“A Moça que pode ganhar o coração de Jerry Adriani”.

Esta matéria sobre o cantor Jerry Adriani foi publicada na Revista do Rádio em 1965, cuja foto foi feita por Sylvio Habibe no MIS – Museu da Imagem e do Som/RJ.

Prestes a completar 50 anos de carreira, o cantor Jerry Adriani, carismático e dono de uma das vozes mais bonitas do Brasil, continua em plena atividade.

É sempre muito interessante revermos as histórias do passado envolvendo os ídolos da juventude brasileira dos anos 60, como esta história do Jerry, intitulada “A Moça que pode ganhar o coração de Jerry Adriani”.

Página da Revista do Rádio de 1965

Página da Revista do Rádio de 1965

“Jerry Adriani diz francamente que não deseja casar-se agora. Simplesmente, por que se considera muito jovem para “enforcar-se”. Quer gozar a vida, quer divertir-se sem maiores preocupações e – sobretudo – quer cuidar com maior afinco da sua carreira artística…”

Revista do Rádio 1965 - Jerry 2
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Em destaque, as fotos que compõem a página dupla da revista:

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Agradecimentos ao Sylvio Habibe, do grupo Eterna Jovem Guarda no Facebook, pelas fotos. 😉

Beto Iannicelli, o George Harrison paulistano.

A Revista VEJA de fevereiro de 1964 publicou um artigo intitulado “BETO, O GEORGE DE SÃO PAULO”.

Segue a reportagem, publicada pelo Ricardo Tsuyoshi no grupo We Love the Beatles Forever do Facebook.

OS BEATLES DO BRASIL

A mania de imitar os novos heróis do rock não contagiou só os garotos ingleses e americanos. Conheça Beto – ou George – e seus colegas, que formam a versão paulistana dos Beatles.

Beto Iannicelli em fevereiro de 1964

Beto Iannicelli em fevereiro de 1964

Beto Iannicelli tinha apenas 8 anos quando conheceu os Beatles, no ano passado. Logo de cara, o menino ficou fascinado pela música que descobriu, sem querer, ao percorrer as estações do rádio de seu pai. Passeando pelo dial, um dia Beto sintonizou a BBC de Londres, em ondas curtas, e ouviu algo que nunca acreditara ouvir – e que, provavelmente, irá mudar sua vida. Morador do bairro Paulicéia, próximo a Santana, na zona norte de São Paulo, Beto e seus vizinhos não conseguem mais brincar de outra coisa: são agora os “Beatles do Brasil”. Na rua onde ele mora com a família, bem em frente à sua casa, vivem dois amigos, Claudio e Antonio Carlos. Claudio tem a mesma idade de Beto, e Antonio Carlos tem doze anos – o mesmo que Aily, irmã de Beto. Todas as tardes, as quatro crianças se reúnem na casa de Claudio e Antonio Carlos. E, então, começa a mágica, uma brincadeira possível apenas no mundo dos pequenos. A cena é a seguinte: Antonio Carlos é Ringo Starr. Sua “bateria” é composta das seguintes peças: um pufe, algumas caixas de papelão, uma lata de biscoitos Piraquê e algumas tampas de panela – que fazem as vezes de pratos. Claudio é John Lennon. Aily, Paul McCartney. E Beto, George Harrison. Os três – John, Paul e George – empunham suas “guitarras”, que são, na verdade, cabos de vassouras com barbantes amarrados às pontas, imitando as correias. Ficam prontos, atentos, apenas esperando que a BBC toque a próxima música dos Beatles. Não é preciso dizer que, nesses tempos em que a beatlemania tomou conta da Inglaterra, é uma música atrás da outra. E então começa a performance das crianças. Imitam os Beatles? “Nós somos os Beatles!”, gritam, em uníssono.

Vitrolinha e carrapeta – Beto, como George, é o solista da banda. Quando chega o momento do solo, só ele – e mais ninguém – pode fazer movimentos na “guitarra”. Se algum outro fizer, a apresentação termina imediatamente, seguida do choro escandaloso do “astro”. Como é o caçula do grupo – assim como George nos Beatles originais –, todos aceitam e mantêm-se nas “funções” preestabelecidas. Beto estuda numa escola que fica no fim da rua onde mora. Sua rotina é ir à aula de manhã, voltar na hora do almoço, e preparar-se ansiosamente para as “apresentações” da banda, que acontecem sempre à tarde. É assim todos os dias da semana. Há poucos meses, começou a aprender violão. Era inevitável. A família apóia – principalmente sua mãe, que agora pode contar novamente com as vassouras cumprindo suas funções normais de limpeza da casa. Beto já começa a praticar no instrumento, ouvindo e tentando tirar as duas músicas do único single dos Beatles lançado no Brasil até agora, Please Please Me e From Me To You.

As ondas curtas da BBC atraem também os mais velhos. Os pais e tios de Beto costumam passar um bom tempo na frente do rádio, tentando traduzir alguma coisa do que ouvem. Não é muito fácil, pois não são muito familiarizados com o inglês e, além disso, os locutores britânicos falam rápido demais. Juntamente com as revistas sobre os Beatles que começam a pipocar nas bancas nos últimos meses, é a única forma de saber das notícias sobre a banda. Embora pertençam a uma família de classe média baixa, os pais do pequeno Beto procuram atender como podem todas as reivindicações “beatlemaníacas” do filho. “Reivindicações que se transformam em esperneações sem fim, caso não sejam atendidas”, conta a mãe de Beto. E ela se emociona ao lembrar do primeiro corte de cabelo beatle do filho (“com aquela franjinha na altura das sobrancelhas”), de seu sorriso quando ganhou no Natal passado sua beatle-botinha com salto “carrapeta”, da vitrolinha portátil tocando Beatles sem parar, do álbum de figurinhas, e, principalmente, do amor que Beto começou a nutrir por esses quatro rapazes de Liverpool. Um amor que, promete ele, deverá sobreviver, incondicionalmente.

Fonte desta reportagem: Veja na História

Vejam o que disse Beto Iannicelli sobre esta reportagem da Veja:

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Beto Iannicelli comentou sua atividade em WordPress.
Beto escreveu: “Essa matéria saiu há alguns anos atrás (não me lembro mais quando foi exatamente). O jornalista de Veja à época, Paulo Cunha, me convidou pra fazer essa entrevista. A Veja estava fazendo uma matéria especial sobre vários assuntos, como se ela, a Veja, existisse na referida época. Houve a Veja fazendo matérias sobre a segunda guerra mundial e várias outras situações e eventos marcantes no mundo, como se a Veja já existisse. E a beatlemania no Brasil foi um deles. Eles me pediram se eu tinha fotos minhas de 64 (eu tenho e aquela da matéria é uma delas) e eles me entrevistaram “em 64″…”

Hoje Beto é músico e administra cursos ensinando como tocar exatamente as músicas dos Beatles, além de ser praticante do hinduísmo.

Beto Iannicelli pousa com George Harrison ao fundo fazendo o acorde  um F#m7.  Harrison estava tocando a canção dos Beatles, "Don't Let Me Down".

Beto Iannicelli pousa com George Harrison ao fundo fazendo o acorde um F#m7. Harrison estava tocando a canção dos Beatles, “Don’t Let Me Down”.

Foto inédita de George Harrison com Jerry Adriani

Foto inédita de George Harrison com o cantor Jerry Adriani, em sua passagem pelo Brasil em 1979, a qual me foi enviada hoje (05-03-2014) pelo próprio Jerry, com os dizeres:

“LUCINHA, DIGITALIZEI, SALVEI E ENVIO AGORA PRA VOCÊ A FOTO QUE HAVIA LHE PROMETIDO, EU E O BEATLE GEORGE HARRISON… JERRY ADRIANI”

George Harrison e Jerry Adriani

George Harrison e Jerry Adriani

Sobre este encontro, leiam mais aqui nesta publicação.

Um vídeo sobre a data em que Harrison esteve no Brasil (1979)

“A Verdade sobre os Beatles”, um texto de Fred Jorge.

É sempre interessante tomarmos conhecimento das críticas feitas aos Beatles no passado, tanto as boas como as ruins, pois hoje podemos ver se elas procediam ou não.
Como já publicamos aqui, a manchete da Revista Melodias Nº 139, Editora Prelúdio Ltda, de Abril de 1969, trazia um texto de Fred Jorge elogiando e prevendo o futuro da banda, intitulado “Beatles: Um passo à frente”, porém, em novembro de 1967, o mesmo Fred Jorge havia escrito um texto que foi publicado na Revista Melodias 122, página 13, que fazia uma crítica à mudança comportamental dos Beatles, como podemos ler abaixo.

revista melodias 122 a verdade sobre os beatles

“A Verdade sobre os Beatles”

Texto: Fred Jorge
Revista Melodias 122 – Novembro de 1967 – Página 13

É perfeitamente admissível que quatro rapazes sonhem com a glória internacional. Ainda é admissível que procurem inspirar como exemplos esta geração de pós-guerra, vivendo num mundo neurótico e sem padrões. Mas que queiram romper as convenções seculares, destruindo princípios básicos, tomando as rédeas do mundo para levá-lo à confusão e ao abismo, isso não se pode admitir.
Surgiram em Liverpool quatro rapazes tocando e cantando. Lutaram e venceram A força de suas personalidades era tanta que a juventude adotou-os como padrões. E proliferaram garotos com calças apertadas, camisas coloridas e longos cabelos. Em vez de andarem de correrias por aí, em carros e lambretas, esses mesmos garotos ficavam o dia todo estudando acordes em guitarras eletrônicas. A paixão dos jovens pela música renasceu violenta. Até aí a influência foi boa, não há a menor dúvida.
De repente mudaram de fisionomia. Ninguém reconhece hoje os Beatles de ontem. Levaram ao extremo a sofisticação. Os mesmos cabelos, mas os bigodes são longos, usam óculos à antiga e pregam coisas estranhas. Parece que os fabulosos e geniais Beatles estão se afastando do único caminho que lhes foi reservado. O da música. E fazem estranhas declarações. Primeiro atacam Jesus Cristo, chamando a si mesmos mais popularidade do que polariza o Suave Nazareno. E agora exaltam o uso da maconha e do famigerado ácido lisérgico.
Será essa a função dos Beatles?
Por que não são as mesmas?
Nosso Roberto Carlos está saturado de glória e fama, e nem por isso deixa de ser um padrão sadio para nossa juventude.
Os Beatles afastam-se do caminho da música, para abraçarem uma falsa filosofia.
Não são os reis do mundo.
Não têm o direito de desviar os caminhos da juventude internacional, como se fossem líderes de uma manada amorfa e sem personalidade, seguindo falsos chefes. São cantores e músicos. O máximo que esperávamos deles é isso. Boas interpretações, ritmos dinâmicos e bons, evolução artística. E não teorias absurdas. Nada de princípios falsos.
Por que não voltam a ser os Beatles de “I want to hold your hand”, “Yesterday”, “Michelle” e outras músicas geniais? Deles não queremos filosofias. Queremos talento, arte e música.
Além disso, nada mais. ★

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Fred Jorge foi um dos maiores, senão o maior versionista da musica jovem no Brasil e também produtor de novelas de rádio.
Fued Jorge Jabur nasceu em Tietê/SP, no dia 31 de maio de 1924.
Antonio Aguillar conta que ele foi um colega maravilhoso com o qual aprendeu muito no inicio de sua carreira.
Como jornalista, Fred Jorge tem alguns livros editados e trabalhou na Radio Record e Radio Capital como produtor executivo. Fred Jorge será sempre lembrado pelos amigos como um dos patrimônios da Jovem Guarda, com suas versões e composições gravadas por Celly Campello, Tony Campello, Carlos Gonzaga, e até por Roberto Carlos.
Na foto a seguir, flagrante dos dois amigos num momento de descontração, quando falavam sobre o grande sucesso das musicas da juventude, isso ainda antes da Jovem Guarda, ao tempo do programa Ritmos para a Juventude na Radio Nacional de São Paulo.
Fred Jorge morreu pobre no dia 20 de outubro de 1994.