A importância da Boate Lancaster para o início do Twist e do Rock no Brasil!

O primeiro programa Ritmos para a Juventude que foi apresentado por Antonio Aguillar diretamente do auditório da Rádio Nacional, foi um sucesso avassalador, e o Diretor Artístico da Rádio Nacional na época houve por bem ampliar o horário do programa, como já foi dito pelo próprio Antonio Aguillar, e Joe Primo (nome artístico de Primo Moreschi) sugeriu a ele anunciar durante a semana um chamado para que interessados fossem fazer teste com ele, Primo, para contratarem um conjunto (hoje banda) de Rock para fazer parte do programa. No caso de a pessoa ser aprovada, dividiria com The Vampires o acompanhamento dos cantores que se apresentavam no programa. Primo deu esta sugestão por que considerava ser demais para eles, o conjunto The Vampires, darem conta de acompanhar a todos.

E foi assim que Aladim, dos Jordans, apareceu por lá durante a semana, falou com Joe Primo que tinha um conjunto e que gostaria de participar do Programa.

Na segunda semana depois da estreia do programa diretamente do auditório da Rádio Nacional, o conjunto The Jordans passou a se apresentar nele.

Primo conta que de cara simpatizou com Aladim e perguntou se eles tinham todos os instrumentos, ou seja, guitarras, baixo, bateria e amplificadores, no que Aladim respondeu que sim, então Primo marcou com ele para que viesse no sábado, um pouco antes do horário do início do programa, para que ele pudesse vê-los tocando.
Não deu outra! Eles eram bons, e Primo logo autorizou para que eles já começassem a ensaiar com parte dos cantores que naquela hora já começavam a chegar.

Nesse meio tempo aconteceu de Primo ver um rapaz tirando algumas notas de um piano que havia no local, enquanto eles ensaiavam com os cantores, e foi então que parou o ensaio e perguntou ao rapaz se ele sabia tocar piano. A resposta foi que “sim, que arranhava um pouco”. Como em Rock n´Roll, naquela época, o piano era quase indispensável, Primo o convidou para entrar para os Vampires, e o rapaz aceitou sem pestanejar.

Aquele rapaz era José Provetti, o Gato, que passou a integrar o conjunto The Vampires e que mais tarde se tornaria The Jet Black’s.

Primo conta que depois ficou sabendo que Miguel Vaccaro Neto já conhecia o Gato, mas Primo só foi conhecê-lo tocando piano naquele dia.

The Vampires exibia-se semanalmente (aos sábados à tarde) no programa Ritmos para a Juventude e foram os Vampires que a essa altura, na pessoa de Primo, conversou com um cantor que se apresentava também nos programas com o nome de Jet Black, se ele aceitaria dar seu nome ao conjunto. Ele aceitou, passou a chamar-se Little Black e foi assim que The Vampires se tornou The Jet Black´s, através de um acordo de cavalheiros, com o cantor principiante, que havia feito teste e sido aprovado pelo Primo para participar do programa. Primo havia feito o teste com o cantor, ele havia sido aprovado e concordou em ceder seu nome artístico “Jet Black” para eles, que se tornou o primeiro conjunto (hoje banda) de Rock a tocar na Boate Lancaster em São Paulo.

Fauze* e Miguel Vaccaro Neto poderão confirmar isso, diz Primo Moreschi. Inclusive foi por estarem fazendo muito sucesso na boate Lancaster que o Gato, o Jurandir e o Zé Paulo, se achando a ultima bolacha do pacote, passaram a não mais querer se apresentar aos sábados no programa Ritmos Para a Juventude. Foi então que Antonio Aguillar teve a ideia de montar um novo conjunto para acompanhar os artistas durante os programas e assim nasceu The Clevers.

“Fauze era na época uma espécie de sócio de Miguel Vaccaro Neto e foi quem nos indicou para que tocássemos todas as noites na Boate Lancaster. O Renato Mendes, (não era sempre) mas também se exibia tocando órgão, durante os intervalos que nós, The Jet Black´s, parávamos para descansar. Pelo fato de estarmos iniciando a introduzir o Twist na boate, juntamente com os bailarinos “Chupeta”, Bebeto, e Denize, que aprenderam a dançar a nova dança naquela época graças ao Miguel Vaccaro Neto (um dia ele trouxe dois casais de dançarinos americanos em seu programa da Radio America de São Paulo, que nos mostrou como se dançava Twist), daí para frente a Boate Lancaster virou coqueluche da juventude daquela época. A essa altura, os demais integrantes da minha banda The Jet Black´s não participavam mais do programa Ritmos para a Juventude, abandonando Antonio Aguillar.” (Primo Moreschi, em 28/08/2018)

Estes são registros importantes sobre quem iniciou o Twist (principalmente a dança) aqui no Brasil, e a presença de Renato Mendes, artista que juntamente com The Jet Black´s dividia as primeiras noitadas de Twist na Boate Lancaster.

Renato Mendes já se apresentava na Boate Lancaster somente tocando órgão antes do conjunto The Jet Black´s. Ele era um exímio tecladista. Seu gênero era a MPB em geral. Inclusive, uma época em que o Gato se estranhou com o Jurandi, baterista do Jet Black`s, ele foi tocar contrabaixo com o Renato Mendes.

Após The Vampires ter trocado de nome para The Jet Black`s, passaram a tocar também todas as noites na Boate Lancaster.

FONTE: Informações recebidas diretamente de Primo Moreschi e também em seu Livro intitulado “O Protagonista Oculto dos Anos 60”

Foto abaixo retirada deste vídeo documentário sobre o programa de Miguel Vaccaro Neto:
.

.

Miguel Vaccaro Neto, dono da Boate Lancaster, e Jurandi Trindade, baterista do conjunto The Jet Black`s

RENATO E SEUS BLUE CAPS SEM FRONTEIRAS!

Desde os anos 60 que RENATO E SEUS BLUE CAPS se destaca no cenário musical brasileiro, primeiro por que surgiu quando o Rock and Roll começava no Brasil e eles foram pioneiros em apresentar as canções que começavam a fazer sucesso internacionalmente. Depois por que passaram pela Jovem Guarda, onde além de ser uma das bandas de maior sucesso, também foi responsável pelo sucesso de inúmeros cantores da época, pois eram seus instrumentos manejados com perfeição e profissionalismo impecável que acompanhavam esses cantores em suas gravações nos discos CBS e até mesmo em apresentações desses artistas no palco do programa Jovem Guarda.

Hoje RENATO E SEUS BLUE CAPS é um dos únicos artistas que não perdeu seus fiéis seguidores e fãs, pelo contrário, adquiriu outros das novas gerações, e a banda continua fazendo sucesso e lotando as casas e teatros por onde se apresenta.

RENATO BARROS, à frente de sua banda, sempre se destacou pelo inusitado, pela criatividade, pelo senso diferenciado na produção artística.

Como compositor, ele acredita na importância em se destacar o autor das canções, os quais são tão esquecidos pela mídia e inclusive pelos próprios intérpretes.
Pensando nisso, em seus Shows pelo Brasil Renato não apenas destaca as suas próprias composições que fizeram sucesso na voz de outros intérpretes como também presta homenagens a outros compositores, e também a quem o influenciou musicalmente.
Em breve os fãs poderão ver uma homenagem a um ex-Blue Cap, o músico Mauro Motta, que Renato considera o Burt Bacharach brasileiro, devido as suas incríveis harmonias, e também a Robinson Jorge, um grande músico esquecido pela mídia.
É que no Brasil parece que ficou estabelecida a cultura que diz ou pensa que o artista que canta ou toca Samba, por exemplo, não pode variar o repertório executando Rock, ou vice versa; mas Renato e Seus Blue Caps não permaneceu nesta mesmice. Renato e Seus Blue Caps saiu dessa por que tem capacidade para mostrar seu talento em outros ritmos musicais, como a Bossa Nova e o Samba Canção, por exemplo.

Viajam e levam a plateia com eles desde Charles Chaplin a Reginaldo Rossi, desde Tom Jobim a Lupicínio Rodrigues… e neste EMBALO, a banda se tornou “SEM FRONTEIRAS” em termos musicais.

“RENATO E SEUS BLUE CAPS SEM FRONTEIRAS!”

HOMENAGENS A CHARLES CHAPLIN, TOM JOBIM, VINÍCIUS DE MORAES, REGINALDO ROSSI E LUPICÍNIO RODRIGUES.

.

.

A história da canção In My Life, dos Beatles.

John Lennon já estava tentando escrever canções mais introspectivas havia mais de um ano. Ele estava passando pelo processo de mudança e se aventurando nas canções autobiográficas, deixando de lado as “composições adolescentes”, mas foi só com “In My Life” que John sentiu finalmente ter alcançado seu objetivo completamente e de forma convincente. A canção, que foi gravada em outubro de 1965, começou, de acordo com John, como um longo poema em que ele reflete sobre seus lugares preferidos de infância, fazendo uma jornada de sua casa na Menlove Avenue até o Docker’s Umbrella, a estrada de ferro suspensa que corria pela zona portuária de Liverpool, sob a qual os responsáveis por colocar as mercadorias nas embarcações se escondiam da chuva.

Contratado por Yoko Ono para realizar um inventário dos objetos pessoais de John depois da sua morte, Elliot Mintz se lembra de ter visto o primeiro rascunho da música escrito à mão. Em um rascunho dessa letra desconexa, John citava Penny Lane, Church Road, o relógio da torre, o Abbey Cinema, os galpões do bonde, o café holandês, St. Columbus Church, o Docker’s Umbrella e Calderstones Park. Apesar de ser completamente autobiográfica, John percebeu que não passava de uma lista de lugares e coisas agrupadas que estavam desaparecendo, como os galpões onde estacionavam os bondes, que já não havia mais bondes, e o Docker’s Umbrella tinha sido desativado. “Era o tipo de música para cantar no ônibus sobre ‘o que fiz nas férias’, e não estava funcionando”, afirmou. “Então me deitei e a letra sobre os lugares de que me lembro começou a brotar”.

John então descartou todos os nomes de lugares e criou uma sensação de luto por uma infância e juventude perdidas, tirando o foco de Liverpool e deixando-a universal, falando sobre a morte e a decadência. Era a história de um sujeito durão, que ria dos incapacitados, mas que também era sentimental e emotivo. Durante toda a vida, ele sempre teve uma caixa onde guardava recordações de infância. Mais tarde, John revelou a Pete Shotton, seu inseparável amigo de infância, que quando escreveu o verso de “In My Life” sobre amigos mortos e vivos, estava pensando especificamente em Shotton e no antigo beatle Stuart Sutcliffe, que morreu prematuramente em decorrência de um tumor no cérebro em 1962.

A letra também traz uma semelhança surpreendente com o poema de Charles Lamb, do século XVIII, “The Old Familiar Faces”, onde John pode ter encontrado na antologia de poesia popular Palgrave’s Treasury. O poema começa com:

I have had playmates, I have had companions, In my days of childhood, in my joyful schooldays: All, All are gone, the old familiar faces.

Seis versos depois, é concluído com:

How some they have died, and some they have left me, And some are taken from me; all are departed; All, all are gone, the old familiar faces.

A origem da melodia da canção continua causando polêmica. John afirma que Paul ajudou em alguns trechos. Paul ainda acredita ter escrito tudo. “Eu lembro que ele tinha a letra em forma de poema, e eu criei algo. A melodia, se eu me lembro direito, foi inspirada em The Miracles”, ele conta. Paul provavelmente se refere a “You Really Got a Hold On Me”. Na gravação, o solo instrumental foi executado por George Martin, que gravou o piano pessoalmente e depois tocou em velocidade acelerada para criar o efeito barroco. John achava que “In My Life” era sua primeira obra realmente importante.


.

Publicado originalmente em 24 de julho de 2013 por BEATLEPEDIA.