LENO E AS ORIGENS DO ROCK EM NATAL.

No final dos anos 50, as emissoras de rádio de Natal começaram discretamente a rodar músicas de Rock, especialmente sucessos iniciais de Bill Halley, dos irmãos Cely e Tony Campello e de Carlos Gonzaga. Elvis Presley surgia com seu topete atraia especial atenção das garotas que assistiam às seções do cine Rio Grande.
O jovem Gileno Azevedo Wanderley foi dos primeiros a comprar discos de Rock em Natal. E costumava mostrar as novidades aos seus colegas do Marista e da SCBEU. Na sequência, começou a fazer dublagens imitando Elvis.

Leno (voz e guitarra solo, que aprendeu com Prêntice Bulhões) formou com os colegas do Marista, Carlos Mineirinho (violão), Prêntice (violão/guitarra/voz) e Marcelo Dias (baterista) um conjunto musical de Rock denominado “The Shouters” (os gritadores). Esse muito provavelmente foi a primeira Banda de Rock da cidade do Natal. Segundo Leno Azevedo, a denominação “Shouters” decorre da música “Twist and Shout” dos Beatles.

O conjunto ensaiava na casa de Marcelo Dias na Avenida Rodrigues Alves e também na Subsistência do Exército na Ribeira. Nos ensaios além dos Beatles, rolava muito o som de: Elvis, Cely Campello, Chuck Berry, Bill Halley e Little Richard. A proximidade do Porto pode até lembrar uma conexão com Liverpool dos Beatles. Exageros à parte, a Ribeira é perto das Rocas e daí a forte presença dos Rockeiros… 

O grupo se apresentava em festinhas aniversário, na Quermesse da Lagoa Manoel Felipe, no Ginásio Sílvio Pedrosa e no palco do cinema Rex onde havia um programa aos domingos da Rádio Rural. Nessas apresentações só eram tocadas músicas dos Beatles.
Inicialmente só existia uma guitarra do conjunto que era utilizada por Prêntice ou Leno, os demais usavam violões, além de uma velha bateria pertencente aos Irmãos Maristas. O primeiro cachê que receberam foi numa festa do colunista Jota Epifânio, o dinheiro foi suficiente para comprarem dois LPs dos Beatles. 

Ivone Freire era uma das admiradoras que acompanhava os shows da Banda, virou uma espécie de musa do grupo, havia até um código “4 Romanos e 1 Inglês” para denominar IV-ONE.
Eustáchio dos Santos Lima Filho morava na Rua Joaquim Manoel em Petrópolis e estudava na SCBEU, lá conheceu Gileno (Leno) Wanderley, que costumava levar compactos com músicas cantadas na língua inglesa para tocar na radiola nos intervalos das aulas. Ao escutar um som com batida diferente, Eustáchio se surpreendeu “O que é isso bicho?”. Leno respondeu “É Rock cara, Rock and Roll”. 

No dia seguinte Eustáchio arranjou dinheiro e foi à loja MM Costa, na cidade alta, perguntou se tinha disco de Rock.
O vendedor nem sabia o que era Rock e Eustáchio voltou frustrado pra casa. Novamente procurou Leno e reclamou “Pô cacete esse negócio de Rock não existe não”. Com paciência Leno orientou “então procure disco de Elvis Presley”. Ele tinha 15 anos em 1964, se entusiasmou com as músicas de Elvis Presley.
Passou a fazer dublagens do Rei do Rock em festinhas e logo pediu ao pai pra comprar uma guitarra.

Em 1964 (ano provável) fez uma apresentação solo de Rock com topete e tudo para os estudantes da SCBEU. Leno, Prêntice, Eustáchio Lima, Etelvino Caldas são os dinossauros do rock Potiguar.

Os companheiros da Confraria do Rock de Natal desejam que o encontro de Leno, Erasmo e Raul Seixas sacuda o Rock noutra dimensão. 

Saudade do amigo e um dos maiores músicos natalenses.

Por Fred Rossiter Pinheiro, de Natal-RN

Leno em Apresentação ao Vivo no Carnaval Cultural de 2009 de Natal-RN.


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Vídeo com a música: Lixo Eletrônico (Leno Azevedo).
O baixista é Jeff Soares, músico que tocou com Leno algumas vezes, inclusive gravou com ele no CD Canções com Raulzito.
Na guitarra está o músico Hugo Albuquerque.
Vídeo: Nilza Carvalho.
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Vídeo com a música: Metamorfose Ambulante (Raul Seixas)
O baixista é Jeff Soares, músico que tocou com Leno algumas vezes, inclusive gravou com ele no CD Canções com Raulzito.
Na guitarra está o músico Hugo Albuquerque.
Vídeo: Nilza Carvalho.
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Fotos e vídeos do acervo de Nilza Carvalho

Leno, a Vanguarda da Jovem Guarda… ou Um Certo Johnny McCartney!

Uma homenagem a Gileno, Leno ou Johnny McCartney.

Aqui mesmo neste Blog já fiz inúmeras homenagens em vida para Leno, criei em 2012 uma página exclusiva pra ele no Facebook intitulada “Vida e Obra de Johnny McCartney”, portanto esta é somente mais uma homenagem que presto a este grande músico, cantor e compositor. ícone da Jovem Guarda.

Talvez eu tenha sido uma das poucas fãs de Leno a conversar diariamente com ele em seus últimos dias de vida.

Leno sabia que tinha pouco tempo e queria mostrar aos fãs um documentário sobre a sua trajetória artística, “vai ser o meu réquiem”, disse-me ele.

Ele sabia que poderia contar comigo para escrever sobre ele, pois como ele mesmo me disse, eu fui uma das primeiras pessoas a acreditar em seu disco Vida e Obra de Johnny McCartney, tanto que criei uma página falando especialmente sobre esta obra inspirada na dupla Lennon & McCartney, dos Beatles.

Trocávamos mensagens enquanto eu estive escrevendo e Leno me contou algumas coisas sobre esta famosa obra, que algumas pessoas acham que teve Raul Seixas como autor… e foi em 13 de novembro de 2022, que recebi esta mensagem sobre seu disco “Vida e Obra de Johnny McCartney”…

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Leno, a Vanguarda da Jovem Guarda!

Gileno Osório Wanderley Azevedo, o Gileno, ou simplesmente Leno, nasceu em 25 de abril de 1949, marcou toda uma geração e continua sendo considerado um dos ícones do Rock and Roll nacional, tendo sido um dos grandes nomes da Jovem Guarda, tanto com a dupla que formou com Lílian Knapp quanto em carreira solo.

Ainda quando formava a dupla Leno e Lilian fazia sucesso e arrasava corações apaixonados daquela época áurea, cantando e encantando multidões com sucessos como Pobre Menina, Devolva-me, Eu Não Sabia que Você Existia e tantos outros, os quais ficavam durante muito tempo nas paradas de sucesso.

Leno tornou-se um grande compositor, escreveu canções que marcaram a época e são ouvidas até os dias de hoje.

Suas grandes influências musicais antes dos Beatles foram Elvis Presley, Little Richards, Gene Vincent and His Blue Caps, entre outros.

Aos 11 anos de idade Leno ganhou um disco de Gene Vincent, presente de aniversário, e com esta idade já cantava as músicas do artista.
Com oito, nove anos de idade ele já comprava discos, e como andava muito pelo Brasil, morando em cidades diferentes, sempre levava consigo seus discos e livros.
Leno também ouvia bastante a turma de São Paulo, como Carlos Gonzaga, Tony Campello, Celly Campello, aquela turma toda do início do Rock no Brasil.

Começou na carreira artística escrevendo versões e a primeira canção autoral que compôs intitula-se “O Disco Voador” e foi gravada por Erasmo Carlos.

Leno sempre gostou muito de estudar o Cosmos, ler sobre a vida extraterrestre, inclusive compôs também uma canção chamada “Objeto Voador”, sobre este mesmo tema, a qual foi gravada por Raul Seixas. A música depois mudou de nome para “S.O.S.”.

Filho de militar, nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, e desde muito pequeno acompanhava a família em suas mudanças pelo Brasil.
Foi assim que aos quatro anos de idade mudou-se para o Rio de Janeiro, onde foi criado.

Ele tinha um sonho de cantar e lá pelos 10 anos de idade, como ia muito na TV Rio para ver o programa chamado “Domingo Alegre, de Paulo Bob”, que era um programa infantil onde crianças se apresentavam, certa vez participou fazendo dublagem, pois ainda nem tocava violão.

Mas ainda era somente por diversão e depois voltou a morar no Nordeste com a família e lá em Natal criou uma banda chamada The Shouters, isso em 1964, quando os Beatles começaram a fazer sucesso fora da Inglaterra.
Aos 14 anos voltou a Natal e formou a banda The Shouters, uma das primeiras bandas de rock do Nordeste.

O nome The Shouters foi por causa da canção “Twist and Shout”, gravada pelos Beatles, um grande sucesso na época.
De volta ao Rio em março de 1965, reencontrou a ex-vizinha de infância, Lilian.

Nesta mesma época, sua primeira composição, “O disco voador”, foi gravada por Erasmo Carlos em seu LP “Você me Acende”, e também a canção “S.O.S.”, composição de Leno em parceria com Getúlio Côrtes, foi gravada neste mesmo disco.

Mais tarde Raul Seixas gravaria “S.O.S.”, outra composição de Leno que a princípio se chamou “Objeto Voador”, cujo nome e letra foram modificados pelo Raul Seixas.

Quando voltou para o Rio, pretendia fazer vestibular mas apareceu a oportunidade quando conheceu Renato Barros, que namorava Lílian, a mesma garota que havia sido sua amiga de infância.

Lílian estava namorando Renato Barros, da Banda Renato e Seus Blue Caps, e Leno foi apresentado a ele e aos outros amigos de Lílian. Muitos deles costumavam frequentar a gravadora CBS e surgia então a oportunidade para Leno de cantar profissionalmente.
O ano era 1965, e ele percebeu que a coisa que lhe dava prazer, agora poderia ser levada a sério.
É que Leno acompanhava Renato e Lílian ao estúdio de gravações, ficava sabendo de músicas que ainda seriam lançadas, e como Leno já conhecia a banda Renato e Seus Blue Caps lá do Nordeste, onde eram mais famosos que no Rio, Renato Barros gostou de saber disso e levavam Leno para o estúdio, para os Shows da banda, e o entrosamento musical foi crescendo.
Leno começou a frequentar a gravadora CBS e com isso aprendeu o ofício de produzir as músicas, foi então que começou a pensar em dar um tempo nos estudos para começar a carreira de músico.
Começou a aprender melhor sobre harmonia com Renato e Paulo César Barros, também com Ed Wilson, e através deles conheceu Erasmo Carlos, Golden Boys, e outros músicos.
Naquela época não havia nenhuma dupla formada por um casal, todas tinham dois homens na formação, e foi assim que no final do ano Renato Barros teve a ideia de juntar os dois amigos formando a dupla Leno e Lílian, apresentando a proposta a Leno, que a princípio ficou preocupado, porque seu temperamento não batia muito com o de Lílian, ele era mais novo que ela, ela queria mandar nele…

Renato era produtor na CBS e levou a dupla para realizar um teste, e tendo sido aprovado pelo Presidente Sr. Evandro Ribeiro, gravaram o primeiro compacto simples com as canções “Pobre Menina” (versão por Leno) e “Devolva-me” (composição de Renato Barros) e o disco explodiu. Foi um fenômeno nacional!

Leno deu um tempo nos estudos e passou a ser autodidata, estudando em casa através dos livros.
Em 1965 apresentou-se com Lílian nos programas de TV “Os Brotos Comandam”, de Carlos Imperial, e também no programa “Hoje é Dia de Rock”, levados por Renato e Seus Blue Caps.
A dupla se apresentou diversas vezes no programa Jovem Guarda na TV Record, e Leno, além de se apresentar com a dupla, realizava inúmeras versões de sucessos estrangeiros, que eram gravadas por profissionais da música, como por exemplo The Youngsters, que gravou “Vem”, versão para a música “Help!”, de Lennon & McCartney, Ed Wilson gravou “Sandra”, versão de “Sorrow”, de Feldman, Goldstein e Gothehrer, “Quero Saber”, gravada por Jerry Adriani, compôs “O Disco Voador”, gravada por Erasmo Carlos em seu LP de 1966, compôs “A Irmã do meu melhor amigo”, gravada por Renato e Seus Blue Caps em 1967, e tudo era sucesso!
O primeiro LP da dupla foi gravado logo em seguida, em 1966, e incluía essas duas primeiras músicas e ainda “Eu Não Sabia Que Você Existia”, uma composição de Renato Barros que também fez grande sucesso.

A dupla estava no auge do sucesso, mas por sérios motivos, terminou no final de 1967, pouco antes do lançamento do segundo LP, intitulado “Não Acredito”.
Já estava para terminar por motivos de incompatibilidade, quando um fato desencadeou um final drástico!
Não foi Leno quem rompeu com Lílian.
Na verdade, foi Evandro Ribeiro, da CBS, porque a cantora costumava faltar aos programas de televisão marcados pela CBS para divulgação da gravadora, programas estes que eram previamente agendados por Othon Russo e não poderia haver falhas.
Leno e Lílian iam defender o primeiro lugar com a música “Coisinha Estúpida” no programa Rio Hit Parade da TV Rio, e Lílian, que na ocasião namorava Márcio Antonucci, ficou em São Paulo e simplesmente faltou ao compromisso.
O programa era ao vivo, com acompanhamento de grande orquestra, Leno ia encarar o desafio sozinho, mas quando viu a cantora Martinha, que também estava presente, pediu a ela para tomar o lugar de Lílian.
Martinha aceitou e os dois desceram aquela escadaria, muito parecida com a do clipe Magical Mystery Tour dos Beatles, e chegaram juntos ao palco.
Evandro Ribeiro assistia de sua casa a todas as apresentações de seus contratados, e viu pela TV aquilo acontecer. Imediatamente ligou para a TV Rio e quando Leno saiu do palco, Othon Russo lhe aguardava para dizer que o Sr. Evandro perdera a paciência, estava indignado com Lílian pois não era a primeira vez que ela faltava a um compromisso.
Isso aconteceu em um sábado, e na segunda-feira Leno foi chamado à CBS para a rescisão do contrato da gravadora com Lílian e assinatura de um outro, agora somente com Leno.

Outra história que Leno detesta é a de que a dupla era um casal, ou melhor, que Leno era apaixonado por Lílian e por isso não deu certo…
Leno sempre afirmou categoricamente, em alto e bom som, que definitivamente nunca foi a fim de namorar a parceira Lílian, nunca gostou dela da forma que os fãs imaginavam.

Lílian muitas vezes colocava a imprensa a seu favor para se promover, disse Leno, e citou o exemplo da música gravada por ela, Lílian Knapp, intitulada “Gosto de você como se fosse meu irmão”. Foi apenas e simplesmente uma jogada de marketing, tanto que no dia da gravação ao encontrar Leno na CBS, Lílian pediu-lhe desculpas, dizendo que aquela letra era para que as pessoas pensassem que ele era a fim dela, e com certeza isso ajudaria nas vendas do disco. Leno sempre disse que o grande amor de sua vida foi sua esposa Ana Maria, e isso era um desrespeito a sua memória… Ana faleceu em um trágico acidente, há mais de trinta anos.
Outro exemplo foi um fato que aconteceu nos anos 90, quando a dupla estava fazendo um show em Copacabana.
Leno já estava casado com Ana Maria e seu filho Diogo, que nasceu em 15 de dezembro de 1989, tinha quase dois anos de idade (Diogo é filho de Leno com a escritora carioca nascida em Niterói, Rosa Strausz). Lílian estava namorando um fotógrafo de uma revista sensacionalista e foi juntamente com ele propor a Leno que fizessem uma foto juntos saindo de carro de um motel, assim os fãs acreditariam na história de que a dupla era um casal.
Leno disse um sonoro NÃO! rsrs

Vale lembrar que em 1972 eles retomaram a parceria, que durou 2 anos e culminou com a gravação de mais dois LPs.
No primeiro, com produção do próprio Leno, houve a participação do já “maluco beleza” Raulzito nos vocais e na guitarra em algumas faixas de sua autoria, tais como: Deus é Quem Sabe, Objeto Voador, Um Drink ou Dois.
No segundo, lançado em 1973, houve destaque para “Amantes de Verão” e “A tarde em que te amei”.

LP de 1972, disco que marcou a volta da dupla…

A separação acabou sendo benéfica para Leno, que começou a compor para os amigos e logo o conjunto Renato e Seus Blue Caps gravaria sua música “A Irmã do Meu Melhor Amigo”.

Em 1968 Leno iniciou sua carreira solo com a música “A Pobreza”, composição do amigo Renato Barros, e alcançou o primeiro lugar em todo o Brasil; a música foi lançada também em espanhol e italiano.
Seu primeiro LP solo, intitulado simplesmente “Leno”, foi sua consagração e trouxe as belíssimas “Eu Não Existo Sem Você” (composição de Jobim-Moraes) e “Papel Picado” (Composição de Renato Barros).
No ano seguinte ele retornou às paradas de sucesso com seu segundo disco solo, “A Festa dos Seus 15 Anos”, cuja música de mesmo nome foi composta por Ed Wilson, música que também emplacou o primeiro lugar nas paradas e foi, por muitos anos, um dos discos mais vendidos do catálogo da gravadora.
A produção musical de Leno continuou a todo vapor…

Em 1968, Renato e Seus Blue Caps gravou “Não Vou Me Humilhar Por Você” e “Porque Te Amo”, esta última em parceria com o irmão de Renato, Paulo Cesar Barros.

Em seguida, no ano de 1969, vieram “Quando a Cidade Dorme”, “Só Faço Com Você” e “Se Eu Sou Feliz, Por Que Estou Chorando”, parceria com Raul Seixas, em 1970.

Em 1969 Leno viajou para os Estados Unidos pela CBS na companhia de Renato Barros e Getúlio Côrtes, onde junto com eles participou da convenção anual das gravadoras.
Estiveram em Greenwich Village na ocasião. Estava acontecendo o Festival de Woodstock na época.

Suas músicas também foram gravadas por artistas como Golden Boys, Amelinha, Jerry Adriani, Vanusa, Antônio Marcos, Márcio Greyck, Nando Cordel, The Fevers, entre outros.
Com o fim de sua parceria com Lilian em 1974, Leno retomou sua carreira solo, fazendo parceria com Renato e seus Blue Caps, quando o grupo gravou “Só Por Causa de Você”.

No mesmo ano de 1974 Leno compôs e gravou a música “Flores Mortas”, primeiro lugar nas paradas de sucessos e primeira composição denunciando a especulação imobiliária e perda da qualidade de vida nas grandes cidades. Teve inclusive clipe apresentado no programa “Fantástico”, da TV Globo.

Em 1978 lançou um compacto duplo com destaque para a música “Mudanças e Feitiço” (composição inédita de Roberto e Erasmo Carlos).

No final dos anos 70 o cantor decidiu morar em Los Angeles, onde tocou com o baterista Jim Keltner, Moacir Santos, entre outros, chegando a gravar, inclusive, um compacto com Ruby Tuesday (Jagger-Richards), em gravação precursora do soft- rock com a bossa-nova, bem executada nas rádios FMs de Los Angeles.

Em 1981 Leno retornou ao Brasil lançando em seguida o LP “Encontros no Tempo”, inicialmente gravado em Los Angeles e finalizado no Rio de Janeiro, onde o cantor faz uma junção de bossa-nova com os ritmos nordestinos.

O trabalho tem as participações de Sérgio Dias, Jackson do Pandeiro, Robertinho do Recife e Antonio Adolfo.

Em 1984 compôs a música “Rosa de Maio”, tema do personagem vivido por Carla Camurati na novela global “Livre Para Voar” e lançou mais um LP, intitulado “Coração Adolescente”, agora pela gravadora Polydisc.

Em 1994, Leno chegou a participar do projeto Academia Brasileira de Música, da Columbia/Sony Music, com o disco “Brasil Jovem Guarda”, registrando somente grandes sucessos de autores brasileiros daquele movimento musical.

Mesmo depois de separados, Leno e Lilian voltaram a se encontrar nos anos 90, quando participaram de shows comemorativos aos 30 anos da Jovem Guarda, no ano de 1995.

Em 1996 a dupla percorreu todo o país em uma grande excursão divulgando os sucessos da Jovem Guarda.

Até pouco tempo antes da pandemia do Corona Vírus, definitivamente em carreira solo, os dois continuaram na estrada, Leno fazendo shows, lançando seus trabalhos e participando de eventos, enquanto Lílian, que usa o nome artístico de Lilian Knapp, também continuou realizando seus shows e apresentações pelo Brasil.

Leno pode e deve ser considerado a vanguarda da Jovem Guarda, pois ninguém fez o que ele fez em termos de composições musicais naquele período, nem mesmo Roberto Carlos; Erasmo Carlos chegou perto, Renato Barros arriscou algumas coisas, mas era um trabalho mais popular. Raul Seixas foi vanguarda, mas não pertenceu à Jovem Guarda, portanto é Leno quem assume este posto.

Leno arriscou sua carreira neste propósito, trocou as músicas românticas pra fazer uma coisa mais verdadeira, e na mudança da década de 60 para a de 70, colocou mesmo em risco sua já vitoriosa carreira.
Nos anos 70 Leno lançou discos mais experimentados, mais adultos, como “Meu nome é Gileno”, repleto de canções autorais e de regravações como o clássico “Luar do Sertão”.

Em 1971, ele criou aquele que se chamou “Vida e Obra de Johnny McCartney”, o polêmico álbum censurado e que ficou esquecido por décadas.

Em 2006 aconteceu um dos trabalhos mais sofisticados de Leno, que é o CD “Idade Mídia”, apresentando canções inéditas e atestando a capacidade, inteligência, a vanguarda desse excelente artista.
Ele também lançou seu 1º DVD Solo no ano de 2011, gravado na cidade de Natal, e uma das canções de maior sucesso apresentada ao vivo intitula-se “JOVEM GUARDA”.
Quem teve o privilégio de assistir a este DVD, pode matar a saudade das canções que marcaram época, pois o cantor revive seus grandes sucessos dos anos 60 e 70, os quais ficaram para a história da música brasileira, e também conhecer as inéditas que ele compôs em parceria com Raul Seixas.

O LP IDADE MÍDIA DE 2006

Sobre o CD Idade Mídia, lançado no ano de 2006, mais do que um oportuno jogo de palavras, é um retrato maduro e sentido dos tempos atuais. Um CD em que interpreta 12 canções, parte de um vasto material autoral inédito, acumulado nos últimos tempos – fazendo os arranjos, tocando instrumentos, produzindo as gravações e fazendo com que esta obra se imponha por seus próprios méritos.

O disco começa com a música “QUEM SONHOU VIVEU”, refletindo as mudanças do tempo, constatando que “o pessimista é um otimista bem informado”, mas concluindo que “tudo o que vivemos, tudo o que sentimos, tudo o que fizemos, nada se perdeu no vento”.

“…Então você sente que, nas políticas, as vidas humanas são estatísticas, apenas pesquisas, mera opinião”, diz a letra de CAMPEÃO DE AUDIÊNCIA:
“Ali bem no pique das audiências, enquanto explodem as violências, as contas nunca param de chegar”, concluindo que onde “desfilam corruptos em liberdade, você é prisioneiro da honestidade”.
A ecológica DEBAIXO DO SOL faz uma crítica à apatia das pessoas com o aquecimento global e o congelamento da inteligência, incluindo o silêncio da MPB e a omissão de vastos setores da intelectualidade brasileira, já que dos políticos, diz Leno, não se pode esperar grande coisa.
“Quando a natureza se rebela, não perdoa. E o clima quando muda, muda todo o mundo. Não quer saber se é rei ou vagabundo. Estão queimando a floresta, sem querer estragar sua festa, chama a MPB pra ver!”’. E fica a pergunta: “Quanto tempo falta para se aprender com os erros da História?”

Já a romântica ABRINDO A PORTA (Leno & Enoch) fala do relacionamento entre duas pessoas que se amam e enfrentam juntas as adversidades, “encarando a tempestade, expulsando as nuvens para longe até atrair o sol”.
No fim, a máxima: “Viver é ter a liberdade de mudar a realidade, transformando aquelas incertezas na certeza de nós dois”.
Atualíssima, LIXO ELETRÔNICO usa de linguagem própria da Informática para falar dos desencontros amorosos: “Deletei o seu e-mail do meu”, ou “Só não dá pra apagar você, está na mente, está no coração. Não dá pra deletar tão fácil, não”, ou ainda: “Vou botar a banda (larga) pra tocar, mas não quero te downlodear, não devo me apegar mais do que me apeguei … mentiras virtuais, eu sei – já desconectei”.
DEPOIS DA TEMPESTADE (Leno & Enoch), um rock visceral, torna físico o vazio da alma, a sensação de solidão e a impressão de que ‘o pouco que você tirou de mim foi muito: eu já não tinha quase nada por dentro, nem beleza nem tormento’.
Da mesma forma que ‘o pouco que você deixou em mim foi nada: o seu cansaço, o seu fracasso e a sua mágoa. Tudo que restou em mim depois da tempestade desse amor é a certeza de que ainda sou’.
Na bela balada CIÊNCIAS E RELIGIÕES, repleta de imagens e símbolos, o bem maior da vida e os grandes males do século afloram em busca de uma definição: “No pensamento laico, no fanatismo louco (…), nas mentes e nos corações, no computador (…), na queima da floresta, na falsa propaganda… onde anda o amor?”. A esperança é de encontrar o equilíbrio: “Em algum momento há de ressurgir, bem mais forte ainda do que foi…
Venha das estrelas da constelação, venha pelas notas da canção… porque ainda all you need is love, is all you need…”. , numa referência aos Beatles, seus ainda insuperáveis artistas favoritos.

A canção JOVEM GUARDA mantém o vigor da juventude e a sempre inabalável certeza de que ela se conserva, mesmo depois de tanto tempo passado: “Será que ainda sonha aquele sonho, aquele velho sonho, no espírito pra sempre jovem pra sonhar?…”.
E vem ainda o convite irrecusável: “Se ainda espera ser amada, vem comigo nessa estrada porque o vento sopra e o sol desponta aonde a gente for…!”.
(Esta música é a preferida da Lucinha Zanetti!)

Com pitadas de reflexões e citações, a romântica e sessentista roqueira levada rítmica de CORAÇÃO ADOLESCENTE revela os vacilos do coração, e até cita um dos mais célebres filósofos, “Nietzsche foi quem bem falou: na vingança e no amor, mulher é mais cruel…”, mas o poeta escapole pela tangente: “Acontece que o meu coração não leu esse livro, não… Eu já pensei demais que não dá certo mais, eu racionalizei… Porém na decisão o que manda é o coração”.
Composição de Leno e única faixa já gravada anteriormente, justamente por um dos maiores compositores do rock nacional, Erasmo Carlos.

VASTO OCEANO (Leno-Enoch) traz divagações líricas acerca do amor, com o passar do tempo: “O nosso amor é um vasto oceano. Te guardo na memória dos meus planos. Nada vai mudar o que passou. Porém não se perdeu… no espelho do tempo que voou, você ficou”.
Uma estilística homenagem referencial a Brian Wilson , dos Beach Boys , “um dos meus compositores favoritos”, revela Leno.

Delicioso blues (já mesmo a partir do título), CARAÚBAS BLUES (Leno-Enoch), com a participação de uma característica sanfona nordestina mesclada a uma dylanesca (referência a Bob Dylan) gaita, revolve as memórias do artista e a sublimação de um paradisíaco refúgio onde esta canção foi composta, em um não muito distante período de férias de carnaval: “Ondas me levam, acordes dançam pelo ar, depois vou nadar naquela lagoa ao luar…”.
O refrão explica: “Naquela praia, toda morena é meu amor, e o amor me seduz no mar de um Caraúbas blues”.
A praia de Caraúbas fica no litoral norte, perto de Natal (RN), onde a canção “Caraúbas Blues” foi composta; Leno estava na praia a convite de seu amigo João Porfírio da Trindade Júnior, de Natal.
“Leno compôs uma música na minha casa de praia, depois gravou no Rio de Janeiro e só me fez a surpresa 4 anos depois. O nome da música é ” CARAÚBAS BLUES”, disse-me o João Porfírio.
A música também fez parte do DVD “O mundo dá muitas voltas”.

CARAÚBAS BLUES (Letra)

Vou por aí, levo a viola na mão
Um acorde doido, um dó no meu coração
Tirei do baú esse meu Caraúbas blues
Ondas me levam, acordes dançam pelo ar
Depois vou nadar naquela lagoa ao luar
E banho de luz
No mar de Caraúbas blues
Pela rua estreita, pedras pelo chão
Raízes da terra, nuvens de algodão
Naquela praia toda morena é meu amor
E o amor me seduz
Ao som de um Caraúbas blues
Pela rua estreita, pedras pelo chão
Raízes da terra, nuvens de algodão
Naquela praia toda morena é meu amor
E o amor me seduz
No mar de um Caraúbas blues
Pela rua estreita, pedras pelo chão
Raízes da terra, nuvens de algodão
Naquela praia toda morena é meu amor
E o amor me seduz
Ao som de um Caraúbas blues
E banho de luz no mar
De um Caraúbas blues

Leno: vocal, backing vocals, violões, guitarra base, guitarra solo e
gaita
Bruno: baixo
Yuri: bateria
Zezinho do Acordeom: sanfona

Este disco de Rocks, Baladas e Blues se encerra serenamente, com uma canção composta para o filho Diogo.
Leno compôs “BEM DO SEU LADO” numa noite enquanto fazia seu filho dormir; ele tinha apenas 3 anos de idade.

“Amanhã você vai crescer, vai poder seguir o caminho que escolher… E até lá quero te ensinar e quero aprender, junto de você. Dorme, estou aqui pra te cuidar… embalar teu sono na canção… Esteja sempre ao lado do bem e terá o bem do seu lado”.

“Nada se compara à experiência da sensação afetiva da paternidade”!

Leno e seu filho

BEM DO SEU LADO (Letra)

Dorme
Eu estou aqui pra te cuidar
Embalar teu sono na canção
Na canção que eu fiz pra você
Navegar seu sonho
Doce
Como a música que faz viver
Uma paz que bem me faz cantar
Te acalmar assim, proteger
Bem aqui, bem do seu lado
Amanhã
Você vai crescer
Vai poder seguir
O caminho que escolher
E até lá quero te ensinar
E quero aprender
Junto de você
Sonhe
Sem ter medo da escuridão
Um milhão de estrelas brilharão
Esteja sempre ao lado do bem
E terá o bem do seu lado
Amanhã
Você vai crescer
Vai poder seguir
O caminho que escolher
Ame alguém pra te amar também
E quando encontrar
Você vai saber
Dorme eu estou aqui pra te cuidar
Embalar teu sono na canção
Esteja sempre ao lado do bem
E terá o bem do seu lado

Leno: vocal, backing vocals, violões
Bruno: baixo
Yuri: bateria
Nilo: teclados
George: teclados

“BEM DO SEU LADO” foi composta numa noite enquanto fazia o filho dormir, quando este tinha apenas 3 anos de idade. “Amanhã você vai crescer, vai poder seguir o caminho que escolher… E até lá quero te ensinar e quero aprender, junto de você. Dorme, estou aqui pra te cuidar… embalar teu sono na canção… Esteja sempre ao lado do bem e terá o bem do seu lado”. “Nada se compara à experiência da sensação afetiva da paternidade”, diz o autor.

Enfim, este CD de Leno vale muito a pena.

No gênero (ou gêneros, pela variedade das afluências roqueiras e seu domínio em todas elas, das baladas ao rock) é, sem dúvida, uma das mais instigantes pérolas do rock brasileiro.

O álbum “Vida e Obra de Johnny McCartney”.

“Vida e Obra de Johnny McCartney” é considerado o CD mais importante da carreira solo de Leno, e foi gravado em fitas, de novembro de 1970 a janeiro de 1971.
Foi um momento em que ele deixa de lado a questão das baladas tão presentes na Jovem Guarda e mostra-se como um artista independente, vanguardista, crítico, satírico, rebelde, enfim, uma pessoa politizada.
Nessa época, ele fazia sucesso com a balada romântica “Festa dos Seus 15 anos” e resolveu dar uma guinada na carreira de compositor.

O encontro entre Leno e Raulzito aconteceu logo depois que o nosso querido “Johnny McCartney” vanguardista resolveu seguir carreira solo, deixando para trás uma parceria de sucesso travada ao lado de sua antiga amiga de infância, Lílian.
Foi quando encontrou um cara que desejava ser “uma metamorfose ambulante”. Nesta época Leno estava com dois CDs nas paradas de sucesso, enquanto Raul Seixas buscava encontrar seu lugar ao sol, na Cidade Maravilhosa, o Rio de Janeiro.
Leno foi o primeiro a descobrir o compositor e gravou duas músicas que renderam reconhecimento ao Baiano Raul e pedidos de composição por outros artistas.
No início dos anos 70, Raul passou a participar da banda de Leno, que era formada pelos músicos Luís Wagner, Serginho Barros, Raulzito e Walmer. Ele atuava também como produtor da CBS, ao lado de Renato Barros, Mauro Motta, e outros.

Para Leno, “Raul era um cúmplice filosófico e intelectual”, e os dois se conheceram quando ele ainda não havia se tornado um mito…

Quando Raulzito entrou para o projeto “Vida e Obra de Johnny McCartney”, era ainda muito “careta”, embora seus fãs não queiram aceitar esta verdade sobre o artista…

Leno era visionário, já estava na frente em 1970, e idealizou o disco todo: capa, letras, arranjos, tudo. Fez a música toda da canção “Sentado no Arco Íris” e compôs metade da letra também, depois pediu para o amigo Raul completar. Raul adorou, dizendo que havia sido a primeira vez que ele colocava suas ideias pra fora e foi naquela letra; Raul disse isso inclusive no estúdio ao lado de Renato Barros.

As pessoas acham que não, que o “caretão” era Leno, o que fazia aquelas músicas românticas “água com açúcar”, que agora estava aprendendo com Raul… ledo engano! Não foi assim, a verdade é esta, embora até pela Internet tenha sido dito que “Vida e Obra de Johnny McCartney” é um disco de Raul, sem Raul.
Leno foi censurado, bateu de frente com a sua gravadora CBS, arriscou sua carreira, portanto merece ser reconhecido como o verdadeiro autor desta obra. Claro que Raul Seixas ajudou com bastante empolgação, tocando violão, contribuindo em algumas letras, mas foi Leno quem inaugurou aquele novo estúdio de oito canais na CBS e já era considerado vanguarda dentro da gravadora.
Esse disco foi uma mudança geral na carreira de Leno, e Raul Seixas ia ao estúdio acompanhar e assistir as gravações. Ele se empolgou tanto que começou a querer fazer coisas novas também, e provavelmente foi ali que mudou de estilo, começando com a letra de “Sentado no Arco-íris”…

“Ficamos muito amigos, tínhamos muito em comum: nossos escritores favoritos eram os mesmos, pensávamos parecido, e começamos a experimentar tanto no estúdio, que o disco acabou ficando conceitual demais para os padrões mercadológicos da CBS, sem falar que a censura havia vetado seis letras. Acredito que, mesmo sendo pouco comercial, o lançamento teria valido a pena”, disse Leno sobre o disco feito em 1971.

A gravação de “Vida e Obra de Johnny McCartney” ficou perdida por 25 anos, até que Marcelo Fróes, pesquisador e fundador do selo Discobertas, encontrou por acaso as fitas no ano de 1994 – estavam esquecidas em uma gaveta na Sony Music – e ligou para Leno, que conseguiu autorização para recuperá-las, chegando a lançar o material praticamente original em 1995, por um selo próprio, a Natal Records.

Em 2008 o álbum chegou a ser relançado nos Estados Unidos, e uma segunda edição ampliada desse mesmo disco foi produzida no início de 2010. O personagem título do álbum ironiza a fama e o culto à celebridade, e Leno se diz de certa forma vítima da própria fama, e lembrando os tempos em que fez sucesso com a dupla Leno & Lilian, comenta: “Logo no primeiro disco percebi que iam nos rotular de casal romântico. Romântico até que a gente era cada um para o seu lado, mas casal, nunca fomos. Pode soar exagerado, mas sempre fui muito irônico diante do sucesso.”

Através dos tempos Leno encantou gerações por onde se apresentava, mostrando seu profissionalismo no campo da música, apresentando ao longo dos anos trabalhos excelentes, diversificados e diferenciados, como também o álbum intitulado “Canções com Raulzito”, além deste álbum “censurado”, o Vida e Obra de Johnny McCartney, esquecido na gaveta da gravadora…
“Eu sempre fui roqueiro, mas sempre estourava com músicas lentas. Eu queria mostrar o meu lado mais rock’n’roll”, diz Leno.
Tendo sido vetada pela Ditadura Militar em 1971, a obra que teve os Beatles, mais precisamente a dupla Lennon & McCartney como inspiração para o compositor, ficou perdida durante 25 anos!
O projeto criado em parceria com Raul Seixas reapareceu em 1994, para a grande surpresa de Leno, que dava as fitas de seu inédito “Vida e Obra de Johnny McCartney” por perdidas!
Ao resgatar as fitas da sua obra inédita, Leno decidiu remasterizar a gravação e editá-la em CD, criando seu próprio selo, o Natal Records, e lançou no mercado a obra que havia realizado naquele longínquo ano de 1971, e que teve participação de Raulzito.

Leno passou o ano de 1979 morando em Los Angeles, nos Estados Unidos mas quase não compunha, pois estava ligado mais em cantar e tocar e quando voltou a residir em Natal, começou a se dedicar a compor e realizar shows. Guardava para si a lembrança de Raul Seixas, um cara simples que gostava de música.
“Gosto muito da lembrança dele em mim, apesar das distâncias”, disse ele.

Essas lembranças ficam mais evidenciadas e tomam conta da vida de Leno quando este apresenta ao público o relançamento do disco “Vida e Obra de Johnny McCartney”, álbum considerado pela crítica especializada internacional como um dos melhores do rock.
Foi o terceiro disco de sua carreira solo e teria sido gravado em 1970, porém a gravadora CBS vetou o projeto por achar que ele não era comercial. “Tinha umas músicas censuradas, como ‘Sr. Imposto de Renda’ e ‘Sentado no Arco-íris’.

Segundo Leno, este disco antecipou muita coisa que viria a acontecer apenas nos anos 80 em termos musicais, além de ter influenciado muito a carreira de Raul Seixas.
Das 13 músicas do disco, seis foram compostas em parceria com o baiano Raulzito.

1. “Johnny McCartney” Leno / Raul Seixas 2:15
2. “Por Que Não?” Leno 3:34
3. “Lady Baby” Carlos Augusto / Raul Seixas 4:31
4. “Sentado no Arco-íris” Leno / Raul Seixas 3:22
5. “Pobre do Rei” Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle 2:50
6. “Peguei uma Apollo” Arnaldo Brandão 3:40
7. “Sr. Imposto de Renda” Leno / Raul Seixas 1:15
8. “Não Há Lei em Grilo City” – Leno 3:09
9. “Convite para Ângela” Leno / Raul Seixas 1:33
10. “Deixo o Tempo Me Levar” Leno 3:12
11. “Contatos Urbanos” Ian Guest 2:29
12. “Bis” Leno / Raul Seixas 2:21
13. “Johnny McCartney” Leno / Raul Seixas 0:33

Leno costuma dizer que “talvez a partir daí Raul tenha criado a vontade de ser cantor, pois ele não era muito a fim. Foi um laboratório para ele”.

O verdadeiro Rock já se faz presente logo na primeira faixa, “Johnny McCartney”, que é uma sátira à busca da fama tão em voga hoje em dia: “Ainda hei de ser famoso um dia / Meu nome nos jornais você vai ler / Vou ganhar mais de um milhão / Comprar o meu carrão cantando na TV / Vai pagar pra me ver no cinema / Do que me fez, irá se arrepender / Daqui pra frente sou galã lhe ofuscando / Com meu terno de lamê / Johnny MacCartney vou ser).
É uma letra bem atual!
“Vida e Obra de Johnny MacCartney” é considerado um disco seminal para o rock brasileiro, pós Jovem Guarda, e deve constar em qualquer discoteca básica do estilo, onde guitarras, bateria e baixo ganham mais expressão, pela primeira vez, no rock brasileiro.

Leno foi o primeiro brasileiro a gravar um disco em oito canais, embora este disco não tenha sido lançado na época de sua criação, em 1970.
Ele acompanhou toda a transformação da indústria fonográfica e a evolução tecnológica do setor, foi produtor musical e prestou seus serviços à antiga CBS, na ocasião em que produziu as bandas potiguares “Impacto 5” e “Flor de Cactus”.

“Se o disco ‘Vida e obra de Johnny McCartney’, gravado em 1970 com Raul Seixas, tivesse sido lançado, seria um divisor de águas na minha carreira, teria mudado minha imagem artística. Foi uma espécie de antecipação de tudo que estava para chegar no Brasil em termos de Rock. Estávamos passando por um momento muito traumático com a repressão da ditadura militar e havia toda uma efervescência artística rolando. Da turma da Jovem Guarda, só eu e o Erasmo Carlos percebemos isso naquela época”, disse Leno em uma de suas entrevistas sobre esta obra.

No ano de 2018, “Vida e Obra de Johnny McCartney” foi relançado em vinil pelo produtor Fred Cesquim.
A edição foi limitada em 600 cópias em vinil de 180 gramas.

O CD “Canções com Raulzito”

No final da década de 60, como vimos, começou então a parceria musical entre Leno e Raul Seixas, surgindo uma série de canções as quais foram mais tarde, na década de 2000, juntadas em um CD que recebeu o título de “Canções com Raulzito”.
Raul influenciou Leno, porém Leno influenciou muito também ao Raul. Foi Leno quem estimulava o cantor a ouvir certas coisas, como também foi Leno o responsável pelo encontro entre Raul e o escritor Paulo Coelho.

Tudo aconteceu porque certa vez Leno leu uma matéria de Paulo Coelho num jornal alternativo que ele tinha e ficava na Praça Tiradentes. A matéria era sobre disco voador e vida extraterrestre, e sabendo que Raul gostava deste assunto, mostrou a matéria ao amigo, que tanto se interessou como também foi lá na praça Tiradentes procurar Paulo Coelho.
Neste encontro Raul Seixas convidou Paulo Coelho para sua casa no Leblon, chamou também o amigo Leno, e naquela noite o assunto foi coisas relacionadas à magia, outros planetas enfim, o escritor falava, Raul ouvia atentamente e ia absorvendo aquilo tudo com grande interesse.

Conclusão: Se não fosse Leno, Raul Seixas talvez nunca tivesse conhecido Paulo Coelho.

O CD “Canções com Raulzito” foi um lançamento independente, contendo 14 faixas, sendo duas inéditas.
Gravado e mixado entre outubro de 2009 e janeiro de 2010 em Natal/RN, o disco apresenta regravações de canções compostas por Leno e Raul Seixas no final da década de 1960 e início da década de 1970.
Com produção e arranjos do próprio Leno e um time de músicos afinadíssimos, o disco, com produção gráfica bem cuidada, é um trabalho que encantou a nós, os fãs, e também colecionadores e seguidores tanto de Leno como de Raul Seixas.

Faixas do CD:
01 – Uma Pedra No Seu Caminho (Raulzito-Leno)
02 – Johnny McCartney (Leno Azevedo-Raulzito Seixas)
03 – O Mundo da Muitas Voltas (Raulzito-Leno)
04 – Bis (Leno Azevedo-Raulzito Seixas)
05 – Lady Baby (Carlos Augusto-Raulzito Seixas)
06 – Sentado no Arco-íris (Leno Azevedo-Raulzito Seixas)
07 – Quatro Paredes (Raulzito Seixas-Leno Azevedo)
08 – Um Drink Ou Dois (Raulzito-Mauro Motta)
09 – Deus é Quem Sabe (Raulzito)
10 – Objeto Voador (Raulzito)
11 – Convite Para Ângela (Raulzito Seixas-Leno Azevedo)
12 – Se Sou Feliz, Por Que Estou Chorando? (Raulzito-Leno)
13 – Sha La La (Quanto Eu Te Adoro) (Raulzito)
14 – Sr. Imposto de Renda (Leno Azevedo-Raulzito Seixas)
As faixas inéditas são a 1 e 7:
01 – Uma Pedra No Seu Caminho (Raulzito-Leno)
07 – Quatro Paredes (Raulzito Seixas-Leno Azevedo)

Leno e Raulzito foi uma parceria que o tempo não apagou!

O encontro aconteceu quando Leno estava bombando nas paradas de sucesso em 1968.
Leno tem a lembrança exata do encontro e conta que foi num show beneficente no Rio de Janeiro, que a sua gravadora CBS realizava anualmente. No palco, armado na Urca, Jerry Adriani estava acompanhado por sua banda e um dos músicos era o baiano Raul. Leno esperava a sua vez de cantar quando um baixinho magrinho se aproximou e perguntou: “Ah você que é o Leno? Tá ‘estouradaço’ lá em Salvador”, disse Raul, referindo-se à música “A Pobreza”.

Daí, já rolou uma empatia… “Pô, o cara era muito engraçado, agitado.
Chegou e disse: ‘Tô aqui com a minha banda, Os Panteras’”.
O encontro no show foi em um sábado e, no domingo, Leno foi ao apartamento de Raulzito, que morava perto do local do show; ele também se lembra do momento em que Jerry Adriani foi chamado de “bicha” por uma galerinha barra pesada da Urca, não se conteve e desceu do palco, partindo pra briga com parte da plateia.

“Nunca esqueci essa cena. Raul pulando do palco, bem magrinho, para ajudar o Jerry na porrada”, revela Leno.
Daí Raulzito mostrou a ele uma música com Os Panteras e Leno terminou gravando. Os dois começaram a cultivar a amizade e Os Panteras terminaram voltando para Salvador porque a gravadora não deu força para a continuidade de sua carreira.
Mas Raul voltava para o Rio de Janeiro de vez em quando e ficava na casa de sua tia Maria Eugênia, ocasiões em que também se encontrava com Leno. O baiano estourou nacionalmente em 1973, com o lamento existencialista “Ouro de Tolo”.
Entre as pérolas do disco, está “Objeto Voador”, que serviu de base para que Raul gravasse posteriormente o sucesso “S.O.S” ((Oh! Oh! Seu Moço! / Do Disco Voador / Me leve com você / Prá onde você for / Oh! Oh! Seu Moço! / Mas não me deixe aqui / Enquanto eu sei que tem / Tanta estrela por aí).
Para se ter uma ideia da importância de Leno para Raul Seixas, no livro “O Baú do Raul Revirado”, há um manuscrito do baiano em que ele anota uma ideia para um novo disco em que todas as músicas seriam duetos.
Raul escreve: “Meus mestres. Um disco com 2 vozes (eu e o outro) 2ª voz” e enumera: 1 – Eu e Erasmo, 2 – Eu e Caetano, 3 – Eu e Gil, 4 – Eu e Núbia Lafayette, 5 – Eu e Roberto Carlos, 6 – Eu e Leno, 7 – Eu e Cláudio, 8 – Eu e Kika, 9 – Eu e Luiz Gonzaga.
É uma lista que deixa, por motivos óbvios, Leno emocionado.
Estão nesta lista relacionados dois potiguares: Núbia Lafayette, cantora de bolero, também do cast da CBS, que foi uma influência para o roqueiro, que gostava de uma certa melancolia presente nas canções brego-românticas, estilo facilmente identificado em faixas como “Sessão das Dez” (Ao chegar do interior / Inocente, puro e besta…) “Eu quero mesmo” (Nunca falava “eu te amo” com medo de alguém me gozar) e “Tu és o MDC da minha vida” (Tu és o grande amor / Da minha vida / Pois você é minha querida / E por você eu sinto calor / Aquele seu chaveiro escrito “love”). Leno e Raul, quando trabalhavam na CBS, ficavam na mesma salinha. Foi na mesma época que ele produziu um outro clássico, “Lágrimas Azuis”, do Impacto Cinco.
E foi numa noite clara que Raulzito viu alguma coisa no céu, parecendo mover-se em meio às estrelas! Ele então diz que deseja ir naquele “objeto voador”, por que na terra não havia espaço para o amor. Assim estava criada mais uma canção, “Objeto Voador”.

Numa noite clara, Raul Seixas (ainda Raulzito) vê alguma coisa no céu, parecendo se mover no meio das estrelas e diz: “eu desejo ir com você. Aqui na terra não há tempo para o amor”. O apelo está na música “Objeto Voador”, composta pelo roqueiro na década de 1960.
E ele foi então atendido, não pelos marcianos, mas pelo nosso músico vanguardista Leno, que ao lançar o CD “Canções com Raulzito”, garantiu o tempo que fosse preciso na terra para os homens se dedicarem ao amor.

Essas “Canções com Raulzito” resgataram não apenas uma parceria e uma amizade de décadas passadas: elas são o registro vivo de um tempo e ajudaram não apenas a transformar o que era lenda em realidade, mas também a revelar os primórdios de dois músicos que, numa dessas voltas que o mundo dá, estiveram muito perto e conquistaram muitos fãs.
Neste resgate da parceria entre os músicos, não poderia deixar de ter o iê-iê-iê e as letras que revelam o cenário da época, como “Um Drink ou Dois”, quando Raulzito diz: “Não leve a mal se eu me retirar / sua festinha até que está legal / mas é que quando eu tomo um drink ou dois / eu sei que vem depois / uma tristeza anormal…”.
Mas aquela história de pausar o tempo do mundo, para que os homens pudessem voltar a amar acontece logo na primeira faixa do disco.
A música composta por Leno e Raulzito, “Uma Pedra no seu caminho”, ganhou uma balada rock, romântica, realçando a letra que diz: “Sei que sou uma pedra no seu caminho / Mas eu posso aprender a rolar sozinho / basta você me dizer / se pretende seguir pela vida sem mim / não tem problema meu bem porque / eu sigo também / e boa sorte no fim / assim não é fácil dizer / mas é melhor saber / o que é melhor para mim…”

As canções “Uma Pedra no seu caminho” e “Quatro Paredes” são inéditas no Brasil. Leno conta que a letra de “Quatro Paredes” havia sido elaborada por Raul há quarenta anos, mas só então foi musicada.
“Preferi usar só voz e violão, tenho certeza que Raul iria gostar”, disse Leno.
O CD foi um lançamento independente contendo 14 faixas, sendo duas inéditas.
Gravado e mixado entre outubro de 2009 e janeiro de 2010 em Natal/RN, o disco apresentou regravações de canções compostas por Leno e Raul Seixas no final da década de 1960 e início da década de 1970. Com produção e arranjos do próprio Leno e um time de músicos afinadíssimos, o disco, com produção gráfica bem cuidada, é um trabalho que encantou a todos os fãs tanto de Leno como de Raul.
Foi com o lançamento deste CD que aconteceu o resgate desta parceria e amizade que para muitos estava no anonimato até então!
Em 1970 foi composta a canção em parceria, intitulada “Se Eu Sou Feliz, Por Que Estou Chorando”, gravada por Renato e Seus Blue Caps:
Foi ainda em 1970, no final do ano, que Leno apresentou seu ousado projeto em parceria com o amigo, que na época já era também produtor na CBS, porém o álbum “Vida e Obra de Johnny McCartney” foi engavetado, proibido pela censura militar, como sabemos, mas em 1971 Leno vai ao Festival Internacional da Canção, exibido pela TV Globo, e dribla a censura, apresentando uma das canções do álbum, a música “Sentado no Arco-Íris”, e se apresenta com seu parceiro Raul Seixas, que fez backing vocals com Jane Duboc.

Raul disse certa vez que esta foi a primeira letra de música que ele teve orgulho de ter escrito!

“O Raul chegou a tocar em minha banda de shows por um ano, entre 1970 e 1971, nos fins de semana de produções em estúdio, quando estávamos juntos na gravadora CBS como amigos, parceiros e produtores musicais. E no estúdio fez muitos backing vocals nos meus discos por alguns anos. E foi MUITO divertido !!”
(Leno, em 13-11-2012, respondendo à pergunta se Raul Seixas havia tocado em sua banda)
Na década de 2010 Leno fez um balanço de sua vasta carreira, dizendo que estava bem satisfeito com o resultado musical de seu novo CD “Canções com Raulzito”, que acabara de sair, assim como seu primeiro DVD solo que também acabara de gravar ao vivo em Natal.
Este DVD teve realmente um balanço de sua carreira desde a dupla Leno e Lilian até as parcerias que teve ao longo da vida, algumas inéditas, com o ainda desconhecido Raul Seixas, quando ele tocava em sua banda The Shouters, e também seus grandes sucessos solos.
De um modo geral Leno disse que fez durante a sua carreira o que queria e gostava e se em alguns momentos certos discos não viraram hits comerciais com toda a jabazelandia em que se transformaram as rádios pelo país dos anos 90 pra cá, pelo menos o saldo musical deste balanço lhe pareceu positivo.
Para ele a Jovem Guarda não tinha mais o mesmo espaço nas grandes emissoras como antigamente, porque o brasileiro é modista… mas na verdade a chamada “Jovem Guarda” é o Pop Rock tupiniquim, que ainda influi em muita coisa que rola por aí até hoje e o que mudou foi a tecnologia e o visual.

Muita tecnologia facilitando a vida de cantores ruins, com seus afinadores automáticos, bons músicos tecnicamente e poucas composições interessantes.
Aos seus ouvidos, Leno diz que isso vale também lá pra fora. Coincidência que isso tenha começado com o Jabá aqui no Brasil e o desestímulo aos compositores que não sejam também intérpretes e possam fazer shows.

Então continuo ouvindo com prazer os clássicos do pop rock e muito Mozart, Bach e Beethoven!
Para Leno, um motivo de orgulho e que lhe deu notoriedade foi sua composição “Flores Mortas”, a primeira música abordando o tema do meio ambiente, assim como “Rosa de Maio”, trilha da novela Livre para Voar, mas as suas regravações de “A Pobreza” e “Ritmo da chuva”, nos anos 90, chegaram ao disco de platina com um milhão de CDs vendidos no aniversário dos 30 anos da Jovem Guarda.
Leno destaca como grandes parceiros seus ao longo da carreira, o guitarrista Renato Barros e seu irmão Ed Wilson, com quem fez algumas parcerias, embora de um modo geral costumasse compor sozinho.
Sobre o tempo que morou nos Estados Unidos, ficando fora dos palcos brasileiros, Leno disse que a diferença é o profissionalismo e perfeccionismo que os artistas lá fora tinham em relação ao show-bizz nacional, embora isso venha mudando no Brasil, principalmente quanto ao profissionalismo dos grandes shows.
Mas o artista tinha que estar estourando nas paradas pra conseguir uma infraestrutura de palco realmente boa, pois hoje parece que a música é só um detalhe no meio dos efeitos especiais.
“Vê lá se os Beatles dependiam disso pra fazer o que fizeram! ”, concluiu Leno.

Algumas Canções Raras de Leno e suas mensagens subliminares.

Nilza Carvalho, de Natal-RN, conviveu com Leno durante algum tempo de sua vida, e enquanto ele esteve morando nos Estados Unidos, compôs sim, algumas canções, para as quais a Nilza revelou suas mensagens subliminares!

O CD “O melhor de Leno”, lançado no início do século XXI pelo selo Natal Records, com registro NRCD 008, contém canções que abrangem um período existencialista do cantor, que são obras lançadas de 1974 a1988.

Contém canções como “Jovem Guarda”, “Imagens”, “Mudanças”, “Boas Vibrações”, “Encontro no Tempo” e “Esquinas Nacionais”, que são raridades e não são muito divulgadas e conhecidas, embora contenham mensagens lindas de amor, amizade e “boas vibrações”!

Algumas das fotos inseridas aqui são do encarte da coletânea lançada pelo selo independente de Leno, o Natal Records. O CD foi organizado e produzido pelo próprio Leno.
A canção “Jovem Guarda”, por exemplo, tem uma das letras mais significativas para quem viveu naqueles velhos tempos, belos dias em que nas tardes de domingo esperávamos ansiosamente pelo início do programa comandado por Roberto Carlos.

Sua letra foi alterada por ocasião da festa de gravação do DVD “Jovem Guarda Para Sempre”. A letra original está no LP de 1976 e também na coleção de CDs da Jovem Guarda lançada por Marcelo Fróes em 1999, entre eles o “Meu nome é Gileno”.

Jovem Guarda – Letra Original

Volto aqui se não se importa
Por favor, não feche a porta
Depois assim, de tanto tempo, sem me ver
Agora eu não sei se a sua vida
está igual ou dividida
Eu só sei que o medo nos seus olhos fez você mudar
Será que acordou daquele sonho
daquele velho sonho
Talvez não se ache mais tão nova pra sonhar
Não fuja do seu próprio encontro
Vem comigo agora e pronto
Que o vento sopra
o sol desponta
E acho que eu já vou
Cante pra não chorar
Cante se já chorou
Se você foi Jovem Guarda
Guarda o que passou
Os amigos que marcaram
Os amantes que te amaram
E as promessas que afinal ninguém cumpriu
Toda aquela inconsequência
transformou-se numa ausência
E o que hoje resta da sua festa
Se perdeu, sumiu!
Mas cante pra não chorar
Cante se já chorou
Se você foi jovem guarda
Guarda o que passou
Se ainda espera ser amada
Vem que aqui não tem mais nada
Olha o vento sopra
O sol desponta
Onde a gente for…

Letra II (letra modificada)
JOVEM GUARDA

Volto aqui se não se importa
Por favor não feche a porta
Depois assim de tanto tempo sem lhe ver
Agora eu não sei se a sua vida
Está igual ou dividida
Eu só sei que algo em seu olhar fez você mudar Será que ainda sonha aquele sonho
Aquele velho sonho
No espírito pra sempre jovem pra sonhar
Não fuja do seu próprio encontro
Vem comigo agora e pronto
Porque o vento sopra, o sol desponta
E acho que eu já vou.
Cante a canção de amor, cante o que já cantou
Quando a gente é jovem guarda
Guarda o que sonhou
Cante a canção de amor, cante o que já cantou
Quando a gente é jovem guarda
Guarda o que ficou
Os amigos que marcaram
Os amantes que se amaram
E a eterna melodia que tocou
Toda aquela transparência
Nunca virou uma ausência
Pois lá no fundo do coração nossa canção ficou
Cante a canção de amor, cante o que já cantou
Quando a gente é jovem guarda
Guarda o que sonhou
Cante a canção de amor, cante o que já cantou
Quando a gente é jovem guarda
Guarda o que ficou
Vou te fazer sentir amada
Vem comigo nessa estrada
Porque o vento sopra, o sol desponta
Aonde a gente for, aonde a gente for…
Mudanças – Letra e Áudio

Nesta canção Leno fala de sua mudança de vida, pois estava indo morar fora do Brasil, como ele mesmo me conta aqui:

“Oi Lucinha, foi mesmo uma época de mudanças pra mim , que me levou a morar um tempo fora do Brasil… Musicalmente, era eu” brincando de James Taylor ” que adoro!”

Quando as dúvidas parecem não crescer
Não deixe as neuroses virem ser
Siga em frente sem parar
Não deixe como está
E as coisas vão mudando até você
Há um momento em que nem tudo é claro e são
Mas tem gente que vê na escuridão
Que antes de um salto fatal
Sente um medo natural
Mas durante o salto nada importa não
Renascer
Renascer!
De um próprio parto às vezes, renascer
Resonhar
Resonhar!
Um sonho que jamais sonhou viver
Não deixe as neuroses virem ser
Siga em frente sem parar
Não deixe como está
Que as coisas vão chegando
Tudo vai se transformando
E as coisas vão mudando pra você
Imagens – Letra e Áudio

“Imagens” foi uma composição de Leno para a esposa que ele perdeu tragicamente em um acidente de carro, em 1982.
Neste áudio podemos ouvir os Golden Boys e Leno ao vivo, em um especial exibido pela TV Cultura, tempos atrás.

“Boas Vibrações” e “Encontro no Tempo” foram compostas durante o tempo em que Leno viveu em Los Angeles, nos Estados Unidos.
Boas vibrações, por exemplo, é inspirada em uma usual saudação desejando “boas energias”, típica de Nilza Carvalho.
Na gravação Leno faz uso do “falsete”, dando mais brilho à interpretação.
Boas Vibrações – Letra e áudio

É bom sentir sua presença,
Ouvir a voz no seu olhar
Que sempre faz nascer
as boas vibrações
No ar, no ar
A claridade dos desejos
Em qualquer coisa que fizer
Nesse seu jeito de ser mulher
Eu tenho sido refém da minha ilusão
Mas se quiser você pode até me resgatar
da velha solidão
O seu amor na consciência
Suas razões no coração
Podem afastar a dor que existe em mim
Depois então
A claridade dos desejos
Em qualquer coisa que fizer
Nesse seu jeito de ser mulher
É bom sentir sua presença
Ouvir a voz no seu olhar
Com tão boas vibrações no ar

“Encontros no Tempo”, também composta no período em que morou em Los Angeles, tem a ver com o sucesso solo de Lilian nos anos 80, com a música “Sou Rebelde”, época em que ela fez uma declaração a uma Revista dizendo que ainda gostaria de gravar uma música com Leno, pois muito além do sucesso da dupla, curtia mesmo era cantar com ele.
Leno compôs estas duas canções e gravou a base em Los Angeles; voltando ao Brasil, convidou Lilian para participar do seu LP “Encontros no Tempo”.

A última vez em que esteve com Lílian havia sido no show em homenagem ao Getúlio Côrtes no Asa Branca, Lapa , RJ , em 2005.
“Demos uma canja e foi nossa ”last performance together”, disse Leno.

Somente anos depois os dois voltariam a se encontrar. Foi em 20 de junho de 2015, na Virada Cultural Paulista, nos 50 anos da Jovem Guarda.

“A coisa rolou espontaneamente, acho que eu e a Lilian sentimos ao mesmo tempo a vontade de gravarmos um DVD neste aniversário da Jovem Guarda, registrando em shows tantas músicas legais que gravamos e nunca cantamos ao vivo. Não sei quando nem onde, espero que em SP…” disse-me o Leno na ocasião.

O LP ENCONTROS NO TEMPO

Direção de produção e estúdio: Leno
Arranjos: leno
Técnicos de gravação: Leão, Ederaldo, Roger Harris [los angeles] assistentes de gravação: Gilberto, Peninha e Pedro
Mixagem: Rafael, Loureiro e Leno [Estúdio Transamérica] assistentes de mixagem: Billie e Iaci
Montagem: Manoel Magalhães
Gravado nos estúdios: Hawai e Transamérica
Capa: Departamento de Arte CBS
Fotos: Frederico Mendes
Layout: Iaci Miranda

Participaram deste Projeto: Renato Barros, Cláudio Condé, Robertinho do Recife, Sérgio Dias, Lílian Knapp, Zé Renato, Jane Duboc, Geraldo Azevedo, Jackson do Pandeiro, Denny Cordell, Laudir de Oliveira, Antonio Adolfo, Paulo César Barros, Marquinhos Ribeiro, Flor de Cactus, Frederico Mendes, Sérgio Lopes. Leno agradeceu a todos que com seu apoio e carinho colaboraram no resultado final deste trabalho.

Encontros no Tempo – Letra e Áudio

Encontros no Tempo
Com gente do peito
Gente que de alguma forma se transou
Gente que se foi no meio da tempestade forte
Que caiu em toda parte
Muita gente pela noite
Pelas mesas desses bares
Pelas praças e teatros
Pelos palcos da cidade
Todos tomaram rumos
Muitos perderam o medo
Mas foi descoberto cedo
Eu o tempo não esperaria ninguém
Encontros no tempo
Na volta do ciclo
Tudo que de alguma forma
Se encontrou
Tudo que se amou
Se faz multidão em minha mente
Quando lembro tanta gente
Muita gente pela noite
Pelas mesas desses bares
Pelas praças e teatros
Pelos palcos da cidade
Todos tomaram rumos
Muitos perderam o medo
Mas foi descoberto cedo
Que o tempo não esperaria ninguém
Encontros no tempo
Amigos contrastes
Entre aquilo que se foi ou que se é ou poderá ser
Os olhos da antiga namorada
Ou do velho camarada
Muita gente pela noite
Pelas mesas desses bares
Pelas praças e teatros
Pelos palcos da cidade
Todos tomaram rumos
Muitos perderam o medo
Mas foi descoberto cedo
Que o tempo não esperaria ninguém
Todos tomaram rumos
Muitos perderam cedo
E foi descoberto o medo
Que o tempo não esperaria ninguém

“Esquinas Nacionais” é outra raridade, e foi gravada inicialmente pela cantora Amelinha.

Os milhares de guerrilheiros mentais
Que sofreram ou piraram nessas décadas fatais
Transformaram-se em faíscas
Iluminando a vereda nas longas noites do tempo
Nas esquinas nacionais
Os milhares de guerrilheiros vocais
Que na mansidão do canto
Nas calçadas e quintais
Bloquearam avanço trágico
Das forças da reação
Localizaram pra sempre
Bem dentro em meu coração
Os milhares de guerrilheiros artísticos
Que na criação introspecta
Contrabalançaram a dor
Não faz muito tempo ainda
Não sentiam esperança
E buscavam mais beleza
Em cada canção de amor
Nos milhares de guerrilheiros poetas
Censurados e queimados
Em Fahrenheit 101
Por todas cartas da Flávia
Por nada que foi em vão
Trazendo e trarão na mente
Memórias da escuridão
Os milhares de guerrilheiros mentais
Que sofreram ou piraram
nestas décadas fatais
Transformaram-se em faíscas
Iluminando a vereda
Nas longas noites do tempo
Nas esquinas nacionais
Nas longas noites do tempo
Nas esquinas nacionais

Renato Barros contou em seu livro de memórias que quando compôs “Devolva-me”, Lilian era namorada dele e ela sempre falava de seu amigo de infância, Leno, cujo pai era militar…

Mas vamos “ouvir” o relato pelo próprio Renato:

“Esse amigo dela tinha sido transferido para Natal no Rio Grande do Norte. Renato e Seus Blue Caps havia gravado um disco contendo a música “Vera Lúcia”, foi o primeiro compacto e fez sucesso e a Lilian sempre falava de mim para o seu amigo. E esse amigo era Gileno, filho de um General e surgiu uma época em que Leno estava vindo para o Rio de Janeiro, seu pai estava sendo transferido, e foi quando eu conheci o Leno.
Renato e Seus Blue Caps já estava estourado com “Menina Linda” e ele chegou aqui e encontrou esse clima de sucesso, por que em todos os lugares que eu ia com a Lilian, que era minha namorada, o Leno começou a ir também. Leno sempre foi muito talentoso, talvez até um passo à frente de seu tempo, estourou com músicas mais comerciais, por que as mais elaboradas, muito bacanas, não fazia sucesso por que o mercado pedia outra coisa.
Fazendo uma comparação, muitas vezes não adianta você impor Whisky 21 anos para um mercado consumidor de cachaça. Leno queria estar sempre à frente do que havia no mercado e queria impor certa qualidade intelectual que o público brasileiro não aceitava.
Leno conta que a dupla começou a cantar talvez depois de tanto fazer mímica, que a gente começou a decorar aquelas músicas todas e começamos a cantar. Descobrimos que nós podíamos cantar aquelas músicas também. E aí, o Renato dos Blue Caps nos levou pra fazer um teste na gravadora e nos levou pra um programa de televisão chamado “Hoje é Dia de Rock”.
Então foi quando começamos a cantar profissionalmente; estreamos lá no “Hoje é Dia de Rock” e alguns meses depois nós lançamos um compacto com as músicas “Pobre Menina” e “Devolva-me”, que foi o maior sucesso e a gente resolveu se profissionalizar a partir dali. Foi assim que a gente começou. Foi ideia do Renato, que achava que não tinha uma dupla formada de um rapaz e uma garota, era sempre dois homens. Renato viu a gente fazendo sucesso nas festinhas, se empolgou (risos). Não sei se ele se arrependeu depois, mas agora é tarde. (risos)
Renato Barros recordou também em seu livro que quando a dupla acabou, Leno quis fazer um disco solo, quis seguir uma carreira solo, e foi então que ele compôs A Pobreza e Leno gravou.

RELEASE

Em 2016, Leno comemorou seus 50 anos de carreira musical lançando o elogiado clipe da música “Poeira Interestelar”, atual e melhor que nunca!
O caçula da Jovem Guarda comemorou seus 50 anos de carreira com o lançamento em Clip da canção “Poeira Interestelar”, uma Ode à Ciência astronômica como “Poesia da realidade”.
Leno começou sua carreira com a dupla formada com Lílian, quando em março de 1966 foi lançado o primeiro disco com os sucessos “Pobre Menina” e “Devolva-me”.
Simplesmente “Leno” – é assim que conhecemos o cantor, compositor e guitarrista Gileno Wanderley Azevedo, nascido em Natal/RN, no dia 25 de abril de 1949 e criado no posto 6 de Copacabana, onde aos 9 anos de idade já se sentia identificado com o som do Rock que surgia no Brasil na fase pré Beatles, assim como a turma do ié ié ié na zona Norte carioca.
Leno começou sua carreira musical durante a época do Movimento Jovem Guarda nos anos 60, quando foi descoberto pelo produtor Renato Barros da antiga CBS, hoje Sony BMG, e formou com Lilian Knapp a dupla Leno e Lilian, por sugestão do próprio Renato, e que na época fez grande sucesso logo de início ao lançarem em março de 1966 o single “Pobre Menina” e “Devolva-me”, (dois sucessos Lado A) e em seguida “Eu não Sabia que Você Existia”, entre outras, que os tornaram a dupla mais popular da Jovem Guarda, mas que viria a se separar logo no ano de 1967, em pleno sucesso!
Em 1968 e 1969 Leno lançou mega hits como “A pobreza ” e “Festa dos seus 15 anos” em carreira solo e também, como compositor, continuaria a fornecer músicas para diversos artistas, como o conjunto Renato e Seus Blue Caps, Erasmo Carlos, Amelinha, Golden Boys , Os Fevers , Marcio Greyck , Wanderley Cardoso, Jerry Adriani, Banda Sempre Livre, The Fevers e outros artistas, incluindo George Freedman, intérprete de sua versão para “Something Stupid” (Coisinha Estúpida) que emplacou nas paradas de sucesso e também com Leno e Lilian posteriormente.
No ano de 1971 gravou e produziu o primeiro disco feito em 8 canais no Brasil, pela CBS, que recebeu o título de Vida e Obra de Johnny McCartney, e contou com parcerias do até então desconhecido compositor baiano Raul Seixas.
Este disco é considerado atualmente o precursor do que viria a ser o novo rock nacional dos anos 70 e 80 quando o próprio Raul Seixas deixou registrado à mão seu reconhecimento pelo amigo e mestre.
Porém, o Brasil era governado na época dessa gravação pela Ditadura Militar e a censura vetou 5 das 12 canções de seu disco.
Desta forma sua obra ficou mutilada e apenas um compacto duplo foi lançado na época, contendo quatro canções do álbum.
Só fomos conhecer o álbum completo em um lançamento futuro ocorrido no ano de 1995 quando os tapes foram encontrados pelo pesquisador Marcelo Froes.
Em 1972 Leno voltou a reunir a dupla original e retornaram com o álbum simplesmente intitulado Leno e Lilian, com repertório renovado e ousado para os padrões comerciais da gravadora, e em seguida o quarto e último LP da mais popular dupla do Brasil dos anos 60 e 70.
Seu próximo disco foi o hit Flores Mortas, de 1974, sem dúvida a primeira canção brasileira que abordou criticamente a questão da poluição e meio ambiente no país. Chegou ao primeiro lugar nas rádios antes mesmo de se apresentar no Programa Fantástico…
Em 1976 lançou o disco “Meu nome é Gileno”, com músicas próprias (como a regravação de “Grilo City”, do disco de 1971) e regravações como “Luar do Sertão” (do poeta Catulo da Paixão Cearense) e “Me deixe Mudo”, do compositor e músico experimentalista Walter Franco. Além de sua canção hoje cult, “Jovem Guarda”. Também fez a apresentação do famoso “Rock Concert” aos sábados na TV Globo.
Nos anos 80, após uma temporada vivendo em Los Angeles, voltou às atividades musicais no Brasil lançando alguns singles como “Rosa de Maio”, trilha da novela Livre para voar da mesma emissora, além de produzir outros artistas em estúdio.
Nos anos 90 participou de uma série de homenagens feitas à Jovem Guarda, ao lado de outros grandes nomes do movimento, e continuou dedicando-se à música, até que em 2006 lançou um DVD com canções inéditas, chamado “Idade Mídia”, comemorando seus muitos anos de estrada…
Lançou um DVD gravado ao vivo em Natal, intitulado “O Mundo dá Muitas Voltas”, e no final de 2015 lançou o clipe com a canção “Lado a Lado”.
Leno também está nas redes sociais compartilhando seu trabalho e brindando seus fãs e amigos com suas canções tão lindas de amor, modernidade, política, religião, ecologia… enfim, Leno nos leva ao passado, presente e futuro!
Em 2021 Leno fez um dueto com Edgard Scandurra, na música “Tempo”, versão de “Time” de Alan Parson. Um trabalho maravilhoso! https://youtu.be/1tySDX0NX9c
São as muitas voltas que a vida dá e Leno, nosso Johnny McCartney, segue conduzindo a gente ao som de sua música sempre jovem e atual!
Frases e pensamentos de Leno
“Sou um roqueiro primitivo”, define ele sobre si mesmo, adaptando a frase de Léo Jaime “Sou um roqueiro regressivo”, uma contraposição à sonoridade etiquetada como “progressista” e que tem a banda inglesa Pink Floyd como uma das principais representantes dessa variação do rock.
A “primitividade”, no caso, é a matriz beatle-stoneana, forma sonora para a febre da Jovem Guarda e tudo o mais que se entende por “pop rock”. “Muitos não irão assumir, mas a base de todo o rock brasileiro, principalmente nos anos 80, é a Jovem Guarda. Mas, como foi uma moda tida como ingênua e adolescente, a maioria dos roqueiros não gostam de assumir isso”, diz ele.
Leno está morando em Natal desde 2008 e diz ter voltado para lá após ter ficado “cansado” da vida nos grandes centros. Ficou espantando com a cidade que encontrou, batendo um certo… “já vi isso antes”! Leno disse: _“Crescimento desordenado, congestionamentos e poluição. É o Rio de Janeiro de 40 anos atrás. Critico porque tenho um amor incondicional por Natal”.

Leno até já fez uma letra com temática ambiental, que é a canção “Fores Mortas”:

E diz: “Olha, é uma ganância. As pessoas querem morar em prédios altos e logo em frente é construído um mais alto. As pessoas sonham em ter vista para o mar e tudo o que conseguem hoje é ver a cueca do vizinho estendida na área de serviço”.
Leno gosta de viver a noite, ler nesse horário, ir a restaurantes italianos bem próximos de seu prédio, dormir e acordar tarde e confessa adorar um Shopping Center. “Gosto muito da ideia de poder fazer várias coisas em um mesmo lugar”, explica. E foi em um desses passeios, num dos shoppings da cidade, que ele encontrou duas integrantes de sua banda, as gêmeas Manuela e Mariana, que estavam cantando e sem sequer tê-las visto ainda, Leno convidou as irmãs para serem as suas backing vocals.
Também integram o grupo, no contrabaixo, Paulo Sarkis, no piano, Zé Marcos, Hugo Albuquerque na guitarra e Raphael Bender na bateria.
O cantor das músicas românticas da Jovem Guarda hoje se considera um idealista, humanista e agnóstico. Diz que o homem só depende dele mesmo. Esse avanço do movimento evangélico no país, para mim, é uma das consequências da falta de educação no país. Os políticos não têm o menor interesse em mudar essa realidade”, detona.
A raiz inconformista já vem da época em que ele tinha afinidade com Raul Seixas. Os dois adoravam ficar conversando sobre rock, filosofia e astronomia. “Astronomia, hein…astrologia não, pois isso já foi coisa da influência do Paulo Coelho”, observa.
Leno é um crítico do autor que mais vende livros no Brasil. “Paulo Coelho, de certo modo, contribuiu para a “piração” de Raul”, argumenta Leno, citando que o cantor baiano tinha um pensamento diametralmente oposto ao do futuro escritor. “Raul era também um cético, lia Mark Twain. A parceria musical com Paulo Coelho foi ótima, porém prejudicial à psique do cantor”, declara.
Um motivo de orgulho de Leno é Raul Seixas ter escrito em um bilhete, publicado no livro “O Baú do Raul”, sobre os artistas com os quais o roqueiro baiano gostaria de ter gravado. Seria um disco de duas vozes cada faixa. Entre os nomes escolhidos pelo maluco-beleza estão Erasmo Carlos, Caetano Veloso, Gilberto Gil e dois potiguares: Núbia Lafaiete e Leno, uma prova inconteste de que Raulzito tinha consideração pelo nosso querido cantor Leno!

Outras parcerias

Leno também compôs “O mundo dá muitas voltas”, em parceria com Raul Seixas, gravada por Wanderley Cardoso pela gravadora Copacabana; “Convite para Ângela”, gravada em seu CD Vida e Obra de Johnny McCartney, lançado em 1995.

Com Ed Wilson compôs “Flores Mortas” e “Mudanças”, gravadas no CD “O melhor de Leno”, de 1998.

Com Renato Barros fez parceria em “Angústia”, de 1974, “Coração Faminto”, de 1981, “Sem Resposta”, de 1981, “Só Por Causa de Você”, além de ter tido outros parceiros, como Paulo César Barros, Poti Lucena e Getúlio Côrtes e entre outros.

Com Getúlio compôs uma canção de rara beleza, intitulada “Sou quem sou”, que saiu no compacto simples do selo Polydor 2.171.031 em 1971, cujo Lado B trazia a música “Jesus Meu Rei”, de Marcos Valle-Paulo Sérgio Valle.
Sobre esta música, Leno informa que “O Backing vocals foi feito pelo Trio Ternura e “o meu querido Raulzito na voz mais aguda do coro”.

“Foi meu único disco pela Philips após ter saído da CBS devido à falta de apoio ao Vida e obra de Johnny McCartney. Raul aproveitou e foi também para a Philips, onde gravou seu primeiro LP de rocks vintage e sucessos da pré-Jovem Guarda…

Violão: Leno; Bateria: Serginho dos Sunshines; Baixo e Guitarra solo: Paulo Cesar Barros; Piano acústico: Scaramboni dos Blue Caps; Leno no violão folk”.
Uma das muitas voltas de Leno, esta aos bons tempos!


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Texto por Lucinha Zanetti, em 11 de novembro de 2022.

Leno faleceu em Natal no dia 08 de dezembro de 2022, mesma data em que também morreu um de seus ídolos, John Lennon!
Descanse em paz!

Especial Jovem Guarda em Vídeos!

Em 17 de janeiro de 1968 Roberto Carlos se despediu do programa Jovem Guarda comandado por ele pela TV Record canal 7, que teve seu início em 22 de agosto de 1965.

Apesar do breve período de duração, o programa ficou para sempre eternizado no coração de quem viveu aquelas jovens tardes de domingo…

Para quem viveu aquela época e acompanhou tudo de perto e gosta de recordar aqueles belos dias, seguem alguns vídeos de um evento especial realizado entre alguns cantores que participaram da Jovem Guarda, como Bobby de Carlo, George Freedman, Waldireni, Nalva Aguiar, Deny, Leno, Renato e Seus Blue Caps, Wanderley Cardoso, The Jordans, Martinha, Demétrius, Os Caçulas, Marcos Roberto e Dori Edson.

A apresentação foi realizada no final do ano de 1995 para 1996, na fazenda de Sérgio Reis em Sorocaba, e levado ao ar em seu programa pela Rede Manchete de televisão.

“Foi em 1995/96 Programa do Sérgio Reis gravado direto de uma fazenda no interior de São Paulo em comemoração aos 30 anos da Jovem Guarda, registro antológico.” Disse-me Deny sobre este dia memorável.

The Jordans – Blue Starr

Bobby de Carlo – “Tijolinho”

Tutti Frutti – George Freedman

Doce de Coco / O Bom Rapaz – Wanderley Cardoso

Menina Linda / Feche os Olhos – Renato e Seus Blue Caps com Leno no baixo

Pobre Menina – Leno e Renato e Seus Blue Caps

Rítmo da Chuva (Demétrius) / Eu Daria a Minha Vida (Martinha)

“Vá embora daqui” / “Perto dos Olhos, Longe do Coração” – Marcos Roberto e Dori Edson

Os Caçulas – “A chuva que Cai”

“Coruja” – Deny e Sérgio Reis

“Roberta” / “Al-di-la” / “LA Bamba” – Ary Sanches

Ary Sanches, Deny e Bobby de Carlo

Ary Sanches, Deny e Bobby de Carlo

George Freedman

George Freedman

Show de Leno e Lílian em Natal completa 24 anos!

Cartaz do Show

Cartaz do Show

Cartaz do Show

Cartaz do Show

O show da dupla Leno e Lílian, acompanhados pelo Grupo dos Anos 60, realizado em 30 de junho de 1989, no antigo Hotel Samburá (hoje é um estacionamento) em Natal, produzido na época pela colunista Hilneth Correia e pelo promotor de eventos, J. Oliveira, de Natal/RN, está fazendo 24 anos!

Nota sobre o Show divulgada no Jornal Tribuna do Norte

Nota sobre o Show divulgada no Jornal Tribuna do Norte

Seguem algumas fotos da dupla no palco, pra gente recordar a data, direto do túnel do tempo!

Leno no Hotel Samburá

Leno no Hotel Samburá

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Reinaldo Azevedo do Grupo dos Anos 60 e a dupla no palco.

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Fotos enviadas por Nilza Carvalho, que esteve no Show e fotografou usando uma câmera analógica alemã PENTAX PRÁTICA MTL.

Leno e sua “Vida e Obra de Johnny McCartney”

“Vida e Obra de Johnny McCartney” é considerado o CD mais importante da carreira solo de Leno, e foi gravado em fitas, de novembro de 1970 a janeiro de 1971.
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Foi um momento em que ele deixa de lado a questão das baladas tão presentes na Jovem Guarda e mostra-se como um artista independente, vanguardista, crítico, satírico, rebelde, enfim, uma pessoa politizada.
Nessa época, ele fazia sucesso com a balada romântica “Festa de 15 anos” e resolveu dar uma guinada.
“Eu sempre fui roqueiro, mas sempre estourava com músicas lentas. Eu queria mostrar o meu lado mais rock’n’roll”, diz Leno.
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Tendo sido vetada pela Ditadura Militar em 1971, a obra que teve os Beatles, mais precisamente a dupla Lennon & McCartney como inspiração para o compositor, ficou perdida durante 25 anos!

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O projeto criado em parceria com Raul Seixas reaparece em 1995, para a grande surpresa de Leno, que dava as fitas de seu inédito “Vida e Obra de Johnny McCartney” por perdidas! Acontece que elas são descobertas por acaso nos arquivos da Sony Music!
Leno então decide remasterizar a gravação e editá-la em CD, criando seu próprio selo, o Natal Records, e lança sua obra composta em parceria com Raulzito.

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Vida e Obra de Johnny McCartney - Leno 016Leno passou o ano de 1979 morando em Los Angeles, nos Estados Unidos mas quase não compunha, pois estava ligado mais em cantar e tocar e quando voltou a residir em Natal, começou a se dedicar a compor e realizar shows. Guardava para si a lembrança de Raul Seixas, um cara simples que gostava de música.
“Gosto muito da lembrança dele em mim, apesar das distâncias”.
Essas lembranças ficam mais evidenciadas e tomam conta da vida de Leno quando este apresenta ao público o relançamento do disco “Vida e Obra de Johnny McCartney”, álbum considerado pela crítica especializada internacional como um dos melhores do rock.
Foi o terceiro disco de sua carreira solo e teria sido gravado em 1970, porém a gravadora CBS vetou o projeto por achar que ele não era comercial. “Tinha umas músicas censuradas, como ‘Sr. Imposto de Renda’ e ‘Sentado no Arco-íris’.

Segundo Leno, este disco antecipou muita coisa que viria a acontecer apenas nos anos 80 em termos musicais, além de ter influenciado a carreira de Raul Seixas.

Das 13 músicas do disco, seis são em parceria com o baiano.

1. “Johnny McCartney” Leno / Raul Seixas 2:15
2. “Por Que Não?” Leno 3:34
3. “Lady Baby” Carlos Augusto / Raul Seixas 4:31
4. “Sentado no Arco-íris” Leno / Raul Seixas 3:22
5. “Pobre do Rei” Marcos Valle / Paulo Sérgio Valle 2:50
6. “Peguei uma Apollo” Arnaldo Brandão 3:40
7. “Sr. Imposto de Renda” Leno / Raul Seixas 1:15
8. “Não Há Lei em Grilo City” – Leno 3:09
9. “Convite para Ângela” Leno / Raul Seixas 1:33
10. “Deixo o Tempo Me Levar” Leno 3:12
11. “Contatos Urbanos” Ian Guest 2:29
12. “Bis” Leno / Raul Seixas 2:21
13. “Johnny McCartney” Leno / Raul Seixas 0:33

Leno comenta que “talvez a partir daí Raul tenha criado a vontade de ser cantor, pois ele não era muito a fim. Foi um laboratório para ele”.

O verdadeiro Rock já se faz presente logo na primeira faixa, “Johnny McCartney”, que é uma sátira à busca da fama tão em voga hoje em dia: “Ainda hei de ser famoso um dia / Meu nome nos jornais você vai ler / Vou ganhar mais de um milhão / Comprar o meu carrão cantando na TV / Vai pagar pra me ver no cinema / Do que me fez, irá se arrepender / Daqui pra frente sou galã lhe ofuscando / Com meu terno de lamê / Johnny MacCartney vou ser).

É uma letra bem atual!

“Vida e Obra de Johnny MacCartney” é considerado um disco seminal para o rock brasileiro, pós Jovem Guarda, e deve constar em qualquer discoteca básica do estilo, onde guitarras, bateria e baixo ganham mais expressão, pela primeira vez, no rock brasileiro.

Vida e Obra de Johnny McCartney - Leno 005

Programa Vídeo Show, da TV Globo,1995,sôbre o Cd “Vida e Obra de Johnny McCartney”, com parcerias inéditas de Leno e Raul Seixas

Reportagem do Jornal do SBT sobre o disco Vida e Obra de Johnny McCartney, lançado em CD 24 anos depois de ter sido vetado pela Ditadura Militar!

Fontes:
1 – http://webpotiguar.org/2012/09/22/um-potiguar-no-caminho-de-raul-seixas/

2 – Pesquisa na Internet

Algumas Canções Raras de Leno e suas mensagens “subliminares”!

https://www.facebook.com/pages/Vida-e-Obra-de-Johnny-McCartney/414377658626986

Canções como Jovem Guarda, Imagens, Mudanças, Boas Vibrações, Encontro no Tempo e Esquinas Nacionais, todas compostas por Leno, são raridades e não são ainda muito divulgadas e conhecidas, embora contenham mensagens lindas de amor, amizade e “boas vibrações”!

Algumas das fotos inseridas aqui são do encarte de uma coletânea lançada pelo selo independente de Leno, o Natal Records. Trata-se de um CD organizado e produzido pelo próprio Leno.

A canção “Jovem Guarda”, por exemplo, tem uma das letras mais significativas para quem viveu naqueles velhos tempos, belos dias em que nas tardes de domingo esperávamos ansiosamente pelo início do programa comandado por Roberto Carlos.

Sua letra foi alterada por ocasião da festa de gravação do DVD “Jovem Guarda Para Sempre”. A letra original está no LP de 1976 e também na coleção de CDs da Jovem Guarda lançada por Marcelo Fróes em 1999, entre eles o “Meu nome é Gileno”.

Jovem Guarda – Letra Original e áudio

Volto aqui se não se importa
Por favor, não feche a porta
Depois assim, de tanto tempo, sem me ver
Agora eu não sei se a sua vida
está igual ou dividida
Eu só sei que o medo nos seus olhos fez você mudar
Será que acordou daquele sonho
daquele velho sonho
Talvez não se ache mais tão nova pra sonhar
Não fuja do seu próprio encontro
Vem comigo agora e pronto
Que o vento sopra
o sol desponta
E acho que eu já vou

Cante pra não chorar
Cante se já chorou
Se você foi Jovem Guarda
Guarda o que passou

Os amigos que marcaram
Os amantes que te amaram
E as promessas que afinal ninguém cumpriu
Toda aquela inconseqüência
transformou-se numa ausência
E o que hoje resta da sua festa
Se perdeu, sumiu!
Mas cante pra não chorar
Cante se já chorou
Se você foi jovem guarda
Guarda o que passou

Se ainda espera ser amada
Vem que aqui não tem mais nada
Olha o vento sopra
O sol desponta
Onde a gente for…

Letra II (modificada)

JOVEM GUARDA (Letra e vídeo)

Volto aqui se não se importa
Por favor não feche a porta
Depois assim de tanto tempo sem lhe ver
Agora eu não sei se a sua vida
Está igual ou dividida
Eu só sei que algo em seu olhar fez você mudar Será que ainda sonha aquele sonho
Aquele velho sonho
No espírito pra sempre jovem pra sonhar

Não fuja do seu próprio encontro
Vem comigo agora e pronto
Porque o vento sopra, o sol desponta
E acho que eu já vou.

Cante a canção de amor, cante o que já cantou
Quando a gente é jovem guarda
Guarda o que sonhou
Cante a canção de amor, cante o que já cantou
Quando a gente é jovem guarda
Guarda o que ficou

Os amigos que marcaram
Os amantes que se amaram
E a eterna melodia que tocou
Toda aquela transparência
Nunca virou uma ausência
Pois lá no fundo do coração nossa canção ficou

Cante a canção de amor, cante o que já cantou
Quando a gente é jovem guarda
Guarda o que sonhou
Cante a canção de amor, cante o que já cantou
Quando a gente é jovem guarda
Guarda o que ficou

Vou te fazer sentir amada
Vem comigo nessa estrada
Porque o vento sopra, o sol desponta
Aonde a gente for, aonde a gente for…

O CD “O melhor de Leno”, lançado no início do século XXI pelo selo Natal Records, com  registro NRCD 008, contém canções que abrangem um período existencialista do cantor, que são obras lançadas de 1974 a1988.Este CD contem raridades, como as canções “Mudanças”, “Imagens”, “Boas Vibraçoes”, Encontros no Tempo”, “Esquinas Nacionais”, entre outras.

Mudanças – Letra e Áudio

Nesta canção Leno fala de sua mudança de vida, pois estava indo morar fora do Brasil, como ele mesmo me conta aqui:

Oi Lucinha , foi mesmo uma época de mudanças...

Leno Azevedo 21 de novembro de 2012 00:46
“Oi Lucinha , foi mesmo uma época de mudanças pra mim , que me levou a morar um tempo fora do Brasil…Musicalmente, era eu” brincando de James Taylor ” que adoro!”

Quando as dúvidas parecem não crescer
Não deixe as neuroses virem ser
Siga em frente sem parar
Não deixe como está
E as coisas vão mudando até você
Há um momento em que nem tudo é claro e são
Mas tem gente que vê na escuridão
Que antes de um salto fatal
Sente um medo natural
Mas durante o salto nada importa não
Renascer
Renascer!
De um próprio parto às vezes, renascer
Resonhar
Resonhar!
Um sonho que jamais sonhou viver
Não deixe as neuroses virem ser
Siga em frente sem parar
Não deixe como está
Que as coisas vão chegando
Tudo vai se transformando
E as coisas vão mudando pra você

Imagens – Letra e Áudio

“Imagens” foi uma composição de Leno para a esposa que ele perdeu tragicamente em um acidente de carro, em 1982.

Neste áudio podemos ouvir os Golden Boys e Leno ao vivo, em um especial exibido pela TV Cultura, tempos atrás.

A Letra

“Boas Vibrações” e “Encontro no Tempo” foram compostas durante o tempo em que Leno viveu em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Boas vibrações, por exemplo, é inspirada em uma usual saudação desejando “boas energias”. Na gravação Leno faz uso do “falsete”, dando mais brilho à interpretação.

Boas Vibrações – Letra e áudio

É bom sentir sua presença,
Ouvir a voz no seu olhar
Que sempre faz nascer
as boas vibrações
No ar, no ar
A claridade dos desejos
Em qualquer coisa que fizer
Nesse seu jeito de ser mulher
Eu tenho sido refém da minha ilusão
Mas se quiser você pode até me resgatar
da velha solidão
O seu amor na consciência
Suas razões no coração
Podem afastar a dor que existe em mim
Depois então
A claridade dos desejos
Em qualquer coisa que fizer
Nesse seu jeito de ser mulher
É bom sentir sua presença
Ouvir a voz no seu olhar
Com tão boas vibrações no ar

“Encontros no Tempo”, também composta no período em que morou em Los Angeles, tem a ver com o sucesso solo de Lilian nos anos 80, com a música “Sou Rebelde”, época em que ela fez uma declaração a uma Revista dizendo que ainda gostaria de gravar uma música com Leno, pois muito além do sucesso da dupla, curtia mesmo era cantar com ele.

Leno compôs estas duas canções e gravou a base em Los Angeles; voltando ao Brasil, convidou Lilian para participar do seu LP “Encontros no Tempo”.

Leno fala sobre a última vez que esteve com Lilian:

Oi Ana Paula , foi no show em homenagem ao...

Leno Azevedo 21 de novembro de 2012 00:43
“Foi no show em homenagem ao Getulio Côrtes no Asa Branca , Lapa , RJ , em 2005 .Creio não termos nos encontrado depois. Demos uma canja e foi nossa ” last performance together” !

LP ENCONTROS NO TEMPO
Direção de produção e estúdio: Leno
Arranjos: leno
Técnicos de gravação: Leão, Ederaldo, Roger Harris [los angeles] assistentes de gravação: Gilberto, Peninha e Pedro
Mixagem: Rafael, Loureiro e Leno [Estúdio Transamérica] assistentes de mixagem: Billie e Iaci
Montagem: Manoel Magalhães
Gravado nos estúdios: Hawai e Transamérica
Capa: Departamento de Arte CBS
Fotos: Frederico Mendes
Layout: Iaci Miranda

Participaram deste Projeto: renato barros, cláudio condé, robertinho de recife, sérgio dias, lilian knapp, zé renato, jane duboc, geraldo azevedo, jackson do pandeiro, denny cordell, laudir de oliveira, antonio adolfo, paulo césar barros, marquinhos ribeiro, flor de cactus, frederico mendes, sérgio lopes e a todos que com seu apoio e carinho colaboraram no resultado final deste trabalho.

Encontros no Tempo – Letra e Áudio

Encontros no Tempo
Com gente do peito
Gente que de alguma forma se transou
Gente que se foi no meio da tempestade forte
Que caiu em toda parte
Muita gente pela noite
Pelas mesas desses bares
Pelas praças e teatros
Pelos palcos da cidade
Todos tomaram rumos
Muitos perderam o medo
Mas foi descoberto cedo
Eu o tempo não esperaria ninguém
Encontros no tempo
Na volta do ciclo
Tudo que de alguma forma
Se encontrou
Tudo que se amou
Se faz multidão em minha mente
Quando lembro tanta gente
Muita gente pela noite
Pelas mesas desses bares
Pelas praças e teatros
Pelos palcos da cidade
Todos tomaram rumos
Muitos perderam o medo
Mas foi descoberto cedo
Que o tempo não esperaria ninguém
Encontros no tempo
Amigos contrastes
Entre aquilo que se foi ou que se é ou poderá ser
Os olhos da antiga namorada
Ou do velho camarada
Muita gente pela noite
Pelas mesas desses bares
Pelas praças e teatros
Pelos palcos da cidade
Todos tomaram rumos
Muitos perderam o medo
Mas foi descoberto cedo
Que o tempo não esperaria ninguém
Todos tomaram rumos
Muitos perderam cedo
E foi descoberto o medo
Que o tempo não esperaria ninguém

“Esquinas Nacionais” é outra raridade, e foi gravada inicialmente pela cantora Amelinha.

Esquinas Nacionais – Letra e Áudio

Os milhares de guerrilheiros mentais
Que sofreram ou piraram nessas décadas fatais
Transformaram-se em faíscas
Iluminando a vereda nas longas noites do tempo
Nas esquinas nacionais
Os milhares de guerrilheiros vocais
Que na mansidão do canto
Nas calçadas e quintais
Bloquearam avanço trágico
Das forças da reação
Localizaram pra sempre
Bem dentro em meu coração
Os milhares de guerrilheiros artísticos
Que na criação introspecta
Contrabalançaram a dor
Não faz muito tempo ainda
Não sentiam esperança
E buscavam mais beleza
Em cada canção de amor
Nos milhares de guerrilheiros poetas
Censurados e queimados
Em Fahrenheit 101
Por todas cartas da Flávia
Por nada que foi em vão
Trazendo e trarão na mente
Memórias da escuridão
Os milhares de guerrilheiros mentais
Que sofreram ou piraram
nestas décadas fatais
Transformaram-se em faíscas
Iluminando a vereda
Nas longas noites do tempo
Nas esquinas nacionais
Nas longas noites do tempo
Nas esquinas nacionais

A parceria entre Leno e Raul Seixas

“O Raul chegou a tocar em minha banda de shows por um ano , entre 1970 e 1971 , nos fins de semana de produções em estudio , quando estávamos juntos na gravadora CBS como amigos , parceiros e produtores musicais.E no estudio fêz muitos backing vocals nos meus discos por alguns anos. E foi MUITO divertido !!”

(Leno, em 13-11-2012, respondendo a pergunta se Raul Seixas havia tocado em sua banda)

O encontro aconteceu quando Leno estava bombando nas paradas de sucesso em 1968. Ele tem a lembrança exata do encontro e conta que foi num show beneficente no Rio de Janeiro, que a sua gravadora, a CBS, realizava anualmente. No palco, armado na Urca, Jerry Adriani estava acompanhado por sua banda e um dos músicos era o baiano Raul. Leno esperava a sua vez de cantar quando um baixinho magrinho se aproximou e perguntou: “Ah você que é o Leno? Tá ‘estouradaço’ lá em Salvador”, disse Raul, referindo-se à música “Pobreza”. Daí, já rolou uma empatia. “Pô, o cara era muito engraçado, agitado. Chegou e disse: ‘Tô aqui com a minha banda, Os panteras’”, conta Leno. O encontro do show foi em um sábado e, no domingo, Leno foi ao apartamento de Raulzito, que morava perto. Do show, ele também se lembra do momento em que Jerry Adriani foi chamado de “bicha” por uma galerinha barra pesada da Urca, não se conteve e desceu do palco, partindo pra briga com parte da plateia. “Nunca esqueci essa cena. Raul pulando do palco, bem magrinho, para ajudar o Jerry na porrada”, revela. Daí Raulzito mostrou a ele uma música com Os Panteras e Leno terminou gravando. Os dois começaram a cultivar a amizade e Os Panteras terminaram voltando para Salvador porque a gravadora não deu força para a continuidade da carreira. Mas Raul voltava para o Rio de Janeiro de vez em quando e ficava na casa de sua tia Maria Eugênia, ocasiões em que também se encontrava com Leno. O baiano estourou nacionalmente em 1973, com o lamento existencialista “Ouro de Tolo”.

Entre as pérolas do disco, está “Objeto Voador”, que serviu de base para que Raul gravasse posteriomente o sucesso “S.O.S” ((Oh! Oh! Seu Moço! / Do Disco Voador / Me leve com você / Prá onde você for / Oh! Oh! Seu Moço! / Mas não me deixe aqui / Enquanto eu sei que tem / Tanta estrela por aí).

Para se ter uma ideia da importância de Leno para Raul Seixas, no livro “O Baú do Raul Revirado”, há um manuscrito do baiano em que ele anota uma ideia para um novo disco. Todas as músicas seriam duetos. Raul escreve “Meus mestres. Um disco com 2 vozes (eu e o outro) 2ª voz” e enumera: 1 – Eu e Erasmo, 2 – Eu e Caetano, 3 – Eu e Gil, 4 – Eu e Núbia Lafayette, 5 – Eu e Roberto Carlos, 6 – Eu e Leno, 7 – Eu e Cláudio, 8 – Eu e Kika, 9 – Eu e Luiz Gonzaga.

É uma lista que deixa, por motivos óbvios, Leno emocionado. Estão nesta lista relacionados dois potiguares: Núbia Lafayette, cantora de bolero, também do cast da CBS, que foi uma influência para o roqueiro, que gostava de uma certa melancolia presente nas canções brego-românticas, estilo facilmente identificado em faixas como “Sessão das Dez” (Ao chegar do interior / Inocente, puro e besta…) “Eu quero mesmo” (Nunca falava “eu te amo” com medo de alguém me gozar) e “Tu és o MDC da minha vida” (Tu és o grande amor / Da minha vida / Pois você é minha querida / E por você eu sinto calor / Aquele seu chaveiro escrito “love”). Leno e Raul, quando trabalhavam na CBS, ficavam na mesma salinha. Foi na mesma época que ele produziu um outro clássico, “Lágrimas Azuis”, do Impacto Cinco.

E foi numa noite clara que Raulzito viu alguma coisa no céu, parecendo mover-se em meio às estrelas! Ele então diz que deseja ir naquele “objeto voador”, por que na terra não havia espaço para o amor. Assim estava criada mais uma canção, “Objeto Voador”.

No final da década de 60 começava então a parceria musical entre Leno e Raul Seixas, surgindo uma série de canções as quais foram mais tarde juntadas em um CD que recebeu o título de “Canções com Raulzito”.

Leno e Raulzito

O CD foi um lançamento independente contendo 14 faixas, sendo duas inéditas. Gravado e mixado entre outubro de 2009 e janeiro de 2010 em Natal/RN, o disco apresentou regravações de canções compostas por Leno e Raul Seixas no final da década de 1960 e início da década de 1970. Com produção e arranjos do próprio Leno e um time de músicos afinadíssimos, o disco, com produção gráfica bem cuidada, é um trabalho que encantou a todos os fãs tanto de Leno como de Raul.

Foi com o lançamento deste CD que aconteceu o resgate desta parceria e amizade que para muitos estava no anonimato até então!

Em 1970 foi composta a canção em parceria, intitulada “Se Eu Sou Feliz, Por Que Estou Chorando”, gravada por Renato e Seus Blue Caps:

Ainda em 1970, no final do ano, Leno apresentaria um ousado projeto em parceria com o amigo e na época também produtor da CBS, Raul (Raulzito) Seixas: era o álbum “Vida e Obra de Johnny McCartney”.
O projeto foi proibido pela censura militar, como sabemos, mas em 1971 Leno vai ao Festival Internacional da Canção, exibido pela TV Globo, e dribla a censura, apresentando uma das canções do álbum “Vida e Obra de Johnny McCartney”, a música “Sentado no Arco-Íris”, e se apresenta com seu parceiro Raul Seixas, que faz backing vocals com Jane Duboc.

Raul disse que esta foi a primeira letra de música que ele teve orgulho de ter escrito!

Tópico complementar: “As Muitas Voltas de Leno”

Entrevistando Leno

1) Qual o balanço que você faz de sua vasta carreira até aqui?

Atualmente bem satisfeito com o resultado musical do novo CD “Canções com Raulzito” , que acaba de sair, assim como meu primeiro DVD solo que acabo de gravar ao vivo aqui em Natal, onde estou residindo. Este teve realmente um balanço de minha carreira desde a dupla Leno e Lilian até as minhas parcerias, algumas inéditas, com o ainda desconhecido Raul Seixas, quando ele tocava em minha banda, e também meus grandes sucessos solo. De um modo geral acho que fiz durante a minha carreira o que queria e gostava e se em alguns momentos certos discos não viraram hits comerciais com toda a jabazelandia em que se transformaram as rádios pelo país dos anos 90 pra cá , pelo menos o saldo musical deste balanço me parece positivo.

2) No Brasil é muito difícil falar de Leno sem dar uma referência a dupla Leno e Lilian. O que simbolizou essa história em sua vida?

Vejo isso com naturalidade e fico feliz que a dupla tenha se tornado um ícone da Jovem Guarda. Foi algo importante na minha vida e tenho o maior carinho por isso. E se até hoje o Paul McCartney ainda é associado aos Beatles, quanto mais eu à Lilian e vice-versa. That’s all right mama.

3) A dupla Leno e Lilian teve muitas idas e vindas ao longo da carreira. Qual a relação de vocês hoje em dia?

Atualmente temos tido pouco contato, com ela morando em São Paulo e eu aqui no Nordeste. Mas não posso dizer que tenha sido um relacionamento muito fácil, desde a Jovem Guarda e durante as idas e vindas. Apenas cabeças diferentes, que o passar do tempo apenas acentuou. Mas a Lilian é uma referencia que, assim como eu para com ela, influiu em nossos destinos e respeito isso.

4) A Jovem Guarda não tem mais o mesmo espaço nas grandes emissoras como era antigamente. Em sua opinião, porque o gênero não está mais no seu auge?

O Brasileiro é modista… mas na verdade a chamada “Jovem Guarda’ é o Pop Rock tupiniquim, que ainda influi em muita coisa que rola por aí…o que mudou foi a tecnologia e o visual.

5) Qual seu último trabalho solo que lhe rendeu mais notoriedade à frente do mercado?

Bem , teve “Flores Mortas”, a primeira música abordando o tema do meio ambiente, pra você ver que não é tão recente…igualmente “Rosa de Maio”, trilha da novela Livre para Voar, mas as minhas regravações de “A Pobreza e Ritmo da chuva”, nos anos 90, chegaram ao disco de platina com um milhão de CDs vendidos no aniversário dos 30 anos da Jovem Guarda.

6) Como você está vendo a música produzida atualmente?

Muita tecnologia facilitando a vida de cantores ruins, com seus afinadores automáticos, bons músicos tecnicamente e poucas composições interessantes. Aos meus ouvidos isso vale também lá pra fora. Coincidência que isso tenha começado com o Jabá aqui no Brasil e o desestímulo aos compositores que não sejam também intérpretes e possam fazer shows. Então continuo ouvindo com prazer os clássicos do pop rock e muito Mozart, Bach e Beethoven. Roll over!

7) Quais outros cantores você poderia destacar pra gente como grandes parceiros seus ao longo da carreira?

Bem, eu destacaria o Renato Barros e o Ed Wilson, com quem fiz algumas parcerias, mas de um modo geral costumo compor sozinho.

8) Você ficou um tempo fora antes de retornar ao Brasil a fim de produzir outros trabalhos. O que você aprendeu durante esse tempo ausente dos palcos brasileiros?

O profissionalismo e perfeccionismo que os artistas lá fora tinham em relação ao show-bizz nacional. Mas isso vem mudando por aqui, principalmente no profissionalismo dos grandes shows. Mas o cara tem que estar estourando nas paradas pra conseguir uma infra-estrutura de palco realmente boa, pois hoje parece que a música é só um detalhe no meio dos efeitos especiais. Vê lá se os Beatles dependiam disso pra fazer o que fizeram!

9) Quais seus próximos planos dentro da música?

O lançamento do CD “Canções com Raulzito “, que poderá ser encontrado através de meu site,  assim como nos shows e o DVD “Leno ao vivo”, a sair no final do ano, ao qual estou me dedicando no estúdio para a finalização da mixagem e autoração.

10) Deixe um recado final pra legião de fãs do Leno espalhados pelo país afora.

Obrigado pelo carinho e atenção em todos estes anos, incluindo aqueles em que eu não estava aparecendo direto na mídia. Sempre digo que o verdadeiro fã é o melhor amigo do artista. E comprovo isso a cada dia..

Abração a todos!

Entrevista publicada no dia 25/11/2010 por Marcus Vinicius Jacobson