Foi o encontro entre Bob Dylan e os Beatles, que aconteceu há exatos 48 anos, em 28 de agosto de 1964!
Bob Dylan se aproximou dos Beatles por causa da música “I want to hold your hand”…
Parece que Dylan ficou perplexo com a maneira pela qual os Beatles tinham reinventado o Rock and Roll, dando um “up” e rejuvenescendo aquele ritmo de música que ele ouvia quando adolescente.
A frase “I CAN´T HIDE, I CAN´T HIDE” ele entendia “I GET HIGH” e isso fez com que ficasse curioso para conhecer os autores daquele hit; o encontro aconteceu na noite de 28-08-1964, quando Al Aronowitz apresentou os Beatles a Bob Dylan!
“Olhando em retrospecto, eu ainda vejo aquela noite como um dos grandes momentos da minha vida. Na verdade, eu tinha a consciência de que estava dando início ao encontro mais frutífero na história da música pop, pelo menos até então. Meu objetivo foi fazer acontecer o que se deu, que foi a melhor música de nossa época. Eu fico feliz com a idéia de que eu fui o arquiteto, um participante e o cronista de um momento-chave da história.”
Assim o jornalista norte-americano Al Aronowitz se refere ao clássico encontro que, exatamente há 48 anos, mudou a cara da música pop e da cultura popular, quando no dia 28 de agosto de 1964, os Beatles foram apresentados a Bob Dylan e este os apresentou à maconha.
O encontro, ocorrido no Delmonico Hotel, em Nova York, fez com que ambos os artistas começassem a se enxergar como partes de um mesmo universo, cedendo atrativos musicais entre si. Não havia mais consumismo infanto-juvenil de um lado e cabeça feita do outro, tudo era a mesma coisa. Nascia então a música pop moderna.
O que a princípio parecia se tornar um breve alô entre jovens ícones, tornou-se um acelerador para novas certezas que ambas as carreiras vinham desenvolvendo. Fenômeno de mercado, os Beatles eram uma banda elétrica adolescente, cantando baladas de amor e petardos dançantes com maestria inigualável. Já o acústico Dylan nascera na mesma cena “folk” pacifista que habitava o bairro boêmio do Village e glorificava autores “beat” e músicos do povo.
Mas logo a seguir as coisas mudariam de figura. Dylan abraçaria a guitarra como um violão de maior alcance, ferindo seus próprios fãs puristas com decibéis de eletricidade distorcida, ao mesmo tempo em que deformava a própria lírica das canções de protesto para um panteão bíblico-pop que buscava a pureza da alma americana, ao mesmo tempo em que se perdia em seus próprios pecados.
Já os Beatles deixariam de lado o iê-iê-iê para mergulhar fundo em si mesmos, emergindo de seu experimentalismo intuitivo – parte nostálgico, parte ingênuo – atingindo o melhor legado que o formato canção conheceu.
Aronowitz havia entrevistado John Lennon e descobriu que ele considerava Bob Dylan um “ego igual” e, amigo de Dylan, passou a pensar em como aproximar os dois artistas. Até que, naquele 28 de agosto, Al recebe um telefonema de Lennon, que estava de passagem com os Beatles por Nova York:
“Cadê ele?”
“Quem?”
“Dylan!”
“Ah, ele está em Woodstock, mas eu posso trazê-lo!”
“Do it!” (Faça isso!), mandou John do outro lado da linha, e o jornalista percebeu que podia dar ignição na própria história. Aronowitz combinou com Dylan, que veio acompanhado do roadie Victor Maimudes ao volante. Com Al no carro, foram em direção a Manhattan, chegando logo ao hotel localizado na Park Avenue. Lá os três alcançaram o andar em que os Beatles estavam, sendo recebidos por um amontoado de artistas, radialistas, policiais e jornalistas, bebendo cerveja e conversando, que esperavam a vez de entrar na suíte para conversar com os Beatles, que estavam na capa da revista “Life” daquela semana.
Dylan entrou rapidamente e a recepção foi feita pelo empresário do grupo, Brian Epstein, que, ao perguntar, entre champanhe e vinhos franceses, o que Dylan gostaria de beber, ouviu o pedido por “vinho barato”, na intenção de despachar o roadie dos Beatles, Mal Evans, que saiu em busca de tal garrafa.
O encontro caminhava frio e os Beatles ofereceram pílulas para Bob, que sugeriu que eles fumassem maconha. Os ingleses responderam que nunca haviam fumado e que consideravam a maconha uma droga pesada como a heroína, restrita a músicos de jazz e escritores malditos.
Pasmo, Dylan perguntou sobre aquela música que eles compuseram sobre estar chapado. Sem entender o que ele queria dizer, o cantor “folk” citou uma passagem em que os Beatles cantavam “I get high! I get high! I get high!” (“Eu fico chapado”), e Lennon esclareceu que era “I Want to Hold Your Hand”, cuja letra, na verdade, dizia “I can’t hide! I can’t hide! I can’t hide!” (“Eu não posso esconder!”). Desfeito o mal-entendido, Dylan sugeriu que todos fumassem um baseado.
Os Beatles, Dylan, Mal, Victor, Brian, Al e o assessor de imprensa Derek Taylor se dirigiram ao fundo da suíte do hotel, onde se trancaram e fecharam as cortinas. Bob Dylan começou a enrolar o cigarro, mas deixou o fumo cair por duas vezes, deixando que seu roadie terminasse o serviço. Aceso, o cigarro foi passado para Lennon, que passou a vez para o baterista Ringo Starr, que, por desconhecer os rituais canábicos, fumou-o inteiro, sem passá-lo adiante. Isso fez com que Al incentivasse a produção de mais cigarros, e logo cada um tinha o seu.
“Foi muito engraçado!”, lembra Paul McCartney em suas memórias, “Many Years from Now”, “o negócio dos Beatles eram humor, tínhamos muito humor. Havia um lado do humor que usávamos como proteção e, com aquilo ainda por cima, as coisas ficaram mesmo hilárias”.
“Virou uma espécie de festinha”, continua Paul, “voltamos todos para a sala, bebemos e coisa e tal, mas não acho que alguém precisasse de mais fumo depois daquilo. Passei a noite toda correndo para lá e para cá, tentando achar papel e caneta porque, quando voltei para o quarto, descobri o sentido da vida. Queria contar ao meu pessoal como era aquilo. Eu era o grande descobridor, naquele mar de maconha, em Nova York”.
“Até a vinda do Rap, a música pop era largamente derivada daquela noite no Delmonico. Aquele encontro não mudou apenas a música pop, mudou nosso tempo”, lembra Al Aronowitz, em sua coluna on-line “The Blacklisted Journalist”. Logo depois, Dylan lançaria, em seqüência, os discos “Bringing It All Back Home”, “Highway 61 Revisited” e “Blonde on Blonde”, enquanto os Beatles trariam “Rubber Soul”, “Revolver” e “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”.
Isso é pura história! O vídeo “Bob Meets The Beatles” (Bob encontra os Beatles) é o Episódio 22 da série de cartoons “The Meth Minute”, e nos leva de volta a este momento da história do Rock, que foi o dia em que Bob Dylan pela primeira vez levou os Beatles a fumarem maconha. A coisa ficou estranha naquela sala…
Fonte: – Folha on Line (UOL)
– We Love the Beatles Forever no Orkut
– Many Years From Now, a Biografia de Paul McCartney