Paul McCartney toca no Japão a Canção dos Beatles, “Another Girl”, pela primeira vez ao vivo.

Em seu show no Budokan em 28 de abril de 2015, Paul McCartney surpreende os fãs tocando ao vivo a canção de 1965!

Paul em Tokyo - Budokan -  28 de abril de 2015

Paul em Tokyo – Budokan – 28 de abril de 2015

Nem os Beatles nem qualquer outro membro dos Beatles jamais havia tocado “Another Girl”, a quinta faixa do álbum Help! de 1965, até agora!
Paul McCartney tocou a canção ontem, terça-feira, no Japão, em Tokio, no Budokan, de acordo com o NME.

McCartney tocou pela última vez naquele local no verão de 1966, quando os Beatles realizaram uma curta turnê pela Ásia que também incluiu shows nas Filipinas.

Paul disse que tocar lá pela primeira vez depois de quase 50 anos foi “sensacional e muito emocionante lembrar da primeira vez e ainda ver este público fantástico”, relatou o NME. “Foi emocionante para nós e acredito que foi provavelmente o melhor show que fizemos no Japão e foi ótimo voltar a tocar no Budokan 49 anos depois. Foi uma loucura. Nós amamos.”

Não há nenhuma gravação oficial de sua performance de “Another Girl” , mas neste vídeo publicado no youtube por porsche tetsu, podemos ver Paul tocar pela primeira vez a canção dos Beatles, “Another Girl”, ao vivo!

Paul no Budokan 1

Quatro tomadas diferentes da performance de Paul em “Another Girl.

Historias de Tony Campello!

Em entrevista a Antonio Aguillar, Tony Campello recorda de um entrevero que teve com ele por questões profissionais e também recorda sobre a queda do elevador que despencou do terceiro andar na TV Paulista, Canal 5, quando participavam de um dos programas comandados por Antonio Aguillar. O elevador era de carga (fazia o transporte de cenários de madeira, que pesavam pouco), porém neste dia estava transportando os artistas e seus instrumentos, quando despencou, isso ainda no tempo da Organização Victor Costa, na Rua das Palmeiras, 315, ocasião em que Aguillar fazia uma estreia do seu programa “Ritmos para a Juventude” na televisão Paulista Canal 5, Globo hoje.
No elevador, entre outros, estavam Tony Campello, George Freedman e Ronnie Cord. O programa quase não foi ao ar, porém como o auditório estava lotado e os artistas que passaram pelo pronto socorro sofreram apenas luxações nos pés, puderam voltar para a rua das Palmeiras e participaram com sucesso do programa, o qual alavancou o Rock no Brasil em 1961, sob o comando de Antonio Aguillar.

Ainda neste áudio podemos ouvir Tony cantar com a irmã Celly a canção “O Canário”, um clássico gravado pelos irmãos Campello em fevereiro de 1963 e aqui apresentados pela Hebe Camargo ao vivo (Hebe Comanda o Espetáculo).
A música é uma versão em português do clássico “Yellow Bird”, de Norman Lubolf, Marilyn Keith e Alan Bergman. A versão em português é de Fred Jorge. É a última gravação que Celly fez ainda solteira, e depois ela só voltaria a gravar em 1968. A canção é um clássico internacional que foi gravado por artistas como The Big Bamboo Orchestra, Brothers Four, Cris Isaak, Emile Ford, Johnny Tillotson e Roger Whitaker, entre outros, e possui várias versões instrumentais, registradas por The Ventures, Chet Atkins, Martin Denny, Bert Kaempert, Frank Hamilton, Arthur Lyman, Enoch Light, Gene Ammons, Pete Seeger, Roger Williams, The Three Suns e Tommy Mccook.
No Brasil, além dos irmãos, há o registro instrumental de Waldir Azevedo e o vocal de Carlos Gonzaga.

Tony, Aguillar e Celly

Tony, Aguillar e Celly

The Beatles no NME Poll Winners Concert – 1964

Em 26 de abril de 1964 os Beatles foram os últimos a se apresentarem no NME Poll Winners Concert, apresentados pelo Disk Jockey Murray Kaufman (Murray The K).

O Concerto teve a participação do que havia de melhor no Show Business da época e nesse dia eles mandam muito bem, até com um pequeno equívoco de John Lennon e que vale conferir aos 3:49seg durante a performance em You Can’t Do That!

O The New Musical Express (NME) 1964 Annual Poll Winner’s Concert foi realizado no The Empire Pool, em Wembley, foi gravado em 26 de abril de 1964 e transmitido em 10 de maio de 1964.

Beatles NME 1

Os Beatles receberam um prêmio das mãos de Roger Moore e cantaram ‘She Loves You’, ‘You Can’t Do That’, ‘Twist and Shout’, ‘Long Tall Sally’ e ‘Can’t Buy Me Love’.

Em 1965 The Beatles foram premiados também: NME 1965 mais Premiação

Os NME Awards eram atribuídos pela revista britânica NME aos grupos que mais se destacavam no ano, ou que contribuíam decisivamente para a música ao longo da sua carreira.

Clube Big Beatles faz aniversário e traz o ex Beatle Pete Best em setembro!

A Banda Clube Big Beatles de Vitória, composta por Edu Henning, Junior Curcio, Guto Ferrari, Léo Teixeira e Mark Fernandez, fará um show que marcará os 25 Anos da banda.

Este show vai acontecer no dia 24 de setembro na Arena Vitória (Vitória, Espírito Santo).

O show contará com diversas participações especiais. Orquestra Sinfônica do ES, Banda da Polícia Militar do Espírito Santo (que já esteve em Liverpool acompanhando o Clube Big Beatles), coral de 15 vozes, Jerry Adriani (que participou de DVD do Clube Big Beatles gravado ao vivo no Cavern Club, Liverpool), Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura (que por dois anos consecutivos esteve em Liverpool ao lado do Clube Big Beatles), Ivan Lins (que ano passado foi o convidado especial do Clube Big Beatles em Liverpool) e também Pete Best, primeiro baterista dos Beatles (que, pela segunda vez vem ao Brasil para se apresentar ao lado da banda Clube Big Beatles). Em cena mais de 130 músicos.

Soube desta notícia através do cantor Jerry Adriani, que foi convidado por Edu Henning, confirmada pelo próprio Edu Henning, que me enviou os detalhes.

Ouçam aqui mensagem de Pete Best…

O Clube Big Beatles é uma banda brasileira especializada em executar as músicas dos Beatles, realizando diversos projetos em torno do trabalho dos rapazes de Liverpool.

Clube Big Beatles 3

O grupo faz enorme sucesso no Festival dos Beatles (International Beatles Week) que acontece na cidade de Liverpool, Inglaterra, tanto que está incluído no Hall da Fama do International Beatles Week.

Clube Big Beatles 1

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Clube Big Beatles 2

Andreas Kisser, do Sepultura, confirma presença no Show do próximo dia 24 de setembro!

Banda Sepultura

Revivendo o passado: Minhas Origens / Genealogia das famílias Astolfi Zanetti

FAMÍLIA ASTOLFI

Meu avô Albino Astolfi chega ao Brasil, proveniente da Província de Rovigo, Itália

Secretaria do Trabalho e da Promoção Social
Centro Histórico do imigrante

Rua Visconde de Parnaíba, 1316 – Brás – Tel. 292 1022
CEP 03044 – São Paulo

CERTIDÃO DE DESEMBARQUE

AUTOS C.H.I. No. 01270/91

CERTIFICO constar do livro de matrícula da HOSPEDARIA DE SÃO PAULO 15/108 do acervo documental do CENTRO HISTÓRICO DO IMIGRANTE os seguintes dados de ALBINO ASTOLFI.

Nacionalidade: Italiana

Filiação: Giovanni Astolfi e Giuseppina

Data de nascimento ou idade: 17-02-1878 (09 anos)

Sexo: nada consta

Profissão ….

Estado Civil: solteiro

Vapor: “PACÍFICO”

Data de desembarque: 21 de novembro de 1888, em Santos.

Chefe ou responsável: Giovanni Astolfi (45 anos)

Composição da família: Giuseppina (39 anos), Pasquale (19 anos), Débora (17 anos), Loccatte (15 anos), Luigi (12 anos), Adelaide (07 anos), Achille (04 anos) e Maria (01 ano).

Local de origem: nada consta (hoje sabemos que ele veio de Porto Viro, Província de Rovigo)

São Paulo, 08 de agosto de 1991

Assinado pelo Diretor do Centro Histórico do Imigrante

GENEALOGIA DA FAMÍLIA ASTOLFI

Da longínqua e bela Itália, precisamente das cidades de Porto Viro e Porto Tole, Província de Rovigo, nos idos de 1888, época em que no Brasil os Abolicionistas e Republicanos ganhavam espaço e a escravatura tinha seus dias contados, precisamente em 21 de novembro de 1888, chegava ao Brasil e desembarcava no Porto de Santos a família de Giovanni Astolfi e Giuseppina, italianos que buscavam na terra promissora uma saída para melhorar a vida de sua família. Vieram no Vapor Pacífico e em baús traziam seus pertences e muita esperança.
Giovanni tinha 45 anos e Giuseppina, 39; com eles chegaram 08 filhos:

Pasquale Astolfi – 19 anos
Débora Astolfi – 17 anos
Loccate Astolfi – 15 anos
Luigi Astolfi – 12 anos
Albino Astolfi – 09 anos
Adelaide Astolfi – 07 anos
Achille Arturo Astolfi – 04 anos
Maria Astolfi – 01 ano

Foram levados para a Hospedaria de São Paulo, conforme livro de matrícula nr. 15/108 do acervo documental do Centro Histórico do Imigrante. Pelas mãos do destino, non sappiamo perque, chegaram até a Fazenda da Barra, município de Itobi, na época pertencente à comarca de Casa Branca/SP, onde se estabeleceram.
Ouvi dizer que um deles faleceu ainda em Santos, mas não tenho confirmação desta notícia.
Passaram-se os anos, um pedaço da história da família se perdeu.

Albino Astolfi, filho de Giovannni(João) Astolfi e Giola Josephina, moço, casa-se com Magdalena Veronezi, filha de Miguel Veronezi e Verginia Conti; quando menina fora criada por uma madrasta que era exatamente o que diz a palavra: uma má..drasta! Minha mãe conta que Madgalena tinha uma irmã gêmea, chamada Lúcia, e que sofriam os mal tratos da madrasta, que as faziam dormir em barracões à mercê de cobras e bichos.

Albino e Magdalena tiveram nove filhos:

1) Amélia, dona-de-casa, casou-se com José e foram morar em São Paulo; estabeleceram-se por lá e tiveram os filhos:
– Alcindo, que casou-se com Célia e tiveram um filho, Paulo Sérgio;
– Osvaldo, que casou-se com Rosa e tiveram uma filha, Lara.

2) Armínio Astolpho, casou-se com Laurinda Dontal, residiam em Casa Branca e tiveram 5 filhos:
– Dirce Astolpho Zuchetti (falecida), que casou-se com Antonio Zuchetti Filho e tiveram dois filhos: Silvia Mara, casada com José Antonio de Souza e têm um filho, Matheus (8 anos em 2006); Hermínio José, casado com Nely, tiveram duas filhas: Carolyne (11 anos em 2006) e Julyane (9 anos em 2006);
– Antonio Astolpho Sobrinho (Nico, com 75 anos em 2006), casado com Ermelinda Puelker, não tiveram filhos;
– Walter Astolpho (Lilo, falecido), casado com Graciema Barbosa, tiveram um filho: Francisco Carlos, casado com Luciana, tiveram duas filhas: Carolina e Mariana.
– Maria Camila Astolpho (Nina), que casou-se com José Antonio Cruz, teve duas filhas: Maria Laura, que casou-se com João Contart Neto e tem uma filha: Camila (nome da bisavó materna) e Maristela.
– Maria Lúcia Astolpho, reside em Casa Branca.

3) Antonio (Toni), casou-se com Maria Passarelli, residiam em Itobi e tiveram dois filhos:
– Antonio Astolpho Filho (Nino, já falecido), que casou-se com Terezinha Silveira;
– Ulysses (Nenê), que casou-se com Lucila Martarelo, de São João da Boa Vista e lá residem.

4) José (Juca), comerciante, casou-se com Ana e tiveram três filhos:
– José Milton
– Carlinhos
– Albino Astolfi Neto.
Residiam em Casa Branca e depois mudaram-se para São Paulo.

José Milton Astolfi formou-se em Medicina pela Universidade de Curitiba e casou-se com Vera Lúcia de Souza Astolfi. Tiveram os filhos:
Adriana Astolfi Del Sant casada com José Roberto Del Sant, com 2 filhas: Bárbara e Thaís; Beatriz Astolfi Barbosa de Freitas casada com Marco Antônio Barbosa de Freitas, com 2 filhas: Luiza Maria e Mariana;
Ricardo de Souza Astolfi, desquitado, com 1 filho: Gabriel Ricardo.
Renato de Souza Astolfi casado com Carolina Mesquita Astolfi com 1 filho: Rafael (por enquanto, pois está com dois meses da segunda gestação).

5) Sante, comerciante, casou-se com Luíza e tiveram cinco filhos:
– José Oscar
– Maria Dulce
– Maria Cecília
– Maria Luíza
– Maria José
Residiam em Casa Branca.

6) Maria, pensionista e dona de casa, casou-se com Célio Zanetti, residiam em Casa Branca e tiveram quatro filhos:
-Célio Fernando (falecido em 08 de novembro de 2020), que casou-se com Cezulei Maria Ramos Zanetti e tiveram um filho, Fernando Henrique R. Zanetti, que casou-se com Débora e têm dois filhos: Victória e Pedro Henrique;
– Maria Célia, que casou-se com Hélio Monteiro e tiveram três filhas: Juliana, Cristiane e Daniela;
– Maria Zélia, que casou-se com Joaquim Leonardo Godoi e tiveram quatro filhos: Alex e Alexandre e Renato e Marcelo;
– Lúcia Madalena, que casou-se com Etelvino Fialho de Araújo e tiveram uma filha, Michelle Zanetti de Araújo, que tem um filho nascido em 08 de julho de 2022 chamado Mathias Giannetti.

Célio e Maria (Lia) e os filhos Célio Fernando, Maria Célia e Maria Zélia

Célio e Maria (Lia) e os filhos Célio Fernando, Maria Célia e Maria Zélia

Lúcia (eu)

Lúcia (eu)

7) Manuela, cabeleireira, casou-se com Roberto Carlos Machado; residiam em Casa Branca e tiveram duas filhas:
– Sandra, que casou-se com Melinho e tiveram 03 filhos: Rodrigo, Matheus e Diogo
– Sônia, que casou e tive dois filhos: Tadeu Henrique (22 anos em 2006) e Ana Carolina (20 anos em 2006)

8) Alfredo, funcionário da marinha, casou-se com Maria Lúcia (de Belém do Pará) e tiveram o filho Paulo Astolfi. Residiam em São Vicente.

9) Elisa, dona-de-casa, casou-se com Eliseu Vannucci, artista plástico, falecido em 2006; Tua Zinha ainda reside em Casa Branca e tiveram as filhas: Ana Elisa, Maria Conceição e Carmem Silvia.
Elisa morava com sua mãe Magdalena e dela cuidou até o dia de sua morte, aos 86 anos, em fevereiro de 1969.

PESCARIA NA FAMÍLIA, EM ALGUM LUGAR DO PASSADO, LÁ PELOS LADOS DE CASA BRANCA E ITOBí

Da esquerda para a direita estão tio Armíno, meu pai Célio Zanetti, primo Niquinho, tio Juca, primo Lilo, tio Dinho de costas, Zé Oscar, tio Santo, tio Elyseo e primo Osvaldo filho da tia Amélia .

Da esquerda para a direita estão tio Armíno, meu pai Célio Zanetti, primo Niquinho, tio Juca, primo Lilo, tio Dinho de costas, Zé Oscar, tio Santo, tio Elyseo e primo Osvaldo filho da tia Amélia .

Outro filho de Giovanni e Giuseppina, Achille Arturo Astolfi, viveu em Casa Branca e se casou com Natalina Bertaglia; teve os seguintes filhos:

Primo João, Maria Filomena (Quinha), Geraldo, Adelaide e Angelina (gêmeas), João, Fermino, Gilda, Emílio, Wilma e Gessy Aparecida.

Geraldo Astolfi nasceu em Casa Branca e quando mocinho foi para São Paulo, Capital, onde se casou com Maria (falecida em 29-05-2006). Tiveram 5 filhos:

1) Maria José (64 anos em 2006), casou-se com Daniel Tavares Fitarra (faleceu em 1999) e tiveram dois filhos: Marcos, economista, estudando atualmente o último ano de Direito e Emerson (falecido).

2) Achilles Astolfi Neto (58),

3) Cacilda Astolfi (56), que mora nos Estados Unidos desde os 18 anos,

4) Berenice (54)

5) Antonio Tadeu Astolfi (52).

Maria José conta que chegou a conhecer seu avô, Achille Arturo Astolfi, mas ele já estava muito doente e ela só se lembra dele no hospital onde foi visitá-lo algumas vezes junto com seus pais. Ele faleceu logo depois, de câncer. Maria José também se lembra do seu pai falar em “tia Maria” que acredita seja nossa tia-avó. Achille Arturo faleceu ainda novo.

Maria, mulher de Geraldo, iria completar 91 anos em agosto de 2006, mas veio a falecer em 29-05-2006.
Berenice tem uma filha chamada Lilian , fisioterapeuta e tem 28 anos, e o filho Edelver Carnovali Junior, Físico Nuclear, atualmente faz doutorado na USP; tem 25 anos . Lilian tem uma filha chamada Isabella.

GENEALOGIA DA FAMÍLIA ZANETTI

Familia Zanetti

Nossa família na árvore

Da longínqua e bela Itália, precisamente da cidade de Portogruaro e Cinto Caomaggiore, Províncias de Veneza, (minha avó Anna Florian era de lá e meu avô Felice Zanet , de Cinto Caomaggiore), numa época em que jornais e rádios anunciavam a guerra, o clima era de paúra, medo, incertezas; italianos buscavam uma saída para uma melhor estabilização de suas famílias e essa preocupação tomou conta da família de FELICE ZANETTI e ANNA FLORIAN, que a essa altura já tinham três bambini, as meninas Silvia, mais velha, nascida em 18-03-1910 e já com seus 3 para 4 anos, Leonor, a do meio, com 02 anos e Assumpta, mais nova, com 01 ano de idade.

Certidão de Casamento de Felice Zanet e Anna Florian

Certidão de Casamento de Felice Zanet e Anna Florian

Felice teria dito a sua Anna: “ cara mia, vamos para o Brasil, lá já habita tanta gente nostra e a terra é próspera. ..”

Anna Florian e Felice Zanet

Anna Florian e Felice Zanet

Decidiram então vir para o Brasil e Felice com esposa e filhos, juntamente com seu irmão Alessandro Zanet e esposa Luísa, juntaram em baús as roupas necessárias e seus poucos pertences.

Pietro Zanet e Domenica Antonialli, meus bisavós paternos, pais de Felice Zanet.

Pietro Zanet e Domenica Antonialli, meus bisavós paternos, pais de Felice Zanet.

Assim partiu a família, fugindo da guerra através da Áustria, pelo Navio Júlio César , que a princípio levaria a família para o Rio Grande do Sul, mas pelas mãos do destino, non sapiamo perque, Itobi os recebeu primeiro e depois a cidade de Casa Branca, ambas no estado de São Paulo.

Alexandre Zanetti (Alessandro Zanet)

Alexandre Zanetti
(Alessandro Zanet)

Felice e Alessandro tinham um irmão mais novo chamado Pietro Zanet, que provavelmente não veio com eles por que era muito jovem.
Pietro foi convocado para a primeira guerra mundial em em 1915 foi apanhado, tendo ficado na prisão por 3 anos, onde morreu em 1918.
O único registro que temos deste tio do meu pai, Pietro Zanet, é este documento enviado por Flávio Bellantuono, nosso parente de Roma que faz a árvore genealógica da família…

Pietro Zanet irmão nonno morreu na Guerra

Felice e sua família, ao chegarem tiveram como moradia a Chácara de um patrício chamado Vicenzo Maschietto. Com o passar do tempo a família aumentou e vieram Chielo (Célio), Mariano, Pedro, Nair e José (chamado por todos de Felicinho). Felicinho tinha um mês de vida quando Felice, aos 36 anos, veio a falecer devido à gripe espanhola em 01/09/1921…
Óbito de Felice

Depois do falecimento de Felice, aos 36 anos de idade, a família de Alexandre foi estabelecer-se em um sítio na cidade de Catanduva/SP, praticamente “fugiram” pra lá, sem comunicar Anna, que ficou sozinha para criar seus 08 filhos…
Porém Anna não esmoreceu! Italiana valorosa, iniciou o plantio e a venda de flores para que seus oito bambini tivessem uma vida digna.
Anna teve a felicidade de retornar à sua Itália em 1950, quando pôde rever sua família. Fez a viagem de navio.
Faleceu em 19/05/1970 aos 84 anos de idade.

Vó Nuta (Anna Florean) e meu pai Célio Zanetti em 23/101965.

Vó Nuta (Anna Florean) e meu pai Célio Zanetti em 23/101965.

Óbito da Vó Nuta

Silvia se tornou uma grande modista na região e nunca se casou; faleceu em 22-09-2002;
Leonor teve uma filha, Neusa e faleceu em 1989;
Assumpta nacionalizou-se brasileira e teve um emprego público; também nunca se casou; faleceu em 1989;
Célio se tornou comerciante, casou-se com Maria Astolfi e tiveram os filhos: Célio Fernando, Maria Célia, Maria Zélia e Lúcia Madalena; Célio faleceu em 06-11-1989; Mariano era dentista prático e sitiante, se casou com Ofélia e tiveram os filhos: Silvia, Maria José, Dora; viúvo, casou-se novamente com Esther e tiveram os filhos: Felício, Leila e Márcia; Pedro era sapateiro e se casou com Ida e tiveram os filhos: Pedrinho, Vera Lúcia, Marina, Regina, Marcos, Malí e José Luis; já é falecido;
Nair era comerciante e estava aposentada quando faleceu em 22/09/2010; se casou com José e tiveram os filhos: Maria José, Silvia, Geraldo e Luis Gonzaga;
Felicinho (José) era funcionário público, se casou com Anilde e tiveram os filhos: Ana Maria, Margareth, Márcia e José Felício; faleceu em 23-02-2005.

Esta é a família de Célio Zanetti, que era Chiello e mudou seu nome na certidão de nascimento para Célio. Nasceu em Casa Branca aos 22 de fevereiro de 1917, tendo sido registrado pelo próprio pai, Felice Zanetti. São seus avós paternos: Pietro Zanetti e Domenica. Avós maternos: Marcos Florian e Brigo Joanna. Casou-se em 23 de outubro de 1940 com Maria Astolfi e dessa união nasceram: – Célio Fernando, em 27 de julho de 1941, que casou-se com Cezulei e tiveram um filho, Fernando Henrique Ramos Zanetti, nascido em 12 de setembro de 1969; – Maria Célia, em 20 de setembro de 1943, que casou-se com Hélio Monteiro e tiveram três filhas: Juliana Zanetti Monteiro, nascida em 21 de novembro de 1969; Cristiane Zanetti Monteiro, nascida em 17 de janeiro de 1972; Daniela Zanetti Monteiro, nascida em 31 de janeiro de 1974; – Maria Zélia, em 21 de junho de 1946, que casou-se com Joaquim Leonardo Godoi e tiveram quatro filhos: Alex e Alexandre Zanetti Godoi, nascidos em 06 de junho de 1969; Renato e Marcelo Zanetti Godoi, nascidos em 16 de janeiro de 1973; – Lúcia Madalena (eu mesma!), em 26 de setembro de 1953, que casou-se com Etelvino Fialho de Araújo e teve uma filha: Michelle Zanetti de Araújo, nascida em 08 de maio de 1985.

Memoria do Imigrante

NASCIMENTO DE SILVIA, ELEONORA E ASSUNTA / NASCITA

ASSUNTA ZANET
L’anno 1912, addì 31 di agosto alle ore pomeridiane 3 e minuti 15 nella casa comunale.
Avanti a me Bornancini Nicola assessore anziano in assenza del sindaco uffiziale dello stato civile del comune di Cinto Caomaggiore è comparso Zanet Felice di anni 26, contadino, domiciliato in Cinto Caomaggiore il quale mi ha dichiarato che alle ore pomeridiane 4 e minuti —-, del dì 27 del corrente mese nella casa posta in Cinto Caomaggiore al numero 160, da Florean Anna sua moglie, contadina, secolui convivente, è nato un bambino di sesso femminino che mi presenta e a cui da il nome di Assunta.
A quanto sopra e a quest’atto sono testimoni Marenin Giovanni di anni 28, falegname e Zanet Pietro, di anni 30, contadino, entrambi residenti in questo comune. Letto il seguente atto agli intervenuti si sono essi meco sottoscritto:
[firme]

ELEONORA ZANET
L’anno 1911, addì 21 di maggio alle ore antimeridiane 9 e minuti 30 nella casa comunale.
Avanti a me Bornancini Nicola assessore anziano in assenza del sindaco uffiziale dello stato civile del comune di Cinto Caomaggiore è comparso Zanet Felice di anni 25, contadino, domiciliato in Cinto Caomaggiore il quale mi ha dichiarato che alle ore antimeridiane 6 e minuti —-, del dì 17 del corrente mese nella casa posta in Cinto Caomaggiore al numero 143, da Florean Anna sua moglie, contadina, secolui convivente, è nato un bambino di sesso femminino che mi presenta e a cui da il nome di Eleonora.
A quanto sopra e a quest’atto sono testimoni Trevisan Emilio di anni 23, contadino e Battiston Antonio, di anni 40, impiegato, entrambi residenti in questo comune. Letto il seguente atto agli intervenuti si sono essi meco sottoscritto:
[firme]

SILVIA ZANET
L’anno 1910, addì 20 di marzo alle ore antimeridiane 11 e minuti 30 nella casa comunale.
Avanti a me Bornancini Nicola assessore anziano in assenza del sindaco uffiziale dello stato civile del comune di Cinto Caomaggiore è comparso Zanet Felice di anni 24, contadino, domiciliato in Cinto Caomaggiore il quale mi ha dichiarato che alle ore pomeridiane 3 e minuti —-, del dì 17 del corrente mese nella casa posta in Cinto Caomaggiore al numero 74, da Florean Anna sua moglie, contadina, secolui convivente, è nato un bambino di sesso femminino che non mi presenta e a cui da il nome di Silvia.
A quanto sopra e a quest’atto sono testimoni Zanet Giovanni di anni 55, contadino e Battiston Antonio, di anni 38, impiegato, entrambi residenti in questo comune.
Il dichiarante è stato da me dispensato di presentarmi il bambino suddetto a cagione della giornata piovosa, dopo essermi altrimenti accertato della verità della nascita. Letto il seguente atto agli intervenuti si sono essi meco sottoscritto:
[firme

Anna Florian com as filhas, Silvia, Eleonora, Assunta e Nair.

Anna Florian com as filhas, Silvia, Eleonora, Assunta e Nair.

Familia Zanetti 2

Notas de falecimento

Faleceu em 06 de novembro de 1989, em Casa Branca, meu pai Célio Zanetti.

Faleceu em 14 de novembro de 1996, em Casa Branca, minha mãe Maria Astolpho Zanetti.

Faleceu em 22 de setembro de 2003, em Casa Branca, minha tia Silvia Zanetti, modista e irmã mais velha do meu pai.

Faleceu na cidade de Cordeirópolis/SP, a remanescente da família de Felice Zanetti e Anna Florian, minha tia Nair Zanetti Vitta, que foi se unir aos irmãos na data de 22 de setembro de 2010, mesma data em que sua irmã mais velha, Silvia Zanetti, em 2003, há 7 anos, também já havia nos deixado.

Faleceu dia 20 de agosto de 2011, o remanescente dos irmãos Zanetti, meu tio Mariano Zanetti, na cidade de Igaraí/SP.

Faleceu em 27 de maio de 2013, em Casa Branca, meu sobrinho Alexandre Zanetti Godoi.

Faleceu em 21 de abril de 2015, tia Manuela Astolfi Machado, na cidade de Casa Branca/SP.

Faleceu em 23 de maio de 2020 a prima Maria Lúcia Astolpho, filha de Laura e Armínio Astolpho.

Faleceu na manhã de domingo do dia 08 de novembro de 2020, em São Paulo, aos 79 anos, meu irmão Célio Fernando Zanetti.

Faleceu dia 15 de abril de 2021 aos 97 anos a remanescente das filhas de Magdalena Veronesi e Felice Astolfi, Luisa Astolfi Vannucci, a tia Zinha.

Faleceu também nesta data de 15 de abril de 2021 a filha de Sante Astolfi, Maria Cecília Astolfi.

Nota de falecimento de Alexandre Zanetti

Nota de falecimento de Alexandre Zanetti

Nota de falecimento de Luiza Furlani Zanetti, esposa de Alexandre Zanetti

Nota de falecimento de Luiza Furlani Zanetti, esposa de Alexandre Zanetti

Que Deus lhes dê um bom lugar, meus tios, avós e sobrinho… Assumpta Zanetti, Leonor Zanetti Cayaffa, Célio Zanetti, Pedro Zanetti, Felicinho Zanetti (José), Silvia, Nair, Mariano, e seus pais Anna Florian e Felice Zanetti e Amélia Astolfi, Armínio Astolfi, Antonio (Tony) Astolfi, José (Juca) Astolfi, Sante Astolfi, Maria Astolfi, Alfredo e Manuela Astolfi, e seus pais Magdalena Veronezi Astolfi e Albino Astolfi.

Descansem em paz!

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Os Beatles Ringo Starr e Paul McCartney juntos no palco do Rock And Roll Hall Of Fame Anual.

Ringo Starr teve uma pequena ajuda de seus amigos para ser introduzido ao Rock and Roll Hall da Fama em uma cerimônia realizada em Cleveland, Ohio, em 18 de abril de 2015.

O baterista dos Beatles recebeu o reconhecimento durante a cerimônia como sendo “um dos maiores e mais criativos bateristas” na história deste gênero de música.

Starr foi apresentado por Sir Paul McCartney e, humildemente disse à multidão, na qual estava também Yoko Ono, “Meu nome é Ringo e eu toco bateria”.

Sir Paul McCartney entregamdo o troféu para Ringo Starr durante a cerimônia (AP)

Sir Paul McCartney entregamdo o troféu para Ringo Starr durante a cerimônia (AP)

Ringo, de 74 anos, é o ultimo dos Fab Four a ser indicado para o Hall da Fama pelo seu trabalho solo.

Ele foi acompanhado no palco pelo guitarrista dos Eagles, Joe Walsh, na execução do sucesso de 1971, “It Don’t Come Easy”, antes de realizar o clássico dos Beatles “With a Little Help from My Friends” com Sir Paul.

O baterista, que acaba de lançar um novo álbum chamado Postcards From Paradise, foi o primeiro membro da banda a estabelecer de fato uma carreira solo depois da separação dos Beatles em abril de 1970, lançando dois álbuns antes do final do ano.

“It Don’t Come Easy” alcançou o “top five”, antes de obter o número dois um ano mais tarde com “Back Off Boogaloo”.

Starr, cujo nome verdadeiro é Richard Starkey, continuou a tocar nos álbuns solo de seus companheiros dos Beatles bem como foi creditado em gravações incluindo o álbum de George Harrison, All Things Must Pass, e no de John Lennon, Plastic Ono Band.

Outros homenageados no evento realizado em Cleveland, Ohio, incluiu o cantor de soul music Bill Withers, Lou Reed e a Banda de Blues de Paul Butterfield.

Fonte: Mail On Line

Uma mensagem de aniversário para Roberto Carlos, por Jerry Adriani!

Segue uma mensagem publicada hoje por Jerry Adriani em sua página no Facebook, a qual torna-se o apelo de todos nós, fãs da Jovem Guarda, que neste ano de 2015 faz 50 anos!

Jerry Adriani e Roberto Carlos

“Hoje a minha mensagem vai para um colega muito querido que está aniversariando. Roberto Carlos…

Roberto, já lá vão muitos anos desde o dia que pela primeira vez eu o vi em um programa do Julio Rosemberg. Eu não tinha nem o nome de Adriani ainda. Éramos aqueles meninos com a cabeça cheia de sonhos. Vc. Já fazia sucesso e estava acompanhado por um divulgador da CBS, traziam um recado prá mim da Edy Silva que o meu teste na gravadora já estava marcado, o que acabou acontecendo pouco tempo depois e deu no que deu. Depois, minha ida para o Rio e a primeira vez que nos encontramos aqui na cidade |maravilhosa, foi num show de circo do nosso querido “José Messias’…Você, ao lado do Othon Russo e Seu Evandro (Ribeiro) tornou-se numa espécie de protetor do garoto que começava, agora Jerry Adriani. Lembro-me da sua preocupação prá que eu não ficasse sozinho e abandonado na cidade grande. Quantas vezes fui à sua casa e cantava para D. Laura…Por vezes,íamos juntos para SP Você comeu a macarronada da tia Angelina, como a chamava……Enfim, foram muitos os bons momentos de amizade…Basicamente embora vc. estivesse já num estágio superior, nós começávamos nossa trajetória. Claro, que ninguém sabia o que nos iria acontecer. E veio o fenômeno da JG e vc. foi naturalmente eleito como o líder do movimento tão combatido, porque não tinha uma proposta política. Mas, que em outras áreas atuava com muita força e tomou conta do país, despertando tanta ira por parte dos radicais de plantão.Eles diziam que nós os cabeludos da chamada então turma do iê iê iê, não duraríamos mais que meses. Seria muita coisa prá se colocar em uma mensagem…O destino,( claro que vc. lutou muito por isso), catapultou você a um patamar muito mais elevado que seus colegas da época. Vc. foi eleito o Rei e assim permanece até hoje. Sabemos que vc. não pode carregar sobre os ombros as cruzes de todos. Eu, particularmente sei da grande quantidade de pessoas que vc. ajuda. Todos, numa hora difícil, tentam recorrer ao Rei. Sei que você ajuda muita gente…Sabemos das suas atitudes cristãs. Agora, Roberto, eu, o Agrião como você chama carinhosamente (apelido que o Roberto me deu) que infelizmente por motivos alheios já não temos a mesma aproximação,
como tínhamos naquela época…. eu, que tenho acompanhado todos os seus merecidos êxitos e os seus dramas pessoais, lhe digo, nem mesmo a distancia faz com que eu deixe de admirá-lo… Apenas, gostaríamos de te ver mais de rirmos um pouco juntos, ir ao cinema, eh eh, aí seria demais…Lembra de Help!? Assistimos juntos eu você e Wanderléa. Entrávamos com o filme começado e saímos antes de terminar…ehehe Só assim!!!..E, contar piadas como fazíamos. Vc. é uma companhia maravilhosa!!…Disso tenho saudade meu amigo!!!….Só vou lhe pedir uma coisa, mesmo sabendo que você não vai ler esta humilde mensagem, mas talvez algum anjo sopre aos seus ouvidos… Não se esqueça de no seu especial de final de ano, homenagear a Jovem Guarda que foi o movimento de música que tomou conta do Brasil na época e se manteve para as gerações, do qual vc. é indubitavelmente, o Grande líder. Acho que não vai haver outra oportunidade, por razões óbvias. Vários amigos já se foram e não sabemos do futuro..E, Roberto, que não fique só naquele medley de sucessos. Chame alguns dos seus colegas, vc. sabe quais, que ajudariam a manter essa chama viva, e daria uma enorme alegria aos milhões de fãs. Com certeza!!!…Dê esse presente a esse público que te consagrou definitivamente…. Foi esse movimento Roberto, que fez com que você se colocasse em primeiro lugar no ranking, e ao qual você se agarrou e soube administrar e levar cada vez mais para o alto, com seu talento e sabedoria…Que Jesus em quem vc. tanto crê e a Virgem Maria o iluminem querido amigo, Feliz Aniversário…”

Seu amigo JERRY ADRIANI

Jerry Adriani é a favor da manutenção da Rádio Mec contra quem queira acabar com os últimos redutos da nossa já combalida cultura, para que nossa memória não seja definitivamente apagada...

Jerry Adriani é a favor da manutenção da Rádio Mec contra quem queira acabar com os últimos redutos da nossa já combatida cultura, para que nossa memória não seja definitivamente apagada…

Parabéns, Felicidade para Roberto Carlos (74), eterno ídolo da Jovem Guarda!

Hoje faz 74 anos o cantor de voz triste de “Nossa Canção” (1966), do renegado sem rumo de “As Curvas da Estrada de Santos” (1969), do homem sem esperanças em “De Tanto Amor” (1971)…

Hoje é aniversário do Roberto… sim, já temos esta intimidade de chamar Roberto Carlos de Roberto, pois convivemos com ele há tanto tempo…

Aquele Roberto da Jovem Guarda que cantava bossa nova e de repente estourou com Splish Splash… aquele Roberto, um intérprete maior que as próprias canções, um intuitivo minimalista que representa um certo espírito romântico brasileiro melhor do que qualquer outro artista jamais sonhou.
Antes de abraçar mensagens religiosas e fazer músicas para romances sem interesse, como hoje, Roberto foi compositor e intérprete de canções desesperadamente solitárias. Seus personagens estavam sempre fugindo de um passado em pedaços, ou tentando reconstruí-lo, em busca de redenção. Como em “Sua Estupidez”, de 1969: “Meu bem, meu bem/ Você tem de acreditar em mim/ Ninguém pode destruir assim/ Um grande amor.”
Ele cantou também o amor distante, em diversos graus de saudade. Com Erasmo, compôs “Palavras” (1973): “. Não, não vá me dizer palavras que venham/ Me fazer chorar depois/ Eu sei que vou viver / Por muito tempo ainda/ Das lembranças de nós dois”.
Mesmo em canções de outros compositores, Roberto se apropria dos versos, e empresta sentimento até aos trechos mais simples. Em “Como Vai Você” (Antônio Marcos-Mário Marcos), de 1972, a letra diz: “Como vai você/ Eu preciso saber da sua vida/ Peça a alguém para me contar sobre o seu dia/ Anoiteceu e eu preciso só saber/ Como vai você”. Nesse instante, Roberto é o último dos rejeitados, e só encontra conforto ao desabafar seu infortúnio para nós, ouvintes, que entendemos e fazemos de suas canções a trilha sonora de nossas vidas!

(Texto do Jornalista Álvaro Pereira Júnior, Colunista da Folha, com algumas adaptações)

E, com exclusividade para o grupo Eterna Jovem Guarda e a página Jovem Guarda, a Brasa Continua Acesa, uma mensagem de Roberto Carlos diretamente do estádio do Palmeiras onde ele fez um show de aniversário ontem, numa gentileza do entrevistador, nosso querido comunicador Antonio Aguillar.

Parabéns, meu eterno ídolo, eterno “Rei da Juventude do Brasil”, que você tenha vida longa e continue a nos brindar com suas canções.

Feliz Aniversário!

Roberto Carlos aniversaria

Fluxus

FLUXUS – Resgatando um tópico criado na comunidade We Love the Beatles Forever no antigo Orkut, por Ashley Silva Costa em 19/11/2007.

Fluxus

Fluxus

Aproveitando a passagem de Yoko Ono aqui no Brasil*, é bastante oportuno a discussão sobre as suas matrizes artísticas, entre as quais está inserida o Fluxus!
É certo que as vanguardas russas anunciaram, já no começo do século XX, a mistura e a equivalência entre meios e práticas artísticas e sociais. Nas décadas de 1960 e 1970, tais princípios são revitalizados nas poéticas FLUXUS(1962-1978), esse grupo de artistas de várias nacionalidades que colaboravam entre si na Europa, EUA e Japão. Estruturado ao redor da figura de George Maciunas, artista lituano radicado nos Estados Unidos, o Fluxus contou com a participação de
Nam June Paik, Joseph Beuys, George Brecht, Ben Vautier e Wolf Vostell, entre outros. Desenvolveu uma atuação social e política radical, que contestava a arte como instituição por meio de performances, filmes e publicações(contando com editora própria, a Editora Fluxus).

O Termo “Fluxus”

O termo “Fluxus” foi originalmente criado por Maciunas para ser o título de uma revista que teria como objetivo publicar textos de artistas de vanguarda. A lógica da publicação e disseminação de conteúdos para além da “cultura séria” esclarece muito de seu espírito. Todavia, Fluxus passou a designar e caracterizar uma série de performances organizadas por Maciunas e outros artistas na Europa. Essas apresentações, não raro multimídia, foram prolongadas, tornando-se festivais – Festum Fluxorum – que percorreram varias cidades como Copenhague, Paris, Dusseldorf, Amsterdam e Nice. As performances e happenings realizados pelo grupo, bem como suas publicações, filmes e vídeos, tiveram um profundo impacto nas artes daquelas épocas em razão de sua postura radical e subversiva, ainda que raramente política.

As ações Fluxus

O efêmero das ações Fluxus misturava arte e cotidiano, buscava destruir convenções e valorizar a criação coletiva de artistas, músicos e escritores. O Fluxus marcou um momento de experimentação comum entre artistas da Europa e da América do Norte, assim como influenciou mais de uma geração de artistas em diversos países, inclusive no Brasil. Para críticos como Kristine Stiles, uma das contribuições centrais do Fluxus foi a articulação entre a esfera da poiesis(o fazer e a produção das coisas) e a práxis(a ação na esfera social), que vêm sendo integradas, respectivamente, como linguagem e como prática institucional. O espírito das ações Fluxus reside na demonstração de como o corpo é o agente construtor de significados de conhecimentos sensíveis. Essa seria a fonte para a manipulação de objetos, sistemas sociais e instituições, assim como a invenção, reinvenção e indagação da linguagem(uma espécie de “choque cognitivo” da linguagem).

John Cage e Marcel Duchamp

A influência de John Cage, artista, músico e compositor que disseminou a influência de Marcel Duchamp na América do Norte por meio de seus escritos, aulas, seminários e performances, foi fundamental no pensamento de muitos artistas que, mais tarde, vieram a participar do Fluxus. John Cage já combinava filosofia oriental com fenomenologia ocidental nos anos 50 em aulas no Black Mountain College, de cujos seminários participaram o coreógrafo Merce Cunningham e os artistas Robert Rauschenberg, Nam June Paik e Dick Higgins, entre outros. Usando o milenar livro chinês do I Ching, John Cage introduz procedimentos do acaso na arte, como uma técnica para distanciá-la do egocentrismo característico da produção estética desde o Renascimento. Cage pensou a consciência como um processo no qual a arte estaria necessariamente envolvida com o acaso, a indeterminação e aspectos casuísticos da natureza e da cultura.
O estilo breve e criptográfico de Duchamp em seus escritos foi um elemento de inspiração para os projetos de eventos, transcritos como partituras, assim como para ações ainda mais sintéticas que anos depois George Maciunas, foram realizadas pelo grupo Fluxus. Ações banais como apagar e acender luzes, aumentar e abaixar o volume do rádio, em suas caóticas e complexas orquestrações, são herdeiras do espírito dadá. Como ações transitórias indicadas em “partituras de eventos”, esses projetos são peculiares ao repertório de George Brecht e identificam essas primeiras ações Fluxus.

George Maciunas e Yoko Ono

George Maciunas, para quem a influência de Duchamp também é decisiva, notou então que os membros do Fluxus deveriam buscar suas atividades artísticas no cerne das experiências cotidianas: comer, dormir, andar etc. Muitas ações Fluxus partem de “instruções”, o que Brecht chamou de “readymade temporário”. São exemplares as “Instructions for paintings” de Yoko Ono, realizadas ao longo da década de 1960, como a Peça de voz para soprano, onde ela enumera as ações/vozes/gritos a serem realizados por outros.

Esses textos são um tipo de documentação na Arte Conceitual e podem ser lidos de diversas maneiras: como partituras musicais, artes visuais, textos poéticos, instruções para performances ou proposições para algum tipo de ação. Ocupam na maior parte das vezes, este lugar intermediário entre a ideia e a sua realização.

* Yoko esteve no Brasil em novembro de 2007

Fonte: adaptações feitas pelo Ashley do texto de FREIRE, Cristina. Arte Conceitual

Por Ashley Silva Costa – 19/11/2007

Fluxus no Brasil- Paulo Bruscky

A coleção de Bruscky iniciou a partir da inserção do artista no Fluxus e foi sendo construída através de trocas de correspondências, contatos pessoais com os participantes e aquisições durante as várias viagens que realizava.
Hoje conta com obras de 47 artistas que participaram do grupo durante as décadas de 60 e 70, além de uma grande relação de catálogos, arquivos e eventos do grupo, realizados durante esse período. Dentre as obras que compõem o acervo, há trabalhos de Joseph Beyus, John Lennon, Yoko Ono, Nam June Paik (considerado o pai da vídeoarte), George Maciunas (criador do termo Fluxus), John Cage (figura seminal do movimento), Bruno Munari, só para citar alguns. Nos arquivos que serão expostos ao público, figuram raridades como o primeiro manifesto do Fluxus, publicado em 1966, a coleção da editora de Dick Higgins, além de produções mais recentes de quase todos os integrantes do grupo. O acervo demonstra, ainda, a amplitude da internacionalização do projeto (que teve participantes do Japão, Brasil, Estados Unidos, Europa, entre outros). Os arquivos que compõem a coleção abrangem desde o Gutai – grupo vanguardista japonês de Osaka, que em 1954 já se antecipava ao Fluxus, como pioneiro da Land Art, Performance, Instalação, Conceptual Art – até conceituados artistas que contribuíram para fundamentar o que hoje se entende por Arte Contemporânea.
O objetivo da mostra Fluxus – Acervo Paulo Bruscky é divulgar o heterogêneo grupo de artistas Fluxus em toda a sua subversiva, política e ambiciosa expressão artística.

Por Jenny Wren (texto retirado do site: vetorcultural.com )

Uma Definição para Fluxus

“Fluxus não foi um momento na história ou um movimento artístico. É um modo de fazer coisas (…), uma forma de viver e morrer”. Com essas palavras D. Higgins define o movimento, enfatizando o seu principal traço. Menos que um estilo, um conjunto de procedimentos, um grupo específico ou uma coleção de objetos, Fluxus traduz uma atitude diante do mundo, do fazer artístico e da cultura que se manifesta nas mais diversas formas de arte: música, dança, teatro, artes visuais, poesia, vídeo, fotografia etc. Seu nascimento oficial está ligado ao Festival Internacional de Música Nova, em Wiesbaden, Alemanha, 1962 e a George Maciunas (1931-1978), artista lituano radicado nos Estados Unidos, que batiza o movimento com uma palavra de origem latina, que significa fluxo, movimento, escoamento. O termo, originalmente criado para dar título a uma publicação de arte de vanguarda, passa a caracterizar uma série de performances organizadas por Maciunas na Europa, entre 1961 e 1963. São elas que estão na raiz de festivais – os Festum Fluxorum – realizados em Copenhague, Paris, Düsseldorf, Amsterdã e Nice. De feitio internacional, interdisciplinar e plural do ponto de vista das artes, Fluxus mobiliza artistas na França – Ben Vautier (1935) e R. Filiou; Estados Unidos – D. Higgins, Robert Watts (1923-1988), George Brecht (1926), Yoko Ono (1933); Japão – Shigeko Kubota (1937), Takato Saito; países nórdicos – E. Andersen, Per Kirkeby (1938) – e Alemanha – Wolf Vostell (1932-1998), Joseph Beuys (1912-1986), N. June Paik.

Yoko Ono e seu ex marido Tony Cox em uma performance artística inspirada no Fluxus.

Yoko Ono e seu ex marido Tony Cox em uma performance artística inspirada no Fluxus.

Há 45 anos, McCartney anunciava o fim da banda The Beatles!

Daily Mirror - Sexta-feira, 10 de abril de 1970

Daily Mirror – Sexta-feira, 10 de abril de 1970

 Folha de São Paulo de 10 de Abril de 1980. Uma página inteira é dedicada aos Fab Four. A manchete diz que foi John que split The Beatles! (foto do acervo de José Antonio Bueno da Silva, grupo We Love the Beatles Forever no Facebook))


Folha de São Paulo de 10 de Abril de 1980, 10 anos depois do anúncio do fim da banda, uma página inteira é dedicada aos Fab Four. A manchete diz que foi John quem encerrou (split) The Beatles!
(foto do acervo de José Antonio Bueno da Silva, grupo We Love the Beatles Forever no Facebook))

Notícia de 10 de abril de 1970

Em 10 de abril de 1970, Paul McCartney anunciou o fim oficial desta que é considerada a maior banda de todos os tempos: The Beatles! O dia 10 de abril pode ser considerado uma péssima data para muitos que têm pelos Beatles o carinho de fã, pois é a data em que há exatos 45 anos, Paul McCartney anunciava ao mundo o fim da banda fundada por John Lennon. A partir daí, cada integrante poderia trilhar outros caminhos, direcionando força e talento a seus projetos solo. Paul McCartney, John Lennon, Ringo Starr e George Harrison, por seu trabalho em conjunto, foram responsáveis por canções de grandiosidade inquestionável, agregando fãs de todos os cantos do mundo e mesmo com a passagem de 45 anos daquele fatídico dia, sua música ainda é reverenciada, provando que quando a música é boa, não tem prazo de validade, é eterna! The Beatles - 45 anos do anúncio

Por que o Sonho Acabou

Os bastidores da saga dos Beatles – e as forças que esfacelaram a maior banda de todos os tempos. (Reportagem de Mikal Gilmore, Revista Rolling Stone – Edição 36, Set/2009) Era um dia frio, em janeiro de 1969, e os Beatles estavam sentados em um grande (e ainda mais gelado) estúdio no Twickenham Film Studios, em Londres, acompanhados das piores pessoas com quem poderiam estar: os próprios Beatles. A banda havia passado dias tentando escrever e ensaiar novo material para um show ao vivo já pré-agendado – o primeiro desde agosto de 1966 – mas as coisas não iam bem. O único entre eles a demonstrar algum tipo de senso de urgência era Paul McCartney. “Não sei por que qualquer um de vocês se envolveu nisso se não há interesse”, disse aos outros Beatles. “Para quê? Não pode ser que seja pelo dinheiro. Por que vocês estão aqui? Eu estou porque quero fazer um show, mas não vejo nenhum tipo de apoio.” Paul olhou para seus companheiros de banda, seus amigos de longa data – John Lennon, George Harrison e Ringo Starr – e os olhares que recebeu de volta não tinham expressão alguma. “Há duas opções: fazemos ou não fazemos; e eu quero uma decisão”, disse ele instantes depois. “Porque não estou nem um pouco interessado em perder a porra do meu tempo aqui, de bobeira, enquanto todo mundo tenta resolver o que quer fazer.” Paul esperou, mas não teve resposta. De novo, os mesmos olhares vazios. E esse estava longe de ser o pior momento pelo qual o grupo viria a passar naquele período. Em seus últimos momentos de vida, os Beatles protagonizaram uma das mais misteriosas e complicadas histórias de fim de romance do século 20. E também a mais triste delas. Os Beatles não fizeram apenas música – eles influenciaram sua época com o mesmo peso de qualquer força política e com resultados mais benéficos que a maior parte delas. Por que, então, os Beatles se separaram? Muitos culpam as maquinações de Yoko Ono, lendária paixão de John Lennon, e a maléfica malícia de Allen Klein, então empresário da banda, queridinho de Lennon e desafeto de McCartney. Mas não era tão simples. “Não acho que alguém seria capaz de abalar quatro pessoas fortes como eles”, declarou Yoko mais tarde, “mesmo que tentasse. Acredito que outra coisa aconteceu. Tenho certeza de que não foi nenhuma força externa”. De fato, as verdadeiras causas estavam mais próximas. Os quatro estavam juntos havia tempo, fazendo parte de uma história tão cheia de mágoas quanto de grandeza. Aquelas sessões de gravação – para o que viria a ser o filme e o disco Let It Be – começaram inspiradas, mas havia muita coisa errada acontecendo quando McCartney finalmente fez seu apelo. Desde o ano anterior, o sentido de parceria da banda vinha se desgastando. A longa amizade de John e Paul, em particular, passava por mudanças radicais. Lennon, fundador da banda, tinha, de certa forma, aberto mão da liderança do grupo; mais que isso, começava a sentir que não queria mais ficar confinado nos limites dos Beatles. McCartney, por sua vez, amava o grupo profundamente – era sua razão de viver. Esses dois homens haviam sido a força motriz da banda – era deles a melhor parceria da história da música pop – mas, no fundo, a aventura dos Beatles era forjada pelo temperamento e pelas necessidades de Lennon: ele tinha formado a banda para diminuir a ansiedade e a dor depois que sua mãe, Julia, cedeu sua custódia para a irmã dela, ao mesmo tempo que o pai também se afastava de sua vida. O John de 16 anos encontrou o Paul de 15 no verão de 1957, enquanto tocava com sua banda, The Quarrymen, em uma igreja próxima a Liverpool, e se impressionou com a facilidade de Paul ao tocar as músicas de Eddie Cochran e Gene Vincent. Tão importante quanto a afinidade musical, os dois também tinham em comum a dor da perda: a mãe de McCartney, Mary, morreu de câncer em outubro de 1956, enquanto a de Lennon sucumbiu após ser atropelada em julho de 1958. Trabalhando juntos, John e Paul encontraram um novo sentido para suas vidas. Por um bom tempo, os dois compuseram juntos, e, mesmo depois de começarem a escrever separadamente, um ainda contava com o outro para ajudar a aprimorar e concluir suas canções. Apesar disso, os dois tinham abordagens bem diferentes ao fazer música. McCartney era organizado, meticuloso e valorizava a habilidade; Lennon tinha poucas regras, era menos propenso a passar muito tempo em cima de uma única canção e, apesar da aparente autoconfiança, era menos seguro a respeito do próprio trabalho. O contraste tornou-se mais nítido com os anos. Paul passou a compor mais narrativas sobre o homem comum e canções de celebração; John compunha a partir de um ponto de vista que ele achava mais autêntico, pessoal e atormentado. “Paul dizia ‘Come and see the show’ (‘Venha ver o show’)”, declarou Lennon. “Eu dizia ‘I read the news today, oh boy’ (‘Li as notícias de hoje, oh cara’).” Como Lennon e McCartney dominavam tanto a composição quanto os vocais dos Beatles, eles, na prática, lideravam a banda – embora Lennon sempre tenha desfrutado de uma posição implícita de autoridade maior. Mesmo assim, os Beatles seguiam a política de um voto por cada integrante, algo que teve papel significativo em 1966, quando após anos de turnês, John, George e Ringo persuadiram Paul a aceitar a ideia de que eles deveriam parar de se apresentar ao vivo. Durante três meses, cada um seguiu um caminho distinto. Quando isso aconteceu, John ficou preocupado: “Pensei: ‘Bem, na verdade esse deve ser o fim. Não há mais turnês. Isso quer dizer que haverá um espaço vazio no futuro’ Foi então que comecei a pensar na possibilidade de uma vida sem os Beatles. E a partir daí foi plantada a semente da ideia de que eu de algum modo devia sair sem ser expulso pelos outros. Mas nunca consegui sair sozinho, porque era assustador demais”. Pouco tempo depois, a banda se reuniu, dessa vez para seu trabalho mais marcante, o disco Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band – mas foi também nessa época que os assuntos internos dos Beatles se tornaram estranhamente complexos, até mesmo obscuros. O conceito do álbum tinha sido ideia de McCartney, mas foi Lennon o responsável pela melhor canção do disco, “A Day in the Life”. Mesmo assim, ele se referiu mais tarde às suas contribuições como reflexos velados do desespero: “Eu estava muito deprimido durante [as gravações de] Pepper, e sei que o Paul não estava. Ele estava se sentindo cheio de confiança. Eu estava na pior”. De certa forma, era assim que Lennon funcionava – suas crises faziam com que ele subisse ou descesse – mas naquele momento estava passando por uma fase de mudanças importantes. John acreditava estar acorrentado a uma vida doméstica entediante e sem amor – aliás, sem amor da parte dele, já que sua esposa, Cynthia, o amava profundamente – e se sentia muito distante de Paul, um homem famoso e livre, vivendo em Londres, participando dos eventos culturais e tendo contato com uma vasta gama de arte de vanguarda. Se Lennon não externou uma vida desse tipo, ele com certeza a viveu por dentro, tomando LSD diariamente, até chegar ao ponto em que alguns passaram a se preocupar com a hipótese de que ele pudesse estar apagando sua própria identidade. George Harrison disse posteriormente: “Assim como a psiquiatria, o ácido pode desfazer muita coisa – dava para ver o quão poderoso era. Mas acho que não percebemos o quanto John estava ferrado”. Em agosto de 1967, a liderança dos Beatles mudou de uma forma mais clara quando o empresário Brian Epstein foi encontrado morto, vítima de uma overdose acidental. Epstein passava por uma crise depressiva, mas continuava dedicado à banda. Muitos acreditavam que era ele quem os mantinha centrados e protegidos. “Ali, eu soube que estávamos ferrados”, declarou Lennon. “Eu não tinha ilusão a respeito de nossa incapacidade em fazer outra coisa que não fosse tocar, e fiquei assustado. Pensei: ‘Fodeu’.” Paul, por outro lado, não tinha a mesma opinião. Dias após a morte de Epstein, ele convenceu os outros a embarcarem em um novo projeto, o fantasioso Magical Mystery Tour. A banda passou meses filmando pirações visuais e gravando faixas que acompanhassem as cenas. Apesar de ser um esforço colaborativo e espontâneo feito pelos quatro, não havia dúvidas de que se tratava de uma criação de McCartney. O filme foi bombardeado pelos críticos. Dizem que John ficou, de certa forma, satisfeito em ver Paul tropeçar pelo menos uma vez. Em fevereiro de 1968, os Beatles foram estudar Meditação Transcendental no retiro de Maharishi Mahesh Yogi em Rishikesh, na Índia. A viagem foi, em parte, o resultado dos esforços de Harrison em ganhar mais influência na direção da banda – ele foi o primeiro dos Beatles a se interessar por música e filosofia indianas – embora, de cara, todos tenham sentido a necessidade de reavaliar o propósito do sucesso da banda. “Acho que estávamos meio exaustos espiritualmente”, disse Paul. “Éramos os Beatles, o que era maravilhoso Mas acho que havia aquele sentimento de ‘É ótimo ser famoso, é incrível ser rico – mas qual o sentido disso?'” Entretanto, o incômodo logo se estabeleceu. Quando Harrison começou a achar que Lennon e McCartney poderiam estar usando o retiro como inspiração para compor, ele se indispôs. “Não estamos aqui para falar de música”, reclamou. “Estamos aqui para meditar!” Ringo Starr e sua esposa, Maureen, desistiram duas semanas depois de chegarem (Starr, que tinha problemas estomacais, não aguentou a comida local) e McCartney, acompanhado da namorada, a atriz Jane Asher, foi embora duas semanas depois. Harrison e Lennon ficaram até que o segundo percebesse que não estava chegando mais perto de resolver os problemas que atormentavam seu coração – a necessidade de reavaliar tanto seu casamento quanto sua carreira. Após ouvir um boato de que Maharishi havia feito insinuações sexuais sobre uma jovem no retiro, John se irritou e exigiu que ele e George abandonassem o lugar. Alguma coisa naquela experiência transformou Lennon de um modo que ninguém conseguiu entender naquela época; depois da Índia, ele parecia estar sempre irritado. A verdade é que ele estava desesperado; a única arma que tinha para se salvar era sua arte, e mesmo ela não servia de alívio. “Estava meditando cerca de oito horas por dia e, mesmo assim, escrevia as músicas mais deprimentes da face da Terra”, contou, tempos depois. De volta a Londres, Lennon abandonou Cynthia para mergulhar em uma relação séria com Yoko Ono, que ele havia conhecido em novembro de 1966. Embora Yoko seja geralmente descrita como uma mulher ambiciosa que perseguia John obstinadamente, ela também teve sua parcela de dor e decepção durante os tempos difíceis que viriam, perdendo contato com sua filha, Kyoko, e deixando de lado sua promissora carreira artística por causa de Lennon. Como ela mesma contou mais tarde, “Sacrifiquei tudo por este homem”. A imprensa e os fãs a ridicularizavam: era chamada de “japa”, “china” e “amarela”, e Lennon às vezes precisava protegê-la de agressões físicas. Esse julgamento alimentou a raiva de Lennon, mas pareceu pequeno quando comparado ao que aconteceu quando ele levou Yoko ao “mundo” dos Beatles. O grupo raramente permitia que convidados aparecessem no estúdio, e nunca tolerou que ninguém – além do produtor George Martin ou talvez um engenheiro de som, como Geoff Emerick – desse opiniões sobre um trabalho ainda em produção (certa vez, Epstein tentou dar sugestões para uma gravação e Lennon o humilhou de forma tão intensa que o empresário saiu chorando). Mas Lennon não levou Yoko como convidada; levou-a como colaboradora. Em maio de 1968, quando os Beatles começaram a produção de seu primeiro disco desde Sgt. Pepper, ela ficava sentada com John no chão do estúdio; conversava com ele ao pé do ouvido e o acompanhava toda vez que ele saía da sala. Na primeira vez em que ela falou no estúdio, dando conselhos sobre o vocal de John, o silêncio imperou. Paul disse: “Caralho! Alguém falou alguma coisa? Você falou, George? Seus lábios nem se mexeram!” Lennon não era o tipo de pessoa que recuava. “Ele queria que eu fizesse parte do grupo”, contou Yoko depois. “John fundou a banda, por isso achava que os outros tinham de aceitar. Eu não fazia questão de fazer parte.” Em vez disso, ela gravou seus próprios discos com Lennon, como o famoso Two Virgins – um álbum de música eletrônica experimental, contendo fotos do casal nu. Embora alguns achassem as colaborações de Lennon e Yoko indulgentes ou ridículas, McCartney percebeu que ela deixava Lennon mais confiante. “Na verdade, ela queria sempre mais”, contou. “Faça mais coisas, faça o dobro, ouse mais, tire suas roupas. Ela sempre o persuadia a tentar coisas novas, e ele gostava. Ninguém nunca tinha feito isso com ele.” Mas McCartney provavelmente também entendia o verdadeiro significado de um disco como Two Virgins: John Lennon tinha uma vontade irrefreável, uma força que poderia salvar ou destruir sua vida – e os Beatles – se não fosse controlada. Quando o grupo percebeu que John e Yoko estavam usando heroína, nenhum deles soube o que fazer a respeito. “Foi um grande choque para nós”, disse Paul, “porque achávamos que éramos caras avançados para a época, mas meio que acabamos subentendendo que nunca iríamos tão longe assim.” A nova parceria de Lennon com Ono significava que ele e McCartney raramente voltariam a compor juntos. Mesmo assim, enquanto a banda começava a produção de seu único álbum duplo, The Beatles (mais conhecido como Álbum Branco), os estilos vocais e de composição dos dois estavam mais fortes e variados do que nunca. O que era uma produção esporádica e inconsistente em 1967, agora vinha com força total – a criatividade de Lennon parecia revivida graças à relação dele com Yoko (músicas como “Dear Prudence”, “Julia”, “Happiness Is a Warm Gun” e “Revolution” estavam claramente entre os melhores trabalhos dele). Harrison também havia florescido – até Ringo estava compondo -, mas nenhum estava disposto a deixar que os outros obscurecessem ou direcionassem seus esforços. Os quatro tinham tanto material para gravar – e tanta ojeriza um pelo outro – que chegaram a gravar em três estúdios diferentes, até doze horas por dia. Cada um tratava os restantes como se fossem seus músicos de apoio – o que gerava performances espetaculares e momentos explosivos: Lennon abandonando o estúdio irritado com o tédio ao gravar “Ob-La-Di, Ob-La-Da”, de McCartney; Ringo saindo da banda por quase duas semanas, após Paul ter criticado a bateria de “Back in the U.S.S.R.”; Harrison trazendo seu amigo guitarrista, Eric Clapton, só para ouvir merecidos elogios por “While My Guitar Gently Weeps”; McCartney dando uma bronca agressiva no produtor George Martin na frente da banda; e o engenheiro Geoff Emerick se demitindo por conta do comportamento ofensivo e turbulento do grupo. Quando ficou pronto, o Álbum Branco foi considerado uma obra-prima desconjuntada, o som de uma banda no auge de sua forma, mas sem esperança alguma. Anos depois, Paul se referiria ao disco como “O Álbum Tenso”. Nesse meio-tempo, os Beatles lançaram uma gravadora, a Apple. Na verdade, a Apple começou como um investimento, mas aos poucos se tornou algo mais: uma corporação que tinha divisões nos ramos do cinema, artigos eletrônicos, imobiliário, educacional, editorial e da música – e, mais interessante, era também um experimento socialista. “Estamos na feliz posição de não precisar de mais dinheiro”, declarou Paul em maio de 1968. Na prática, a principal diretiva da companhia era cultivar novos talentos. A Apple de fato descobriu ou auxiliou músicos de valor – incluindo James Taylor, Badfinger, Mary Hopkin, Jackie Lomax, Billy Preston, Doris Troy (o selo também quase assinou com os Rolling Stones, Bob Dylan e Queen), mas, uma vez que os próprios Beatles não eram exatamente artistas da Apple, a gravadora não recebia os benefícios completos do que eles lucravam. Foi determinado que a estreia do selo seria em 11 de agosto de 1968, com quatro singles lançados naquele mesmo dia, incluindo “Those Were the Days”, de Mary Hopkin, e “Hey Jude”, dos Beatles McCartney tinha escrito a música como um hino dedicado ao filho de Lennon, Julian, por conta da separação de seus pais, mas a canção adquiriu outros significados também. Paul havia se separado de sua namorada de longa data, Jane Asher, depois que ela o flagrou com outra, e ele agora ingressava em uma relação séria com a fotógrafa Linda Eastman, a quem conhecia desde 1967; para Paul, a música se tornou um hino de fé no amor, sobre correr riscos. Lennon encarou “Hey Jude” como uma bênção de seu parceiro: “Na frase ‘go out and get her’ [vá lá e pegue-a], subconscientemente Paul estava dizendo: ‘Vá em frente, me deixe’. Em um nível consciente, ele não queria que eu fosse em frente”, John declarou, em uma entrevista pouco tempo antes de sua morte. “O anjo dentro dele estava dizendo: ‘Deus o abençoe’. Já o demônio dentro dele não gostava de nada daquilo, porque não queria perder o parceiro.” E aí os Beatles tocaram “Hey Jude” no programa Frost on Sunday em setembro de 1968 – a primeira apresentação ao vivo deles em dois anos. E conforme o público se juntava à banda cantando a última parte da música, “Hey Jude” tornou-se a expressão de algo maior, do que eles significavam em termos de união para o mundo lá fora. Inspirados por esse momento, os Beatles perceberam que tinham vontade de voltar a fazer shows – Lennon parecia empolgado com a ideia – e marcaram uma série de datas para janeiro, na Roundhouse londrina, palco de vários dos mais extravagantes shows de rock alternativo no verão de 1967. Também decidiram filmar os ensaios para o evento, a fim de exibi-lo na TV. Para isso, convidaram Michael Lindsay-Hogg, que já havia feito os vídeos de “Rain” e “Paperback Writer” com a banda, para ser o diretor. Havia algo a mais na ideia: os Beatles viam a ocasião como uma oportunidade para descartar as técnicas que haviam atingido seu ápice em Sgt. Pepper (desde o sucesso do disco, Lennon procurava um jeito de desaprovar o trabalho, já que o via como algo fútil, arquitetado por McCartney). Essa nova música anunciaria o retorno ao formato mais simples que havia inspirado o amor deles pelo rock. A música feita pela The Band, banda que acompanhava Bob Dylan vez ou outra, tinha grande influência no que os Beatles queriam fazer. Harrison tinha passado um tempo com Dylan e o grupo em Woodstock e voltou chapado com a espontaneidade e o espírito de coletividade que eles haviam alcançado nas gravações conhecidas como The Basement Tapes. Em busca daquele mesmo espírito, Lennon teria dito a George Martin: “Não quero nada dessas suas merdas de produção. Queremos um álbum honesto nada de edição, overdubbing. Vamos gravar, e o que sair, saiu”. Anos mais tarde, o repúdio de Lennon ainda incomodava Martin. “Eu achava que todos os álbuns deles haviam sido honestos”, comentou o produtor em The Beatles – A Biografia, livro de Bob Spitz. McCartney trouxe um segundo produtor, Glyn Johns, o que foi um consolo a Martin: para alcançar o tipo de performance natural que os Beatles queriam, eram necessários ensaios infinitos para que as músicas pudessem ser gravadas em uma única tentativa. Martin achava os ensaios tão entediantes que raramente comparecia. De cara, problemas atormentaram o projeto. Como a banda queria filmar os ensaios – que ficariam conhecidos posteriormente como “as sessões de ‘Get Back'”, nome original da ideia que seria lançada como Let It Be – a banda teve de se estabelecer no Twickenham Film Studios, o que significava que tinham de obedecer aos horários de trabalho determinados pelo sindicato (das 9h às 17h), que de maneira alguma coincidiam com o horário de trabalho dos Beatles. Nada disso teria sido tão ruim se eles tivessem conseguido manter o entusiasmo, mas na manhã de 2 de janeiro de 1969, quando os ensaios começaram, ninguém além de Paul parecia se lembrar do motivo de eles estarem lá. Embora as sessões tenham sido surpreendentemente produtivas – os Beatles tocaram 52 músicas novas naquele mês, muitas das quais acabariam entrando em Abbey Road ou ficando entre o melhor material dos álbuns solo dos membros da banda -, toda a mágoa acumulada viria à tona. Paul tentava manter os outros no rumo certo, mas essa era uma tarefa ingrata. Seus companheiros achavam seus esforços ofensivos e condescendentes. Para eles, tudo aquilo havia se tornado apenas outro projeto de Paul McCartney, com o baixista e vocalista dizendo a todos quais notas (e em que tempo) deveriam tocar – e chegando até a orientar o trabalho do diretor. “Paul queria que trabalhássemos o tempo todo”, relatou Ringo, “porque ele é viciado em trabalho”. George Martin sentia que McCartney não tinha outra opção. “Paul era mandão, e os outros caras detestavam”, diz ele. “Mas era o único jeito de mantê-los juntos era um processo de desintegração generalizado.” Há uma cena famosa no filme Let It Be na qual Paul se preocupa com o fato de seus palpites musicais estarem irritando George mais do que deveriam, e o guitarrista responde que tocaria o que Paul quisesse, mesmo que isso significasse não tocar nada. “Você não me aborrece mais”, diz Harrison, visivelmente aborrecido A cena representa o X do problema nos ensaios: McCartney era exigente e insensível demais, e Harrison se cansou daquilo tudo. Claro, as reclamações e preocupações de George eram legítimas. Há tempos ele havia sido relegado à posição de coadjuvante por Lennon e McCartney. Mas ele estava perturbado com outras coisas. A ideia de shows ao vivo o desagradava – e quanto mais a data se aproximava, maior era a intensidade de seus protestos. Àquela altura, a data marcada para os shows na Roundhouse já havia caído pelo caminho, e, quando o diretor Lindsay-Hogg sugeriu um cenário mais exótico ou maior para as apresentações – como um anfiteatro de Roma, por exemplo -, Harrison explodiu: “Ia ser muita sorte se conseguíssemos botar meia dúzia de imbecis lá dentro”, disse. As piores tensões, porém, ocorreram entre George e John. Depois de ser deixado de lado por anos, Harrison achava que Yoko tinha uma voz de maior peso que a dele nas decisões da banda. Pior que isso, o casal estava praticando o que era conhecido como “percepção elevada” – baseada na crença de que a comunicação verbal era desnecessária entre pessoas “em sintonia” com as grandes verdades do universo. Seu efeito prático era o de cessar qualquer interação prática ou significativa. Quando assuntos cruciais eram levantados, John não dizia nada, concordando com o que quer que Yoko achasse. McCartney terminou desenvolvendo certa tranquilidade sobre o assunto. Havia apenas duas opções: opor-se a Yoko e fazer com que os Beatles voltassem a ter quatro membros ou aceitá-la. Ele preferiu a segunda, porque não queria perder John. Além disso, como chegou a declarar, não se sentia à vontade para exigir que John deixasse Yoko em casa. Ainda assim, Paul se incomodava quando Yoko se referia aos Beatles sem usar o artigo “os” – como em “Beatles isso, Beatles aquilo”. Paul tentava corrigi-la – “Na verdade, se diz os Beatles, querida” – mas sem sucesso. Por fim, Harrison atingiu seu limite. Em 10 de janeiro, ele e Lennon começaram uma briga que teria chegado às vias de fato, apesar de negarem o ocorrido (já George Martin declarou ao biógrafo Phillip Norman que a discussão chegou ao nível físico, “com todo mundo se acalmando depois”). O confronto foi um dos poucos que Lindsay-Hogg não capturou para a posteridade. Mas ele filmou George aparentemente saindo dos Beatles. “Estou fora”, disse, guardando a guitarra. “Ponham um anúncio e vejam se conseguem chamar alguém. A gente se vê por aí.” Paul e Ringo fi caram chocados, mas John não se abateu e começou a tocar uma versão de “A Quick One, While He’s Away”, do The Who, tirando um barato da angústia de George. Naquele mesmo dia, Yoko sentou-se no lugar de George, pegou o microfone e começou a cantar um blues ininteligível, enquanto os outros a acompanhavam, sem saber o que fazer, com medo de que Lennon se irritasse e também partisse (curiosamente se trata de uma performance memorável). No mesmo dia, Lennon sugeriu que recrutassem Eric Clapton para substituir Harrison: “A questão é, queremos continuar a banda sem George? Eu com certeza quero.” Em 12 de janeiro, os quatro Beatles se reuniram na casa de Ringo para tentar resolver suas diferenças. Mas, quando Yoko insistiu em falar por John, George foi embora de novo. Os Beatles chegaram a um acordo, dias depois, mas Harrison impôs limites rígidos: nada de shows grandes e nada de voltar a trabalhar nos estúdios Twickenham. Yoko, entretanto, continuaria participando de todos os ensaios, ao lado de John. “Yoko só quer ser aceita”, disse Lennon. “Ela quer ser uma de nós.” Quando Ringo respondeu “Ela não é um Beatle, John, e nunca vai ser”, Lennon bateu o pé. “Yoko é parte de mim agora. Somos John e Yoko, estamos juntos.” Quase duas semanas depois da saída de George, os Beatles voltaram a tocar, dessa vez em um estúdio improvisado no porão da sede da Apple. Harrison trouxe então o organista Billy Preston, que eles haviam conhecido em Hamburgo (Alemanha) em 1962. Preston participou dos ensaios e sua habilidade no improviso trouxe a dignidade que eles tanto precisavam. Lennon achou a presença de Preston tão revitalizante que quis transformá-lo em membro fixo, um quinto Beatle. A resposta de Paul foi taxativa: “Já é ruim o suficiente com quatro”. O prazo do projeto estava terminando. Ringo já estava comprometido com o filme Um Beatle no Paraíso, que começaria a ser filmado em questão de dias, e ao fim de janeiro já estava bem claro que não havia tempo para planejar um show, onde quer que fosse. Ainda assim, os Beatles e o diretor Lindsay-Hogg queriam um final para o filme e, em 29 de janeiro, alguém – uns dizem que foi Ringo, outros dizem que foi Paul ou até Lindsay-Hogg – sugeriu que o show fosse feito na tarde do dia seguinte, no telhado do escritório da Apple. Na hora marcada, esperando na escada que dava para o telhado, George e Ringo de repente não tinham mais certeza se estavam a fim de embarcar, mas, no último instante, Lennon disse: “Ah, foda-se, vamos fazer” e os Beatles, acompanhados por Preston, subiram no palco improvisado. Foi o primeiro show dos Beatles desde agosto de 1966 – e o último. Também foi o melhor, o que diz muito sobre o poder coletivo da afinidade musical e do carisma que os quatro cultivaram, e que nem suas desavenças mútuas seriam capazes de apagar. Enquanto tocavam (por quase uma hora), triunfando graças a seus instintos incomparáveis, John e Paul trocando sorrisos a cada bom momento ou deslize, a verdade sobre eles ficou clara: os Beatles eram uma família com uma história em comum, com uma linguagem particular que nenhum deles jamais esqueceria. Aqueles momentos, no entanto, não seriam suficientes para evitar o que estava para acontecer – ou o que já havia acontecido, duas noites antes. Oficialmente, a briga anterior de George e John começou com uma observação que o segundo fez em 10 de janeiro para um jornal, dizendo que se a Apple continuasse perdendo dinheiro, ele – e por consequência, os Beatles – estaria falido até o meio do ano. Talvez tenha sido um exagero, mas era verdade que a Apple estava fora de controle, e tanto Harrison quanto McCartney não gostavam da ideia de Lennon espalhando a notícia. Como resultado das contratações de artistas, a compra do prédio na Savile Row e o pagamento de altos salários para amigos e executivos, as contas da Apple extrapolaram. Como todos os Beatles, McCartney era diretor da Apple, mas era também o único a se envolver diariamente com os negócios durante o primeiro (e crucial) ano do empreendimento (Harrison sempre o primeiro a se cansar de tudo, contou a alguns confidentes que odiava a Apple e suas “salas cheias de lunáticos e de todo o tipo de aproveitadores”). Naqueles primeiros meses, Paul tentou controlar a situação da companhia, mas esbarrou na resistência dos outros Beatles; eles não tinham noção alguma de economia, uma vez que se preocupavam apenas em gastar e deixar as contas para que a Apple pagasse. Paul os alertou, mas foi rebatido pela visão de que preocupações financeiras eram algo ultrapassado. “Era como se eu tivesse assumido uma postura de traidor”, contou. “Era algo totalmente não comunista… e tudo o que eu dizia soava errado.” McCartney tentou avisar a Lennon que ele, em particular, estava gastando demais. “Eu disse: ‘Olha, John, sei que estou certo’. E ele disse: ‘Claro que está! Você sempre está certo, não está?'” O assunto atingiu o ponto crítico quando um contador se demitiu, deixando apenas um memorando bem direto: “Suas finanças pessoais estão uma zona”. Depois disso, tanto John quanto Paul concluíram que a Apple precisava de uma mão firme para conduzi-la – talvez fosse hora de contratar um novo diretor. Falaram com vários financistas e consultores, e McCartney logo decidiu qual seria a melhor e mais próxima opção: o pai de Linda Eastman, Lee, e seu irmão, John, eram advogados especializados em representações artísticas. McCartney achava que os Eastman poderiam administrar a Apple e salvar a fortuna da banda, mas os outros ficaram reticentes. Os três achavam que Paul já tinha influência demais no destino do grupo e não queriam pessoas tão próximas a ele supervisionando os negócios. John, em particular, acreditava que não podia deixar tanto poder concentrado na mão do parceiro. Durante anos, o advogado nova-iorquino Allen Klein procurou um meio de trabalhar com os Beatles. Homem rude e astuto, Klein era conhecido por ter resgatado os direitos de vários artistas. Mas também tinha a reputação de usar de táticas antiéticas e estava sob investigação do departamento fiscal norte-americano. Ainda assim, queria os Beatles mais do que tudo. Ele já havia se oferecido para Brian Epstein, dizendo que podia aumentar a fortuna da banda, mas ele não quis sequer apertar sua mão. Após ler os comentários de Lennon sobre o risco de falência dos Beatles, Klein conseguiu persuadir um relutante Peter Brown, um dos diretores da Apple, a marcar um encontro com Lennon. Em 28 de janeiro de 1969, dois dias antes do show no telhado, Klein encontrou-se com John e Yoko em um hotel em Londres, e encantou ambos. Ele conhecia a música dos Beatles profundamente, e sabia como agradar a Lennon: elogiando suas contribuições em várias canções (a despeito de seu ego enorme, John sentia-se inseguro, e precisava sempre de alguém que validasse seu trabalho) e valorizando a capacidade artística de Yoko. Tão importante quanto isso, Klein convenceu Lennon de que ambos partilhavam da mesma sensibilidade – eram homens das ruas que haviam vencido em um mundo cheio de dificuldades. No fim, o casal estava ganho: um acordo foi assinado pelas duas partes e Lennon informou a EMI e os Beatles: “Estou me lixando para o que vocês vão querer”, disse Lennon, “Mas eu escolhi Klein”. Esse foi o estopim para a morte dos Beatles. McCartney ainda tentava colocar Lee e John Eastman como representantes do grupo e marcou um encontro com eles. Mas Klein transformou a reunião em uma armadilha, provocando e ofendendo Lee Eastman, com a ajuda de Yoko. No fim, Eastman explodiu enfurecido, chamando Klein de “rato”, e abandonou a reunião com Paul. Quanto mais Klein se comportava de maneira inadequada e mais Eastman questionava seu caráter, mais Lennon e Yoko o defendiam como salvador dos Beatles e logo Harrison e Starr concordaram. “Por sermos todos de Liverpool”, disse George no meio dos anos 90, “preferíamos pessoas que fossem mais do povo. Lee Eastman era o tipo de cara preocupado com sua classe social. Uma vez que John ficaria com Klein, era bem mais fácil ficar com ele também”. Embora Mick Jagger, que não confiava mais em Klein, tivesse tentado convencer os Beatles – “Evitem esse cara”, escreveu em um bilhete para Paul – de nada adiantou. A discordância veio na pior hora possível. Em questão de meses, os Beatles perderiam a chance de comandar a ex-firma de gerenciamento de Brian Epstein, a NEMS (o que lhes custou uma fortuna), e, mais grave, Lennon e McCartney perderam seus direitos sobre a Northern Songs, companhia que distribuía as músicas da banda. McCartney se casou com Linda Eastman em 12 de março de 1969 e Lennon casou-se com Yoko em 20 de março, em Gibraltar. No dia do casamento de Paul, George e sua mulher, Pattie, foram detidos por posse de maconha (Lennon e Ono haviam sofrido a mesma acusação meses antes). Klein não havia resolvido nenhum dos problemas financeiros do grupo, apesar de suas promessas, e ainda assim John, George e Ringo continuavam apoiando-o. Na tarde de 9 de maio de 1969, durante uma sessão de gravação no Olympic Sound Studios, Klein esperava do lado de fora enquanto Lennon, Harrison e Starr, em seu nome, exigiam que McCartney assinasse um contrato de agenciamento de três anos com o empresário. Paul não quis. Justificou-se dizendo que os 20% que Klein pedia era muita coisa, mas a verdade é que ele não conseguia encarar a ideia de tê-lo como empresário dos Beatles. Os outros três ficaram furiosos, mas McCartney resistiu. “No meu ponto de vista, eu tinha de salvar a fortuna dos Beatles”, disse. “Eles disseram ‘Vai se foder!’ e foram embora bravos, me largando lá no estúdio.” Essa era uma batalha entre Lennon e McCartney; eram dois homens acostumados a vencer suas discussões, e ambos se recusavam a perder. McCartney acabou sucumbindo, mas não sem uma carta na manga: quando os Beatles assinaram seus contratos com Klein, McCartney se recusou a fazer o mesmo. Klein e os outros não acreditaram que aquilo faria alguma diferença – os três membros concordantes já completavam a maioria do grupo. Mas, naquele momento de dissidência, Paul se saiu com a única manobra genial na lamentável história do fim da banda: por não ter assinado o documento, ele mais tarde seria capaz de convencer a corte de que não estava mais contratualmente obrigado a permanecer com os Beatles e que nunca havia tido qualquer compromisso com Klein. Na época, Paul já estava desgostoso com a Apple, a companhia que tinha surgido majoritariamente de sua visão. De fato, ele agora odiava aquele lugar e havia parado de frequentar os escritórios. Quando Paul tentava falar com Klein, o empresário dos Beatles se recusava a atender. Apesar do suplício que haviam sido as sessões de “Get Back”, os Beatles se reuniram para fazer um novo álbum. Um mito criado mais tarde diz que o quarteto sabia que a banda estava terminando e por isso queria lançar um último disco à altura de sua reputação. Mas a verdade é que, a despeito de todos os seus problemas, os Beatles ainda gostavam da música que faziam juntos, mesmo não gostando mais uns dos outros. Eles já haviam trabalhado intermitentemente desde as gravações de janeiro, tendo produzido “The Ballad of John and Yoko” (só com Lennon e McCartney) e “Old Brown Shoe” (de Harrison, com a banda toda). Paul convenceu George Martin a voltar como produtor e também trouxe de volta Geoff Emerick, sob a promessa de que os Beatles se comportariam. Lennon teve de adiar sua presença nas gravações por conta de um acidente de carro envolvendo ele, Yoko, Julian e Kyoko, em 1o de julho de 1969. Quando Lennon chegou aos estúdios Abbey Road, pediu que fosse instalada uma cama para que sua mulher pudesse descansar e dar palpites. Nenhum dos Beatles ousou protestar. “Os três estavam meio assustados com ele”, relembrou o engenheiro da EMI, Phil McDonald. “John era uma figura poderosa, especialmente com Yoko – a força era dobrada.” Ainda havia desavenças, como quando Lennon invadiu a casa de McCartney, que havia perdido um ensaio, e furiosamente quebrou um quadro que havia dado ao amigo. Em outra ocasião, John queria que as músicas dele e as de Paul ficassem em lados diferentes do vinil. Fato ainda mais relevante: George finalmente teve sua importância reconhecida quando suas duas contribuições, “Something” e “Here Comes the Sun”, foram elogiadas como parte do melhor gravado pelos Beatles em 1969. O álbum resultante, Abbey Road, tornou-se não só uma amostra arrebatadora da maturidade da banda, mas também uma perspectiva sobre sua própria história, quer seus membros tenham tido essa intenção, quer não. Lennon mais tarde renunciaria a Abbey Road, dizendo que o álbum foi resultado de “uma malandragem” arquitetada por McCartney “para preservar o mito”, mas era costume de Lennon não apreciar a profundidade de ninguém além de si mesmo. Paul assistia aos Beatles se esfacelarem e se sentia mal com isso. Ao comentar os últimos segmentos da suíte do disco com Barry Miles no livro Paul McCartney: Many Years From Now, ele disse: “Sou bem-humorado e otimista, mas há certos momentos em que há coisas demais acontecendo e fica impossível me manter positivo. E aquele era um desses momentos. Carregar todo aquele peso por tanto tempo [citação à letra de “Carry That Weight”]: tipo, para sempre! Foi o que eu quis dizer”. Quando Abbey road foi lançado, em 26 de setembro, a irmandade dos Beatles já havia terminado. Em 13 de setembro, Lennon e Yoko tocaram no Toronto Rock & Roll Revival, com um grupo de convidados que incluía Eric Clapton, e a experiência convenceu John de que ele não conseguiria mais conviver dentro do confinamento de sua velha banda. Uma semana mais tarde, durante uma reunião na Apple – com Klein, os Beatles e Yoko -, Paul tentou mais uma vez convencer seus companheiros a fazer uma turnê. “Vamos voltar aos velhos tempos, relembrar por que estamos nessa”, ele disse. Lennon respondeu: “Acho que você está doido. Não ia falar nada, mas estou terminando a banda. E me sinto bem. É como um divórcio”. As pessoas na sala não sabiam se ficavam chocadas ou se encaravam a afi rmação como mais um dos surtos de Lennon. Ninguém – incluindo Yoko – sabia que aquilo aconteceria naquele dia. “Ficamos de queixo caído”, conta McCartney. Pela primeira vez, ele e Klein concordaram em alguma coisa: os dois persuadiram Lennon a segurar qualquer tipo de anúncio por pelo menos alguns meses. Klein tinha acabado de fechar um negócio que aumentaria substancialmente a porcentagem dos direitos autorais dos Beatles, e ele não queria assustar a EMI com a ideia de que a banda estava se separando. Além disso, Klein e McCartney acreditavam que Lennon ainda poderia mudar de ideia; oscilar de um extremo ao outro não era algo incomum para John. Mas Yoko pressentia o que viria a acontecer e estava tão infeliz quanto qualquer um deles naquela hora. “Saímos de carro”, diria ela mais tarde a Phillip Norman, “e ele me disse: ‘Chega de Beatles. De agora em diante, somos eu e você. Ok?’ E eu pensei: ‘Meu Deus, esses três caras o mantinham entretido há tanto tempo. Agora sou eu quem vai ter que assumir essa função’.” Lennon passou a deixar sinais antagônicos nos meses que se seguiram. Em comentários na Rolling Stone e na revista New Musical Express, no começo de 1970, Lennon disse que os Beatles poderiam voltar a gravar ou poderiam participar de um festival de verão no Canadá. George também havia falado de uma possível turnê dos Beatles. “Seria provavelmente como um renascimento para todos nós”, declarou Lennon. Mas McCartney estava arrasado; a banda – a vida da qual ele havia feito parte desde os 15 anos – tinha sido tirada dele. “John está apaixonado por Yoko”, ele disse ao London Evening Standard, “e ao que parece não está mais apaixonado pelo resto da banda”. Paul ficou em casa com Linda, sua filha mais velha, Heather, e a mais nova, Mary, e começou a beber de manhã e de tarde. Parou totalmente de compor e passou a explodir de raiva com frequência. Enterrou-se em uma depressão paralisante, até o dia em que Linda percebeu que não suportava mais. “Aqui estou eu casada com um bêbado que não toma banho”, disse a um amigo, de acordo com Paul McCartney: A Life, de Peter Carlin. “Você não tem de aguentar isso”, disse ela ao marido. “Você já é um adulto.” No Natal de 1969, McCartney seguiu o conselho da esposa e começou a trabalhar em seu primeiro álbum solo. Ele ligou para Lennon em março de 1970 e o informou que também estava deixando os Beatles. “Ótimo”, respondeu seu parceiro de longa data. “Com você, somos dois a aceitar o fato.” Qualquer esperança de reconciliação foi demolida por uma série de tropeços cometidos por Lennon, Klein e Harrison nos primeiros meses de 1970. Os ensaios e as gravações de janeiro de 1969 já haviam sido editados, e Klein queria um álbum para acompanhar o filme, que agora se chamava Let It Be, título de uma música de Paul (embora Abbey Road tenha sido gravado depois de Let It Be, o álbum já havia sido lançado em setembro de 1969). Glyn Johns havia tentado juntar material para um álbum no ano anterior; Paul concordou, mas John odiou tudo o que ouviu. Ironicamente, o resultado havia chegado bem perto da crueza que Lennon havia originalmente insistido em atingir, e, no início de 1970, Klein queria algo com mais apelo comercial. Em março, John entregou as fitas de janeiro de 1969 – que descreveu como “o pior monte de merda já gravado” – para o lendário produtor Phil Spector, que havia trabalhado com Lennon no single de “Instant Karma!”, em janeiro (Klein e Spector não queriam George Martin envolvido. “Não acho que ele esteja no meu nível”, disse Spector. “Ele é um arranjador e não mais que isso”). As mudanças que Spector trouxe para Let It Be foram, na melhor das hipóteses, desastrosas, engessando tanto a canção-título quanto a emocionante balada intimista “The Long and Winding Road” com camadas excessivas de orquestra (as modificações que Spector fez em “The Long…” soavam tão radicais que Ringo, que acompanhava o processo, arrastou o produtor pelo braço até a parte de fora do estúdio para repreendê-lo). No período em que trabalhou, Spector jamais consultou McCartney sobre as mudanças que fazia, o que pode ter sido a intenção de Klein e de Lennon. Depois de ter acesso à nova mixagem, Paul solicitou algumas mudanças, mas Klein disse que era tarde demais (em 2003, Paul e Ringo lançariam uma versão chamada Let It Be Naked, livre dos arranjos de Spector). A afronta final veio quando Klein, Harrison e Lennon determinaram que McCartney não poderia lançar seu álbum de estreia em 17 de abril de 1970, como havia planejado originalmente, atrasando-o para 4 de junho para não atrapalhar o lançamento de Let It Be, previsto para 24 de abril. Quando John e George enviaram Ringo como emissário para a casa de Paul, com uma carta contendo o comunicado, ele reagiu com uma raiva incomum; antes que a discussão acabasse em pancadaria, Paul expulsou Ringo de sua casa. Quando o baterista reencontrou os outros, se sentiu mal pelo que haviam feito a Paul – “Ele é nosso amigo”, disse – e pediu que deixassem que McCartney mantivesse a data de lançamento planejada. Harrison e Lennon concordaram, adiando o lançamento do disco dos Beatles para maio, mas ficaram ressentidos com o ex-parceiro. O sentimento era mútuo. “Estamos todos falando de paz e amor”, Paul declarou a um jornal na época, “mas na verdade não estamos nos sentindo nem um pouco pacíficos”. Nenhum deles, entretanto, imaginaria o que McCartney acabaria fazendo. “Não podia deixar que John controlasse a situação”, disse, tempos depois. Em abril, quando lançou seu primeiro trabalho solo, McCartney, Paul também liberou uma autoentrevista em que deixava algumas coisas bem claras: P: Sente falta dos Beatles? R: Não. P:Planeja um novo álbum ou single com os Beatles? R: Não. Muito antes de John Lennon dizer ao mundo que “O sonho acabou”, Paul McCartney já tinha dado a notícia. Lennon encarou a declaração do parceiro como um ato de usurpação inaceitável. “Era o que eu queria e deveria ter feito”, disse Lennon. “Fui idiota de não ter feito o que Paul fez, que foi usar o fato para vender discos.” Mas o ressentimento ia mais fundo. Os Beatles eram originalmente a banda de John, e, no fundo, ele achava que o futuro dela dependia dele. “Eu fundei a banda, eu terminei com ela”, disse. Lennon, ao que parecia, estava bravo com McCartney porque dava-se a entender que era ele quem havia deixado Lennon, e não o contrário. “Acho que era só inveja”, Paul declarou a Barry Miles. Na época, Paul disse a um jornal: “Ringo saiu primeiro, depois George, então John. Eu fui o último a sair! Não fui eu!” Mas o fi m dos Beatles estava apenas entrando em uma nova e estranha fase, que duraria anos. McCartney não queria ter mais ligação alguma com a Apple – não queria que Allen Klein tivesse envolvimento com sua música ou direito a parte dos lucros -, mas, quando ligou para Harrison procurando consentimento para abandonar o acordo, George respondeu: “Você vai fi car na porra do selo. Hare Krishna”. Paul escreveu longas cartas a John, implorando para deixar a empresa dos Beatles, mas Lennon respondia em apenas uma ou duas linhas, sem tomar partido no caso (Klein mais tarde admitiria que ele havia sido pego totalmente desprevenido). Os outros três deram a mesma resposta no tribunal: não havia necessidade de encerrar o grupo – as coisas não estavam tão ruins e eles ainda podiam fazer música juntos. O único problema era a mania que Paul tinha de querer controlar tudo. O juiz decidiu que o pedido de dissolução feito por McCartney era válido, mantendo os lucros dos Beatles sob custódia até que todos os detalhes da separação – o divórcio que Lennon queria – pudessem ser determinados. Em 1973, o contrato dos Beatles remanescentes com Klein terminou e não foi renovado; eles tinham se cansado do empresário. Logo, George, John e Ringo viriam a processá-lo (Lennon admitiria em uma entrevista que talvez McCartney estivesse certo a respeito de Klein), e em outro processo relacionado à Apple Klein seria sentenciado a dois meses de prisão por fraude. Quando o problema com Klein foi resolvido, Harrison disse que não se importaria em reunir os Beatles. Quando chegou o momento de o quarteto se juntar para assinar o documento de dissolução da parceria, Lennon se recusou a comparecer – ele temia ficar com menos dinheiro do que os outros, e alguém próximo a ele disse que o músico entrou em pânico, porque aquilo significava que os Beatles realmente haviam terminado. Talvez a intenção dele nunca tivesse sido acabar com o grupo, no fi m das contas. / Apesar disso, foram seus caprichos e raiva que acabaram por destruir a banda. Na mesma reunião em que anunciou sua saída dos Beatles, Lennon também jogou na cara de McCartney os anos de insegurança e descontentamento que guardava. Ele sentia que Paul o havia eclipsado desde sempre, levando mais tempo para entender os sons que ele queria no estúdio, ganhando mais a aprovação de George Martin por fazer músicas de melodias fáceis. Além disso, Paul tinha simplesmente composto demais, pela avaliação de John. Na época das gravações de Magical Mystery Tour, Lennon disse: “Você já tinha cinco ou seis músicas, então eu pensava: ‘Foda-se, não consigo acompanhar esse ritmo’. Por isso não me importava mais se eu estava dentro ou não. Convenci a mim mesmo disso, e por certo tempo, se você não me convidasse para estar no disco, se vocês não chegassem e dissessem ‘Componha mais porque gostamos do seu trabalho’, eu não iria insistir”. Mas Lennon completou: “Não havia sentido nenhum em compô-las – eu não tinha forças para compor e ainda tentar incluí-las no disco”. Foi uma confissão notável. John Lennon – que até Abbey Road e Let It Be havia escrito a maior parte das obras-primas dos Beatles e definido a profundidade do trabalho da banda – não suportava mais dividir seu brilhantismo com Paul McCartney. Os Beatles seriam capazes de sobreviver a qualquer tensão que Yoko pudesse ter trazido. Sobreviveram a Klein. Mas os Beatles não conseguiram sobreviver a Lennon. Sua ansiedade era grande demais. E então os Beatles terminaram. Lennon, Harrison e Starr tocaram juntos em várias formações no decorrer dos anos, embora raramente tenham gravado com McCartney; uma vez, quando Eric Clapton casou-se com a ex-esposa de Harrison, Pattie Boyd, Paul, George e Ringo tocaram ao vivo por alguns minutos. Uma vez, John e Paul também tocaram juntos, em 1974, no estúdio de alguém em Los Angeles. E Paul teve papel importante na reconciliação de John e Yoko quando os dois se separaram. Lennon e McCartney, a dupla de compositores mais importante da história, reatou sua amizade no decorrer dos anos, embora tenham permanecido distantes e circunspectos e nunca tenham voltado a escrever juntos. Lennon foi assassinado em 1980. Paul, George e Ringo voltaram a se reunir como os Beatles no meio dos anos 90 para tocar em faixas inacabadas de John, lançadas na série Anthology. Harrison morreu de câncer do pulmão em 2001. Paul McCartney, com a ajuda de Lee e John Eastman, se tornou o homem mais rico do show business, e Linda McCartney morreu de câncer de mama em 1998. Tudo isso lembra uma história de amor? O amor perde todo o seu valor quando tudo termina? Talvez sim, embora finais não apaguem a história; em vez disso, a concluem. A história dos Beatles sempre foi, de certa forma, maior que os próprios Beatles, tanto a banda quanto os indivíduos que a formaram: foi a história de uma época, de uma geração que buscava novas possibilidades. Foi a história do que acontece quando você encontra essas possibilidades, e o que acontece quando suas melhores esperanças vão por água abaixo. Sim, foi uma história de amor – e o amor quase nunca é uma bênção simples. Porque, por mais que os Beatles possam ter amado o que faziam juntos, o mundo em volta deles os amava ainda mais. Foi esse amor que, mais do que qualquer outra coisa, exaltou os Beatles e os acorrentou juntos por tanto tempo. Algo que, por fim, nenhum deles conseguiu suportar. John Lennon, em particular, sentia que precisava acabar com o romance, enquanto Paul McCartney em especial odiava a ideia de vê-lo despedaçado. E, uma vez que estava feito, estava feito. Tudo o que eles criaram – cada uma das maravilhas – ainda reverbera, mas os corações responsáveis por tudo aquilo também foram responsáveis pelo seu fim, e nunca se recuperaram totalmente da experiência. “Foi há tanto tempo”, George Harrison declarou anos mais tarde. “Às vezes, me pergunto se eu estava mesmo lá ou se foi tudo um sonho.” Eles estavam lá e foi tudo um sonho. Um sonho que nos elevou, que partiu nossos corações, que ainda perdura e que provavelmente jamais será igualado.

WE LOVE THE BEATLES FOREVER