Paulo César Barros e outros músicos brasileiros participaram da primeira gravação do cantor americano Luther Vandross.

Este vídeo mostra a primeira gravação do grande cantor americano Luther Vandross (Nova Iorque, 20 de abril de 1951 — Edison, 1 de julho de 2005), e entre os músicos que o acompanharam estão alguns brasileiros, como, Paulo César Barros, Lincoln Olivetti e Robson Jorge (guitarrista), além do produtor Alfie Soares. 😉

Na ocasião desta gravação em 1979, ninguém sabia que seria Luther Vandross quem colocaria a voz na gravação, a não ser o maestro Misha Segal e Alfie Soares.

Georgy Porgy foi o primeiro lançamento oficial de Luther Vandross como artista.

A foto que aparece no vídeo foi feita na sessão de gravação no Estúdio da RCA no Rio de Janeiro em fins de 1979, onde a faixa foi gravada. Nela estão Osmar Zan, Alfie, Misha Segal e o técnico Joe Lopez.
Em pé, usando uma camisa com o número 77 está o baterista Charles Collins. Ele é de New York, trabalhou com Marvin Gaye, de quem era muito amigo. Corriam juntos para manter a forma e esteve com ele na manhã do dia em que foi assassinado.

E nesta outra foto enviada ao Alfie Soares pelo maestro Misha Segal, diretamente de Los Angeles, para ilustrarmos esta publicação, podemos reconhecer nosso querido baixista Paulo César Barros na fila de trás, (é o primeiro da esquerda para a direita), e também nosso querido amigo Alfie Soares, sentado à mesa de som (é o segundo da esquerda para a direita), entre outros músicos brasileiros.

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Nota: Todas as informações (incluindo vídeo e foto) me foram enviadas por Alfie Soares.

Uma Homenagem a Roberto Correa, “Um dos Meninos de Ouro” do Brasil!

The Golden Boys, (ou Os Meninos de Ouro), perderam neste último sábado, um de seus irmãos, o integrante Roberto Correa, que formava com os irmãos Renato e Ronaldo e o amigo Valdir, o quarteto vocal que iniciou cantando Doo-wop, um estilo de música vocal baseado no rhythm and blues, inspirados no grupo americano The Platters.

Passaram por programas como o Festival da Juventude na TV Excelsior canal 9 e Reino da Juventude na TV Record canal 7, quando finalmente fizeram muito sucesso na Jovem guarda, da TV Record, e há mais de 50 anos vêm brindando o público brasileiro e a música com o seu talento.

Roberto Correa lutava contra um câncer e no dia 26 de novembro de 2016, às 18h, veio a falecer em sua residência no Meier , Rio de Janeiro.

Nesta entrevista concedida a Antonio Aguillar, Roberto Correa conta um pouco sobre a trajetória artística dos golden boys.

“Em 2004, há 12 anos, o quarteto havia perdido Valdir Anunciação, que juntamente com Roberto Corrêa, Ronaldo e Renato formavam The Golden Boys, um grupo da pré jovem guarda, que iniciou a carreira artística por volta de 1958 como a versão brasileira do grupo The Platters.
Esses rapazes tiveram muito destaque no rádio e na televisão brasileira, principalmente com a música “Alguém na Multidão”, uma composição de Rossini Pinto.
Gravaram também versões de musicas dos Beatles, como Michelle, um grande destaque do grupo vocal.
Os irmãos mais jovens formaram na época o Trio Esperança com Regina, Mario e Evinha.
Mais tarde Evinha mudou-se para Paris por outros compromissos fora do Brasil, e foi substituída pela irmã mais nova, Marizinha.
Uma família linda de artistas maravilhosos, que estão na estrada até hoje.
Voltando ao passado, quando da existência do programa Ritmos para a Juventude na Rádio Nacional de S.Paulo (1962), tive o prazer de recebê-los sempre na programação de musica jovem.
Fizeram também em 1963 e 1964 os programas Festival da Juventude na TV Excelsior canal 9 e Reino da Juventude na TV Record canal 7.
Quando surgiu o programa Jovem Guarda com Roberto Carlos, The Golden Boys e o Trio Esperança migraram para a programação que veio consagrar os astros e estrelas que passaram pelas nossas mãos.
Fica registrada essa perda irreparável, de um artista vocalista da melhor qualidade para o nosso movimento musical.”

Antonio Aguillar

Nesta foto, Antonio Aguillar entrevista Roberto Corrêa para o programa Jovens Tardes de Domingo, levado ao ar pela Rádio Capital aos domingos das 12h às 13h.

Nesta foto, Antonio Aguillar entrevista Roberto Corrêa para o programa Jovens Tardes de Domingo, levado ao ar pela Rádio Capital aos domingos das 12h às 13h.

HOMENAGEM DA FAN PAGE “WE LOVE THE BEATLES FOREVER” A GEORGE HARRISON.

Em 29 de novembro de 2001 o mundo perdia George Harrison, o lendário guitarrista que fazia a guitarra chorar, como diz uma de suas famosas canções.

O GUITARRISTA E SUAS PRIMEIRAS GUITARRAS

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É justo dizer que George Harrison não foi o guitarrista líder dos Beatles simplesmente por acaso.
Foi pelo seu talento e tenacidade que conquistou isso.
Harrison tinha uma aparência meio engraçada, era muito magro e Paul McCartney costumava encontrá-lo no ônibus indo para a escola em Liverpool.
Ele tinha um fraco por roupas coloridas e, acima de tudo, um amor por violão, amor esse que ele compartilhava com o amigo McCartney, que era um mais velho que ele.

Em 1958, com nada mais impressionante em seu currículo que um show no Clube da Legião Britânica com seu irmão Peter e um casal de colegas, o jovem de 15 anos começou a sentar-se com o grupo em que McCartney havia acabado de se juntar, chamado “The Quarry Men”, e preenchia o quadro quando um ou outro dos guitarristas não aparecia.
Em pouco tempo, já bem afinado depois de praticar arduamente e dedicar-se com afinco a aprender os sucessos americanos de Rithm & Blue e Country & Western, ele ganhou uma posição permanente como membro da banda.

Durante um período de escassez em 1959 Harrison tocou com o Quarteto “Les Stewart” mas em agosto ele estava de volta com os Beatles para abrir o Casbah Club, e esteve com eles em cada show que tocaram depois.

Em uma carreira solo povoada por ambos os sucessos em todo o mundo e perdas espetaculares, Harrison ganhou o respeito de fãs, músicos e críticos com sua paleta de humor único, devoção, ironia e habilidade. “Eu acredito que eu amo a minha guitarra mais do que os outros amam a deles”, disse uma vez Harrison à Revista Beatles Monthly. “Para John e Paul, escrever canções é muito importante e tocar guitarra é um meio para finalizá-las. Enquanto eles estão compondo novas músicas eu podia me divertir completamente apenas rabiscando (dedilhando) por perto com um violão por uma noite inteira. Sou fascinado por novos sons que eu possa obter de diferentes instrumentos que eu experimentar. Não estou certo de que isso me faça particularmente um músico. Apenas me chame de fanático por uma guitarra e eu estarei satisfeito. ”

As Guitarras

Qual foi a primeira guitarra de Harrison?
De acordo com Paul McCartney em uma entrevista (Bacon Interview) era estritamente um caso de faça você mesmo. “Começamos a conversar no ônibus e ele tinha interesse em guitarras e em música, assim como eu. Resultou que ele ia tentar fazer uma, e faria corpinho sólido estilo havaiano, que era tipo um bom jeito de começar. Você não tinha que entrar no corpo oco nem nada, o que foi muito difícil. E ele fez isso, e nós nos tornamos bons amigos. Ele fez aquela coisa havaiana e não era ruim, uma ação verdadeiramente difícil eu diria.”
Não há registro de que esta guitarra ainda exista.

1956: Egmond steel-strung Spanish style (sunburst, vintage unknown):

Harrison comprou esta “Guitarra de Principiante,” produzida na Holanda por Egmond e distribuída pela Rosetti, do colega de escola Raymond Hughes, por 3 £ (libras) que ele obteve de sua mãe.
O anúncio desta guitarra dizia “o modelo mais barato da nossa série”, por 4 libras, sete shillings e seis pences. Enquanto estava tentando acertar a negociação, o rapaz acidentalmente retirou o pescoço do corpo, mas após algumas semanas no armário, a Egmond foi resgatada pelo colega de guitarra Peter Harrison, que emendou o instrumento de seu irmão. Harrison fez sua estreia no show business com esta guitarra no ano seguinte no Speke British Legion Club, onde “The Rebels”, um grupo de Skiffle formado pelos Harrisons e três companheiros, tocaram em seu primeiro e único show.
A guitarra – menos as cabeças de sua máquina – foi leiloada em Londres durante os anos 80, e graças a seu proprietário britânico anônimo foi emprestada para o Rock and Roll Hall of Fame em Cleveland de 1995 a 2002.
Em 2003, esta pequena Egmond – agora valendo cerca de US $ 800 mil – foi para a exposição no Museu dos Beatles em Liverpool.

1958: Hofner President f-hole acoustic (vintage unknown):

Em um salto quântico de seu primeiro instrumento, e com uma pequena ajuda de sua mãe, Harrison comprou este simpático Hofner, um topo de linha, single-cutaway “estilo cello”, um modelo com um acabamento “sunburst” e um “tailpiece” para compensar, por £ 30. Ele tocou o Hofner President até trocá-lo com um membro da Swinging Blue Jeans no ano seguinte por um Hofner Club 40.

Boas vibrações: Antes de montar um pequeno captador, Harrison obteve volume extra, tocando esta guitarra com a cabeça dela contra um guarda-roupa.

1959: Hofner Club 40 model 244 (vintage unknown).

1959: Resonet Futurama.

Mais detalhes e o texto original neste link.

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“What to do” VERSUS Sabbath Bloody Sabbath: Canção gravada por Vanusa foi plagiada!

Em 1973 Alfie Soares compôs uma música em inglês em parceria com o excelente guitarrista Papi, e a música foi gravada por Vanusa.
O disco de Vanusa foi gravado em Março de 1973, portanto foi lançado oito meses antes do disco do Black Sabbath, que foi lançado em novembro do mesmo ano de 1973.

Reza a lenda que o guitarrista Tony Iommi teria utilizado o riff inicial da canção composta por Alfie e Papi, “What to Do”, gravada por Vanusa, para compor a clássica “Sabbath Bloody Sabbath”, por que durante o processo de composição para o álbum Sabbath Bloody Sabbath, Iommi teria sofrido um bloqueio criativo causado pelo excesso de cocaína que o impediu de conseguir criar qualquer canção para a banda, como ele sempre havia feito até então. Segundo consta na mídia, seu desespero atingiu um grau tão elevado que ele pediu para sua equipe técnica e amigos que lhe trouxessem discos de “outras culturas”, para que ele pudesse ter algum tipo de inspiração. E foi aí que certamente o álbum de Vanusa caiu nas mãos de Iommi, que além de “copiar” o riff criado por Papi, que é quem está na guitarra na gravação de Vanusa, também colocou no arranjo deles uma parte mais lenta, exatamente como na canção original.

Apesar de haver muitas especulações na Internet, o fato real é que Alfie Soares e Papi completaram a música em janeiro de 1973. Ela lhes foi encomendada por Wilson Miranda, o produtor do disco de Vanusa, que queria uma canção em inglês para tentar o mercado internacional.
Eles assinaram o contrato com a editora da RCA e Papi é quem está na guitarra solo.

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Ouçam as duas músicas…

WHAT TO DO
(Alfie Soares/Papi)

Don’t you feel it’s kind of hard living with no fear
Don’t you sometimes wonder why living is no fun
Yes you do, but you just sit and watches the world go ‘round
And it hurts me when I hear you say that you can’t do it
Just keeps on asking
What to do? What to do?

Well, go, out and face the rain
Then the storm won’t hurt so bad
Tell yourself that you are free
Free enough to say I’m free
Be free, be free

Sabbath Bloody Sabbath
(Black Sabbath)

You’ve seen life through distorted eyes
You know you had to learn
The execution of your mind
You really had to turn
The race is run the book is read
The end begins to show
The truth is out, the lies are old
But you don’t want to know
Nobody will ever let you know
When you ask the reasons why
They just tell you that you’re on your own
Fill your head all full of lies
The people who have crippled you
You want to see them burn
The gates of life have closed on you
And now there’s just no return
You’re wishing that the hands of doom
Could take your mind away
And you don’t care if you don’t see again
The light of day
Nobody will ever let you know
When you ask the reasons why
They just tell you that you’re on your own
Fill your head all full of lies
You bastards
Where can…

Aqui um vídeo comparando as duas músicas.

Para quem se admirar pelo fato de um músico brasileiro ser plagiado por um artista internacionalmente famoso, lembre-se que Santana também foi processado e teve que pagar indenização a Edu Lobo, quando lançou seu sucesso mundial Oye Como Va, cujo solo de guitarra de Santana lembrava muito um trecho da linha melódica da musica REZA, de Edu Lobo.
Rod Stewart também plagiou Jorge Ben Jor em Do You Think I’m Sexy.

O Selo “Young” e sua Importância no Cenário da Música Brasileira. (Parte VII – FINAL)

YOUNG: UMA HISTÓRIA. Cap. VII (final)

O selo Young tinha como principal objetivo o de revelar e promover novos intérpretes e compositores brasileiros que tinham total identificação com o movimento musical dirigido ao público jovem que passou a dominar o show business mundial. Porém, não fechou seus ouvidos para o que acontecia no universo paralelo da música e, assim, quando o ano de seu nascimento em 1959 coincidiu com o ano de falecimento do grande músico de jazz Sidney Bechet, a Young lá estava para ser a única a lançar a gravação original do saxofonista norte-americano para sua composição mais famosa. Petite Fleur.

A Young passou a ser também uma porta para o Brasil, aberta aos novos talentos de outros paises cujos discos não tinham representação no nosso território através das companhias multinacionais, como Odeon, RCA, Philips e Columbia, o quarteto de ferro que mandava e desmandava no mercado local.

Em 1959, a Inglaterra começava a colocar suas “manguinhas de fora”, mostrando ao mundo Cliff Richard e The Shadows, e nada mais lógico do que tentar a sorte com outro jovem inglês que surgia. Freddie Davis foi o escolhido.
Freddie, que anos mais tarde, precisamente em 1972, voltaria a ter sucesso no Brasil com a sua gravação So Lucky, foi lançado pela Young através de sua versão para o sucesso do grupo Fireflies, “You Were Mine”.

Freddie Davis – You Were Mine

Apenas como fato curioso: O primeiro compacto simples de Elton John lançado no Brasil pela RGE, no início de 1971, com as músicas Your Song / Take Me To The Pilot, foi com o selo Young, porém em cor cinza e não com o tradicional Vermelho e Branco.

Outro pioneirismo creditado à Young: Foi a primeira etiqueta a lançar seus discos em 45 rotações no Brasil, pois seu público consumidor fazia parte daquele refinado grupo que comprava discos importados. Além do tradicional, para a época, 78 rotações, havia a opção de comprar o compacto em 45 rpm. Ao mesmo tempo, lançava compilações em EP (Extended Play), reunindo sucessos em dose quádrupla.

The Avalons – Baby Talk

Regiane – Willie Boy

Nick Savoia (Bad Boy)

The Beverlys (Yaket Yak)

O ano de 1960 chegou trazendo um sentimento nacionalista, graças à promessa do desenvolvimento de uma indústria automobilística, a construção de Brasília etc. Deste sentimento surgiu a ideia de gravar em ritmo de Rock and Roll a marcha Paris Belfort. Esta composição francesa foi usada como fundo para o noticiário da Rádio Record a respeito dos acontecimentos que faziam a história da Revolução Constitucionalista de 1932. Ficou sendo a marcha oficial da revolução.
A ideia era ligar os jovens de 1960 aos jovens que havia lutado por uma nova constituição 28 anos antes. E a linguagem seria o ritmo jovem, sem deturpação de harmonia ou linha melódica.
O guitarrista dos Jester Tigers, Gato, que já era sucesso como cantor com o seu “Kissing Time”, foi o escolhido para ser o solista.

Gatto – Paris Belfort

YOUNG: UMA HISTÓRIA. Cap. VII

Entusiasmados com a ideia da homenagem dos jovens aos veteranos combatentes, Miguel Vaccaro e Henrique Lebendiger criaram um plano de promoção que seria único, totalmente inédito segundo os padrões brasileiros.

O plano consistia em reunir um número grande de ex-combatentes nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo, perfilados ao som da marcha “Paris Belfort”, executada ao vivo por Gatto (José Provetti) e os músicos que participaram da gravação. O evento teria seu início exatamente às doze horas do dia 9 de Junho, um mês antes da data comemorativa da revolução de 1932. Graças a um trabalho da equipe de divulgação da Young, as principais emissoras de rádio de São Paulo executariam a gravação de Gatto ao soar do meio-dia, coincidindo com o início do espetáculo ao vivo.

Assim, no começo da tarde de uma quinta feira fria iluminada por um sol tímido, soaram os primeiros acordes de Paris Belfort, em ritmo de Rock and Roll.
O Teatro Municipal de São Paulo ficava em frente a um dos mais concorridos corredores da cidade, o Viaduto do Chá. A multidão começou a aglomerar-se ao ouvir aquele som vibrante, dando uma pausa na cidade que não podia parar, e pelos rostos sorridentes, pelos pés acompanhando o ritmo e pelas palmas batidas podia se dizer que o evento era um sucesso. Até que um dos veteranos pracinhas estranhou um pouco a maneira como seu hino estava sendo executado e, saindo de sua formação, começou a gritar contra os músicos. Os outros veteranos se juntaram a eles e, até mesmo parte daquela plateia de transeuntes que estava gostando do que ouvia, passou também a ameaçar os músicos.
A solução foi correr pra bem longe dali, do Viaduto do Chá até a Rua Riachuelo, onde ficavam os estúdios da Rádio Panamericana.
Estava encerrado aquele capítulo.

E o destino resolveu ser irônico ao determinar que uma revolucionária marcha se tornasse a última gravação da revolucionária Young. Não haveria mais gravações da Young, mas ela não terminou. Apenas entrou em processo simbiótico com a tradicional indústria fonográfica. Demetrius assinou com a Continental, onde teve uma sequência de grandes êxitos; Nick Savoia, Antonio Claudio (Danny Dallas), The Avalons e Galli Jr., dos Rebels (Prini Lorez) foram contratados pela RGE, Regiane foi para a Odeon, Hamilton Di Giorgio juntou-se a Wilson Miranda e Sergio Reis como os grandes astros jovens da Chantecler, Dori e Marcos (The Cupids) saíram para sua carreiras solos, Nenê, o garoto prodígio dos Rebels, juntou-se aos grupos que pavimentaram seu caminho em direção a um dos grupos mais vitoriosos do Brasil, Os Incríveis. Gato juntou-se aos Jet Black`s e assim por diante.
A Young não acabou. Tornou-se objeto de colecionadores e caçadores de raridades musicais,adquirindo status de “cult“.

O estúdio da Panamericana, de onde “Disque Disco” era transmitido, foi o primeiro palco destes jovens talentosos. Juntamente com Vaccaro, aqueles futuros astros contaram com a boa vontade e ajuda de outros profissionais, como os técnicos de som Francisco Vieira e Eddy Costa, os locutores Brim Filho, Augusto Tovar, Walkiria e José Magnoli, conhecido depois como Helio Ribeiro, grande nome do rádio brasileiro.

De um sonho realizado com a paixão e a ousadia de Miguel Vaccaro Netto muitas carreiras tiveram seu inicio. Com a vibração e talento dos jovens que formaram a família Young muitas portas se abriram para tantos outros movimentos inspirados por estes pioneiros.
Seria fabuloso se cada um dos que viveram aqueles mágicos momentos dedicasse um pequeno tempo de sua vida para compartilhar sua história…

Young - Discografia

Young – Discografia

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Por Alfie Soares

Quem é Alfie Soares?

É o nome artístico de Afonso Soares de Azevedo, que no período de 1959 a 1962 trabalhou como assistente de Miguel Vaccaro Netto, Rádio Panamericana (Jovem Pan) e programa Disque Disco, época em que foi criada a Young.
Também neste período trabalhou no Teatro Record, nas apresentações de atrações internacionais como Brenda Lee, Neil Sedaka, Paul Anka, Teddy Randazzo, Frankie Lymon, Johnny Restivo, Frankie Avalon e outros tantos.

De 1964 a 1969 trabalhou na Odeon, onde começou como divulgador e depois tornou-se produtor.
Fez trabalhos com Abílio Manoel, Silvio Cezar, Eduardo Araujo, Silvinha e outros.

De 1969 a 1970 foi produzir para a Philips/Polygram. Gravou com Ronnie Von, Coisas de Agora, Tim Maia e outros.

De 1971 a 1979 trabalhou como contratado pela RCA Victor para tomar conta do Departamento Internacional e também produzir. Lá ele voltou a trabalhar com Eduardo Araujo, Silvinha, Demetrius e outros.

De 1980 a 1992, após rápida passagem pela gravadora Continental, parou de trabalhar com discos e foi para uma produtora de shows cujos donos eram Atílio Vanucci Jr. e Chico Anísio. Lá ele teve participação ativa nos shows de Kiss, Peter Frampton e Harlem Globetrotters. Dali foi com Claudio Liza para a Intershow, onde trabalhou novamente com Ronnie Von, Manolo Otero, Sarita Motiel e Fabio Jr.
Passou a trabalhar exclusivamente com Fábio até 1991. Em 1992 mudou-se para Miami, onde vive até hoje.

Vale dizer que em 1962 escreveu suas primeiras músicas com Hamilton Di Giorgio. Depois, teve como parceiros Wagner Benatti, o Bitão dos Pholhas (Clube Atômico c/ Luiz Fabiano), Papi (What To Do c/ Vanusa), Tony Campello (Cada Coisa Em Seu Lugar).
Depois, sozinho, escreveu musicas e versões para Eduardo Araujo, Silvinha, Celly Campello, Suzy Darlen, Joelma, Agnaldo Timóteo, Nelson Ned, Os Incriveis, Os Pholhas, Julio Iglesias, Chris McClayton e alguns outros mais.
Seu último trabalho, antes de mudar-se, foi para Zezé Di Camargo (Faz Eu Perder o Juízo).

Alfie Soares e Brenda Lee

Alfie Soares e Brenda Lee

O Selo “Young” e sua Importância no Cenário da Música Brasileira.

PARTE I

PARTE II

PARTE III

PARTE IV

PARTE V

PARTE VI

PARTE VII (FINAL)

MENSAGEM RECEBIDA:

“Meu pai fez parte dessa gravadora, e desse movimento de música jovem, o nome dele é Vander Loureiro, ele foi integrante do conjunto vocal “The Beverlys”, que contava ainda com minha mãe Amélia, José Pereira, José Mariano e Benedito Guido de Castro. Ele está escrevendo um livro sobre essa época, nesse final de semana ele esteve aqui em casa e eu mostrei as suas reportagens e os clips das músicas pra ele e ele gostou muito.”

Vanderlei Loureiro

Renato Barros expõe sobre a escolha das músicas que são tocadas nos Shows da banda Renato e Seus Blue Caps.

Renato Barros responde às dúvidas de alguns fãs que gostariam de ver outras músicas no repertório dos Shows de sua Banda Renato e Seus Blue Caps, e diz:

“O repertório de um show é muito complexo, talvez seja até mesmo a parte mais complexa. Fazemos a escolha obedecendo a critérios e ao aprendizado que o tempo nos proporcionou no decorrer dos anos e levando-se em conta o tamanho do Brasil e suas diversas regiões completamente distintas. Muitas músicas ficam de fora até contra a nossa vontade, sendo assim, montamos um Show com músicas que foram sucessos nacionais e não regionais. Somamos a isto o entendimento de que vivemos uma época em que o público valoriza demais a dança e a alegria (principalmente os mais jovens), e para atendê-los, colocamos os grandes sucessos do Rock internacional, como Beatles, Rolling Stones, Roy Orbinson etc…. Não é fácil montar um repertório, mas estamos abertos às boas sugestões.
Se não forem atendidos é porque a sugestão não se enquadrou a nossa filosofia.”

Além disso, nesta conversa informal via Messenger, Renato explica detalhadamente a escolha das músicas nos shows…
(me desculpem pelas falhas do sinal da Net…)

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O mesmo vídeo no Youtube:

renato-e-cid-de-costas

Versões e originais de canções de Hamilton Di Giorgio, gravadas por outros cantores.

Os Caçulas: Versão => Estrela Que Cai

A Estrela Que Cai (Good Morning Starshine) [Os Caçulas]

Roberto Carlos: Versão => Lobo Mau

Lobo Mau (The Wanderer) [Roberto Carlos]

Celly Campello: Versão => Só Entre Dois Amores

Só Entre Dois Amores [Celly Campello]

OS VIPS: Versões => Flamenco e Rostinho Triste

Flamenco [Os Vips]

Rostinho Triste (I’ve Got That Feeling) [Os Vips]

Bobby de Carlo: Versão => Brotinho sem ninguém

Brotinho Sem Ninguém (A Boy Without A Girl) [Bobby de Carlo]

Composição Original => Brinquedinho

Brinquedinho [Bobby de Carlo]

Agnaldo Timóteo: Versão => Na noite que que se vai

Na Noite Que se Vai (L’Amore Se Ne Va) [Agnaldo Timóteo]

AS VERSÕES DE HAMILTON DI GIORGIO GRAVADAS POR TONY CAMPELLO.

1. Não toque esta canção
2. Ao balanço do twist
3. O meu bem só quer chorar perto de mim
4. Estrela que cai
5. Lobo Mau

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O Selo “Young” e sua Importância no Cenário da Música Brasileira. (Parte VI)

YOUNG: UMA HISTÓRIA – Capítulo VI

A YOUNG AO LADO DAS ATRAÇÕES INTERNACIONAIS

A grande magia do rádio é sua capacidade e poder de aguçar a imaginação de seus ouvintes.
Poucos radialistas souberam explorar este quesito como Miguel Vaccaro Netto.
Tanto na edição noturna de seu “Disque Disco” na Rádio Record quanto em sua edição diurna pela Rádio Panamericana, a criatividade de Vaccaro causava comentários, agitação e polêmicas entre a grande legião de ouvintes que o acompanhava.
Ele era o porta-voz daqueles jovens que faziam da Rua Augusta um fenômeno nacional e assim foi quando ele transformou uma morna procura por ingressos para os shows de Johnnie Ray em um enorme sucesso, apenas por criar expectativas para um sorteio de uma camisa vermelha do cantor.

Just Walking In The Rain – Johnnie Ray

Em Junho de 1958, Vaccaro voltou a provocar a curiosidade de seus ouvintes, inventando uma entrevista exclusiva e ao vivo com dois astros internacionais, a quem ele chamou de Cantores Misteriosos, e cujas gravações somente ele possuía.
Ao final do programa, com recordes de telefonemas e audiência, revelou que os artistas, um rapaz e uma garota, eram brasileiros e que aquelas eram suas primeiras gravações.
Estavam lançados, através do Disque Disco, os dois grandes pioneiros da música jovem no Brasil: Celly e Tony Campello!

Handsome Boy (Celly Campello)

Forgive Me (Tony Campello)

Uma das grandes sacadas de Vaccaro envolveu um nome que se tornaria reverenciado e respeitado em todo o mundo.
Brenda Lee foi apresentada ao público como uma garota prodígio que, aos treze anos, encantou o mundo com sua gravação de Jambalaya, de Hank Williams.

Miguel Vaccaro Netto, Brenda Lee e seu agente. Sentado ao fundo está Atílio Riccó, que anos mais tarde faria parte do corpo de diretores do núcleo de novelas da Globo.

Miguel Vaccaro Netto, Brenda Lee e seu agente.
Sentado ao fundo está Atílio Riccó, que anos mais tarde faria parte do corpo de diretores do núcleo de novelas da Globo.

Vaccaro resolveu executar em seu programa o disco em rotação alterada de 45 rpm para 33 1/3 rpm. Assim, Brenda Lee, com sua peculiar voz rouquenha, passou a soar como a de Louis Armstrong. E Vaccaro lançava a semente da dúvida sobre a real existência de Brenda. Isso somente ajudou a fazer de Brenda Lee uma campeã de vendagem no Brasil.

Jambalaya (Brenda Lee)

A direção da TV Record, quando contratou Brenda Lee para realizar uma semana de espetáculos em seu Teatro, não pensou duas vezes. Miguel Vaccaro possuía em seus domínios a equipe de jovens artistas que se apresentavam às quintas-feiras e o veículo ideal para promover sua contratada, ou seja, o programa que praticamente colocou o nome de Brenda Lee no mapa da América do Sul. Assim, numa tarde gostosa de primavera em 1959, o programa Disque Disco recebeu Brenda Lee em seus estúdios na Rua Riachuelo.

Alfie Soares e Brenda Lee

Alfie Soares e Brenda Lee (foto um pouco manchada devido ao fato de ter sido salva depois de um furacao que Alfie Soares enfrentou na Flórida)

Ao ser apresentada a Miguel Vaccaro por seu empresário Dub Allbritten (também autor de seu grande sucesso “I’m Sorry”, em parceria com Ronnie Self), Brenda perguntou a Miguel: “So, now you believe me?” (“E então, acredita em mim agora? “), ou seja, ela já sabia da história.

Brenda Lee e seu Agente

Brenda Lee e seu Agente. Ao fundo estão Dub Allbritten e o Sr. Vaccaro, pai de Miguel, uma saudosa lembrança.

Regiane foi encarregada de recepciona-la e entregar a ela um arranjo de flores e um ursinho de pelúcia.

Brenda Lee e o ursinho Teddy Bear ofertado por Vaccaro.

Brenda Lee e o ursinho Teddy Bear ofertado por Vaccaro.

Regiane cumprimenta Brenda Lee e entrega o ramalhete de flores.

Regiane cumprimenta Brenda Lee e entrega o ramalhete de flores.

A convidada de honra respondeu às perguntas enviadas por ouvintes, ouviu algumas canções apresentadas ao vivo por parte da turma que iria apresentar-se na primeira parte de seu show, e encantou-se com a simpatia e talento daqueles jovens brasileiros.

Em Setembro de 1959, uma terça-feira, teve início a participação dos artistas da Young em um show internacional. Juntou-se aos artistas da Young o grande humorista Renato Corte Real, e a temporada de Brenda Lee foi um retumbante sucesso.
Todas as noites, Brenda ficava ao lado do palco, encantada com o que ouvia.

A turma da Young, Paulinho, Dudu, Daniel e Bob Win (The Avalons), Prini Lorez com o astro internacional, Paul Anka.

A turma da Young, Paulinho, Dudu, Daniel e Bob Win (The Avalons), Prini Lorez com o astro internacional, Paul Anka.

All The Time (The Avalons)

Mr. Blue (The Teenagers)

I Go Ape (Nick Savoia.

Com o início da temporada de shows internacionais, o programa Disque Disco deixou de ser apresentado diretamente do Teatro Record às quintas-feiras, mas os artistas da Young não deixariam de se apresentar naquele palco.
Em seguida ao show de Brenda Lee, o Teatro Record programou A Quinzena do Rock and Roll, contando mais uma vez com os astros da Young e as atrações Johnny Restivo, para a primeira semana e Frankie Lymon, encerrando a programação.
Desta vez o comediante que se juntou à turma da Young para a primeira parte do espetáculo de ambas as atrações foi Doca Vassalo.

Johnny Restivo – I Like Girls (Eu Adoro Garotas)

Frankie Lymon (Goody Goody)

Vieram mais tarde Neil Sedaka, Paul Anka, Teddy Randazzo, Frankie Avalon e Dion, este por apenas dois dias. E todos eles travaram conhecimento e amizade, de uma forma ou de outra, com a turma da Young, que eram uma espécie de embaixadores dos jovens brasileiros junto aos astros norte-americanos.

Alfie Soares e Frank Avalon. Nesta foto Alfie está passando a Frankie um suplemento completo da Young.

Alfie Soares e Frank Avalon.
Nesta foto Alfie está passando a Frankie um suplemento completo da Young.

Mesmo quando a atração do Teatro Record era um artista local, a turma da Young era convocada para o espetáculo.

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Alfie Soares e Neil Sedaka

Alfie Soares e Neil Sedaka

Frankie Lymon

Frankie Lymon

Quando Brenda Lee veio ao Brasil pela segunda vez em 1964, ficou decepcionada ao saber que seus amigos da Young não fariam parte de seus espetáculos.
As gravações da Young faziam a alegria dos responsáveis pelas principais lojas de discos do Brasil. Em São Paulo, as duas lojas mais visitadas pela juventude local eram a Eletroarte, de Antonio Paladino, na Rua Augusta, e a loja de Luis Vassalo, na Avenida Ipiranga. As duas vendiam discos importados, daí a demanda pela Young, que cobria aquela fatia do mercado. E desde que estamos tratando de atrações internacionais e discos importados, aproveito para informar que a trajetória meteórica deste selo criado por Vaccaro não ficou restrita ao Brasil. No início dos anos 60, uma compilação dos principais títulos da Young foi lançada em toda a América Latina sob o título de Asalto En Ritmo, lançado pela Fermata Internacional.

young-internacional

E aqui se encerra o penúltimo capítulo da historia da gravadora Young.

Em breve, o último capítulo, incluindo além do final da historia, mais algumas considerações.

Por Alfie Soares

O Selo “Young” e sua Importância no Cenário da Música Brasileira. (Parte V)

YOUNG: UMA HISTÓRIA – Capítulo V

UMA SESSÃO DE GRAVAÇÃO INÉDITA

A jovem etiqueta Young era distribuída no território brasileiro pela equipe de vendas e distribuição da companhia RGE que, por sua vez, possuía um cast de artistas de muito sucesso e respeito, entre eles Maysa, Agostinho dos Santos e Roberto Luna.

Para formar um suplemento de vendas considerável, Miguel Vaccaro e Lebendiger decidiram utilizar todos os contratados em uma única sessão de gravação. Uma sessão de aproximadamente 48 horas ininterruptas.

Foi escolhido o final de semana prolongado da Páscoa de 1959 e o estúdio contratado foi o da Continental, no Largo Da Misericórdia em São Paulo.
O engenheiro de som responsável pela equipe de quatro outros técnicos que se revezariam naquela maratona musical foi o incansável e paciente Ivani Soares.

No dia 26 de Março de 1959, às 9 horas da manhã, começaram a chegar os músicos arregimentados por Waldemar Marchetti, o Corisco.

Primeiramente, foram gravados os play-backs da orquestra que acompanharia Regiane, Nick Savoia, Hamilton Di Giorgio e The Beverlys.
Os arranjos foram feitos pelo Maestro Elias Slon, spalla da Orquestra Sinfônica de São Paulo.

Maestro Slon trouxe para as gravações seu filho Claudio, um baterista com apenas 16 anos de idade.

Claudio Slon iria, alguns anos depois, ser o baterista dos grupos de Walter Wanderley e Sergio Mendes, e terminou sendo um músico respeitadíssimo e muito influente nos Estados Unidos, onde viveu por muitos anos.

Terminadas as gravações com a orquestra, começaram as gravações com os conjuntos.

The Avalons, The Rebels, The Jester Tigers, The Cupids e The Devils, estes acompanhando o excelente Demetrius, em seu disco de estreia, já focalizado neste blog.

Por fim, chegavam os cantores, desfilando seus talentos!

TEENAGE SONATA – HAMILTON DI GIORGIO

CRY – NICK SAVOIA

O DIO MIO – REGIANE

Mais de trinta artistas reunidos nas dependências de um estúdio, em um ambiente descontraído e jovial, totalmente sadio e com bons fluidos.
Cantores talentosos hand-clapping ou fazendo backing vocals em gravação de outro cantor, sugestões e ideias para melhorar desempenhos.
Tudo isso acontecia naquele final de semana mágico.

Alguns pares de anos depois, em um outro país, em uma outra cultura, o pessoal que formava o cast de uma pequena gravadora de Detroit chamada Motown, iria instintivamente repetir o que a Young havia feito na Páscoa de 1959.
Eles foram um pouco mais adiante, pois como disse antes, vinham de uma outra cultura, outro país. Não que sejam melhores ou piores. Apenas diferentes.

Esta sessão serviu para que The Avalons introduzissem Bob, um novo cantor que passaria a figurar ao lado de Solano e Nilton.

THE AVALONS – COME SOFTLY TO ME

No dia 29 de Março, Domingo de Páscoa, eu e Gato (José Provetti), o último a colocar voz em seus playbacks, saímos do estúdio às 8:30 da manhã, tomamos um café na Santa Theresa da Praça da Sé, e fomos cada um para sua casa.

Dormi até o meio dia da Segunda Feira.

YOUNG: UMA HISTÓRIA – Capítulo V (parte b)

Os discos lançados pela Young já estavam sendo vendidos e executados pelas rádios do Brasil.

Agora, faltava um palco para que o público pudesse sentir toda aquela vibração pessoalmente.

PALCO DA YOUNG… FUTURO PALCO DA JOVEM GUARDA!

A TV Record, parte da organização da qual fazia parte também a Rádio Panamericana, de onde Miguel Vaccaro Netto transmitia seu Disque Disco, havia recentemente inaugurado o seu Teatro Record, na Rua da Consolação, em São Paulo.

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Anterior ao Teatro Record, as atrações internacionais e programas especiais da emissora eram apresentados no Teatro Paramount da Rua Brigadeiro Luis Antonio.

Vaccaro viabilizou a transmissão de seu Disque Disco das quintas feiras diretamente do Teatro Record. Bastaram dois programas para que uma febre tomasse conta dos jovens paulistanos.

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A grande maioria dos ouvintes de Vaccaro era composta por frequentadores da Rua Augusta, das alunas do Colégio Des Oiseaux, dos estudantes do McKenzie e moradores dos Jardins. A localização do teatro, na Rua da Consolação, era perfeita.
E assim, os jovens paulistanos podiam ver de perto os artistas da Young que estavam despontando para o show business brasileiro.

Colégio Des Oiseaux

Colégio Des Oiseaux

DEMÉTRIUS – YOUNG AND IN LOVE

“Esta foi a minha primeira gravação – 1960.
Hold me So Tight foi o outro lado do 78rpm, ou seja, o outro lado do disco”.
(Demétrius, em 07/11/2016)

HOLD ME SO TIGHT – DEMETRIUS

ANTONIO CLÁUDIO – DREAM LOVER

A equipe do Teatro Record, principalmente seus administradores Paulo Charuto e Gaúcho (assim mesmo conhecidos e por nós chamados), mais Mirabeli (o diretor de palco) e o extraordinário historiador e profundo conhecedor da música brasileira Zuza Homem de Mello, que era na época o engenheiro de som do teatro, puderam ter uma ideia do que viriam a enfrentar no futuro, pois a explosão das quintas feiras através do Disque Disco ao vivo seria repetida seis anos depois com o programa Jovem Guarda, de Roberto Carlos.

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Esta foto fez parte de uma matéria publicada sobre a vida do Teatro Record e flagra a saída de jovens que foram a um espetáculo (não revelado pela reportagem).

E não foi por acaso que Miguel Vaccaro Netto e os artistas que formavam o cast da Young, estavam junto a Brenda Lee, quando a Record iniciou sua investida internacional com atrações para o público jovem.

E este será o tema de nossa próxima conversa.

Por Alfie Soares

Alfie Soares escreve tudo de memória, não tem nada escrito e a cada linha que ele escreve, as imagens guardadas lá no fundo de seu cérebro vão tomando forma, e assim nomes, datas, locais e eventos vão emergindo.
Contou-me ele que desde o dia em que ouviu Rock Around The Clock, com Bill Haley & His Comets em 1955, aos treze anos de idade, interessou-se pelo gênero.
Acabou produzindo e apresentando um programa na antiga FM Excelsior, depois Globo FM, chamado A História do Rock and Roll, e 70 por cento do texto que ele apresentava era de memória, pois sempre foi um ávido leitor de contracapas de LPs e publicações do gênero.
Também teve a vantagem de ter sido uma espécie de “Forrest Gump” dos anos 50 e 60, isto é, esteve presente e participando de vários momentos importantes do show business brasileiro. Até mesmo naquela série de programas que a TV Bandeirantes apresentou em 1969 sobre a suposta morte de Paul McCartney, ele participou ao lado do disc-jockey norte-americano, Russ Gibb, que levantou a polemica.

O Selo “Young” e sua Importância no Cenário da Música Brasileira. (Parte IV)

YOUNG: UMA HISTÓRIA – CAPÍTULO IV – PARTE A

Uma das contratações feitas por Miguel Vaccaro Netto que mais frutos rendeu foi a do grupo The Cupids.
Além da homogeneidade que apresentavam como grupo, os talentos e personalidades de alguns de seus membros haviam chegado para ficar e ajudar a fazer a história da Jovem Guarda e do show business em geral.
Lucy Perrier era a solista. Dona de uma voz cristalina, possuía também forte personalidade e uma figura carismática. Ao lado de Regiane formava uma dupla de cantoras, cada uma em seu estilo, que nenhuma gravadora possuía igual na época.

Kiss Me Honey, Honey Kiss Me – The Cupids.

Outra vantagem a favor dos Cupids era o fato de ter entre seus componentes dois garotões irreverentes, brincalhões, divertidos, além das boas figuras e dos talentos para cantar e compor.
Dori Angiolella, que ficaria conhecido como Dori Edson alguns anos depois, e Marcos Roberto, cuja sequência de trabalhos ultrapassou as fronteiras brasileiras, tornando-se conhecido em toda a América Latina, principalmente por seu hit “A Última Carta”.

Pela Young, Vaccaro ousou algo diferente: Lançou o primeiro disco dos Cupids e, no mesmo pacote de lançamentos, lançou outro disco com dois dos Cupids, Dori e Marcos, um de cada lado.
Dori gravou a tradicional música irlandesa “Danny Boy” em ritmo de Rock’n Roll, enquanto Marcos Roberto interpretava uma versão para a balada da peça clássica Liebstraum #3, de Franz Liszt, sob o título “I Love You, I Do”.

Danny Boy – Dori Angiolella

I Love You, I Do – Marcos Roberto

Dori Edson, Carlos Bandeira e Marcos Roberto

Dori Edson, Carlos Bandeira e Marcos Roberto

YOUNG: UMA HISTÓRIA – CAPÍTULO IV – PARTE B

A explosão do Rock and Roll em termos mundiais, deu ensejo para que as várias correntes musicais viessem à tona e tivessem uma exposição jamais antes conseguida. Já comentamos aqui como adolescentes, tipo Paul Anka e Neil Sedaka, para exemplificar, passaram a dominar uma fatia do mercado.
Outros gêneros musicais, aproveitando a onda, entraram de carona e passaram a ser ouvidos e apreciados por aquela nova geração de consumidores, os compradores de discos.
Do grupo folclórico vieram Jimmie Rodgers, The Wavers e Kingston Trio.
Da música country faziam sucesso Sonny James e Eddie Arnold entre outros.
Até Hollywood contribuiu com seus jovens atores, como Tab Hunter, Sal Mineo e Tony Perkins, que se aventuravam a cantar.
Os genuínos Rock and Rollers, como Little Richard e Chuck Berry, passaram a ter estranhas companhias nas listas de discos mais vendidos.

O gênero que melhor se saiu nesta salada musical, foi o que era formado por grupos vocais que seguiam a linha de atos como The Ink Spots e The Mills Brothers, que vinham desde os anos 40 criando escola e influenciando novos grupos.
Dai surgiram The Platters, The Coasters, The Five Satins, The Moonglows e tantos outros.
A indústria, sempre alerta, passou a criar grupos de jovens para não perder espaço. Daí, Dion & The Belmonts, The Mystics etc.
A abertura musical do programa Disque Disco, berço da Young, era Whispering Bells, com o grupo Del-Vickings, genuíno representante deste movimento chamado Doo Wop.

Oriundos da região da Penha, cinco jovens formavam o mais distinto grupo vocal do Brasil, o cultuado The Beverly’s. Pereira, Amélia, Wander, Mariano e Castro nada deviam, em aparência, harmonia e talento, aos melhores grupos vocais internacionais.
Levaram para a família Young não somente toda a simpatia e coleguismo, suas marcas registradas, mas também uma enorme contribuição artística, participando como background vocals para a grande maioria das produções da Young.
E, obviamente, The Beverly’s tiveram também seus próprios êxitos, alcançando o status de membros do Top 5 da gravadora.

The Beverlys - Da esquerda para a direita Mariano, Pereira, Amelia, Castro e Wander

The Beverlys – Da esquerda para a direita Mariano, Pereira, Amelia, Castro e Wander

There Goes My Baby – The Beverlys

Dance With Me – The Beverlys

Representando a classe universitária, o grupo The Teenagers era formado por Carlos, Waltinho, Hermes, Toninho e Prandini.
Alguns anos mais tarde, após a saída de Prandini, tornaram-se atrações permanentes no programa “O Fino Da Bossa”, comandado por Elis Regina, agora sob o nome O Quarteto.

Mediterranean Moon – The Teenagers

The Book Of Love – The Teenagers

YOUNG: UMA HISTÓRIA – CAPÍTULO IV – PARTE C

O interior paulista e o gênero Doo Wop foram representados na Young pela cidade de Rio Claro, de onde vieram quatro jovens liderados pelo entusiasmado e idealista José Carlos, e que atendiam pelo nome de “The Youngs”.

Tiveram uma passagem breve, porém marcante.

The Ten Commandements Of Love – The Youngs

Come To Paradise – The Youngs

Por hora o elenco da Young estava completo.
Todas as correntes e tendências estavam cobertas por Miguel Vaccaro Netto.
Tudo já estava registrado em discos e as sessões de gravações tornaram-se históricas.

Neste período a Young utilizou-se de dois dos melhores estúdios de São Paulo.
Uma parte das gravações foram realizadas nos estúdios da RGE, de José Scatena. O engenheiro de som era o lendário Stelio Carlini, tio do músico Carlini, integrante do grupo Tutti Frutti, de Rita Lee, e também do famoso Made In Brasil.

Em outro estúdio no Largo da Misericórdia, propriedade da Continental, com a eficiência do engenheiro de som Ivani Soares, algo inédito iria acontecer…

Mas este será um assunto para nosso próximo capítulo!

Por Alfie Soares