeu?” Responde o Jorge: “Rapaz, não é que você está certo?” E lá iam os dois discutindo o sexo dos anjos pelos corredores afora. A moral que tínhamos por causa do programa “Quadrado e Redondo” colocava-nos num pedestal tão alto, que eu próprio não acreditava. Mesmo tendo sido meu objetivo, vendo-o se realizar, sentia não ser merecedor de tantos privilégios, bem como tudo o que estava se passando comigo. Achava ter ainda muita coisa para explorar, oferecer e levar ao encontro de todos que confiaram em mim e acreditaram em minhas idéias, quer como colaborador ou espectador. Ainda nesse clima de euforia, Sérgio Reis, chamando-me de lado, convidou a mim e aos Megaton’s para acompanhá-lo em shows. Era um convite irrecusável se não tivéssemos o compromisso do programa “Quadrado e Redondo”, que absorvia quase todo nosso tempo, principalmente aos sábados, quando se realizam 90% dos espetáculos nos quais teríamos de acompanhá-lo. Expliquei a ele e lamentei não poder aceitar. “Que pena, Serjão, fica para outra, tá?” Nessa, deixamos passar o cavalo encilhado.
Aproveitando o ensejo de fazer uma apresentação no nosso programa, eis que ao meu lado, pondo a mão em meu ombro, surge Jerry Adriani, com uma carinha de quem quer “tirar uma casquinha”, e me diz, sarcástico: “Oh, Joe Primo, você se lembra de quando me rejeitou nos testes que você fazia para o programa ‘Ritmos para a Juventude’, do Antônio Aguilar? Olha eu aqui. O que você tem a me dizer?” Respondi: “Tenho a dizer que você continua cantando pelo nariz e, mesmo depois de ter gravado um disco, não sei como, está dependendo de se apresentar em meu programa, como no início, para se alavancar artisticamente, ao passo que eu fiz o The Jet Black’s e agora também Os Megaton’s, estamos estourando com o programa “Quadrado e Redondo”, e o nosso sucesso você comprova pela audiência que a emissora recebe nas tardes de sábado, quer mais?” – “hoje… (desculpando-me) reconheço ter ido longe demais nos meus conceitos sobre o Jerry, deixando passar despercebido suas múltiplas qualidades”. – Exatamente nesse instante, chamaram-me, porque entraríamos no ar naquele momento para aguardar em cena a exibição do table top que havíamos gravado durante a semana. Em seguida, ao vivo, acompanharíamos Biquinho (Ed Carlos) cantando a música “Estou feliz”, que também estava nas paradas de sucesso. O apelido de Ed Carlos foi dado por Edgar, nosso baterista. A referência era a “bicão”, pessoa que entra sem ser chamada num ambiente, festa ou conversa, mas Carlos era um menino de aproximadamente 13 ou 14 anos, por isso, Biquinho.
De vez em quando, enquanto Sérgio Galvão, Débora Duarte e Caetano Zama finalizavam os preparativos para que o programa entrasse no ar, nós do conjunto sentávamos nas poltronas do auditório, aguardando a deixa de entrada e, ao mesmo tempo, curtindo umas gozações costumeiras com os artistas que ficavam ao nosso lado. Quase sempre, Serginho, dos Mutantes, que já faziam parte do programa, vinha se juntar a nós nas poltronas, pondo mais lenha na fogueira da bagunça que normalmente fazíamos. Rita Lee, depois que se entrosou conosco, fingia ser uma dessas menininhas sem educação e simulava cuspir em Luizinho, fazendo as birras que normalmente uma garotinha malcriada costuma fazer na frente de uma visita.
No meio de uma dessas brincadeiras, Caetano Zama me chamou para subir até o 1º andar da TV Bandeirantes. Chegando lá, o maestro Potcho, juntamente com sua orquestra, estava gravando uns jingles. Caetano Zama me pediu para ouvir atentamente a orquestra tocar. Havia um instante em que ela dava uma ligeira parada e continuava a tocar a música; lembrava um pouco aquele fundo musical que se ouve na apresentação dos desenhos animados do Pica-pau. Após ouvir atentamente, Zama me disse que, como eu fazia isso e os sons diferentes nas gravações d’Os Megaton’s, ele se lembrou de mim para extrair um som que lembrasse uma mola sendo esticada e depois solta, para entrar exatamente naquele intervalo no qual a orquestra do Potcho dava a parada. Imediatamente fui buscar uma das nossas guitarras, no térreo, e pedi para o técnico de som Índio que a ligasse. Potcho começou tocando aquele jingle e, em dado momento, parou e apontou a batuta em minha direção. Nesse exato momento, afrouxei, através da alavanca da guitarra, as duas últimas cordas (si e mi), dei um toque forte de palheta nas duas ao mesmo tempo e soltei a alavanca, tremendo com a mão na mesma. O efeito que extraí agradou em cheio a Caetano Zama, bem como a todos os músicos da orquestra de Potcho. Esse jingle passou a ser usado em quase todas as transmissões de jogos de futebol da TV Bandeirantes. Com o passar do tempo, ouvi esse mesmo som, que criei e gravei, ser usado e copiado em várias propagandas comerciais e situações engraçadas, como, por exemplo, uma pancada na cabeça ou um tombo em programas de “vídeo-cacetadas”, cujo desfecho requer som de mola tremulando. Isso, no entanto, não era nenhuma novidade para mim. Quando nós d’Os Megaton’s nos debruçávamos sobre a tarefa de um arranjo para gravar um disco, pensávamos exatamente nesse detalhe: fazer escola, o que conseguimos, pois nossas inovações foram seguidas por vários conjuntos. Na gravação de “O Tijolinho”, com Bobby de Carlo, o som das guitarras, bem como o efeito que uma delas executa logo no início, foram copiados por vários músicos, inclusive duplas sertanejas. Já na gravação que fizemos acompanhando Antônio Marcos no sucesso “Um amor melhor que o seu”, composição de Roberto Carlos, a sequência de palhetadas dada nas cordas das guitarras – tal qual fossem baquetas sendo batidas numa caixa de fanfarra ou caixa de escola de samba – e o balanço que o contrabaixo e a bateria executam, passaram a ser imitados por quase todas as bandas de rock. Em agosto de 2005, na novela “Se a Lua Falasse”, exibida pela TV Globo, ouve-se claramente no início e nos intervalos, a introdução melódica que Os Megaton’s criaram para os acompanhamentos da música “O Tijolinho”. Isso tudo se deveu às pesquisas que, incansavelmente, fazíamos durante os ensaios para extrairmos um som diferente, que acabou sendo reconhecido e imitado, numa prova evidente de que todo o trabalho que tivemos não foi em vão, servindo, portanto, de contribuição à música, ainda que discreta, levando-se em consideração um universo de sons exóticos e arranjos que podem e devem ser criados para o deleite dos aficionados e amantes dos sons.
Basta nos atermos a criar, não a copiar – fica aqui o recado.” (Primo Moreschi, o Joe Primo)

Ouçam algumas gravações da banda e também Os Megatons acompanhando o cantor Bobby di Carlo:

1. Cuidado – Mocambo 1297

2. Só penso em meu bem – 1967

3. Voo do Besouro – 1964

4. Meu Machucadinho – 1967

5. Cuidado

6. Nelma – 1967

7. Não vou me entregar – 1967

8. Infinito

9. Bobby de Carlo – A Boneca que Diz Não – 1966

10. Temptation – 1964

11. Bobby di Carlo – Tijolinho

12. Bobby di Carlo – Não vou me entregar

Uma Conversa sobre os primórdios do Rock! (entre músicos que estiveram lá!)

Como muitos já devem ter notado, gosto de registrar tudo que nos leva a conhecer sobre o início do Rock and Roll no Brasil, e hoje, ao participar desta conversa no nosso grupo Eterna Jovem Guarda no Facebook, não poderia deixar de registrar aqui para a posteridade, e também para os historiadores.

Tudo começou quando eu compartilhei esta foto a mim enviada por Antonio Aguillar, onde podemos ver a cantora Ilze Aparecida, que depois se tornou Cidinha Santos, se apresentando em seu programa, e ao fundo estão os dançarinos….

Ilze Aparecida, a Cidinha Santos, hoje Cinthia (da Rádio Capital de SP), se apresentando na TV Paulista canal 5 no programa Ritmos para a Juventude, de Antonio Aguillar. Atrás podemos ver o conjunto Lancaster de dança, identificando o Xupeta e o Bolão. O ritmo era Rock and Roll!

Ilze Aparecida, a Cidinha Santos, hoje Cinthia (da Rádio Capital de SP), se apresentando na TV Paulista canal 5 no programa Ritmos para a Juventude, de Antonio Aguillar.
Atrás podemos ver o conjunto Lancaster de dança, identificando o Chupeta e o Bolão.
O ritmo era Rock and Roll!

Vejam a conversa entre Sérgio Vigilato, o Serginho Canhoto do The Jet Black´s, Primo Moreschi, o Joe Primo, fundador do conjunto The Vampires, que se tornou The Jet Black´s e também fundador dos Megatons, Waldemar Botelho, o Foguinho dos Jordans, Santo Humberto Lunetta, músico nos anos 60, Fares Darwiche, pesquisador e colecionador e eu, uma simples mortal. rsrs

  • Waldemar Botelho Jr FoguinhoO DANÇARINO DA ESQUERDA DE CAMISETA BRANCA E O CHUPETA QUE EU ENSINEI A TOCAR BATERIA LÁ NO LANCASTER E O GORDINHO LÁ ATRÁS E O SAUDOSO BOLAO

    3 de junho às 19:04 ·

  • Sérgio Vigilato“CORRETAMENTE” FOGUINHO! CHUPETA E BOLAO!
  • Primo MoreschiO Chupeta, o Bebeto e a Denize, aprenderam os primeiros passos de Twist, em uma tarde no palco da Radio América, ao lado de The Jet Black´s, convidados que fomos pelo Miguel Vacaro Neto, para aprendermos os passos do ritmo que acabava de surgir no brasil, e mostrar aos frequentadores da Boate Lancaster, quando de nossas apresentações diarias das 10:hrs, as 4hrs na Rua Augusta.Hooo saudade.
  • Fares DarwichePrimo Moreschi, Bom Dia. Duas perguntas : 1. O Conjunto Lancaster de dança que participava da Jovem Guarda, teve seu nome originário em função da Boite ?…2. está Rádio América que vc cita, era de um casarão que ficava na esquina da Consolação com a São Luiz que hoje é a outra pista da Consolação ? Abração
  • Primo MoreschiAmigo Fares Darwiche, O Conjunto Lancaster de dança? Acredito que sim. Porque no começo lá na Boate Lancaster, o Chupeta, o Bebeto e a Denize, (dançando) não havia quem lá estivesse que não ficava admirado e motivado para também dar alguns passos.( Mesmo que fossem desajeitados no inicio). Vai daí (acredito) o fato de se unir o útil ao agradável. Ha… Os Globbers Trotters, também deram uma ajudazinha quando lá estiveram, demonstrando já dominarem a dança. Aliás, ficaram de boca aberta ao ouvir nosso saxofonista Néstico. Quanto ao casarão citado, na Consolação esquina com a São Luiz realmente era lá que se situava a Radio América.
  • Sérgio VigilatoSaudades daquela epoca Primo moreschi.
  • Primo Moreschi: Sergio Vigilato Amigo veio ou velho amigo! claro que tenho saudades. É inegável. Como você também tem não é mesmo? Ha… Obrigado por estar torcendo por mim. Isso me envaidece e me me faz acreditar que existe muito mais coisas a serem descobertas por mim. Você foi uma delas, a qual computo como um exemplo abençoado. Receba mais um a vês o abraço deste seu amigo de hoje e sempre Joe Primo- Primo Moreschi. Quanto ao resto?…Hora, o resto é resto rsrsrs fuuiii
  • Santo Humberto Lunetta FilhoTá aí algo que também me lembro caro Primo Moreschi . O conjunto Lancaster de danças . O Chupeta , o Bolão e a Denise e o Bebeto . Aliás o Chupeta virou baterista depois de um tempo vindo a tocar na formação dos Snakes que se apresentou no Programa do Eron Rodrigues ( O Erontex dá Sorte) na Tv Paulista Canal 5 . Formação nessa ocasião era : O Edson Trindade , O China, o Altair (Arlenio) no vocal e na “cozinha” o Santo Humberto”Teddy Pardal” Lunetta Filho no Contrabaixo e o Chupeta na bateria . Isso se deu no lançamento do compacto “Pra Você Voltar ” e Voce não me agrada pela MOCAMBO / Rozemblitz Discos .. TOC ! TOC! TOC ! kkkkkkkkk
    Fares Darwiche: Santo Humberto Lunetta Filho, bom dia. Por acaso o nome do China era Fernando ?
    • Fares DarwicheSanto Humberto Lunetta Filho, este compacto que vc citou acima , de que ano é ? Vou postá-lo com autografos ou autografo, pois a letra é uma só e não há menção do ano. (A dedicatória não foi a minha pessoa, pois o comprei em algum sebo da vida)
    • Santo Humberto Lunetta FilhoBom dia Fares . Não posso te precisar a data . Mas posso por relembrar fatos relacionados dizer mais ou menos ..depois disso eu por imposição de minha ex= eu PAREI com a Música … e casei-me com ela . (A ex) kkkkkk isso foi em 1967 Pelo menos é o que diz a certidão de Casamento kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    • Santo Humberto Lunetta FilhoPassei por um periodo de Ostracismo ate a dissolução do Casamento e então voltei a VIVER kkkkkk
    • Santo Humberto Lunetta FilhoPor falar nisso Primo Moreschi eu estava presente quando eles arenderam o TWIST la na Radio America se não me falha a memoria foi durante um programam do Miguel Vaccaro Neto onde eu era o secretário …kkkkkk Vcs , os Jet Black´s estavam como sempre testando os candidatos a cantor que o Miguel escolhia para se apresentar e depois gravar Lembro-me que após issto houve aquela apresentação do lançamento do TWIST no Brasil que foi feita na Hebraica kkkkk logo em seguida vcs gravaram o LP TWIST, TWIST lá na Gravodisc que ficava na esquina da Gal Osorio com a Praça Julio Mesquita onde eu estive presente e me valeu uma surra do meu velho e falecido pai … pois a gravação foi feita de madrugada e chovia torrencialmente …….Lembra-se ????///
      Primo Moreschi: Santo Humberto Luneta Filho! Agora eu arrepiei rsrsrs Isso é o que eu posso chamar de memória fotográfica.Assinei em baixo.Em 5 de junho de 2014 08:41

Para ilustrar esta publicação, segue um vídeo com depoimentos dos cantores Tony Campello, Tim Maia e Erasmo Carlos sobre a primeira fase do Rock no Brasil.

Tony Campello, Tim Maia, Erasmo Carlos falam sobre a primeira fase do Rock no Brasil.
Alberto de Barros, de Betinho e Seu Conjunto, inspirou cantores no início.
Tony Campello diz que Betinho marcou muito pra ele, que ouvia também Carlos Gonzaga.

Tim Maia conta que ensinou os primeiros acordes ao violão para Erasmo Carlos e lembra que o sotaque de Roberto Carlos era bem interiorano, lá de Cachoeiro…
Eduardo Araújo também foi Secretário de Carlos Imperial e foi Arlênio Trindade quem levou Roberto Carlos até a casa de Erasmo Esteves…
Roberto fez o convite a ele: “Apareça lá na televisão”!