“Jovem Guarda” – O Show de Rock na TV nas Tardes de Domingo.

Quando o programa Jovem Guarda estava para estrear na TV Record Canal 7 de São Paulo, o Jornal Estadão (O Estado de São Paulo) recebeu da emissora um anúncio que foi publicado, e assim os anúncios eram enviados pela Record para o Estadão, semanalmente…

Foto 1

A estreia

A data era 22 de agosto de 1965 e pela primeira vez o programa Jovem Guarda entrava no ar comandado por Roberto Carlos, apresentando Erasmo Carlos, Ronnie Cord, Tony Campello, Wanderléa, Rosemary, Regina Célia, acompanhados pelos conjuntos The Jet Black’s e The Rebels.

Foto 2

29 de Agosto de 1965 – segundo domingo de programa e o Jovem Guarda parecia estar ainda melhor. O nome de Roberto Carlos é seguido pelo do companheiro Erasmo Carlos e Wanderléa completa o que logo se tornaria um “trio” – Tanto eles eram amigos desde a adolescência (Roberto e Erasmo) como gravavam pelo mesmo selo (Roberto e Wanderléa). Eles eram também da mesma cidade do Rio de Janeiro onde haviam feito suas carreiras de cantores até aquele momento. Roberto era natural de Cachoeiro do Itapemirim/ES e Wanderléa chegara de Governador Valadares/MG.
Alguns poderão achar que a CBS Records, a gravadora de Roberto Carlos na época, teve a ver com os artistas escalados, Renato e Seus Blue Caps, Ed Wilson e Jerry Adriani, que foram adicionados ao programa.

Roberto Carlos apresenta Jerry Adriani - ao fundo o conjunto The Jet Black's faz o acompanhamento.

Roberto Carlos apresenta Jerry Adriani – ao fundo o conjunto The Jet Black’s faz o acompanhamento.

A antiga banda de rock instrumental The Clevers mudou seu nome para Os Incríveis e também estava lá, assim como Prini Lorez que começava a imitar Trini Lopez e estava tentando com muito afinco encontrar seu próprio caminho, sua identidade em sua carreira.

Foto 3

05 de setembro de 1965 – neste terceiro programa de domingo, Roberto Carlos apresentou um novo astro chamado Agnaldo Timóteo que cantou um sucesso do grupo The Animals chamado The House of the Rising Sun em inglês e causou uma boa impressão na audiência. Logo depois Timóteo gravaria um álbum atrás do outro de covers de sucessos europeus pela Odeon, os quais venderam muito.
Wanderly Regina e a dupla Gerson e Angélica não ficaram muito conhecidos do público, mas tiveram sua chance na TV.

Foto 4

12 de setembro de 1965 – no quarto domingo, o Jovem Guarda já era a maior audiência entre os programas de TV nos domingos. A programação de artistas estava ficando melhor com Agnaldo Rayol que apresentou seu irmão mais novo, Reynaldo Rayol, da Copacabana Discos, além de Cidinha Santos e George Freedman da RCA Victor, Roberto Rey e Enza Flori, uma cantora mirim que estreava no programa Jovem Guarda, tinha os traços de Rita Pavone e às vezes até imitava a cantora, mas já tinha seu próprio trabalho, pois havia gravado seu primeiro compacto com The Jet Black`s. Os Vips eram os irmãos Ronald e Márcio Antonucci além do conjunto instrumental The Jordans.

Foto 5

19 de setembro de 1965 – no quinto domingo, Roberto Carlos apresentou o Conjunto Lancaster, um grupo de dança que apresentaram uma nova dança baseada na canção do Roberto chamada “Brucutu”, um cover da canção “Alley Oop”, do conjunto The Hollywood Argyles, número 1 da Billboard em 11 de julho de 1960.

Agnaldo Timóteo voltou para um bis e The Beatniks apareceram pela primeira vez.

Foto 6

26 de setembro de 1965, dia do meu aniversário de 12 anos, acontecia o sexto programa Jovem Guarda.
Naquele domingo Roberto Carlos apresentou um disk jockey da Rádio Bandeirantes, chamado Luiz Aguiar, e que havia gravado um cover da canção de Jimmy Fontana, um sucesso italiano chamado “Il Mondo” (O Mundo) pela Chantecler. Estiveram presentes também o conjunto The Bells, de Nilo Antônio Alves, que havia gravado pela Fermata.

Foto 7

03 de outubro de 1965 – o sétimo programa Jovem Guarda trouxe do Rio de Janeiro a ex-estrelinha mirim Cleide Alves, Carlos Gonzaga, que seria um dos primeiros reis do Rock a permanecer nas paradas durante 5 anos consecutivos, de 1958 a 1962, e The Clevers 1965, um conjunto recém criado que havia feito um cover da canção dos Beatles, “No Reply” (Sem Resposta).

Foto 8

10 de outubro de 1965 – oitavo programa, porém desta vez o Estadão perdeu a oitava edição e não houve anúncio.

17 de outubro de 1965 – o nono programa trouxe Nilton César que fazia sucesso com a música “Professor Apaixonado”, Ronnie Cord e seus irmãos Norman e Júnior além do cantor franco-egípcio Gilbert que mais tarde faria do Brasil o seu país.

Foto 9

24 de outubro de 1965 – para o décimo programa a TV Record falhou em enviar a lista dos convidados do Jovem Guarda para o jornal.

Foto 10

31 de outubro de 1965 – nesta data aconteceu o décimo primeiro programa, com a presença de Orlando Alvarado, um dançarino argentino de músicas folclóricas espanholas, que gravou um sucesso de Palito Ortega chamado “Bienvenido Amor”, acompanhado pelos Clevers e que foi direto para as paradas de sucesso.

Foto 11

12 de dezembro de 1965 – nesta data foi a última vez que a TV Record enviou o anúncio do Jovem Guarda para o jornal Estadão (OESP). Vejam que Cauby Peixoto foi o convidado especial de Roberto Carlos. Cauby não era exatamente um cantor de Rock, mas ele havia cantado uma canção de rock em 1959 do filme “Minha Sogra é da Polícia”, no qual o agitador do rock Carlos Imperial participou juntamente com seus protegidos Roberto Carlos e Erasmo Carlos que agora eram astros independentes.
A dupla vocal Os Vikings, composta pelos irmãos Diógenes Budney e Olavo Sérgio Budney e também a cantora Ana Maria participaram do programa nesta tarde.

“Gosto Mesmo é de Você” – Os Vikings

Pesquisa: Blog Brazilian Rock 1957 – 1964, de Carlus Maximus
Tradução: Lucinha Zanetti

Das rústicas jaquetas de couro e calça Jeans para os comportados terninhos Beno Dorn!

The Beatles 24 de março 1

Foi na data de 24 de março de 1962 que os Beatles usaram pela primeira vez os seus terninhos “Beno Dorn” no palco do Clube Heswall de Jazz (Heswall Heswall Jazz Club) do Instituto Barnston de Mulheres (Barnston Women’s Institute).
Este fato marcou o fim das rústicas jaquetas de couro pretas e calças jeans, que eram a vestimenta que tinham usado pelos últimos dois anos.

Paul McCartney usando um terno Beno Dorn em 1962

Paul McCartney usando um terno Beno Dorn em 1962

Brian Epstein era o empresário deles há apenas dois meses, mas trabalhou rapidamente para mudar o vestuário e a personalidade dos Beatles no palco. Nada de falar palavrões, beber ou fumar no palco. E em breve, um belo “Arco Beatle” sincronizado foi acrescentado.

Texto original em inglês:

OnThisDay 24MAR1962 The Beatles first wore their new Beno Dorn suits on stage at the Barnston Women’s Institute for a Heswell Jazz Club dance. This marked the end of their rougher black leather jackets and jeans look of the past two years. Brian Epstein had been their manager for only two months, but he moved quickly to change their dress code and stage persona. No more swearing, drinking, or smoking onstage. And soon enough, a nice synchronized “Beatle bow” was added.

The Beatles 24 de março 1962 2

“The Mad day out”, uma sessão de fotos com os Beatles em 1968.

No verão do ano de 1968 os Beatles estavam em meio às gravações do álbum branco (The Beatles) e para produzirem um novo conjunto de imagens mais contemporâneas para publicidade, Don McCullin, um fotógrafo mais acostumado a fotografar zonas de guerra, foi contratado para passar um dia inteiro com eles fotografando pelas mais variadas localizações em Londres.
O fotógrafo praticamente “levitou dois centímetros do chão” de tão surpreso e emocionado que ficou ao receber o convite feito pelos Beatles.
Num domingo, 28 de julho, tendo até aquele momento apenas fotografado os Beatles para uma capa da Revista Life, eles partiram juntos em uma excursão que ficou conhecida como “The MAd Day Out”.

O itinerário os levou desde o prédio do jornal Sunday Times na Rua Gray´s Inn até Cable Street na East End em Londres.
McCullin alegou que eles iriam se sentir confortáveis lá, pois o rio e os arredores poderiam fazê-los recordar as docas de Liverpool.
De qualquer forma, ele conhecia Whitechapel como a palma de sua mão.
De lá, McCullin e a banda seguiram para a rotunda Old Street, na qual eles posaram, para surpresa dos motoristas de taxi que se agitavam e rodavam em volta para vê-los por alguns segundos. Além disso, poderiam olhar também a Limehouse e as belas casas dos capitães dos mares no entorno, todas em estilo Georgiano.

1968 the mad day out (2)

1968 the mad day out (3)

1968 the mad day out (4)

1968 the mad day out (5)

1968 the mad day out (6)

1968 the mad day out (8)

1968 the mad day out (11)

1968 the mad day out (13)

1968 the mad day out (18)

1968 the mad day out (21)

1968 the mad day out (22)

1968 the mad day out (23)

1968 the mad day out (24)

1968 the mad day out (25)

1968 the mad day out (28)

1968 the mad day out (29)

1968 the mad day out (30)

1968 the mad day out (31)

1968 the mad day out (32)

1968 the mad day out (33)

1968 the mad day out (34)

Em seguida foram para um salão numa comunidade na East End e tocaram com um papagaio antes de tomarem o caminho de volta para a casa de Paul em St. John`s Wood, com seu teto de vidro em formato de cúpula…

 

1968 the mad day out (9)

1968 the mad day out (10)

1968 the mad day out (12)

1968 the mad day out (15)

1968 the mad day out (16)

1968 the mad day out (17)

1968 the mad day out (26)

1968 the mad day out (27)

1968 the mad day out (14)

1968 the mad day out (7)

FONTE: The Beatles – The Mad Day Out Photo Session

Jovem Guarda 50 anos: As 50 Maiores Canções eleitas em pesquisa.

Foto montagem: Rubens Stone

Foto montagem: Rubens Stone

O Grupo Eterna Jovem Guarda no Facebook realizou uma enquete com a participação de seus membros para a escolha destas 50 canções eleitas.

A ideia partiu dos amigos Fares Darwiche e Vladimir Dantas para a elaboração da lista das 50 maiores canções da Jovem Guarda e foi executada pelo pesquisador e radialista Rubens Stone.

Depois dos 50 maiores álbuns, vale a pena listar as melhores canções da Jovem Guarda e estas foram escolhidas da forma mais democrática possível, com a votação dos membros do grupo.
Para isso, cada membro listou as 10 melhores músicas da Jovem Guarda em sua opinião, aquelas canções que cada um mais gostava e que ficaram marcadas em suas vidas, e todas elas foram compiladas para que ao final, as 50 mais votadas formassem esta lista aqui apresentada, ou seja, “As 50 Maiores Canções da Jovem Guarda” escolhidas em uma pesquisa inédita e importante, onde as pessoas que participaram construíram uma coisa até então inédita, pois nunca nenhum órgão da mídia fez um trabalho semelhante, nomeando as melhores canções da Jovem Guarda nestes 50 anos!

A enquete começou em 02 de março de 2015 e acabou na segunda-feira, dia 09 de março de 2015.

As 50 maiores canções da JG

Começaremos da canção Nº 50 até a Nº 01, todas com comentários. Oportunamente publicaremos também a lista com a classificação de cada canção (quantos votos recebeu cada música) e para terminar, os links para uma compilação com todas as 50 músicas escolhidas.

Nossos agradecimentos aos idealizadores desta pesquisa, os amigos Fares Darwiche, Vladimir Dantas e Lucinha Zanetti, e a todos que participaram com seus votos. Graças a vocês foi possível realizar mais esta homenagem aos 50 Anos da Jovem Guarda.

(rstone)

Vejam aqui a publicação original no grupo Eterna Jovem Guarda, por R.Stone

Canção Nº 50

“Prova de Fogo” / Wanderléa (1967)

-Compositor: Erasmo Carlos
-Álbum: Wanderléa (CBS 37.500 – Abril 1967)

O quinto LP de Wanderléa foi puxado pelo sucesso envenenado de “Prova de fogo”, um iê-iê-iê original, composto por Erasmo Carlos, naqueles momentos em que se despia das vestes de machão. “Prova de Fogo” é o mais contundente libelo pré-feminista da Jovem Guarda. Com voz trovejante e muita ginga, Wanderléa dava o recado para o namorado: “Essa é uma prova de fogo / você vai dizer se gosta de mim / sei que você não é bobo / porém seu reinado está chegando ao fim”. Versos que soavam proféticos diante dos agitos feministas que ecoariam em todo o mundo dali a alguns anos.

11046723_818501388240235_924821560050006926_o

Canção Nº 49

“Playboy”

Silvinha (1968)

-Compositores: Gene Thomas/ versão Alf Soares
-Álbum: Silvinha (Odeon MOFB-3550 – Agosto 1968)

Depois do sucesso de “Minha primeira desilusão”, a segunda canção do primeiro LP de Silvinha a emplacar nas paradas foi “Playboy”, versão de Alf Soares para a balada country da dupla norte-americana Gene & Debbe, e aqui temos mais um belo exemplo de uma versão infinitamente superior à original, graças à cativante e deliciosa voz da eterna musa da Jovem Guarda, a saudosa Silvinha Araújo.

49

Canção Nº 48

“O Caderninho”

Erasmo Carlos (1967)

-Compositor: Olmir Stocker “Alemão”

-Álbum: Erasmo Carlos (RGE XRLP-5.317 – Setembro 1967)

Por conta de um desentendimento entre Erasmo e Roberto Carlos, ocorrido em meados de 1967, a parceria musical foi pro espaço pelo restante daquele ano, mas quem talvez perdeu mais nessa briga foi Erasmo, já que ao lançar, em setembro de 1967, “Erasmo Carlos”, seu segundo LP no ano, acabou concebendo um disco fraco e multifacetado. Não havia uma canção sequer em parceria com RC, a única participação de Roberto no disco era na singela versão que ele fez para a marchinha britpop “Mellow Yellow”, do cantor Donovan. Das doze faixas, a única que alcançou as paradas de sucesso foi o samba-jovem-bossa nova “O Caderninho”, do compositor Olmir Stocker “Alemão”.

48

Canção Nº 47

“Nossa Canção”

Roberto Carlos (1966)

-Compositor: Luiz Ayrão
-Álbum: Roberto Carlos (CBS 37.475 – Dezembro 1966)

Uma das mais belas canções já gravadas por Roberto Carlos, “Nossa Canção” é uma composição de Luiz Ayrão, que mais tarde se tornaria um dos maiores sambistas brasileiros. Segundo conta o próprio Luiz Ayrão, “Nossa Canção” foi composta num final de tarde de meados de 1966, após um dia de trabalho cansativo. Inspirado pela música “Yesterday”, dos Beatles, que na época estava nas paradas de sucesso de todo o mundo, e pela saudade de uma antiga namorada, Ayrão concebeu uma das mais lindas e românticas canções dos anos 60.
47

Canção Nº 46

“Ninguém Poderá Julgar-me (Nessuno Mi Puo’ Giudicare)”

Jerry Adriani (1966)

-Compositores: Panzeri/Pace/Beretta/Del Prete / versão Nazareno de Brito
-Álbum: Devo Tudo A Você (CBS 37.447 – Agosto 1966)

Principal sucesso do LP “Devo Tudo A Você”, esse rock romântico, versão de Nazareno de Brito de um sucesso da música italiana, colocou Jerry Adriani nos primeiros lugares das paradas de todo o Brasil. Áquela altura, Jerry já era um dos grandes ídolos da Jovem Guarda. As garotas não resistiam e concordavam quando Jerry cantava “Ninguém poderá julgar-me, nem mesmo tu”.
46

Canção Nº 45

“Negro Gato”

Roberto Carlos (1966)

-Compositor: Getúlio Cortes

– Álbum: Roberto Carlos (CBS 37.475 – 1966)

Um dos mais talentosos compositores da Jovem Guarda, Getúlio Cortes escreveu algumas das canções de maior sucesso da carreira de Roberto Carlos, como “O Tempo vai apagar”, “Eu só tenho um caminho”, “Proposta”, “O Feio”, “O Gênio” e “Negro Gato”, entre outras. Além de Roberto, vários outros artistas gravaram músicas de Getúlio Cortes, dentre eles, Paulo Sérgio, Leno, Bobby de Carlo, Renato e Seus Blue Caps, etc. A precisa releitura que Roberto fez para “Negro Gato” (a música aparecera um ano antes, no álbum “Viva A Juventude!”, de Renato e Seus Blue Caps), transformou a canção num dos rocks mais viscerais de toda a Jovem Guarda.
45

Canção Nº 44

“Namoradinha de Um Amigo Meu”

Roberto Carlos (1966)

-Compositor: Roberto Carlos
-Álbum : Roberto Carlos (CBS 37.475 –Dezembro 1966)

A exímia melodia de “Namoradinha de um amigo meu”, emoldurada pelo som característico do órgão de Lafayette, embalou muita festinha de brotos, naqueles dias finais de 1966. A canção tornou-se um dos clássicos eternos de RC, com sua letra um tanto ousada para a época, em que o narrador confessava estar amando a garota de um amigo, emoldurando o paradigma de um triângulo amoroso perigoso, pois dispunha de uma relação que certamente romperia os limites da amizade, e mais, da moral cristã. Talvez por isso, ao final da canção, o protagonista, ciente do seu erro, concluía: “Eu sei que vou sofrer / mas tenho que esquecer / o que é dos outros não se deve ter”.
44

Canção Nº 43

“Eu Sou Terrível”

Roberto Carlos (1967)

-Compositores: Roberto Carlos / Erasmo Carlos
– Álbum: Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura (CBS 37.525 – Novembro 1967)

“Eu Sou terrível”, que abre o LP “Em Ritmo de Aventura”, lançado em fins de 1967 para promover o filme de mesmo nome, é a única contribuição do parceiro Erasmo para o disco. Feita em parceria com RC, “Eu Sou Terrível” é um rock vibrante com pitadas de black music, e traz em sua letra incendiários versos de afronta juvenil: “Eu sou terrível/ e é bom parar / de desse jeito / me provocar /(…) / Eu sou terrível / e ponho mesmo pra derreter /(…)/ Estou com a razão no que digo / não tenho medo nem do perigo…Eu sou terrível”
43

Canção Nº 42

“Doce Doce Amor”

Jerry Adriani (1971)

-Compositores: Raulzito / Mauro Motta

-Álbum: Pensa em Mim (CBS 37.746 – Setembro 1971)

Jerry Adriani foi o primeiro artista a gravar uma música do baiano Raul Seixas, lá nos idos de 1969, quando lançou “Tudo Que É Bom Dura Pouco”que virou um hit nacional. E então Jerry convidou Raulzito para produzir seus discos na CBS. Ao todo, foram três álbuns maravilhosos, e no último, Raul, em parceria com o grande Mauro Motta, deu a Jerry essa belíssima canção, “Doce, Doce Amor”, considerada até hoje seu maior sucesso.
42

Canção Nº 41

“A Garota do Roberto”

Waldirene

(1967)

-Compositores: Carlos Imperial/Eduardo Araújo
– Single Waldirene (Compacto Simples) RCA LC 6321 (1967)
-Álbum: Waldirene (RCA BBL-1447 – Maio 1968)

Na época da Jovem Guarda, muitas meninas sonharam um dia ser “a garota do Roberto”, mas só a paulistana Waldirene conseguiu, com a gravação desta pérola do iê-iê-iê de saias, composição da dupla infernal Carlos Imperial e Eduardo Araújo.

41

Canção Nº 40

“Cabelos Longos, Ideias Curtas (Cheveux Longs Et Idées Courtes)”

The Brazilian Bitles
(1967)

-Compositores: Johnny Hallyday / Gilles Thibaut / versão Fred Jorge
-Álbum: É Onda (Polydor LPNG 44.004 – 1967)

“É Onda”, primeiro álbum do grupo carioca The Brazilian Bitles, é um dos incríveis discos do rock brasileiro dos anos 60. É iê-iê-iê moderno, é rock de garagem e romântico ao mesmo tempo. E uma das canções centrais desse álbum superb é a versão de Fred Jorge para o sucesso do cantor francês Johnny Hallyday, “Cheveux Longs Et Idées Courtes”, que ficou “Cabelos Longos, ideias Curtas”, um rock balada sensacional e uma letra pra lá de irreverente.

40

Canção Nº 39

“A Carta”

Erasmo Carlos

(1966)

-Compositores: Raul Sampaio / Benil Santos
-Álbum: Você Me Acende (RGE XRLP-5.297 – Junho 1966)

Em apenas dois momentos do LP “Você Me Acende”, Erasmo baixava a guarda de garanhão e predador sexual para se transformar no rapaz romântico e sonhador. E foram exatamente as doces “Gatinha Manhosa” e “A Carta”, os maiores sucessos do disco. Composta pelos diretores da gravadora RGE especialmente para o Tremendão, “A Carta” trazia ao final da sua letra, um toque de narcisismo ultra-romântico: “E para terminar, amor, assinarei / ‘do sempre, sempre teu/Erasmo’”.

39

Canção Nº 38

“Promessa”

Wanderley Cardoso

(1966)

-Compositores: Roberto Carlos – Erasmo Carlos

-Álbum: Perdidamente Apaixonado (Copacabana CLP 11.462 – Abril 1966)

Essa belíssima balada de autoria de Roberto e Erasmo, gravada por Wanderley Cardoso no seu terceiro álbum, “Perdidamente Apaixonado”, de 1966, é uma das mais lindas canções da Jovem Guarda. Prima-irmã de “A Volta”, outra obra-prima de Roberto e Erasmo, transformada pelos Vips num dos maiores sucessos também de 1966, enquanto a primeira falava falava de retorno, a outra, de partida. Mas Ambas eram feitas daquela matéria em que os sonhos se tornam realidade.

38

Canção Nº 37

“Coisinha Estúpida (Something Stupid)”

George Freedman

(1966)

-Compositores: Carson Parks / versão Gileno

– EP George Freedman (Compacto Duplo) RCA LCD-1178 (Outubro, 1966}
-Álbum: George Freedman (RCA BBL-1420 – Outubro 1967)

Já na sua fase outonal, o velho Frank Sinatra uniu-se à sua filha Nancy e juntos, gravaram uma tola baladinha pop, daquelas que pipocavam aos montes nos anos 60. Mas “Something Stupid” tinha um algo mais e estourou no mundo inteiro, alcançando os primeiros lugares das paradas de sucesso e ganhando versões diversas por este mundo afora, inclusive aqui no Brasil, vertida para o português por Leno, que a intitulou de forma literal como “Coisinha Estúpida”. Lançada em 1967, tanto pela dupla Leno e Lilian quanto pelo cantor George Freedman, ambas as gravações fizeram grande sucesso, porém, não se sabe o porquê, a gravação de Freedman é a mais celebrada pelo público, nos dias atuais.

37

Canção Nº 36

“As Curvas da Estrada de Santos”

Roberto Carlos
(1969)

-Compositores: Roberto Carlos/Erasmo Carlos

-Álbum: Roberto Carlos (CBS 37.645 – -1969)

Muito moleque crescido nos anos 70, de tanto ouvir, meio que obrigado, essa canção no rádio do carro do pai, passou a gostar de Roberto Carlos. Das canções do rei movidas a motores possantes de carrões envenenados, essa era uma das mais preferidas dos seus fãs masculinos, à altura dos anos 70, já crescidinhos e donos de suas vidas e de um automóvel. A dramaticidade da letra costumava levar muito marmanjo a um quase desespero, e pra piorar, havia aquele trecho da canção que dizia : “Só ando sozinho e no meu caminho/o tempo é cada vez menor/preciso de ajuda/por favor me acuda/ eu vivo muito só”.

36

Canção Nº 35

“Um Grande Amor (I Knew Right Away)”

Jerry Adriani
(1965)

-Compositores: A. Cogan / S. Foster – versão Roberto Nunes

-Album: Um Grande Amor (CBS 37422 – 1965)

Eis um bom exemplo de versão que supera o original, aliás, Jerry era craque em dar um toque muito pessoal às inúmeras versões que gravou. A versão original, “I Knew Right Away”, tinha feito certo sucesso no Reino Unido, na gravação da inglesinha Alma Cogan, ela mesma uma das autoras da música. Mas por aqui ninguém a conhecia até Roberto Nunes fazer esta versão esperta que, gravada com muita personalidade por Jerry, serviu para dar título ao seu primeiro LP cantado em português, transformando-se no seu primeiro grande sucesso.

35

Canção Nº 34

“Quando”

Roberto Carlos
(1967)

-Compositor: Roberto Carlos
– Álbum: Roberto Carlos Em Ritmo de Aventura (CBS 37.525 – 1967)

Há quem considere essa a melhor música de Roberto Carlos, fase Jovem Guarda. “Quando” é a música que abre o lado B do álbum “Em Ritmo de Aventura”, e nela encontramos todos os elementos básicos para se fazer um rock jovem guardista: refrão grudento, guitarras jorrando aos montes, baixo preciso com pequenos grooves , o super órgão de Lafayette e aquela voz típica do rei da JG. Não precisa dizer mais nada, só que é um dos momentos eternos de RC.

34

Canção Nº 33

“Eu Daria Minha Vida”

Martinha
(1968)

-Compositor: Martinha
– Álbum: Martinha (AU/Rozemblit LP 50.011 – 1968)

Essa pérola do pop romântico brasileiro, de autoria da mineirinha Martinha, fez toda uma geração de jovens se derreter, as meninas chegavam a babar na blusa ouvindo a gravação de Martinha; já os garotos, escondiam o pranto derramado por aquela garota dos seus sonhos, ouvindo a regravação de Roberto Carlos.

33

Canção Nº 32

“Tijolinho”

Bobby de Carlo

(1966)

-Compositor: Wagner Tadeu Benatti
-Compacto Bobby de Carlo (Mocambo CS 1.141 – Agosto 1966)
– Álbum: Bobby de Carlo ( Mocambo LP 40349 – 1967)

Um dos maiores hits da Jovem Guarda, essa balada de autoria do futuro membro do conjunto Os Pholhas, Wagner Tadeu Benatti, transformou o cantor Bobby de Carlo num grande ídolo. Sucesso absolutamente merecido, pois Bobby já tinha estrada dentro do rock brasileiro. A letra, super romântica, solidificou namoros, patrocinou casamentos, e construiu muros e mais muros de felicidade, afinal, é de tijolo em tijolo que se chega ao teto da casa.

32

Canção Nº 31

“Meu Bem (Girl)”

Ronnie Von

(1966)

-Compositores: Lennon / McCartney – versão Ronnie Von
– Álbum: Ronnie Von (Meu Bem) (Polydor LPNG 44.001 – 1966)

A maioria dos sucessos da Jovem Guarda veio mesmo de versões. Embora o movimento tenha produzido belíssimas canções genuinamente originais, as versões surgiam à toda hora, e de certa forma ajudaram dar forma ao movimento, sem falar que alguns dos maiores ídolos da JG surgiram cantando boas versões de canções americanas e inglesas, como Ronnie Von, que despontou para a brotolândia com essa versão d e “Girl”, dos Beatles (transformada em “Meu Bem”, em cuja letra, o moço pedia ao público para ouvir sua história romântica. Obviamente, a versão em português de Ronnie não trazia as referências à maconha da versão original).

31

Canção Nº 30

“Menina Linda (I Should Have Know Better)”

Renato e Seus Blue Caps

(1965)

-Compositores: Lennon / McCartney – versão Renato Barros
– Álbum: Viva A Juventude! (CBS 37397 – 1965)

Quando Renato e Seus Blue Caps deram início às sessões de gravação do seu primeiro LP pela CBS, “Viva A Juventude!”, em dezembro de 1964, “Menina Linda”, versão para o sucesso dos Beatles “I Should Have Know Better”, já estava pronta, a pedido do apresentador Carlos Imperial. Incluída como faixa Nº 2 do LP, a música já fazia enorme sucesso no programa de Imperial. A partir de então, tornou-se um mega hit em todo o Brasil e a versão livre de Renato Barros se tornou, na época, bem mais conhecida do que a original dos Beatles.

30

Canção Nº 29

“Filme Triste (Sad Movies) (Make Me Cry)”

Trio Esperança

(1963)

-Compositores: John D. Loudermilk – versão Romeu Nunes
– Álbum: Nós Somos O Sucesso ( Odeon MOFB 3359 – 1963)

Era uma vez um Trio Esperança, formado por um garoto e duas garotas, todos irmãos. E era uma vez uma canção triste, muito triste, mas ao mesmo tempo encantadora, chamada “Sad Movies (make me cry), composta pelo astro John D. Loudermilk e interpretada pela cantora “baby boomer” Sue Thompson. Um belo dia, essa emocionante canção ganhou uma bela versão em português de Romeu Nunes e se transformou num grande sucesso nacional na tênue voz de Evinha, uma das garotas daquele Trio Esperança, que com este sucesso consagrou-se já no seu primeiro LP. Daí para aportar na Jovem Guarda, dois anos depois, foi um pequeno passo, um passo de elefante.

29

Canção Nº 28

“Feche Os Olhos (All My Loving)”

Renato e Seus Blue Caps

(1965)

-Compositores: Lennon/McCartney – versão Renato Barros
– Álbum: Isto É Renato E Seus Blue Caps (CBS 37433 – 1965)

Os Blue Caps foi a banda que melhor traduziu o som dos Beatles para o Brasil, e aqui eles cometem mais uma versão sublime de um clássico do quarteto inglês, há quem prefira essa versão à original “All My Loving”, de Lennon e McCartney, e isso deve-se ao fato de que muitas pessoas ouviram primeiro, e por alguns anos, a versão dos Blue Caps, antes de ouvir a original.

28

Canção Nº 27

“Esqueça (Forget Him)”

Roberto Carlos

(1966)

-Compositores: Mark Anthony / versão Roberta Corte Real

– Álbum: Roberto Carlos (CBS 37.475 – 1966)

“Forget HIm”, escrita pelo norte-americano Mark Anthony, já havia feito sucesso primeiramente com o ídolo teen Bobby Rydell, em 1964. No ano seguinte, foi a vez do grupo Gary Lewis And The Playboys emplacar a canção nos top 10 da Billboard, e então veio a versão de Roberta Corte Real (filha do antigo diretor artístico da Columbia/CBS,Roberto Corte Real, responsável pela contratação de RC). Gravada por Roberto e incluída no LP de 1966, a música estourou em todo o Brasil, tornando-se uma das músicas mais românticas que Roberto já gravou, uma das mais preferidas de todos os tempos pelos fãs do rei.

27

Canção Nº 26

“És Meu Amor (It’s For You)”

Jerry Adriani

(1967)

-Compositores: Freddie Garrity / versão Rossini Pinto
-Álbum: Vivendo Sem Você (CBS 37.489 – 1967)

Um dos vários sucessos do ótimo LP “Vivendo Sem Você”, essa balada recriada por Rossini Pinto a partir da original “It’s For You”, de Freddie Garrity, líder do grupo inglês Freddie And The Dreamers, causou sensação entre os românticos de plantão. Jerry se derrama em solidão e abandono, e com aquele jeito Elvis Presley de ser, conquistou milhares de corações com essa música, cuja versão original, é procurada até hoje sem êxito, pois “It’s For You” não consta em nenhum disco lançado pelos The Dreamers, o que nos leva a perguntar mais uma vez: onde Rossini Pinto foi garimpar essa música para fazer essa maravilhosa versão?

26

Canção Nº 25

“Última Canção”

Paulo Sérgio

(1968)

-Compositor: Carlos Roberto
– Álbum: Paulo Sérgio (Caravelle LP-NF 6.009)

O fato de Paulo Sérgio ter surgido de repente, feito um furacão pop juvenil, em meados de 1968, deve-se muito a esta canção fantástica de autoria de Carlos Roberto, repleta de sublimes harmonias e uma letra contundente, falando das mesmas coisas de sempre, abandono e mágoa, porém, a interpretação personalíssima de Paulo Sérgio fez a diferença.

25

Canção Nº 24

“O Milionário (The Millionaire)”

Os Incríveis

(1967)

-Compositores: Mike Maxfield
-Álbum: Para Os Jovens Que Amam Os Beatles, Os Rolling Stones E… Os Incríveis (RCA BBL-1423 – 1967)

A canção instrumental “The Millionaire”, escrita por Mike Maxfield, foi lançada pela primeira vez em 1963, pelo grupo The Dakotas. Depois, foi ganhando outras versões gravadas por diversos grupos de rock instrumental até que chegou ao Brasil na versão seca dos Incríveis, incluída no álbum de mesmo nome, lançado em 1965. Ali a música já foi um sucesso, mas só ganhou status de mega hit em 1967, quando foi regravada com arranjos mais cheios de guitarras, no álbum “Para Os Jovens…” . Embora muitos fãs prefiram a primeira versão, essa segunda gravação de 1967 é a mais conhecida do grande público.

24

Canção Nº 23

“O Bom”

Eduardo Araújo

(1967)

-Compositor: Carlos Imperial
-Álbum: O Bom (Odeon MOFB 3486 – 1967)

A parceria entre Carlos Imperial e Eduardo Araújo nos anos 60 rendeu um punhado de belíssimas canções para o movimento jovem guarda, algumas em parceria, outras compostas solitariamente por um ou por outro, como “O Bom”, composição só de Imperial, mas feita sob medida para Eduardo Araújo e que se encaixou de maneira tão perfeita no seu perfil que acabou servindo para dar título ao seu primeiro LP, ao seu programa de TV, além de se tornar uma extensão do seu nome artístico. Após o sucesso arrasador da canção, todo mundo passou a chamá-lo de Eduardo “O Bom” Araújo.

23

Canção Nº 22

“Minha Primeira Desilusão”

Silvinha

(1968)

-Compositor: Sissi
– Álbum: Silvinha (ODEON MOFB 3550 – 1968)

A Jovem Guarda produziu dúzias e mais dúzias de canções nesse estilo queixa-infanto-sexy-juvenil de “Minha Primeira Desilusão”, gravada pela cantora Silvinha em seu primeiro álbum homônimo, de 1968. Era uma época ingênua, sim, mas extremanente romântica e descomplicada. A própria Silvinha deixaria a inocência de lado e entraria nos anos 70 de cabeça no rock e na country music americana, ao lado do marido, Eduardo Araújo.

22

Canção Nº 21

“Coração de Papel”

Sérgio Reis

(1967)

-Compositor: Sérgio Reis
– Álbum: Coração de Papel (ODEON MOFB 3504 – 1967)

Com seu 1,93m de altura, Sérgio Reis era o homem-girafa do iê-iê-iê. Sua composição mais famosa da época da Jovem Guarda, virou um dos maiores hits dos anos 60 e entrou para a galeria das mais lindas baladas pop de todos os tempos.

21

Canção Nº 20

“Alguém na Multidão”

Golden Boys

(1966)

-Compositor: Rossini Pinto
– Álbum: Alguém na Multidão (Odeon MOFB 3460 – 1966)

Outra canção dos “Meninos Dourados” que é a cara da JG. Também deu título ao álbum do grupo de 1966. Composição original do grande e eterno Rossini Pinto, é uma daquelas canções que estão guardadas para sempre em nossos corações.

20

Canção Nº 19

“Pensando Nela (Bus Stop)”

Golden Boys

(1967)

-Compositores: Graham Gouldman – versão Rossini Pinto
-Álbum: Pensando Nela (Odeon MOFB 3489 – 1967)

Sucesso absoluto dos Golden Boys, música que deu título ao seu álbum de 1967, “Pensando nela” é uma versão melhorada do sucesso “Bus stop”, do grupo inglês The Hollies. Apesar de ser uma versão, sua sonoridade é jovem guarda genuína.

19

Canção Nº 18

“Ternura (Somehow It Got To Be Tomorrow) (Today)”

Wanderléa

(1965)

-Compositores: Estelle Levitt / Kenny Karen – versão Rossini Pinto
-Álbum: É Tempo do Amor ( CBS 37411 – 1965)

Quando gravou essa versão de Rossini Pinto da obscura “Somehow it got be tomorrow (today)” da cantora Pat Woodell, Wanderléa justificou seu apelido de “Ternurinha da Jovem Guarda”. Essa balada ultra-romântica representa um dos momentos mais marcantes da carreira de Wandeca. Simplesmente ela estava voando, no auge.

18

Canção Nº 17

“Eu Não Sabia Que Você Existia”

Leno e Lilian

(1966)

-Compositores: Renato Barros/Tony
-Álbum: Leno e Lilian (CBS 37470 – 1966)

Após o estrondoso sucesso de “Pobre Menina”, Leno e Lilian emplacaram na sequência essa pérola do iê-iê-iê romântico, uma deliciosa balada pop, banhada pelos vocais sublimes da dupla mais querida da Jovem Guarda e acompanhada de ensolarados solos de guitarras do autor da canção, Renato Barros.

17

Canção Nº 16

“Coruja”

Deny e Dino

(1966)

-Compositores: Deny/Dino
– Álbum: Coruja (Odeon MOFB 3473 – 1966)

Um dos maiores hits da Jovem Guarda, a canção que mostrou para a juventude brasileira dos anos 60 que cantar em falsete era uma onda muito legal, diferentemente das vozes impostadas dos cantores do passado. E coube à dupla Deny e Dino apresentar essa inovação no pop brazuca, através do mega sucesso “Coruja”, um dos clássicos eternos do rock brasileiro.

16

Canção Nº 15

“Pare O Casamento (Stop The Wedding)”

Wanderléa

(1966)

-Compositores: Arthur Resnick / Kenny Young – versão Luiz Keller
– Álbum: A Ternura de Wanderléa (CBS 37.459 – 1966)

Carregada de pancake no rosto e muito rímel a escorrer pelos olhos grandes e pidões, Wanderléa era a própria imagem feminina da Jovem Guarda, em 1966. Era uma ternura só. É dessa fase uma das sua canções mais emblemáticas, “Pare O Casamento”, versão de Luiz Keller para o sucesso “Stop the wedding”, do grupo feminino The Charmettes. A letra de Luiz Keller descrevia o desespero da mocinha, cujo namorado, a abandonara para casar com outra. O conflito ocorria em plena cerimônia de casamento, ambientada num cartório civil, já que a audácia jovem-guardista ainda não permitia uma cena como essa numa igreja. E lá no cartório, a protagonista ainda implorava o amor de quem a desprezara, mas o fazia causando escândalo. “Pare o Casamento” é uma das canções-símbolo da inocência sexy da Jovem Guarda.

15

Canção Nº 14

“O Ritmo da Chuva (Rhythm of the Rain)”

Demétrius

(1964)

-Compositor: John Gummoe – versão Demétrius
– Álbum: O Ritmo da Chuva (Continental PPL 12117 – 1964)

O que dizer de uma das mais lindas baladas românticas de todos os tempos? O paulistano Demétrius acertou na veia, quando verteu para o português o sucesso estonteante do grupo The Cascades, “Rhythm of the rain”. O ano era 1964, momento pré-Jovem Guarda, e Demétrius já era um artista consagrado, ídolo total da juventude, sósia de Elvis Presley, amante do rock’n’roll e do romantismo pop dos anos 60. Tinha tudo pra fazer o sucesso que fez.

14

Canção Nº 13

“Gatinha Manhosa”

Erasmo Carlos

(1966)

-Compositores: Roberto Carlos/Erasmo Carlos
-Álbum: Você Me Acende (RGE XRLP-5.297 – 1966)

Todo mundo sabe que Erasmo era o machão da Jovem Guarda, o cara perigoso, portanto, as menininhas estavam avisadas, era preciso manter distância do roqueiro. Mas, por debaixo daquela capa de durão, batia também um doce coração, como vemos nesta balada açucarada, banhada pelo órgão de Lafayette, cuja letra, se desmanchava em versos de amor e em designações com um quê de malícia juvenil, como “gatinha”, “manhosa”, “dengosa”, “beicinho”. Lançada sem nenhuma repercussão no ano anterior pelo grupo Renato e Seus Blue Caps, na gravação de Erasmo, “Gatinha Manhosa” se tornou um grandioso sucesso.

13

“O Calhambeque (Road Hog)”

Roberto Carlos

(1964)

-Compositores: Gwen Loudermilk/John Loudermilk – versão Erasmo Carlos
– Álbum: É Proibido Fumar (CBS 37352 – 1964)

Amante da velocidade, Roberto Carlos gravou muitas canções sobre carros, e quando estourou em todo o Brasil com “Splish Splash” e “Parei na Contramão”, sacou que no próximo disco iria continuar explorando os dois temas, os amores juvenis e suas confusões e a paixão pelos carros, e assim surgia no álbum “É Proibido Fumar” essa maravilhosa versão de Erasmo para “Road Hog”, rockabilly de John D. Loudermilk, com direito a buzinadas e roncos de motor de um singelo – porém endiabrado – calhambeque.

12

Canção Nº 11

“O Bom Rapaz”

Wanderley Cardoso

(1967)

-Compositor: Geraldo Nunes
-Álbum: O Bom Rapaz ( Copacabana CLP 11505 – 1967)

Em 1967, Wanderley Cardoso era o rapaz que toda mamãe queria para ser seu genro, e a canção de Geraldo Nunes só fazia confirmar essa tese. Recheada de boas intenções, “O Bom Rapaz” era a comovida confissão de um jovem abandonado pela namorada, cujo maior defeito, fora amar demais, por isso jurava de pé junto que era um cara legal, um “bom rapaz”. As garotas acreditavam e suas mamães também.

11

Canção Nº 10

“Era Um Garoto Que Como Eu Amava Os Beatles e Os Rolling Stones”
(C’era um ragazzo Che come me amava i Beatles i Rolling Stones)

Os Incríveis

(1967)

-Compositores: Mauro Lusini / Franco Migliacci – versão: Brancato Júnior
– Álbum: Para Os Jovens Que Amam Os Beatles, Rolling Stones E… Os Incríveis
(RCA BBL-1423 – 1967)

Ao trocarem a gravadora Continental pela RCA, Os Incríveis, já no primeiro compacto pela nova casa, arrebentaram com essa versão fabulosa do sucesso do italiano Gianni Morandi. “Era um garoto…” trazia todos os ingredientes do rock moderno que se fazia lá fora e um final inesquecível, com aquele som de metralhadora disparando, que quase dava para sentir as balas ricocheteando em nosso peito juvenil, era como se a guerra do Vietnã estivesse acontecendo ali na esquina, dava pra sentir as rajadas de balas, misturadas com as rajadas das guitarras flamejantes desta belíssima canção. Clássico absoluto, eterno.

10

Canção Nº 09

“A Praça”

Ronnie Von

(1967)

-Compositor: Carlos Imperial
-Álbum: Ronnie Von (Polydor LPNG 44.005 – 1967)

Lançada em compacto em abril de 1967, em 15 dias “A Praça” vendeu 40 mil cópias, para alegria do seu intérprete, Ronnie Von e do seu autor, Carlos Imperial, que armou uma história das mais malucas para promover sua canção. Não que Ronnie Von precisasse, pois já era um ídolo consagrado quando gravou o mega hit de Imperial, mas de qualquer forma, “A Praça” foi uma das músicas mais ouvidas, comentadas, criticadas e elogiadas daquele ano de 1967.

09

Canção Nº 08

“Primeira Lágrima”

Renato e Seus Blue Caps

(1966)

-Compositor: Renato Barros
-Álbum: Um Embalo Com Renato E Seus Blue Caps (CBS 37.743 – Novembro 1966)

Uma das canções centrais do álbum “Um Embalo…” e um dos maiores sucessos dos Blue Caps em todos os tempos, “Primeira Lágrima” era mais uma demonstração da forte influência dos Beatles na música do conjunto carioca.

08

Canção Nº 07

“Sentado à Beira do Caminho”

Erasmo Carlos

(1969)

-Compositores: Roberto Carlos/Erasmo Carlos

-Música lançada originalmente em compacto (RGE 70.363) em maio de 1969 e incluída como faixa 06 do LP “Erasmo Carlos e Os Tremendões” (RGE XRLP 5.343), de maio de 1970.

Lançada em compacto em maio de 1969, “Sentado à beira do caminho” fez um sucesso estrondoso e resgatou Erasmo Carlos de um certo ostracismo em que havia caído desde o fim da Jovem Guarda, esse resgate levou à realização de “Erasmo Carlos e Os Tremendões”, seu primeiro álbum pós-iê-iê-iê, um disco que mostrava que, assim como seu parceiro Roberto Carlos, Erasmo estava mudando seus rumos. A Jovem Guarda finalmente ficara para trás, era o momento de encarar a tal maturidade, sair da beira da estrada em que se encontrava havia um ano e encarar a nova década com muito rock, muita onda hippie e muita palha pra queimar.

07

Canção Nº 06

“Devolva-me”

Leno e Lilian

(1966)

-Compositores: Renato Barros/Lilian Knapp
– Álbum: Leno e Lilian (CBS 137.470 – 1966)

Uma das baladas mais representativas da JG, embalou muitas briguinhas de namorados. Muitas meninas aproveitaram os toques da canção para dar aquele fora no garoto, sem esquecer de pedir de volta todas as lembrancinhas dadas no auge do romance, agora terminado. Finalmente, os finais amorosos agora tinham sua trilha sonora.

06

Canção Nº 05

“Pobre Menina (Hang on Sloopy)”

Leno e Lilian

(1966)

-Compositores: Bert Russel/Wes Farrell / versão Gileno)

– Álbum: Leno e Lilian (CBS 137.470 – 1966)

Ao criar uma letra em português para o sucesso “Hang on Sloopy”, do grupo The McCoys, Leno abordou mesmo que de forma suave e romântica, a questão social do país, ao falar de uma garota pobre, moradora de um bairro afastado, que sonha com seu príncipe encantado. A belíssima letra traduzia então, os anseios das milhares de mocinhas das periferias das grandes cidades, ansiosas pelo momento em que seriam resgatadas, não talvez por um sapo disfarçado de príncipe, mas por algum dos ídolos da Jovem Guarda. Embalada numa roupagem iê iê iê super moderna, a canção se transformou no maior sucesso da dupla, e hoje consta lá no alto da galeria dos clássicos eternos da JG.

05

Canção Nº 04

“A Volta”

Os Vips

(1966)

-Compositores: Roberto Carlos / Erasmo Carlos
-Álbum: Os Vips (Continental PPL 12.285 – 1966)

Obra-prima do romantismo jovem guardista, um belo presente de Roberto e Erasmo para Os Vips, “A Volta” chegou às rádios de todo o Brasil no início de 1966, consagrando os irmãos Antonucci como ídolos absolutos de toda uma geração. Até hoje, não dá para ouvir sem se emocionar com os vocais maravilhosos de Ronald e Márcio e com aquele solo belíssimo de guitarra no meio da canção. E a letra então… tudo isso faz de “A Volta” uma canção mais que perfeita em todos os aspectos.

04

Canção Nº 03

“Festa de Arromba”

Erasmo Carlos

(1965)

-Compositores: Roberto Carlos / Erasmo Carlos
-Álbum: A Pescaria (RGE XRLP-5.278 – Maio 1965)

Descrevendo uma festa em que estava presente a nata da JG, Erasmo Carlos criou a canção definitiva do movimento. E ele foi fundo na letra, denominando um a um os ídolos da época, dos pioneiros Tony Campello, Demétrius, Ronnie Cord e Sérgio Murilo aos recentes astros e estrelas do rock tupiniquim, como Ed Wilson, Wanderléa, Rosemary, Prini Lorez (Galli Jr.), não esquecendo artistas mais ligados ao samba e o jazz, como Wilson Simonal e Jair Rodrigues. Como a lista era extensa, Erasmo acabou esquecendo de citar dois dos maiores artistas daquele momento, Jerry Adriani e Wanderley Cardoso. Dizem que até hoje, quando Erasmo se encontra com um ou com o outro, pede desculpas pela omissão, mas dizem também que nas apresentações da música ao vivo, o Tremendão faz questão de acrescentar Jerry e Wanderley. Fora isso, “Festa de Arromba” é o segundo hino oficial da Jovem Guarda.

03

Canção Nº 02

“Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”

Roberto Carlos

(1965)

-Compositores: Roberto Carlos / Erasmo Carlos
-Álbum: Jovem Guarda (CBS 37.432 – Novembro 1965)

O hino oficial do movimento e a mais rebelde canção da Jovem Guarda, moderna, ousada, irreverente. Num país católico até a raiz, um jovem, em nome do amor, mandou todo mundo para o inferno, e em sendo ele mesmo um católico ferrenho, foi de fato uma super dose de heresia pop. Por isso talvez, este hino maior do movimento JG carregue até hoje significados complexos, dualidades medonhas, ao ponto do seu autor há muitos anos fugir da canção como o diabo foge da cruz (ops..). Não a canta nos shows, não regrava nem deixa outros o fazerem.

Mas, deixando os dogmas religiosos de lado, “Quero que vá tudo pro inferno” está no mesmo patamar de clássicos como “Like a rolling Stone”, de Bob Dylan ou “Satisfaction”, dos Stones, ambas lançadas no mesmo ano. Se Roberto fosse americano, essa canção estaria hoje entre as primeiras de qualquer lista internacional das maiores canções de todos os tempos. Indiscutivelmente é um clássico não só do movimento jovem guarda, mas um do rock brasileiro. (rstone)

02

Canção Nº 01

“QUERIDA”
(Don’t Let Them Move)

Jerry Adriani

(1965)

-Compositores: G. Garret/C. Howard – Versão Rossini Pinto
– Álbum: Um Grande Amor (CBS 37.422 – 1965)

E eis que, para surpresa geral, minha inclusive, essa belíssima balada que abre o primeiro LP em português de Jerry Adriani, o mitológico “Um Grande Amor” (1965), curiosamente é a maior canção da Jovem Guarda, segundo os membros do grupo Eterna Jovem Guarda que participaram da pesquisa. “Querida” teve 38 votos no total, contra 34 de “Quero que vá tudo pro inferno”, a segunda colocada.

A obscura balada do cantor norte-americano Chuck Howard, “Don’t Let Them Move”, lançada em single em 1964, se transformaria numa das mais emblemáticas canções de Jerry Adriani e um dos hinos românticos da Jovem Guarda. Vertida para o português por Rossini Pinto, ganhou o título de “Querida”, e uma batida que lembrava “It’s Now or Never” de Elvis Presley, aliás, tudo lembra Elvis nesta canção, a começar pela voz grave de Jerry Adriani sussurrando nos ouvidos das meninas: “Oh, querida relembre os momentos tão felizes / Que juntinhos passamos / Sob a luz do luar…” As garotas da época, diante de tanto romantismo, não tinham o que fazer, a não ser se apaixonar.

Destaque para a guitarra de Renato Barros na gravação.

01

DADOS ESTATÍSTICOS: OS NÚMEROS DA PESQUISA

TOTAL DE PARTICIPANTES : 144

– AS 8 CANÇÕES MAIS BEM COLOCADAS DA LISTA:

– 1º Lugar: 38 Votos
– “Querida (Don’t Let Them Move)” / Jerry Adriani (1965)

– 2º Lugar: 34 Votos
– “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno” / Roberto Carlos (1965)

3º Lugar: 30 Votos
“Festa de Arromba” / Erasmo Carlos (1965)

4º Lugar: 28 Votos
“A Volta” / Os Vips (1966)

5º Lugar: 23 Votos
“Pobre Menina (Hang on Sloopy)” / Leno e Lilian (1966)

6º Lugar: 20 Votos
“Devolva-me” / Leno e Lilian (1966)

7º Lugar: 18 Votos
“Sentado à Beira do Caminho” / Erasmo Carlos (1969)

8º Lugar: 17 Votos
“Primeira Lágrima” / Renato e Seus Blue Caps (1966)

– ANO COM MAIS CANÇÕES NA LISTA:

1966 (19 músicas)

– ARTISTAS COM MAIS PARTICIPAÇÕES:

– Roberto Carlos : 8 canções
– Erasmo Carlos : 05 canções
– Jerry Adriani: 05 canções
– Leno e Lilian : 03 canções
– Wanderléa: 03 canções
– Renato e Seus Blue Caps: 03 canções

– A CANÇÃO MAIS ANTIGA DA LISTA:

“Filme Triste” – Trio Esperança (1963)

– A CANÇÃO MAIS RECENTE:

“Doce, Doce Amor” – Jerry Adriani (1971)

Ao tomar conhecimento do resultado da pesquisa, Jerry Adriani escreveu:

“Amigos do Grupo Eterna Jovem Guarda, muito honrado com o resultado da pesquisa… Mas, como já disse, o mais importante é constatar que a nossa JG. esteja no coração de todos vcs….Hoje ganhei eu, amanhã outro colega pode ganhar, mas isso não é o mais importante. Realmente, depois de no início, recebermos os piores vaticínios ou prognósticos, o Mestre Tempo, veio prá dizer que os radicais estavam errados. Que não adiantou nada a passeata contra as guitarras, a tentativa de nos derrubar, com as acusações de que éramos usados pelo regime autoritário, ou seja alienados, etc. etc…A jovem guarda mostrou que tem conteúdo e deixou prá sempre gravada na história a sua marca…As transformações no social ajudando a empurrar barreiras, ajudando a abrir a maneira de enxergar as coisas…E assim fomos introduzindo uma nova maneira de ser aos jovens de todo o Brasil. Influenciamos sim vários estilos musicais a começar do Rock brasileiro. Foi muito legal ver aquela geração de 80, fazer um movimento que guardando-se as devidas proporções foi o mais parecido com aquilo que em tão pouco tempo nós da JG, fizemos..Falo do movimento JG, que muitos confundem com o programa JG. que sem sombra de dúvida foi o carro chefe do movimento. Esse movimento, derivado da turma do rock (BillHalley, Elvis, Chuck, Little Richard, Paul Anka, Neil Sedaka, e muitos mais) que já desde o surgimento do estilo na metade da década de 50 e que a partir daí já começou a ter os seus próprios representantes brasileiros, como Carlos Gonzaga, Rony Cord, Cely e Tony Campelo, Bobby de Carlo, Sergio Murillo e tantos outros…Pena que a própria galera da nossa tão amada JG, parece que não acreditam muito nisso tudo…Tínhamos que estarmos mais unidos e fazer pelo menos um show em um estádio de futebol ou dois ou três, com todos os que fizeram parte dessa coisa maravilhosa.DIGO TODOS OS QUE FIZERAM PARTE..Afinal, para todos nós foi um privilégio fazermos parte deste momento mágico na história da nossa música e na cultura brasileira. Antes e depois dela, no sentido das transformações das quais falei. Comportamento etc…A última oportunidade de em uma significativa data” meio século”, de fazermos isso, porque o inexorável, ele mesmo o Mestre tempo, não nos permitirá. Mas, acho que isso não sensibiliza da forma como deveria a todos. É pena…pena mesmo…Vamos nos contentar em separadamente cada um fazer a sua parte…Ave Jovem Guarda…Deus nos proteja e ilumine”…UM ABRAÇO A TODOS…JERRY ADRIANI
Mensagem do Jerry Adriani

O Saudoso Cantor Luiz Fabiano fala sobre sua homenagem a Roberto Carlos!

Luiz Fabiano 2

Luiz Fabiano, nome artístico de Jayr Rodrigues, nasceu em Tupã/SP no ano de 1942 e faleceu de câncer aos 67 anos de idade, no dia 18/12/2009.
Cantor e compositor, no final da década de 1960 Luiz Fabiano fez grande sucesso com as canções “Quando Anoitecer” e “Meu bem ao menos telefone”. É autor da canção “Você me Pediu”, gravada por Roberto Carlos em 1968 e posteriormente por ele também.
O cantor e compositor Luiz Fabiano fez sucesso nas décadas de 60 e 70, como um dos galãs da época e gravou seu maior sucesso em 1969, ‘Meu bem, ao menos telefone”, três anos depois de participar de um festival de música promovido pela extinta TV Excelsior.
Passou por gravadoras como Odeon e Continental e lançou músicas como ‘Não adianta brigar’, ’25 horas por dia’ e ‘Se você se arrepender’, todas de sua autoria, deixando um legado de seis LPs e 46 compactos e como compositor teve a canção ‘Você me pediu’ gravada por Roberto Carlos.
Na televisão integrou o elenco do programa ‘Os galãs cantam e dançam’, ao lado de Silvio Santos e de outros cantores como Ricardo Coração de Leão, Marcos Roberto, Paulo Sérgio e Djalma Lúcio.

No vídeo abaixo podemos ouvir o saudoso cantor em uma conversa com Antonio Aguillar pela Rádio Capital de SP, falando de suas canções e da homenagem em forma de canção que compôs para Roberto Carlos.

A canção faz parte de um CD lançado por ele em 2006 pelo selo Arlequim e intitulado “Luiz Fabiano de Todos os Tempos”. É a faixa número três “Tributo ao Rei”, composição de Luiz Fabiano/Hamilton R. Filho, uma clara homenagem ao Roberto Carlos, com influências da Jovem Guarda, citação das canções de Roberto Carlos (Jovens Tardes de Domingo / Amigos de Fé Irmão Camarada / Côncavo e Convexo / Jesus Cristo /Nossa Senhora, entre outras.
Foi o último CD do artista, que faleceu em 2009.

Luiz Fabiano 1

Uma análise faixa a faixa deste CD pode ser encontrada neste link.

Uma curiosidade:

Luis Fabiano gravou uma música chamada “CLUBE ATÔMICO” na época das “músicas de protesto” no final dos anos 60 e que é de autoria de Wagner Benatti, o Bitão dos Megatons, juntamente com o seu amigo Alf Soares (cunhado de Tony Campello) e que vive hoje nos EUA.

“CLUBE ATÔMICO” (Alf Soares – Wagner Tadeu Benatti)

Uma foto inédita, do acerto de Antonio Aguillar

Luiz Fabiano no centro tendo a seu lado esquerdo o Manito - Antonio Rosas Sanches  e direito o Neno - Demerval Teixeira ex The Clevers e os Incríveis e também The Jordans.   Os três ja estão no plano superior...

Luiz Fabiano no centro tendo a seu lado direito o Manito – Antonio Rosas Sanches e esquerdo o Neno – Demerval Teixeira ex The Clevers e os Incríveis e também The Jordans. Os três já estão no plano superior…

Manito e seu “Incrível” Sax!

Vasculhando seu vasto acervo musical, Antonio Aguillar encontrou essas duas entrevistas com o saudoso Manito, o Antonio Rosas Sanches, saxofonista da banda The Clevers e depois Os Incríveis.

Manito e Aguillar

Aguillar e Manito na Rádio Capital

 

Neno e Antonio Aguillar

Neno e Antonio Aguillar

É um material de primeira linha para ser mostrado nesta ocasião em que fazemos nossas homenagens aos 50 anos da Jovem Guarda.

Nesta primeira gravação podemos ouvir Manito, em conversa com Neno e Aguillar, tocar Maria Cristina e explicar como foi que The Clevers/Os Incríveis gravaram O Relicário.

O Manito era de uma família de músicos e seus pais sempre o incentivaram a entrar para a vida artística. Para ganhar o pão no dia-a-dia, Manito trabalhava com o pai consertando sapatos. Aguillar conta que se lembra que a sapataria funcionava no andar térreo de um prédio na Av. São João esquina com a Duque de Caxias… “Quantas vezes fui buscar o Manito lá para ensaios, shows, programas de rádio e televisão. Depois que passou a integrar a banda The Clevers, Manito ficou mais independente com os cachês que recebia e assim podia ajudar a família, podendo também se livrar do trabalho de sapateiro.”

Em 1964 a cantora Rita Pavone esteve no Brasil, com apresentações especiais no Teatro Record e nesse mesmo teatro Antonio Aguillar mantinha o seu programa Reino da Juventude, onde os Clevers se apresentavam. Conseguiu levar a Rita Pavone em seu programa para receber uma guitarra elétrica de fabricação Giannini e nesse contato os Clevers estavam lá também e tocaram o grande sucesso da italianinha, a canção “Dateme um Martello”.
Embora ela só tivesse ido para receber a guitarra, que era a novidade da época (tipo Fender), percebendo a euforia do auditório cantando o sucesso dela, não deu outra, acabou cantando e foi uma emoção muito grande no auditório e entre os presentes no palco.
Aguillar conta que… “pra mim, como comunicador, não deixou de ser um grande acontecimento, uma coisa inusitada. Dai nasceu a amizade entre a Rita e The Clevers, que finalmente acabaram indo para a Itália para uma turnê com o maior ídolo internacional de 1964, que era Rita Pavone.”
Como na época o programa na TV Record era ao vivo e se deixasse de fazer, teria que sair do ar, Aguillar preferiu ficar e cedeu seu lugar, assim uma outra pessoa foi contratada para acompanhar Os Clevers, pessoa esta que mais tarde se tornou injusta e criou alguns impasses com a banda The Clevers, para que rompessem relacionamento artístico com Antonio Aguillar. Como essa pessoa estava lá na Itália com eles, que dependiam muito dela, acabaram rompendo relacionamento artístico com Aguillar e passaram a se chamar OS INCRÍVEIS.
Dai pra frente a história continua e consta nas paginas sociais para quem quiser maiores detalhes. Essas duas gravações que estamos apresentando aqui se trata da presença pessoal do Manito no programa Jovens Tardes de Domingo na Radio Capital, que é levado ao ar aos domingos, das 12h às 13h. Manito estava com o seu instrumento musical debaixo do braço (saxofone) e Aguillar acabou fazendo com que ele relembrasse esses sucessos gravados pela banda The Cleves, que são Maria Cristina e El Relicário.

A outra gravação é sobre um CD que o Manito fez mas não teve grande sucesso, porque não deu tempo para que fosse feita divulgação.
Manito esteve muito doente, fez cirurgia das cordas vocais e antes de falecer foi convidado por Antonio Aguillar para estar na Casa de Portugal, onde realizaria um grande Show.
Ele compareceu em cadeira de rodas ao lado de sua companheira Lucinha para receber justas homenagens e ao receber o TROFEU JOVENS TARDES DE DOMINGO, ficou emocionado, mas não podia falar porque estava entubado e faleceu quatro dias depois disso.
Em 09 de setembro de 2011 perdemos um dos maiores músicos e dos mais queridos em nosso Brasil.
Ele lutava contra um câncer na laringe desde 2006 e morreu dormindo em sua casa numa sexta-feira, em São Paulo.
O Saxofonista tinha apenas 68 anos e era considerado um dos músicos mais virtuosos do “iê-iê-iê”. Era chamado de o “homem dos mil instrumentos”, pois tocava, além do saxofone, também guitarra, baixo, bateria, diversos instrumentos de sopro, teclado, enfim, era um multi-instrumentista!
Ele começou tocando bateria, depois aprendeu acordeom, violino, trompete, clarinete, sax alto, sax tenor, flauta, teclados, enfim, e tocava tudo com perfeição!

manito1

Foi um dos mais importantes músicos da Jovem Guarda, e aqui podemos matar a saudade dele, ouvindo a conversa que foi ao ar em um dos programas de Aguillar pela Rádio Capital de São Paulo.

Última Homenagem a Cleide Alves, a “Estrelinha do Rock”!

Faleceu hoje no Rio de Janeiro, vítima de parada cardíaca, a cantora Cleide Alves, aos 68 anos, completados no dia 05 de dezembro de 2014. Cleide estava internada desde ontem porque passou mal e hoje sofreu a parada cardíaca.

Apelidada de “A Estrelinha do Rock”, Cleide Alves foi uma das pioneiras da Jovem Guarda, tendo seu nome imortalizado na canção “Festa de Arromba”.
Gravou o primeiro disco em 1960, um 78 RPM pela gravadora Copacabana com as músicas “Help, Help Maybe” e “Seguindo e Cantando”.
Em 1962 se tornou a primeira cantora a gravar uma música da dupla Roberto Carlos e Erasmo Carlos, “Procurando um broto”. No mesmo ano figurou como vocalista, ao lado de Reynaldo Rayol, do LP “Twist”, de Renato e Seus Blue Caps.
Em 1963 Cleide gravou o LP “Twist e Hully Gully”, que tinha a música “Mamãe acha que é normal”, um de seus maiores sucessos.
Em 1970 lançou o LP “Canção de Nós Dois”, com música-título de Vinícius de Moraes. Lançou também diversos compactos. Com o declínio da Jovem Guarda, afastou-se da vida artística, retornando em 1990 para uma participação no CD “30 Anos de Jovem Guarda”, cantando “Estúpido cupido”, sucesso gravado originalmente por Celly Campello. (Informações do Dicionário Cravo Albin MPB)

Para lembrar a Cleide Alves, ouçam esta música que foi feita para ela pela dupla Roberto Carlos e Jeanette Adib. Jeanette era a diretora da Revista do Rock e nos idos de 1962/63 foi a segunda parceira de Roberto Carlos em composições. Só perdeu para Carlos Imperial, mas fez música com Roberto antes do Erasmo, segundo informações de Albert Pavão.

Cleide Alves

Depoimentos dos Amigos ao tomarem conhecimento de sua partida…

Jair Souza
Amigos, senti-me sem coragem de noticiar o falecimento de mais uma querida colega, nossa amada Cleide Alves, excelente cantora, muito graciosa, boa praça e amada colega. Quando com dezessete anos eu cheguei de SP, tive uma paixãozinha secreta por ela….Já fazia algum tempo que eu não a via. Ela se afastou do meio, ou seja foi mais uma das que não aguentou a barra. Difícil dizer qualquer coisa. Enquanto existem pessoas perdendo tempo com baboseiras, em comentar sobre a vida dos outros, ou criticar ou fofocar, nós deveríamos prestar mais atenção nos ponteiros do relógio e entender que o tempo está passando cada dia mais depressa…Nós da JG. por exemplo, deveríamos estar muito mais unidos muito mais próximos para a comemoração dos “50” cinquenta anos. Meio século…Não haverá outra jovem Guarda, não haverá outra Cleide Alves, que infelizmente não chegou a ter ao sucesso e a longevidade artística que mereceria. Foi uma das pioneiras sim, mas ninguém à exceção da Lucinha, provavelmente o Miguel, os colegas, porque nossos velhos amigos não mais estão aqui. São muitos e seria arriscado desfiar nomes, para não correr o risco de esquecer algum, o que seria muito injusto…Não sei mais o que dizer amigos. Estou mais uma vez triste, por perder uma amiga querida e mais, na situação de esquecimento que esta criatura foi relegada nos últimos anos de sua vida…Não posso julgar os desígnios de Deus,e quem sou eu vil mortal para faze-lo, mas sei que o nosso meio artístico é cruel para com muitos…Tomara que os meninos que estão aí fazendo sucesso, tenham a humildade de reconhecer que tudo é muito passageiro e que é preciso olhar, principalmente para trás e para baixo. Para trás para se mirar no ex. de artistas que infelizmente acabam no ostracismo, Para baixo, porque devemos saber, que muitos outros estão em situação difícil nesta vida… Não olhar para cima onde alguns pouco privilegiados, conseguiram por sua luta na espiral da vida, os melhores lugares. Obrigado por lerem, por escutarem ou antes sentirem minhas vibrações cristãs. Que a família da nossa irmã Cleide, tenha muita força. Com certeza, Cleidinha boa menina como sempre foi está com Deus. Com Jesus e N. Sra….Jerry Adriani
Claudio Fontana
Claudio Fontana 6 de março de 2015 18:38
Senti neste momento profunda tristeza ao ler esta triste noticia Cleidinha gravou 2 musicas de minha autoria que fizeram sucessos em sua carreira: VOCE NAO SERVE PRA SER MEU NAMORADO e NUNCA AMEI UM HOMEM IGUAL A VOCE – Que DEUS a receba em sua Santa Morada e conforte seus familiares – Todos nós, seus amigos dos bons tempos da Jovem Guarda, lamentamos profundamente sua partida. Ela já esta com DEUS.
Paulo César Barros
Paulo César Barros 6 de março de 2015 18:32
A Cleidinha estava internada desde ontem, mas eu achava que poderia ser alguma coisa simples, mas não, infelizmente a minha irmãzinha nos deixou hoje. Esteja com Deus, baixinha.
Romir Pereira de Andrade
Romir Pereira de Andrade 6 de março de 2015 18:16

 

Que descanse em PAZ! Mais uma voz que transmitiu alegria na Terra sobe para o “Côro de Céu”!

 

 

 

 

Reynaldo Rayol MEU DEUS, MAIS UMA AMIGA SE VAI, ESTOU MUITO TRISTE. QUE DEUS A TENHA EM BOM LUGAR

 

 

Mais depoimentos aqui.

O adeus a Cleide Alves

Vanderléia ria, e Cleide desistia, de agarrar um doce que do prato não saia, hei hei que onda, que festa de arromba…

 

 

 

Jovem Guarda 50 anos – Homenagens

Neste ano em que a Jovem Guarda completa 50 anos, muitas homenagens estão sendo prestadas, como este belo texto do escritor Fred Rossiter Pinheiro, publicado ontem no grupo Eterna Jovem Guarda no Facebook.

COMO FOI A JOVEM GUARDA NA MINHA CIDADE – JOVEM GUARDA 50 ANOS

Por Fred Rossiter Pinheiro, escritor.

Jovem Guarda e origens do Rock em Natal

Assistir filmes nos cinemas de Natal nos anos 1960 era um agradável exercício de provincianismo. Ao surgir na tela “a Condor Filmes apresenta…”, a plateia em delírio gritava “xô, xô, xô, urubu!” e o condor solitário ia embora…
A estudantada toda se conhecia, além da troca de gibis na calçada do cinema Rex, antes do filme principal tinha o Canal 100 de Herbert Richers onde havia uma grande expectativa pela cobertura do futebol no Maracanã.
Quando passavam os traillers de filmes interessantes, sempre alguém gritava “Esse eu venho !!!!”. E aí vinha a réplica”… “de besta” ou “e traga a irmãzinha….”, não é preciso dizer que haviam tréplicas em nível bem mais pesado…
Eventualmente cenas do filme eram cortadas interrompidas por falhas do projetor, em consequência o menor palavrão era “Ladrãããããooo !”. Enquanto o operador tentava colar a fita, todos ficavam batendo os pés e gritando.
Essa geração de garotos, que odiava os vozeirões da MPB (Vicente Celestino, Nélson Gonçalves, Cauby Peixoto…), foi amadurecendo e, além das artimanhas para assistir filmes censura 14 anos (sem ter ainda essa idade), passou a ter alguma curiosidade pelas músicas cantadas por Cely e Tony Campello.
O Cinema Rio Grande começou a passar os filmes de Elvis Presley, que atraiam principalmente as meninas, elas chegavam a gazear aulas do Atheneu para assistir o emergente charme do Rei do Rock, desespero da Diretora Angélica de Almeida Moura que acionava suas fiscais para trazer de volta as alunas rebeldes. Os meninos, acostumados com a dinâmica dos filmes de faroeste e de Tarzan, achavam essas fitas muito “água com açúcar”, mas não deixavam de frequentar o RG, sempre caprichando no penteado com a brilhantina glostora. Afinal, nos domingos à tarde, o cruzamento da Avenida Deodoro com a Rua Assu apresentava a maior densidade de meninas bronzeadas, bonitas e cheirosas por metro quadrado de Natal. O chiclete do “Bolão” e o drops “dulcora” completavam o clima das domingueiras no início dos anos 60.

JG 50 anos - Natal 3 (2)

Nesse contexto, a onda americana do Twist chegou também a Natal. As meninas que brincavam de bambolê nos intervalos de aula, à noite começavam a experimentar a dança ao ritmo de Chubby Checker e Rita Pavone, era a chamada “Dança louca”.
Em 1964, as músicas dos Beatles começaram a rodar discretamente nas rádios da cidade (só existam AM). Mas, a base principal para curtição inicialmente foi a Sociedade Cultural Brasil Estados Unidos (SCBEU), primeira escola de língua inglesa da cidade. Lá os primeiros discos dos Beatles e de Elvis Presley eram escutados com enorme curiosidade. Os irmãos Eustáquio e Afonso Lima, juntamente com Gileno Azevedo e José Bezerra Marinho começaram a fazer dublagens do Rock. A estudante Ivone Freire foi a primeira garota a possuir uma guitarra em Natal. Os estudantes passaram a se interessar mais pelo estudo do inglês para traduzir “Yesterday”, “Help!” e “Twist and Shout”.

Nesta foto podemos ver o futuro ídolo da Jovem Guarda, Leno, que formaria a dupla com a amiga Lílian. Está encostado na parede do grêmio do colégio marista de Natal, de camisa listrada.  Foto do livro de Fred Rossiter Pinheiro.

Nesta foto podemos ver o futuro ídolo da Jovem Guarda, Leno, que formaria a dupla com a amiga Lílian. Está encostado na parede do grêmio do colégio marista de Natal, de camisa listrada.
Foto enviada por Eustáchio Lima ( o da guitarra) ao Fred Rossiter Pinheiro.

Ainda em 1964, Tony e Cely Campello se apresentaram no Ginásio Sílvio Pedroza em evento beneficente organizado pelo Rotary Club. Tony lembra que foi a última apresentação da dupla em uma longa turnê por diversas cidades brasileiras e que eles cobraram cachê reduzido a pedido do pai deles que também era rotariano em Taubaté SP. Não havia bons hotéis em Natal e os músicos ficaram na Casa de Hóspedes de Ponta Negra.
Após o surgimento do Programa Jovem Guarda na TV (cujo sinal era captado com deficiência em Natal), a rádio Poti lançou um musical com o mesmo nome no horário de 13H a 14 H comandado por Liênio Trigueiro.Foi um sucesso !
Os ventos oriundos de Liverpool esfriaram de vez as tradicionais serestas em Natal. O ritmo excessivamente meloso dos boleros e sambas dos cantores tradicionais que enalteciam o luar e a dor de cotovelo foi, para os jovens, substituído pela contagiante batida do pop rock e da Jovem Guarda. Nas festinhas caseiras do Barro Vermelho, do Tirol, da Cidade Alta, do Alecrim e de Petrópolis, o volume mais alto do som assustava os vizinhos que eram obrigados a dormir mais tarde. Esses embalos barulhentos na base de vitrola, LPs, compactos e Cuba Libre passaram a ser chamados de “Assustados”. Bebida barata, petisco era raro, mas muita dança ao som de “Era um Garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones”, “I want to Hold your Hand” ou até o Twist “Datemi um Martello”, amores atômicos ou platônicos. No final, ainda rolavam improvisações ao violão, nem sempre bem afinadas.

Vulpiano Cavalcanti, filho do médico e mais famoso comunista de Natal, formou um pequeno grupo musical improvisado com o “Galêgo Solon” e mais Sérgio Lima “Sapo” e Eduardo Esperança. As apresentações eram restritas aos aniversários de amigos e pequenas confraternizações, eram chamados de “Beatles Natalenses”.

É uma brasa mora! Era o grito de guerra insuflado por Roberto Carlos que tomou corpos, corações e mentes fora de tempo e lugar, dançar o Iê Iê Iê (surgido na música “She Loves you” dos Beatles) e namorar era tudo que importava. A rebeldia dos cabelos longos, vestidos curtos e ritmo quente das músicas era adornada por letras ingênuas de amores adolescentes.
“O Exército do Surf” (versão de “L`Esercito Del Surf”) com Wanderléa surgia como uma espécie de hino para os garotos e garotas que atingiam a adolescência.

Os playboys (classe média/alta) natalenses faziam “pegas” pelas poucas ruas asfaltadas de Natal e adoravam se exibir em frente aos colégios femininos. Chegaram a ocorrer algumas corridas oficiais de carro pelas ruas de Natal, que empolgavam a população. As ruas eram isoladas e havia limitação de velocidade em alguns trechos (nem sempre obedecidas). Todos os playboys natalenses participavam, com direito até a torcida organizada. Amador Lamas, Ari Alecrim Filho, Rodolfo Pinheiro, Luzenildo, Roberto Lira, Sandra Elói e Burití eram os líderes da “Juventude Transviada” natalense.

A JG e o Rock anglo-americano deram uma nova voz à juventude ao som das guitarras que enlouqueciam as garotas e causavam calafrios nos pais de família. De repente, começaram a aparecer inúmeras bandas de Rock na cidade (eram chamados Conjuntos), quase todas formadas por estudantes: The Shouters (liderada por Prêntice Bulhões e Gileno Azevedo, foi a primeira delas no Marista), depois vieram: Os Vândalos, The Funtus, Os Gênios, Os Primos, Os Monges, Os Terríveis, The Jetsons, Os Tremendões (em Mossoró), As Luluzinhas (meninas do Colégio imaculada Conceição) , Conjunto Primavera (meninas do Colégio Maria Auxiliadora) , O Sempre Alerta (Macau) e TheVictors (banda surgida em Recife, que migrou para Natal). Os Shouthers iniciaram apresentações públicas na Lagoa Manoel Felipe (atual Cidade da Criança).

JG 50 anos - Natal 2

Gileno migrou para o Rio de Janeiro, se transformou em Leno e juntamente com Lílian explodiu com sucessos na Jovem Guarda. Os Gênios se transformaram em Impacto Cinco, gravaram diversos LPs e fizeram a trilha sonora da juventude universitária nas inesquecíveis Matinês do ABC nos anos 70.
As minissaias (algumas protegidas com meia-calça que permitiam mostrar as pernas, mas não a pele) faziam sucesso e obrigaram alguns colégios mistos que tinham escadas a abolir os vestidos e adotar as calças como farda feminina. Cabelos longos, fita no cabelo, botas, vestidos e camisas muito coloridas, calças “Lee” desbotadas às vezes remendadas com minúsculos “corações” no traseiro e nas pernas. Era a contracultura jovem, que alcançou o ápice com a influência do movimento hippie/ flower power.
Era comum os mais velhos e conservadores nos questionarem: “onde você comprou essa camisa tinha pra homem?”.
Roberto Carlos cantou no Cinema São Pedro e no Palácio dos Esportes, Os Brazilian Bitles estiveram na Assen e no palácio dos Esportes, Renato e seus Blue Caps no Cinema Potí e The Clevers no ABC F.C, outros cantores da JG estiveram por aqui nos anos 60.
As Boites “Hippie Drive In”, “Psiu” e do Forte introduziram a “Luz Negra” nos embalos natalenses dos sábados à noite. A sensualidade se destacava nas mini e micro saias brancas. Todo mundo foi assistir “Barbarella”, “Na Onda do Iê Iê Iê” e “Easy Rider” no Rio Grande e ninguém perdeu a inauguração do Cinema Panorama com “007 e o Satânico Dr. No”, auge de James Bond (Sean Connery) com o famoso biquíni de Ursula Andress.

Festivais de música lotavam o Palácio dos Esportes, a juventude participava intensamente torcendo,aplaudindo e vaiando. Roberto Lima, Mirabô Dantas, Iaperí Araújo e Nadja Maria, os destaques da MPB natalense passaram a enfrentar a ousadia das composições pop de Ivanildo Cortez e Napoleão Paiva, conduzidas pelas bandas The Funtus e Impacto Cinco. “Mística”, ‘Homo Sapiens” e “Quero talvez uma Nêga” eram as músicas preferidas dos estudantes e foram premiadas no final dos anos 60.

JG 50 anos - Natal 1

As Luluzinhas – Banda formada só por garotas do Colégio das Neves em Natal/RN

 

Música não tem prazo de validade. Quem nasceu nos anos 50 e até meados dos anos 60 teve na agitação da JG a agradável trilha sonora da sua (nossa) adolescência e disso não esquecemos.
Paz e Amor, Bicho!