Paul McCartney no Maracanã, Rio de Janeiro, em 2023!

Paul McCartney Got Back Tour 2023
Uma pesquisa por Querqueto Bass.

Referências bibliográficas:
▪ Davies, Hunter. As letras dos Beatles: a história por trás das canções. São Paulo: Planeta; 2016.
▪ McCartney, Paul. As letras. Osasco: Belas-Letras; 2021.
▪ Norman, Philip. Paul McCartney: a biografia. São Paulo: Companhia das Letras; 2017.
▪ Turner, Steve. The Beatles: todas as músicas, todas as letras, todas as histórias. Rio de Janeiro: Sextante; 2016.
SETLIST

  1. Can’t buy me love
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: A hard day’s night (1964)
    Um rapaz desapegado de bens materiais, crente que o amor não pode ser comprado, oferece
    presentes a uma garota para conquistar o amor dela. Vai entender…
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  2. Junior’s farm
    Wings
    (Paul McCartney, Linda McCartney)
    single lançado em outubro de 1974
    Inspirado em “Maggie’s farm”, sucesso do Bob Dylan, Paul descreve o alívio que ele encontrava
    na vida pacata em seu refúgio rural no sul da Escócia durante o turbulento processo de dissolução
    dos Beatles.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  3. Letting go
    Wings
    (Paul McCartney, Linda McCartney)
    álbum: Venus and Mars (1975)
    Exaltação a Linda, primeira esposa de Paul, que abandonou a carreira como fotógrafa profissional
    para se dedicar a ser vocalista e tecladista do Wings desde que a banda foi formada.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  4. She’s a woman
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    single lançado em novembro de 1964
    Composta poucas semanas após terem experimentado maconha pela primeira vez, durante um
    encontro com Bob Dylan, que lhes forneceu a erva. O verso “Turn me on when I get lonely” é
    uma descrição sutil do hábito que Paul manteve durante décadas de fumar um baseado para
    relaxar.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  5. Got to get you into my life
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: Revolver (1966)
    Uma ode confessada à maconha disfarçada de declaração amorosa. O verso “What can I be?” não
    é uma pergunta, mas sim uma exclamação elogiosa homófona “What cannabis!”
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  6. Come on to me
    carreira solo
    (Paul McCartney)
    álbum: Egypt Station (2018)
    Paul estava casado com Nancy, sua terceira e atual esposa, quando compôs esta canção sobre uma
    paquera em uma festa. Como o verso “You know we can’t be seen exchanging information”
    poderia causar algum constrangimento, Paul deixou claro que a letra descreve uma festa
    imaginária ocorrida na década de 1960.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  7. Let me roll it
    Wings
    (Paul McCartney, Linda McCartney)
    álbum: Band on the run (1973)
    Um convite sexual que remete à origem mesma da expressão rock’n’roll. Encerra com o solo final
    de “Foxy Lady”, sucesso de Jimi Hendrix.
    Paul toca uma guitarra Gibson Les Paul.
  8. Getting better
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967)
    John se declarando arrependido por não estar se comportando bem com sua primeira esposa e
    confessando sua tentativa de ser um marido melhor.
    Paul toca uma guitarra Gibson Les Paul.
  9. Let ‘em in
    Wings
    (Paul McCartney, Linda McCartney)
    álbum: Wings at the Speed of Sound (1976)
    Vários amigos e parentes do Paul, alguns deles apresentados por meio de apelidos, batem na
    porta ou tocam a campainha, e o anfitrião pede que os deixem entrar.
    Paul toca um piano Yamaha.
  10. My valentine
    carreira solo
    (Paul McCartney)
    álbum: Kisses on the Bottom (2012)
    Dedicada a Nancy, com quem Paul havia se casado no ano anterior.
    Paul toca um piano Yamaha.
  11. Nineteen hundred and eighty-five
    Wings
    (Paul McCartney, Linda McCartney)
    álbum: Band on the run (1973)
    A descrição de um relacionamento que sobreviverá à distopia prevista por George Orwell em seu
    célebre romance “1984”.
    Paul toca um piano Yamaha.
  12. Maybe I’m amazed
    carreira solo
    (Paul McCartney)
    álbum: McCartney I (1970)
    Um reconhecimento sincero a todo o apoio dado por Linda durante o período difícil atravessado
    durante a dissolução dos Beatles.
    Paul toca um piano Yamaha.
  13. I’ve just seen a face
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: Help! (1965)
    Uma canção country sobre amor à primeira vista composta por Paul enquanto ele morava no
    porão da casa dos pais da sua então namorada, a atriz Jane Asher. Muito provavelmente, a musa
    inspiradora não foi Jane, com quem Paul namorava há dois anos, mas sim alguma garota que o
    beatle conheceu durante aquela sua fase mulherenga.
    Paul toca um violão Martin.
  14. In spite of all the danger
    The Quarrymen
    (Paul McCartney, George Harrison)
    álbum: Anthology 1 (1995)
    Primeira gravação, ainda amadora, de uma canção composta no ano de 1958 por Paul em uma
    parceria jamais repetida com George, inspirada em “Tryin’ to get to you”, sucesso de Elvis Presley.
    Os integrantes da banda que antecedeu os Beatles tiveram de fazer uma vaquinha para pagar os
    custos do registro fonográfico, e depois se revezavam semanalmente na posse do único disco
    produzido. A banda The Quarryman se dissolveu e o disco acabou esquecido por décadas.
    Quando foi re-encontrado na casa de um amigo do baterista do The Quarryman, Paul comprou
    o disco antes que fosse a leilão, o que possibilitou que a canção pudesse ser incluída no projeto
    Anthology. Na letra, um rapaz faz juras de amor eterno se a garota lhe for fiel, e alude à primeira
    experiência sexual de Paul, com uma babá que deveria estar tomando conta de um bebê em vez
    de estar iniciando o futuro beatle. O tal perigo mencionado seria a mãe do bebê voltar para casa
    e flagrar os dois.
    Paul toca um violão Martin.
  15. Love me do
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: Please please me (1963)
    O primeiro single lançado comercialmente pelos Beatles. Destaque para a gaita tocada por John,
    inspirada em “Hey! Baby”, sucesso de Bruce Channel.
    Paul toca um violão Martin.
  16. Dance tonight
    carreira solo
    (Paul McCartney)
    álbum: Memory almost full (2007)
    Paul toca um mandolim.
  17. Blackbird
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: The Beatles (1968)
    O canto de um melro que interrompeu a meditação matinal que Paul estava praticando na Índia
    é usado como metáfora para uma garota negra atuante na luta contra a segregação racial nos
    EUA. Foi escrita poucas semanas após o assassinato do pastor Martin Luther King Jr.
    Paul toca sozinho um belíssimo dedilhado em um violão Martin que simula o gorjeio do pássaro
    e remete às suítes de Bach.
  18. Here today
    carreira solo
    (Paul McCartney)
    álbum: Tug of war (1982)
    Uma declaração de amor ao amigo John escrita pouco depois do seu assassinato.
    Paul toca um violão Martin.
  19. New
    carreira solo
    (Paul McCartney)
    álbum: New (2013)
    Paul toca um piano Yamaha.
  20. Lady Madona
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    single lançado em março de 1968
    A imagem materna de Nossa Senhora projetada nas mulheres da classe trabalhadora de Liverpool
    e de outras partes do mundo que enfrentavam dificuldades para criar seus filhos, uma nítida
    influência católica proveniente da origem irlandesa da família da mãe de Paul.
    Paul toca um piano Yamaha.
  21. Fuh you
    carreira solo
    (Paul McCartney, Ryan Tedder)
    álbum: Egypt Station (2018)
    Em vez de usar no título e na letra a preposição “for”, Paul preferiu a gíria “fuh”, de mesmo
    sentido, porém com pronúncia ambígua o suficiente para ser confundida com o verbo “fuck” e
    causar no ouvinte a impressão de que o refrão é a confissão de um desejo carnal.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  22. Jet
    Wings
    (Paul McCartney, Linda McCartney)
    álbum: Band on the run (1973)
    Na época dos Beatles, Paul já havia dedicado uma música, “Martha my dear” à sua cadela da raça
    English sheepdog. Desta vez, o animal de estimação homenageado é um pônei.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  23. Being for the benefit of Mr. Kite!
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967)
    A letra descreve a programação de um circo da era vitoriana exibida em um cartaz que John
    comprou em uma loja de antiguidades.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  24. Something
    The Beatles
    (George Harrison)
    álbum: Abbey Road (1969)
    A partir do título da canção “Something in the way she moves”, que James Taylor estava gravando
    no mesmo estúdio dos Beatles, George compôs esta magistral declaração de amor a Pattie, sua
    primeira esposa.
    Paul começa tocando sozinho um ukulele e depois, quando toda a banda entra na parte do solo
    de guitarra, ele assume um violão Martin.
  25. Ob-la-di, ob-la-da
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: The Beatles (1968)
    Expressão que, traduzida de um dialeto falado na Nigéria, significa o mesmo que o verso seguinte
    em inglês “Life goes on”. Conta sobre a vida de um casal formado por um feirante e uma cantora.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  26. You Never Give Me Your Money
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: Abbey Road (1969)
    Brian Epstein, primeiro empresário dos Beatles, havia morrido dois anos antes. Ele sempre havia
    cuidado das finanças da banda e, na sua ausência, os negócios começavam a desandar.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  27. She came in through the bathroom window
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: Abbey Road (1969)
    Baseada no fato real de uma fã que conseguiu entrar na casa do Paul através da janela do
    banheiro.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  28. Band on the run
    Wings
    (Paul McCartney, Linda McCartney)
    álbum: Band on the run (1973)
    Um medley em três partes sobre o desejo de se libertar da sensação de aprisionamento causada
    pelo excesso de compromissos com o trabalho.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  29. Get back
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: Let it be (1970)
    A ampliação do debate político contra a entrada de imigrantes no Reino Unido e a expulsão de
    paquistaneses recém-chegados à Inglaterra inspirou a canção, mas a referência ao Paquistão foi
    retirada para evitar más interpretações e o uso indesejado.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  30. Let it be
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: Let it be (1970)
    Em meio às tensões que levariam ao término dos Beatles, Paul sonhou com sua mãe, a enfermeira
    Mary Patricia, que falecera de câncer de mama quando ele contava 14 anos de idade. No sonho,
    Mary lhe transmitia ensinamentos bíblicos que o estimulavam a ser otimista.
    Paul toca um piano Yamaha.
  31. Live and let die
    Wings
    (Paul McCartney, Linda McCartney)
    álbum: Live and let die (1973)
    Composta para a trilha sonora do filme homônimo de James Bond.
    Paul toca um piano Yamaha.
  32. Hey Jude
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    single lançado em agosto de 1968
    Palavras de conforto usadas por Paul para consolar Julian, então com 5 anos de idade, sobre a
    recente separação de seus pais John e Cynthia.
    Paul toca um piano Yamaha.
    BIS
  33. I’ve got a feeling
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: Let it be (1970)
    Dueto contrastante entre Paul, animado pelo início da vida matrimonial com Linda, e John,
    tentando encontrar motivos para ser otimista depois de um ano difícil marcado por problemas
    financeiros, uma prisão por porte de drogas e um aborto sofrido pela Yoko.
    Paul toca uma guitarra Gibson Les Paul.
  34. Birthday
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: The Beatles (1968)
    Um rock animado feito para ser cantado em aniversários.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  35. Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967)
    Como resposta artística ao álbum “Pet sounds”, obra-prima dos Beach Boys, os Beatles criaram o
    conceito de uma apresentação de uma banda fictícia de nome estranho que funcionasse como
    alter ego do quarteto inglês.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  36. Helter Skelter
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: The Beatles (1968)
    A perigosa descida em alta velocidade de um escorregador sinuoso gigante de parque de
    diversões alude ao sexo selvagem com uma garota. O som pesado exigiu muito do baterista
    Ringo, que termina a música reclamando das bolhas que surgiram em suas mãos, e os vocais sujos
    de Paul despertaram a crueldade do famoso assassino Charles Manson.
    Paul toca seu icônico baixo da marca alemã Höfner.
  37. medley Golden slumbers ― Carry that weight ― The end
    The Beatles
    (John Lennon, Paul McCartney)
    álbum: Abbey Road (1969)
    Um medley de três canções tocadas em sequência, sem pausas entre elas, encerra o último lado
    do último disco dos Beatles e o show do Paul. A primeira é uma adaptação de uma antiga canção
    de ninar escrita por um dramaturgo inglês da era elisabetana, a segunda é um desabafo sobre o
    futuro após o fim da banda, e a terceira um curto floreio lírico shakespeariano antecedido por um
    duelo de guitarras e um sensacional solo de bateria.
    Paul toca um piano Yamaha nas duas primeiras músicas e uma guitarra Gibson Les Paul na
    última.

📸 Dê uma olhada nesta publicação no Facebook https://www.facebook.com/share/v/31JiXTvjAS25oMws/?mibextid=K8Wfd2

https://youtu.be/zNg5g9HZO1U?si=EfwzQYaWxu1mmqYs

📸 Dê uma olhada nesta publicação no Facebook https://www.facebook.com/share/r/2bpY9m8qU8o6CPkg/?mibextid=K8Wfd2

John Lennon presente!

Desvendando “Strawberry Fields Forever”

Quando visitei Liverpool em janeiro de 2012, minha filha me fez uma pergunta que me deixou pensativa…

Ela perguntou, “mãe, o que é que tinha aqui neste lugar, pra John Lennon falar dele em sua música”?

Pois bem, isso me fez acreditar que muitos novos fãs dos Beatles não saibam o que é o endereço em Liverpool, que atende pelo nome de “Strawberry Field”, um lugar tão “familiar” para nós e para John Lennon!

Strawberry Field era um lar de crianças sustentado pelo Exército da Salvação em Woolton, um subúrbio de Liverpool, Inglaterra, perto da casa onde John passou sua infância.

As referências mais antigas para “Strawberry Field” datam de 1870. Em 1912 foi transferido para um mercador cuja viúva vendeu para o estado para o Exército da Salvação em 1934. Foi aberto em 07 de julho de 1936.

A casa original mais tarde foi demolida e substituída por uma construção mais simples com o propósito de servir de lar para crianças, tendo sido oficialmente aberta em 07 de novembro de 1973.

Esta casa era provida de três cômodos para abrigar três famílias, e cada cômodo era suficiente para 12 crianças.

Strawberry Field tinha uma festa anual, da qual John Lennon e sua tia Mimi participavam regularmente. A casa fechou suas portas como um lar para crianças no início de janeiro de 2005 e agora é uma igreja onde funciona um centro de orações.

O nome do abrigo de crianças tornou-se famoso em 1967, com o lançamento do single dos Beatles, “Strawberry Fields Forever”, escrito por John Lennon e creditado à dupla Lennon & McCartney, canção que mais tarde também entrou no álbum Magical Mystery Tour.

O famoso portão que marca sua entrada, certa vez foi roubado por um fã dos Beatles, tendo sido recuperado alguns dias após o ocorrido, ainda permanece no lugar, embora tenha sido substituído por uma réplica em maio de 2011.

Portões de Strawberry Field são substituídos por réplicas
Lennon cresceu perto daquela casa e costumava brincar no bosque atrás da construção com seus amigos de infância, Pete Shotton e Ivan Vaughan. Diz-se também que este lugar inspirou Lennon a tornar-se um músico.

Uma das coisas que Lennon mais gostava na infância era a festa no jardim, que acontecia todo verão em Strawberry Field. A tia de Lennon, Mimi, recorda: “Tão logo nós ouvíamos a Banda do Exército da Salvação começar, John chamava todo eufórico, andando e pulando pra lá e pra cá, Mimi, vamos, senão vamos ficar atrasados.”

John Lennon compôs a música na Espanha, quando participou do filme de Richard Lester, “How I won the war”, fazendo o papel de um certo soldado raso chamado Gripweed.

A princípio, quando Lennon estava compondo sua canção, ele a chamou de “It’s Not Too Bad” e somente depois é que a canção recebeu o título que conhecemos: “Strawberry Fields Forever”.

Segundo George Martin, a música tem toda a languidez e o peso de uma tarde espanhola de verão, apesar de ser um baú de lembranças de uma infância vivida no norte da Inglaterra.

O lugar dificilmente seria ideal para romances, mas na música tornou-se uma espécie de paraíso. As próprias palavras “Strawberry Fields” (campos de morango) evocam uma campina sob tremendo sol de verão, onde se pode flutuar e sonhar em transe…

O outro mundo de John, aquele que ele tinha na cabeça, foi sempre e para sempre o mundo em que preferiu viver. Era um lugar bem mais agradável. O mundo real, de certa forma, nunca se encaixou em suas expectativas.
Como ele dizia: “It´s getting hard to be someone, but it all works out… It doesn’t matter much to me” (“Está ficando difícil ser alguém, mas para tudo se dá um jeito… Isso não importa muito pra mim”).

O brilho dos versos de “Strawberry Fields” está em como evocam imagens fortes, usando a linguagem quase sempre ilógica e desajustada do coloquial. Toque uma fita com pessoas falando e você ouvirá palavras usadas fora do contexto, frases na ordem inversa, interrupções, “hums” e “ahs”, hesitações a toda hora. A palavra falada é uma desordem. Ouçam novamente a música de John e ouvirão essa esquisitice aqui: “Always no sometimes think it´s me, but you know I know it´s a dream…” (“Sempre e não às vezes eu acho que sou eu, mas você sabe que eu sei que é um sonho…”).

Quem mais poderia ir adiante com uma frase como essa?

Esta música é um complemento perfeito para o verso ingenuamente distorcido. Como em várias de suas músicas, muito da melodia de Strawberry Fields Forever baseia-se numa única nota, com harmonias arriscadas por trás, o que lhe dá uma chacoalhada! Esse entrelaçamento melódico é a jogada de toda a música, disparando a inesquecível introdução instrumental e permitindo que a voz de John se estendesse e finalmente permanecesse em plena monotonia.

A forma da música era maravilhosamente incomum: um verso e apenas um refrão curto, sem segunda parte. O refrão muda o clima, fazendo um marco mais definitivo. A rápida mudança de harmonia, colocando certo peso no “to” de “where I´m going to”, tem um impacto dramático que, segundo George Martin, não foi calculado, mas é produto de um gênio puramente instintivo.

Fonte: Summer of Love – The Making Of Sgt Pepper, de George Martin with William Pearson

Um Dia com John Lennon (entrevista em 1975)

Em 1975, a jornalista alemã Frances Schoenberger teve a oportunidade de conversar com John Lennon, com o que sonhava há muito tempo – mas a entrevista nunca foi publicada.
Quando ela finalmente conseguiu entrevistar o Beatle em 30 de março de 1975, Schoenberger tinha 30 anos e era repórter de rock and roll para a Revista Bravo, direcionada aos jovens.
O encontro com Lennon foi tão especial para ela que Schoenberger nunca escutou as gravações – por medo de que elas não pudessem combinar com as suas lindas lembranças, ou que elas pudessem manchar essas memórias.
Para o site The Big Pond, ela escutou a entrevista pela primeira vez em mais de 40 anos, compartilhando a entrevista muito pessoal e descontraída com um dos músicos mais famosos de todos os tempos: John Lennon!

OUÇAM AQUI


Transkript: A Day With John Lennon (von Kerstin Zilm)
Transcrição: Um dia com John Lennon (por Kerstin Zilm)

Frances Schoenberger : Eu não sei como isso funciona. Ah! Lá vamos nós. Oooh, oh, estou um pouco nervoso com isso.

[AMBI1 Frances tentando fazer o CD player iniciar …] 

Kerstin Zilm : Frances Schoenberger tenta fazer o CD player começar. Ela está sentada na ensolarada sala de estar em sua casa na encosta, com vista para a cidade de Los Angeles. Ela entrevistou todos os músicos, cineastas e atores nas manchetes dos últimos 50 anos; de Alfred Hitchcock para Frank Zappa. Ela é uma repórter ativa e membro da Hollywood Foreign Press Association, que premia o Globo de Ouro todos os anos. 

1975 com o ícone musical John Lennon.

Na época da entrevista, Schoenberger tinha 30 anos de idade. Ela trabalhou como Rock ‘n Roll e repórter de Hollywood para a revista alemã Bravo. Ela cresceu em uma pequena aldeia católica na Baviera, saiu de casa aos 13 anos e, alguns anos depois, trabalhou como jornalista alemã em Munique. 

Frances Schoenberger criou sua vida nos Estados Unidos a partir do zero. Em 1975, ela já havia entrevistado uma revista para revistas e jornais. John Lennon o que na lista dela há muito tempo.

Frances Schoenberger : Dos Beatles, John Lennon. Eu peço uma entrevista.

Kerstin Zilm : O encontro com John Lennon acabou sendo tão especial que Frances Schoenberger nunca escutou a fita. Ela está nervosa.

Frances Schoenberger : Nunca escutei. Só quando transcrevi a entrevista. Bem, eu mandei outra pessoa transcrever. Eu nunca mais escutei isso. Eu acho que quero ser capaz de lidar com isso. Você pode imaginar? Isso é quarenta anos depois, certo?

Kerstin Zilm : março de 1975. John Lennon está de volta a Nova York e se reúne com Yoko Ono depois de passar 18 meses em Los Angeles. Na Costa Oeste, ele faz manchetes por festejar excessivamente em clubes de Hollywood. Houve histórias sobre cenas dramáticas durante as sessões de gravação com o produtor Phil Spector. Seu relacionamento com May Pang, sua ex-secretária e Yoko Ono, que servem de base para revistas de fofocas de todo o mundo. Era um relacionamento que Ono iniciara. 

Além disso, o Ex-Beatle está recebendo um Green Card. O governo ameaça deportá-lo porque está ultrapassado seu visto. 

Elton John: o que quer que te faça passar a noite

Ao mesmo tempo, Frances Schoenberger mora no outro lado do continente em Los Angeles, enviando histórias de Hollywood para a Alemanha. Em março, ela volta para Nova York, onde começou sua carreira de reportagem nos EUA. Ela fica em um hotel, preparando entrevistas. A oportunidade de conhecer John Lennon surge do nada.

Frances Schoenberger : Jane Fonda e outra pessoa. Em seguida, o fotógrafo Bob Gruen, ele era um ‘n roll fotógrafo de rock Eu costumava trabalhar com, hey o que de, basicamente, o fotógrafo de John Lennon, e, em seguida, ele disse que vai fazê-lo. Eu fiquei chocado.

Kerstin Zilm : Ela imediatamente recebe um quarto de hotel diferente: maior e com vista para o Central Park. Ela sabe que o fotógrafo Bob Gruen quer precisar de boas fotos. Para o seu cliente, a revista alemã quer ser mais importante do que a sua escrita. Os editores não estão tão animados quanto possível, John Lennon como ela é. Os Beatles se separaram cinco anos atrás. A carreira de Lennon atingiu um patamar. A revista está mais interessada em histórias sobre David Cassidy e Alice Cooper, o ABBA e os Bay City Rollers.

Frances Schoenberger : Acho que eles não ficaram tão impressionados. Era para Bravo, e Bravo na época era para adolescentes. Com esta entrevista ficamos muito mais aprofundados, o que não interessava aos leitores da Bravo. Então eu só tive que pegar as coisas de sempre.

Kerstin Zilm : Quando ela recebe a notícia de que John Lennon quer ir fundo, mas está determinada a aproveitar ao máximo essa oportunidade. Ela se prepara. O gravador é definido com 90 minutos de fita. Ela tem pilhas extras, um laptop, canetas e muitas perguntas.

Frances Schoenberger : Estou sentada no meu quarto esperando por John Lennon sozinha e de repente alguém bateu na porta e ele estava assobiando. Ele veio sozinho. Nenhum guarda-costas, nenhum agente de imprensa, ninguém. Apenas ele. Então era ele e eu no meu quarto de hotel. Fale um pouco de alemão sujo alemão. Ei, que clima incrivelmente bom. Claro que eu estava muito nervoso. Mas eu relaxei muito rápido porque ele fez esquecer o que John Lennon. Eu me senti muito confortável com ele. Que ele andou até Nova York e veio ao meu quarto de hotel. Eu não tive que descer. Ele veio me ver. É bem legal, sim.

Kerstin Zilm : Schoenberger traz um fotógrafo preto e branco de seu escritório para a sala de estar. Bob Gruen deu a ela. 

A foto mostra o repórter sentado na cama conversando com John Lennon. Ela usa uma calça boca de sino escura, um suéter com o logo do cigarro da Camel e uma foto na frente, o cabelo penteado na altura dos ombros. Ela olha diretamente para John Lennon. Sorrindo. Curioso. O gravador entre eles na cama não está funcionando.

Frances Schoenberger : Não, eu não gravei no quarto do hotel. Phhhhhh! Quando ele falava alemão e tudo isso! Eu acho que é meu instinto. Eu queria fazê-lo se sentir confortável. Você não grava tudo, então você estabelece algum tipo de confiança para que eles possam ver que eu não sou ganancioso. Eu acho que fiz isso de propósito. Então você diz: agora começamos a entrevista oficial e agora isso está gravado.

Kerstin Zilm : Lennon se inclina para a direita em seus olhos. Ele usa um terno de cor clara com um cachecol a condizer, um chapéu achatado e os seus óculos de aro redondos.

Frances Schoenberger : Bob Gruen disse a Yonkers que há um parque e nós estamos no carro.

Kerstin Zilm : Quando Gruen chega ao hotel, ele tira algumas fotos na sala e diz: “Todo mundo está indo para o parque”. 

Schoenberger fica chocada quando vê a caminhonete Toyota de Green. É pequeno e o fotógrafo não se preocupou em limpá-lo.

Frances Schoenberger : Seu carro estava tão bagunçado. Eu estava tão envergonhado. E nós estávamos sentados no banco de trás deste minúsculo carro e eu segurei meu gravador …

Kerstin Zilm : Ela começa a gravar. 

[AMBI2 Frances suspira / fita começa]

John Lennon : Você sabe o que você está indo para pedir, caso contrário, eu apenas divagar … 
Frances Schoenberger : Eu sei o que eu tenho lido e o mais recente que eu sei é fez você está processando-os 
John Lennon : Sim, John Lennon contra os EUA. É ótimo …

Kerstin Zilm : Agora, mais de 40 anos depois, Frances Schoenberger ouve 30 anos de idade dirigindo um carro com John Lennon, as janelas abertas, passando por Manhattan em uma estrada esburacada pela primeira vez. 

1975: A luta legal de Lennon com o governo dos EUA sobre a obtenção de um green card.

Frances Schoenberger : Por que, John, você quer morar em Nova York agora ou nos Estados Unidos? 
John Lennon : Porque é mais divertido. 
Frances Schoenberger : Eu concordo. 
John Lennon : Acabei de me mudar para cá. Eu não deixei a Inglaterra com a intenção. Deixei tudo na Inglaterra. Eu nem sequer trouxe roupas. Eu só vim para uma visita e fiquei. Eu gosto daqui. Você está aqui. 
Frances Schoenberger : Eu gosto daqui. 
John Lennon : é melhor? 
Frances Schoenberger : Não. Eu também gosto do povo americano. 
John Lennon : eu faço. 
Frances Schoenberger: Eu gosto de você. Eu realmente me sinto bem aqui e quero meu green card. Eu não quero ser expulso. 
John Lennon : Eu também …

Kerstin Zilm : O jovem jornalista chega direto ao ponto das acusações contra Lennon:

Frances Schoenberger : A razão pela qual eles não lhe dão o green card, ainda é a acusação de maconha? 
John Lennon : Não, eles começaram a dizer que era o lote de maconha e agora estão lá. 
Frances Schoenberger : Oh meu Deus. 
John Lennon : É besteira. 
Frances Schoenberger : É tão ridículo porque eles não querem você aqui. Por que você não faz tão difícil ?!

Kerstin Zilm : Ela pergunta sobre outras estrelas britânicas que vivem nos Estados Unidos, David Bowie e Elton John.

Frances Schoenberger : Elton John também está aqui em grande parte do tempo. 
John Lennon : Elton John conseguiu uma imagem limpa. A imagem de David eles provavelmente não perceberam o que é ainda. Demora um pouco de tempo para mergulhar no que está acontecendo. Bowie, eles provavelmente acham que ele é do circo.

Kerstin Zilm : Frances Schoenberger interrompe o CD alguns minutos depois da gravação. Ela está mais relaxada agora e surpresa.

Frances Schoenberger : Que voz suave eu tinha. Não reconheço minha voz, mas me sinto à vontade ouvindo essa jovem. É uma jovem chamada Frances Schoenberger. Mas até agora acho que estou fazendo um bom trabalho. Eu deixei ele falar. Eu não toquei em nenhum problema pessoal ainda. Nós falamos sobre o green card e por que eles querem expulsá-lo. Eu acho que é um bom começo, só para sentir, até onde você pode ir.

Kerstin Zilm : Ela agora está muito curiosa sobre o resto da entrevista e começa o CD novamente. 

[Fita AMBI3 Que tipo de vida você mora em Nova York …] 

Kerstin Zilm: Suas perguntas se tornam mais rápidas. Lennon fala sobre seu estilo de vida agora e no passado. Ele se lembra de ter comprado muita coisa quando ganhou dinheiro com os Beatles. Ele diz a Schoenberger sobre morar em uma casa grande na Inglaterra e depois em um apartamento bem pequeno em Nova York. Ele fala sobre colaborar com outros músicos, discutir uns com os outros durante as gravações e andar pelas ruas de Nova York sem incomodá-lo. Quando Schoenberger pergunta sobre seu dinheiro, ele diz que está apenas sentado no banco porque não consegue encontrar opções para investir sem explorar as pessoas. Parece muito mais ser feliz:

John Lennon : Paz e sossego e um piano. É tudo basicamente isso. E, ocasionalmente, jorrando para algum evento.

Kerstin Zilm : Schoenberger e Lennon ficam cada vez mais confortáveis ​​um com o outro no banco de trás daquele pequeno carro bagunçado que passa por Nova York. Ele fala sobre aparecer no Grammy com Yoko Ono pela primeira vez após a separação, que ele chama de ‘falha’, e ele sempre verifica se a fita ainda está em execução, certificando-se de que tudo o que ele diz está gravado.

John Lennon : Ainda está funcionando. Estou apenas checando. 
Frances Schoenberger : Eu também. 
John Lennon : Olá, olá, olá. Porque é terrível dizer duas vezes.

Kerstin Zilm : Schoenberger pergunta a ele sobre May Pang, assistente pessoal de Lennon e Yoko Ono. O músico havia se mudado para Los Angeles com ela em 1973. Ono sugeriu que eles ficassem com eles na Costa Oeste por um tempo. A relação com Pang durou 18 meses. Lennon mais tarde se referiu a esse período como o Fim de Semana Perdido. Agora, em março de 1975, Lennon está de volta com sua esposa e Pang ainda é sua secretária pessoal.

Frances Schoenberger : Qual é o seu relacionamento agora com May Pang? Como ela está lidando agora? 
John Lennon : Ela está lidando bem. É difícil saber, porque não estou passando tempo com ela. Qualquer hora, na verdade. Mas o que posso fazer sobre isso? Ela sabia o que a cena era desde o começo. 
Frances Schoenberger : Fico feliz em saber que vocês estão juntos novamente. 
John Lennon : É ótimo. Nós nem planejamos voltar juntos. Eu só visitei você muitas vezes antes. A última vez que fui eu simplesmente nunca saí. 

Kerstin Zilm : Frances Schoenberger, John Lennon e o fotógrafo Bob Gruen estão no carro há quase meia hora. Eles são o caminho para o seu destino: Untermyer Gardens em Yonkers, um parque no rio Hudson, com prados, chorões, fontes e ruínas. Lennon verifica a fita rolante novamente quando Schoenberger pergunta sobre seu álbum Rock’n Roll. O músico parece ansioso para contar sua versão da produção com o excêntrico produtor Phil Spector em Los Angeles. 

[Sessão de gravação AMBI 4 Chaos, a voz de Lennon no meio] 

Kerstin Zilm: Fez muitas manchetes. Relatos sobre músicos bêbados e chapados tocando desafinados, sobre Spector vestido como um cirurgião e com uma arma, e atirando no teto estão em jornais de todo o mundo. Músicas do Rock ‘n Roll que ele ama. Lennon diz: “O que você acha?” Ele queria gravar algo divertido, ele diz, nada profundo e pessoal como a maioria de suas próprias músicas, e deixar tudo para Spector.

John Lennon : E é ótimo no começo porque não existe Phil Spector. No controle total de 28 caras tocando ao vivo. E ele foi fantástico. Mas ficou mais e mais furioso. Era apenas uma casa louca e bêbada e ele acabou com as fitas e eu não consegui segurá-las.

Kerstin Zilm : Lennon detalha a produção transformando-se em um cenário totalmente surreal. Eventualmente, Lennon disse, ele ficou sóbrio, de alguma forma o cara saiu da banda, de alguma forma conseguiu as fitas de volta, foi o que ele disse 28 caras tocando desafinadamente, e a maioria das faixas foram totalmente inúteis.

John Lennon : Então eu li mais em cinco dias e fiquei preso. Ali está. Começa a ser divertido e acaba por ser divertido. As cinco sessões do dia foram muito divertidas. Nós apenas balançamos, relaxados. Começou divertido, tornou-se brilhante e acabou divertido. E essa é a história pessoal. 
Frances Schoenberger : OK. 
John Lennon : Você não esperava muito sobre o disco? 
Frances Schoenberger : Não, mas agora eu sei tantas coisas que não preciso perguntar. Mas agora, sobre o seu plano 
John Lennon : Meus planos! 
Frances Schoenberger : O que é como 75? 
John Lennon : Fique vivo em 75. Esse é o meu lema.

Kerstin Zilm : Frances Schoenberger interrompe o CD novamente. Ela lembra que depois de alguns minutos na entrevista, ela não olhou mais para o caderno. Ela acabou de fazer perguntas sobre o que ele disse. Parecia completamente natural, ela diz a John Lennon sobre a relação entre ele, sua esposa e May Pang.

Frances Schoenberger : Eu não acho que fiquei surpreso. É como se você estivesse falando com um amigo. Ele me fez esquecer que John Lennon. Ei o que é tão humano como ele explicou isso. Foi simplesmente fascinante. E você pode ver o que é um ser humano incrível, depois de toda essa fama e todo esse dinheiro, o quão real ele é sobre si mesmo. Ele não parece um Beatle. Ele soa como o ser humano que ele é. Essa é a memória que ficou comigo.

[AMBI 5 Tape Frances Lennon]

Frances Schoenberger : Que tal você como pai? Quantos anos tem o seu filho agora …

Kerstin Zilm: Ela começa a tocar a gravação novamente. A conversa é sobre o relacionamento de Lennon com seu filho Julian. Julian nasceu em abril de 1963 em Liverpool, durante o primeiro casamento de Lennon com Cynthia Powell. O músico deixou a família cinco anos depois com Yoko Ono. Quase não há comunicação entre pai e filho até maio. Lennon fala sobre como ele achava que precisava apresentar eventos especiais durante as visitas de Julian. Um daqueles que viajam para a Disneyworld na Flórida, que foi horrível porque o lugar estava lotado. Schoenberger Schoenberger está prestes a sair no estúdio com sua música ao telefone. Julian o transforma em grupos e nunca ouviu falar. Como Freddie Mercury e Queen.

John Lennon : Ele ligou e disse: Você já ouviu falar da rainha? Eu disse não, o que é isso? Ele diz que eles são ótimos. Eu digo a ele, ouvi falar de quem, quem é? 
Frances Schoenberger : Doce. 
John Lennon : Não, aquele que se parece com Hitler tocando piano. 
Frances Schoenberger : Faíscas! 
John Lennon : Sparks na TV e eu o chamo e digo: Você viu Sparks? É Hitler no piano. Ele diz que não. Mas você viu a rainha? Não, o que é a rainha? e então ele me diz.

Kerstin Zilm : Lennon fala sobre os tempos que os Beatles passaram em Hamburgo no início dos anos 60. Certa vez, sua esposa Cynthia viajou com eles. Todos eles foram para uma igreja do lado de fora da Reeperbahn e entraram na grande torre verde onde esculpiram seus nomes na parede. João ama Cyn. 

Ele fala sobre viver em lugares diferentes: Liverpool, Hamburgo, Nova York. Grandes propriedades e pequenos apartamentos. Lennon comentou sobre o lugar e Yoko Ono agora vive no Edifício Dakota no Central Park.

John Lennon : É perfeito. E você sabe que é seguro, e as pessoas não podem entrar e dizer que eu sou Jesus de Toronto. O que estava acontecendo no outro apartamento. Você não podia sair pela porta da frente, porque algo estranho aconteceria na porta da frente.

Kerstin Zilm : Uma observação engraçada na época. Mas não olhar para trás, sabendo que fez John Lennon que disparou cinco anos após esta gravação no Dakota – retornando de uma sessão de gravação com Yoko Ono no dia 8 de dezembro de 1980. 

[notícias AMBI da morte de John Lennon]

Mark Chapman disparou Lennon quatro vezes no de volta a curta distância. O músico foi declarado morto no hospital. Mais cedo naquela noite os dois se encontraram. Lennon autografou uma cópia do álbum “Double Fantasy” de Lennon / Ono para Chapman.

Frances Schoenberger : Eu sou de Toronto. E o que eu nunca esqueci: Bob e eu, nós o deixamos na entrada dos fundos e me disse agora. E exatamente onde nós o deixamos, ele foi baleado. Então esse não era um lugar seguro. Isso me deu arrepios.

Kerstin Zilm : No momento da entrevista, não há razão para se aprofundar nesse assunto. Então Schoenberger seguiu em frente.

Frances Schoenberger : Você já conheceu Elvis?

Kerstin Zilm : Elvis tinha acabado de completar 40 anos. Ele começou um novo show em Las Vegas dez dias antes. Lennon viu Elvis uma vez, ele diz. Os Beatles foram visitá-lo em sua casa. Nós estávamos todos aterrorizados. Ei, nosso ídolo, ele lembra. Eles ficaram surpresos ao ver Elvis sentado na frente de uma TV.

John Lennon : E ele tinha essa TV, eu lembro e ele tinha um amplificador e um baixo plugados nela, assistindo sem som na TV e tocando baixo e cantando. Nós estávamos realmente observando ele. Eu sempre penso nisso do nosso ponto de vista. Eu nunca pensei nisso a partir dele. E anos depois, ouvi de um amigo que ele também estava aterrorizado. A – porque nós éramos a coisa nova e B – o que iria acontecer. E que ele estivera pulando por horas em preparação, pensando no que dizer. E nós ficamos apavorados. Nós o adoramos. É uma história estranha. É isso.

[AMBI 5 Driving] 

Kerstin Zilm : Ouvir a fita hoje é como uma espiada em um mundo que não existe mais. É simplesmente impossível para um repórter ter a chance de se sentar ao lado de uma mega-estrela no banco de trás de um carro, sem assunto fora dos limites, sem limite de tempo e sem agente de imprensa em qualquer lugar perto. Elvis Presley morreu dois anos depois e John Lennon foi morto. Em sua entrevista, Schoenberger perguntará por enquanto: Como um Beatle escreve uma música?

John Lennon : Eu me sinto bem agora, estou escrevendo bem, então estou feliz. 
Frances Schoenberger : E como você faz isso? Você escreve quando está de bom humor? Sua mente está sempre pensando em escrever? 
John Lennon : Sim, estou sempre nisso. As melhores coisas geralmente vêm de impulso ou inspiração. Eu apenas rabisco em um pedaço de papel e depois deixo em uma espécie de pilha. E quando começa a ficar mais interessante, me aventuro na máquina de escrever e a digito. Geralmente é o terceiro rascunho quando chego à máquina de escrever. Mas a versão final nunca é até que a gravemos. Eu sempre troco uma palavra ou duas no último minuto.

Kerstin Zilm : Lennon diz, como Bernie Taupin faz para Elton John. Música vem muito mais fácil para ele do que palavras. Mas por outro lado, ele admite, isso não funcionaria bem, porque ele é egocêntrico demais para escrever música para as palavras de outras pessoas. Ele às vezes gostaria de escrever músicas fáceis, divertidas e música disco. Mas isso é tão impossível.

John Lennon : Eu sou muito literal para escrever Rock Your Baby. Eu queria poder. Sou intelectual demais, embora não seja realmente intelectual. Eu sinto que sou um escritor realmente. A música é fácil. A música é apenas em todo o lugar. Não tenho problema em escrever música.

Kerstin Zilm : De repente, a gravação pára, mas o CD ainda está em execução. Alguns segundos depois, o som volta com ruídos de fundo totalmente diferentes. 

[AMBI 5 Diner] 

Kerstin Zilm : Schoenberger, Lennon e Gruen estão agora em uma pequena lanchonete perto do parque em Yonkers. Eles estão no balcão, e Lennon novamente se certifica de que a fita está rodando. 

[AMBI 6 Pedindo comida para Frances e Lennon]

John Lennon : Então está ligado? 
Frances Schoenberger : Mhm. Posso comer um sanduíche BLT? 
Garçom : maionese? Sem maionese 
John Lennon : O que é isso? 
Frances Schoenberger : Bacon Lettuce e Tom 
John Lennon : Faça os dois por favor. 
Frances Schoenberger : No brinde por favor. 
John Lennon : Sim, Rye.

Kerstin Zilm : Depois de fazer o pedido, eles começam a falar sobre dietas. Essa conversa leva à troca de experiências com a terapia do grito primal desenvolvida por Arthur Janov. Nos anos 70 esta terapia é muito popular. Schoenberger tentou por duas semanas em Nova York. Lennon e Yoko Ono fizeram isso por Janov há alguns meses. 

O primeiro álbum solo de Lennon após o término dos Beatles: ‘John Lennon / Plastic Ono Band’. 

Em sua entrevista com Schoenberger Lennon, ele se lembra das conseqüências de seus seis meses com Janov por seu peso. Ele aceitou o conselho para liberar qualquer autocontrole. pimenta:

John Lennon : Está tudo muito bem para a mente. Eu usava as mesmas roupas por dois anos. Eu tinha duas coisas: uma roupa de salto, uma que você coleciona. Eu tinha duas delas. É tudo que sei por quase dois anos. Janov que idiota, mas ele não era ruim. Sua terapia foi boa. Ei, que dor no pescoço.

Kerstin Zilm : Mais de sanduíches e café da BLT Schoenberger e Lennon falam sobre chorar e gritar na terapia. Então o repórter casualmente faz uma pergunta muito particular:

Frances Schoenberger : E a sua vida sexual, isso mudou? Você ficou consciente de ficar feia? 
Kerstin Zilm : Sem perder o ritmo, o ícone da música responde à sua pergunta!

John Lennon : Não, porque eu estava em terapia com Yoko e nós dois engordamos pra caramba. 

Kerstin Zilm : Mais de 40 anos depois, Frances Schoenberger ainda acha que é normal.

Frances Schoenberger : Normalmente, se você perguntar diretamente, você recebe uma resposta. Foi difícil explicar que senti que era sincero e que não usaria nem abusaria disso. Transformou-se em conversas maravilhosas e às vezes até em uma pequena sessão de terapia, como algumas delas mencionaram.

Kerstin Zilm : Faltam apenas alguns minutos para a fita de Schoenberger. Yonkers ninguém parece reconhecer John Lennon e o cara com o sotaque britânico é. Ninguém interrompe a entrevista que se transformou em uma conversa.

Frances Schoenberger : Para mim estar com você, não é com John Lennon que estou, de repente você é uma pessoa. 
John Lennon : Eu sou apenas um cara que fez o que, certo? Sempre me veja como eu. Eu sempre passo por tudo isso. Posso pegar o cheque e mais um café?

Kerstin Zilm : John Lennon pede o cheque e paga. Há também uma foto em preto e branco disso. Ele mostra um restaurante típico dos anos 70 com açúcar, ketchup, mostarda, guardanapos, sal e pimenta no balcão, paredes com painéis de madeira e teto baixo. Lennon conta algumas notas de dólar amassadas no balcão, um maço de cigarros ao lado dele enquanto o repórter está olhando. 

É hora da sessão de fotos. A fita para.

Frances Schoenberger : Foi a melhor experiência da minha carreira. Ah sim! Para mim, ele é o que eu mais respeitei. Ele não deu muitas entrevistas e foi uma ótima entrevista.

Kerstin Zilm : Frances Schoenberger se recosta na cadeira em uma sala cheia de luz. Ela está exausta, mas feliz por finalmente ousar ouvi-la.

Frances Schoenberger : Eu realmente gostei de ouvi-lo novamente. Porque eu nunca fiz. Eu estava com muito medo. Eu não queria. 40 anos depois, 75? Mas parece que foi ontem. Eu me lembro do quarto do hotel, eu me lembro quando ele entrou, eu não me lembro da visão … isso só me faz pensar. Eu entrevistei muitas pessoas famosas e estrelas do rock e tudo o mais. Eu percebo que eu estava por perto em um momento muito interessante. Tempo muito interessante. Lucky. Especialmente com John Lennon.

 

TEXTO ORIGINAL

Frances Schoenberger: I don’t know how that works. Ah! There we go. Oooh, oh yay, I am a little nervous about it.

[AMBI1 Frances trying to get the CD player to start …]

Kerstin Zilm: Frances Schoenberger tries to get her CD player to start. She is sitting in the sunny living room in her hillside home overlooking the city of Los Angeles. She has interviewed every musician, film maker and actor making headlines the last 50 years; from Alfred Hitchcock to Frank Zappa. She is still an active reporter and member of the Hollywood Foreign Press Association, which awards the Golden Globes every year.

Now she wants to listen to an interview she did on March 28th 1975 with musical icon John Lennon.

At the time of the interview Schoenberger was 30 years old. She worked as Rock ’n Roll and Hollywood reporter for the German magazine Bravo. She grew up in a tiny, catholic village in Bavaria, left home when she was 13, and a few years later worked as assistant to a famous German journalist in Munich.

Frances Schoenberger created her life in the United States from scratch. In 1975 she had already interviewed a lot of celebrities for German magazines and newspapers. John Lennon was on her list for a long time.

Frances Schoenberger: From The Beatles, John Lennon interested me the most because he had the mother issues, he was more rebellious and I loved his music the best. I was just so curious and I kept writing and writing and writing letters asking for an interview.

Kerstin Zilm: The encounter with John Lennon turned out to be so special that Frances Schoenberger never listened to the tape, afraid that what she would hear might not live up to her memories or have a negative impact on them. She is nervous.

Frances Schoenberger: Never listened. Only when I transcribed the interview. Well I had somebody else transcribe it. I never listened to it again. I guess I will be able to handle it. Can you imagine? That’s forty years later, right?

Kerstin Zilm: March 1975. John Lennon is back in New York and reunited with Yoko Ono after spending 18 months in Los Angeles. On the West coast he made headlines for partying excessively in Hollywood Clubs. There were stories about dramatic scenes during recording sessions with producer Phil Spector. His relationship with May Pang, his and Yoko Ono’s former secretary, was fodder for gossip magazines all over the world. It was a relationship Ono had initiated.

On top of that the Ex-Beatle is in a legal fight with the United States over getting a Green Card. The government threatens to deport him because he overstayed his visa.

He has a number one hit on the charts with Elton John: Whatever Gets You Thru the Night

At the same time Frances Schoenberger lives on the other side of the continent in Los Angeles, sending stories from Hollywood to Germany. In March she goes back to New York where her US-reporting career started. She stays in a hotel, preparing interviews. The opportunity to meet John Lennon comes out of nowhere.

Frances Schoenberger: I think I was there to interview Jane Fonda and somebody else. Then the photographer Bob Gruen, he was a Rock ’n Roll photographer I used to work with, he was basically John Lennon’s photographer, and then he said he is going to do it. I was shocked.

Kerstin Zilm: She immediately gets a different hotel room: bigger and with a view on Central Park. She knows that photographer Bob Gruen will need good shots. For her client, the German Pop magazine, pictures will be more important than her writing. The editors are not half as excited about the chance to interview John Lennon as she is. The Beatles had split up five years ago. Lennon’s career has hit a plateau. The magazine is more interested in stories about David Cassidy and Alice Cooper, ABBA and the Bay City Rollers.

Frances Schoenberger: I think at that time they weren’t that impressed. It was for Bravo, and Bravo at that time was for teenagers. With this interview we got so much deeper which was not of any interest to Bravo readers. So I just had to pick the usual stuff.

Kerstin Zilm: When she gets the news that John Lennon will come to her hotel room the journalist has no idea yet how deep the conversation will go, but she is determined to make the most of this opportunity. She gets prepared. The recorder is set with 90 minutes of tape. She has extra batteries, a notebook, pens and many questions.

Frances Schoenberger: I was sitting in my room waiting for John Lennon all by myself and suddenly somebody knocked on the door and he was whistling. He came all by himself. No bodyguard, no press agent, nobody. Just him. So it was only him and me in my hotel room. So he came in and looked out the window and started to even speak a little bit of German, dirty German. He was in an amazingly good mood. Of course I was very nervous. But I relaxed very quickly because he made me forget that it was John Lennon. I just felt very comfortable with him. That he walked New York and he came to my hotel room. I didn’t have to come down. He came up to see me. It’s pretty cool, yeah.

Kerstin Zilm: Schoenberger brings a black and white photograph from her office to the living room. Bob Gruen gave it to her.

The picture shows the reporter sitting on the bed talking with John Lennon. She wears dark bell-bottoms, a sweater with the Camel cigarette logo and picture on the front, her hair styled in a shoulder length perm. She looks directly at John Lennon. Smiling. Curious. The recorder between them on the bed is not running.

Frances Schoenberger: No, I didn’t tape in the hotel room. Phhhhhh! When he spoke German and all this! I think it was my instinct. I wanted to make him feel comfortable. You don’t tape everything, so you establish some sort of trust so they can see I’m not greedy. I think I did that on purpose. Then you say: now we start the official interview and now this is on tape.

Kerstin Zilm: In the picture Lennon leans towards her looking right into her eyes. He wears a light colored three piece suit with matching scarf, a flat hat, and his signature round rim glasses.

Frances Schoenberger: Bob Gruen told me that we would drive up to Yonkers and that there is a park and while we are in the car I can do the interview and then continue.

Kerstin Zilm: When Gruen arrives at the hotel he takes a few pictures in the room, then he tells everybody to go downstairs and be ready for the ride to the park.

Schoenberger is shocked when she sees Gruen’s Toyota station wagon. It is small and the photographer has not bothered to clean it up.

Frances Schoenberger: His car was so messy. I was so embarrassed. And we were just sitting in the back seat of this tiny car and I held my tape recorder…

Kerstin Zilm: She starts recording.

[AMBI2 Frances sighs/Tape starts]

John Lennon: Do you know what you are going to ask, otherwise I just ramble…
Frances Schoenberger: I know what I have been reading and the latest I know is that you are suing them
John Lennon: Yeah, John Lennon versus the US. It’s great…

Kerstin Zilm: Now, more than 40 years later Frances Schoenberger listens to her 30 year old self riding in a car with John Lennon, the windows open, driving through Manhattan on a bumpy road for the first time.

The interview starts with a topic that is in the news in 1975: Lennon’s legal fight with the U.S. government about getting a Green Card.

Frances Schoenberger: Why, John, do you want to live in New York now, or the States?
John Lennon: Because it’s more fun.
Frances Schoenberger: I agree.
John Lennon: I only decided to live here after I had moved here. I did not leave England with the intention. I left everything in England. I didn’t even bring any clothes. I just came for a visit and stayed. I like it here. You’re here.
Frances Schoenberger: I like it here.
John Lennon: Is anywhere better?
Frances Schoenberger: No. I also like the American people.
John Lennon: I do.
Frances Schoenberger: I like them. I really feel good here and I also want my Green Card. I don’t want to get kicked out.
John Lennon: Me too …

Kerstin Zilm: The young journalist comes straight to the point of accusations against Lennon:

Frances Schoenberger: The reason why they don’t give you the Green Card, is it still the marijuana charge?
John Lennon: No, they started off saying it was the marijuana charge and they dropped that and now they say it is because I overstayed.
Frances Schoenberger: Oh my goodness.
John Lennon: It’s bullshit.
Frances Schoenberger: It is so ridiculous why they would not want you here. Why do they still make it so difficult?!

Kerstin Zilm: She asks about other British stars living in the United States, David Bowie and Elton John.

Frances Schoenberger: Elton John is here most of the time too.
John Lennon: Elton John got a clean image. David’s image they probably haven’t realized what it is yet. It takes them a bit of time to sink in what is going on. Bowie, they probably think he is something from the circus.

Kerstin Zilm: Frances Schoenberger stops the CD a few minutes into the recording. She is more relaxed now and surprised.

Frances Schoenberger: What a soft little voice I had. I don’t recognize my voice, but I feel comfortable listening to this young woman. It’s a young woman called Frances Schoenberger. But so far I think I am doing a good job. I let him talk. I don’t touch any personal issues yet. We talk about the Green Card and why they want to kick him out. I think it’s a good beginning, just to feel him, how far you can go.

Kerstin Zilm: She is now very curious about the rest of the interview and starts the CD again.

[AMBI3 Tape What kind of life do you live in New York …]

Kerstin Zilm: Her questions become more personal fast. Lennon talks about his life style now and in the past. He remembers buying lots of stuff, when he first made money with the Beatles, like lots of cars even though he wasn’t even into cars. He tells Schoenberger about living in a big house with huge grounds in England and then in a really small apartment in New York. He talks about collaborating with other musicians, about helping each other out during recordings, and about walking the streets of New York without people bothering him which he enjoys a lot after the crazy Beatles years. When Schoenberger asks him about his money, he says that it is just sitting in the bank because he cannot find any options to invest it without exploiting people. It sounds like he does not need a lot to be happy anymore:

John Lennon: Peace and quiet, and a piano. It’s all basically that. And occasionally spurting out to some event just to prove I’m still alive.

Kerstin Zilm: Listening to the tape it is obvious that Schoenberger and Lennon become more and more comfortable with each other on the back seat of that messy little station wagon driving through New York. He talks about showing up at the Grammys with Yoko Ono for the first time after their separation, which he calls a ‘failure’, and he always checks to see the tape is still running, making sure everything he says is recorded.

John Lennon: It is still working. I’m just checking.
Frances Schoenberger: Me too.
John Lennon: Hello, hello, hello. Because it is terrible saying it twice.

Kerstin Zilm: Schoenberger asks him about May Pang, Lennon’s and Yoko Ono’s personal assistant. The musician had moved to Los Angeles with her in 1973. Ono suggested that May should become his companion and that they should stay on the West coast for a while when the couple was in a major crisis. The relationship with Pang lasted 18 months. Lennon later referred to that period as the Lost Weekend. Now, in March 1975, Lennon is back with his wife and Pang is still their personal secretary.

Frances Schoenberger: What is your relationship now with May Pang? How is she handling it now?
John Lennon: She’s handling it alright. It’s hard to know, because I am hardly spending any time with her. Any time at all, actually. But what can I do about it? She knew what the scene was from the start.
Frances Schoenberger: I am glad to hear that you are back together again.
John Lennon: It’s great. We did not even plan to get back together. I was just going to visit her and I had visited her many times before. The last time I went I just never left.

Kerstin Zilm: Frances Schoenberger, John Lennon and Photographer Bob Gruen have been in the car now for almost half an hour. They are half way to their destination: Untermyer Gardens in Yonkers, a park on the Hudson river, with meadows, weeping willows, fountains and ruins. Lennon checks the rolling tape again, when Schoenberger asks him about his Rock ’n Roll album. The musician seems to be eager to tell his version of the production with eccentric producer Phil Spector in Los Angeles.

[AMBI 4 recording session Chaos, Lennon’s voice in the middle]

Kerstin Zilm: It made a lot of headlines. Reports about musicians being drunk and stoned playing out of tune, about Spector showing up dressed like a surgeon and with a gun, and shooting into the ceiling are in papers all over the world. Lennon explains: it was supposed to be a really fun project where he would just show up to sing Rock ’n Roll songs he loves. He wanted to record something fun, he says, nothing deep and personal like most of his own songs, and leave everything else to Spector whom he had worked with before.

John Lennon: And it was great at first because there he was being the Phil Spector that I never allowed him to be. In complete control of 28 guys playing live. And he was fantastic. But it got madder and madder. It was just a drunken mad house and he ended up with the tapes and I could not get a hold of them.

Kerstin Zilm: Lennon describes the maddening details of the production turning into a totally surreal scenario. Eventually, Lennon says, he sobered up, became the odd man out in the group of drunk musicians, somehow got the tapes back, realized that it was basically 28 guys playing out of tune, and that most of the tracks were totally useless.

John Lennon: Then I recorded ten more in five days and stuck it all together. There it is. It started out to be fun and ended up to be fun. The five day sessions were great fun. We all just rocked, relaxed. It started up fun, became hell and ended up fun. And that’s the story folks.
Frances Schoenberger: OK.
John Lennon: You did not expect all that much about the record?
Frances Schoenberger: No but now I know so many things I do not need to ask. But right now, about your plans
John Lennon: My plans!
Frances Schoenberger: What’s like 75?
John Lennon: Stay alive in ’75. That’s my motto.

Kerstin Zilm: Frances Schoenberger stops the CD again. She remembers that after a few minutes into the interview she did not look at her notebook anymore. She just asked questions about topics she was curious about and followed up on things he said. It felt completely natural, she says, to talk with John Lennon about the relationship between him, his wife and May Pang.

Frances Schoenberger: I don’t think I was surprised. It really was like you are talking to a friend. He made me forget that he is John Lennon. He was just so human how he explained it. There was nothing made up. It was just fascinating. And you could see what an amazing human being he is, after all this fame, and all this money, how real he is about himself. He doesn’t sound like a Beatle. He sounds like the human being he is. That is the memory that just stayed with me.

[AMBI 5 Tape Frances Lennon]

Frances Schoenberger: How about you as a father. How old is your son now…

Kerstin Zilm: She starts playing the recording again. The conversation is now about Lennon’s relationship with his son Julian. Julian was born in April 1963 in Liverpool during Lennon’s first marriage with Cynthia Powell. The musician left the family five years later to be with Yoko Ono. There was almost no communication between father and son until May Pang encouraged them to reunite, with Julian visiting his father regularly. Lennon talks about how he thought he needed to come up with special events during Julian’s visits. One of those was a trip to Disneyworld in Florida which was awful because the place was totally crowded. The musician says it must be hell for Julian to be the son of a rock star and tells Schoenberger about the fun he now has, just hanging out in the studio with his son or talking with him about music on the phone. Julian turns him onto groups and musicians he has never heard of. Like Freddie Mercury and Queen.

John Lennon: He called and said: Have you heard Queen? I said No, what is it? He says They are great. I tell him, I heard of the one, who is it?
Frances Schoenberger: Sweet.
John Lennon: No, the one who looks like Hitler playing the piano.
Frances Schoenberger: Sparks!
John Lennon: I have seen Sparks on TV and I call him and say: Have you seen Sparks? It’s Hitler on the piano. He says No. But have you seen Queen? No, what is Queen? and then he tells me.

Kerstin Zilm: Lennon also talks about times the Beatles spent in Hamburg in the early 60s. One time his wife Cynthia traveled with them. They all went to a church outside the Reeperbahn and up into its big green tower where they carved their names into the wall. He thinks visitors to that church can still see the words John loves Cyn.

He talks about living in different places: Liverpool, Hamburg, New York. Big estates and small apartments. Lennon briefly mentions the place he and Yoko Ono now live in: The Dakota building on Central Park.

John Lennon: It is perfect. And you know it is secure, and people can’t get in and say I’m Jesus from Toronto. Which was happening in the other apartment. You could not go out the front door, because something weird would happen at the front door.

Kerstin Zilm: A funny remark at that time. But not looking back, knowing that John Lennon was shot five years after this recording at the Dakota – returning from a recording session with Yoko Ono on December 8th, 1980.

[AMBI News of John Lennon’s Death]

Mark Chapman shot Lennon four times in the back at close range. The musician was pronounced dead at the hospital. Earlier that evening the two had met. Lennon had autographed a copy of the Lennon/Ono album “Double Fantasy” for Chapman.

Frances Schoenberger: Of course you can get goose bumps when he said this is a safe place and nobody can show up and say I’m Jesus from Toronto. And what I never forget: Bob and I, we dropped him off at the back entrance and he said to me Now we have to do that every year. And exactly where we dropped him off he got shot. So that wasn’t a safe place. That gave me the goose bumps.

Kerstin Zilm: At the time of the interview there was no reason to get further into that subject. So Schoenberger moved on.

Frances Schoenberger: Did you ever meet Elvis?

Kerstin Zilm: Elvis had just turned 40. He started a new show in Las Vegas ten days earlier. Lennon did see Elvis once, he says. The Beatles went to visit him together at his house. We were all terrified. He was our idol, he remembers. They were surprised to see Elvis sitting in front of a TV.

John Lennon: And he had this TV, I remember and he had an amplifier and a bass plugged into it, watching with no sound on the TV and he was playing bass and singing. We were sort of singing along but we were really just watching him. I always thought of it from our point of view. I never thought of it from his. And years later I heard from a friend that he was terrified too. A – because we were the new thing and B – what was going to happen. And that he had been prancing around for hours in preparation, thinking of what to say. And we were terrified. We worshipped him. It’s a strange story. That’s it.

[AMBI 5 Driving]

Kerstin Zilm: Listening to the tape today is like getting a peek into a world that does not exist anymore. It is simply impossible for a reporter to get the chance to sit next to a mega star on the back seat of a car, no topic off limits, no time limit and no press agent anywhere close. Elvis Presley died two years later and John Lennon was killed. In her interview Schoenberger eventually asks a question that has been on her mind for a while: How does a Beatle write a song?

John Lennon: I just feel good now, I am writing well, so I am happy.
Frances Schoenberger: And how do you do that? Do you write when you are in the mood? Is your mind always thinking about writing?
John Lennon: Yes, I am always at it. The best stuff usually comes out of impulse or inspiration. I just scribble on a bit of paper and then leave it in a sort of pile. And when it begins to be more interesting I venture to the typewriter and type it out. It’s usually the third draft when I get to the typewriter. But the final version is never until we record it. I always change a word or two at the last minute.

Kerstin Zilm: Sometimes he would like to have somebody else write the lyrics for him, Lennon says, like Bernie Taupin does for Elton John. Music comes so much easier to him than words. But on the other hand, he admits, that would not work well, because he is too egocentric to write music to other people’s words. He sometimes would like to write just easy, fun songs and disco music. But that is also impossible.

John Lennon: I’m too literal to write Rock Your Baby. I wish I could. I’m too intellectual even though I’m not really an intellectual. I feel like I am a writer really. The music is easy. The music is just all over the place. I have no problem writing music.

Kerstin Zilm: Suddenly the recording stops but the CD is still running. A few seconds later the sound comes back with totally different background noises.

[AMBI 5 Diner]

Kerstin Zilm: Schoenberger, Lennon and Gruen are now in a small diner close to the park in Yonkers. They sit down at the counter, and Lennon again makes sure the tape is running.

[AMBI 6 Ordering food Frances and Lennon]

John Lennon: So it’s on?
Frances Schoenberger: Mhm. Can I have a BLT-Sandwich please?
Waiter: Mayonnaise? No Mayonnaise
John Lennon: What is that?
Frances Schoenberger: Bacon Lettuce and Tomato
John Lennon: Make that two please.
Frances Schoenberger: On toast please.
John Lennon: Yes, Rye.

Kerstin Zilm: After placing their order, they start talking about diets. This conversation leads them to exchanging experiences with the primal scream therapy developed by Arthur Janov. In the 70s this therapy is very popular. Schoenberger tried it for two weeks in New York. Lennon and Yoko Ono did it for with Janov a few months.

The therapy led to the production and release of Lennon’s first solo album after the Beatles’ break up: ‘John Lennon/Plastic Ono Band’.

In his interview with Schoenberger Lennon laughs remembering the consequences of his six months with Janov for his weight. He took the advice to let go of any self control very seriously, he says, living on chocolate and Dr. Pepper:

John Lennon: It was all very well for the mind but for the body it was terrible. I wore the same clothes for two years. I had two things: a jump suit, one you do the plumbing in. I had two of them. That’s all I wore for almost two years. Janov was an idiot but he was not bad. His therapy was good. He was a pain in the neck.

Kerstin Zilm: Over BLT sandwiches and coffee Schoenberger and Lennon talk about crying and screaming in therapy. Then the reporter casually asks a very private question:

Frances Schoenberger: And your sex life, did that change? Did you get conscious about getting ugly?
Kerstin Zilm: Without missing a beat the music icon answers her question!

John Lennon: No, because I was in therapy with Yoko and we both got fat as hell. In the dark it feels great.

Kerstin Zilm: More than 40 years later Frances Schoenberger still thinks it is perfectly normal that Lennon answered her very private question without a second of hesitation:

Frances Schoenberger: Usually if you ask straight forward you get an answer. It is hard for me to explain but other people tell me they always felt that I was sincere and that I would not use or abuse it. It turned into wonderful conversations and sometimes even like a little therapy session as some of them mentioned.

Kerstin Zilm: There are only a few minutes left on Schoenberger’s tape. At the counter of a little diner in Yonkers nobody seems to recognize John Lennon and only a few wonder who the guy with the British accent is. Nobody interrupts the interview which has turned into a conversation.

Frances Schoenberger: For me being with you, it is not John Lennon I am with, suddenly you are a person.
John Lennon: . I am just a guy who did whatever, right? Always see me as me. I was always me all through it. Can I get the check please and one more coffee.

Kerstin Zilm: John Lennon asks for the check and pays. There is also a black and white picture of that. It shows a typical 70s diner with sugar, ketchup, mustard, napkins, salt and pepper shakers on the counter, a man reading the paper at the far end, wood paneled walls and a low ceiling. Lennon counts a few crumbled dollar notes onto the counter, a pack of cigarettes next to him while the reporter is looking on.

It is time for the photo shoot. The tape stops.

Frances Schoenberger: It was the best experience in my career. Oh yes! To me he is the one I respected the most. He didn’t give a lot of interviews and it was a great interview.

Kerstin Zilm: Frances Schoenberger leans back into the chair in her light filled living room. She is exhausted but also glad she finally dared to listen to her recording.

Frances Schoenberger: I really enjoyed to listen to him again. Because I never did. I was too scared. I didn’t want to. 40 years later, 75? But it seems like yesterday. I do remember the hotel room, I do remember when he came in, I do remember the view…it just makes me think. I interviewed many famous people and rock stars and whatever. I realize I was around in a very interesting time. Very interesting time. Lucky. Especially with John Lennon.

Fotos Coloridas de John Lennon nas Ruas de Nova York em 1980.

Em 11 de março de 2018 um site publicou estas 36 fotos coloridas de Lennon, as quais foram capturadas nas ruas de Nova York no último ano de vida de John Lennon. Algumas são fotos raras, sendo que três delas são do acervo de Marco Antonio Mallagoli, do Fã Clube Revolution. Algumas foram tiradas nas últimas horas de vida de John…

AS TRÊS FOTOS DO MARCO MALLAGOLI

Faleceu hoje Pete Shotton, o melhor amigo de John Lennon na Quarry Bank High School.

Morreu hoje aos 75 anos Pete Shotton, o melhor amigo de John Lennon na Quarry Bank High School.

Pete Shotton à esquerda, com John Lennon, na Quarry Bank High School em Liverpool.

Homenagens estão sendo preparadas e sabe-se que ele morreu de ataque cardíaco em sua casa em Knutsford, Cheshire.
No momento está sendo providenciado seu funeral.

Informações aqui.

Pete Shotton fazia parte da banda formada por Lennon, The Quarrymen, que tinha a seguinte formação:

Colin Hanton – bateria, Eric Griffiths – guitarra, John Lennon – vocal, guitarra, Ivan Vaughan – baixo (tea-chest), Pete Shotton – esfregão (washboard) e Rod Davis – banjo.

No ano de 1956 John Lennon era um aluno da escola chamada Quarry Bank School em Liverpool, e adorava tocar Skiffle com seus companheiros.

Nesta época Paul McCartney chorava a morte de sua mãe Mary e estudava em outro colégio de Liverpool, onde também estudava seu colega George Harrison, 9 meses mais novo que ele.

Em 1957 John Lennon decidiu formar um grupo de Skiffle e formou o grupo “The Blackjacks”, porém, este nome durou apenas uma semana e John usou o nome da escola como inspiração para criar “The Quarry Men” em março de 1957.

The Black Jacks

Não é surpresa portanto Pete Shotton ser o primeiro musico que o jovem Winston intimidaria a aprender a tocar um instrumento para entrar em “sua” banda. O duo consistia de John Lennon num violão com quatro cordas e Pete Shotton tocando esfregão com dedal, instrumento tão na moda no skiffle. Nascia assim, perto do final de 1956, The Black Jacks Skiffle Group. O nome veio graças ao fato que os dois sempre tocavam de jeans negro. Inicialmente muito satisfeito com sua realização musical, aprendendo números de Lonnie Donnegan e alguns outros sucesso da época, Lennon rapidamente percebia a necessidade de ter mais componentes. Com mais gente na banda, trazendo um maior número de instrumentos e assim aumentando a carga sonora do grupo (em outras palavras, fazendo mais barulho), poderiam, quem sabe, atrair mais a atenção de um público hipotético.

Com duas semanas de existência, the Black Jacks teria o acréscimo de Eric Griffths, que ganhara um violão novo de presente do seus pais, e Bill Smith tocando um baixo improvisado, feito de cabo de vassoura, corda e um caixote de chá pintado de preto. Os dois são amigos de Lennon da escola. Griffths e Lennon foram juntos ter aulas de violão com um tutor mas abandonaram na segunda aula. Acabaram tendo suas aulas de Julia Lennon mãe de John, que afinava os instrumentos para os dois e lhes ensinaou acordes de banjo. Este núcleo inicial da banda tocava geralmente em festas. Outros meninos se juntavam aos quatro, esporadicamente participando da formação, mesmo que, em alguns casos, durando apenas um ensaio.

Com a moda do skiffle se alastrando e crianças em todos os cantos buscando instrumentos para montarem suas bandas, o Natal de 1956 foi marcado pela quantidade de instrumentos musicais que foram presenteados pelos pais. É o caso de Colin Hanton e Rod Davis, respectivamente ganhando uma pequena bateria, e um banjo. Hanton e Griffths se conheciam de jogar futebol de rua na vizinhança. Quando soube que Hanton tinha ganho uma bateria, foi convidado para entrar na banda.

Rod Davis, o bom aluno entre eles, depois de tentar tocar o violino e o ukulele, acabou se acertando com o banjo. Mal começou a se gabar do presente que seria rapidamente convidado por Griffths a entrar para o grupo. Portanto o ano de 1957 começa com este grupo de skiffle na sua formação completa: John cantava e tocava guitarra, Colin Hanton tocava bateria, Eric Griffiths tocava guitarra, Pete Shotton tocava no “washboard”, Rod Davis no banjo e Bill Smith no baixo (bass). Bill logo foi substituído por Ivan Vaughan.

The Quarry Men – 06 de Julho de 1957 – St. Peter’s Woolton Garden – John Lennon e Eric Griffths nos violões, Pete Shotton no esfregão e dedal, Rod Davis no banjo, Len Garry no baixo improvisado e Colin Hanton na bateria.

The Quarry Men – 6 de Julho de 1957 – St. Peter’s Woolton Garden – John Lennon e Eric Griffths nos violões, Pete Shotton no esfregão e dedal, Len Garry no baixo improvisado e Colin Hanton na bateria.

John Lennon e a influência de Buddy Holly.

Em 1957, Buddy Holly se tornou uma das mais influentes referências, não apenas musicalmente, de John Lennon. Até o surgimento de Holly, o rock’n’roll estava muito distante de qualquer garoto britânico. Além da influência musical de Buddy Holly – como compor suas próprias canções, cantar e tocar a guitarra principal e participar de um grupo cujo nome era um extravagante substantivo coletivo, como Crickets –, ele usava um imenso par de óculos, que ia contra qualquer princípio de um cantor de rock. John, que até então evitava usar seus óculos, agora se sentia aliviado, sem pensar que sua miopia o colocaria automaticamente no grupo dos esquisitos e intelectuais. Logo ele passou a importunar tia Mimi para que lhe comprasse um novo par de óculos. Sem saber ao certo o motivo, ela aceitou, presumindo que agora ele não mais tiraria os óculos quando saísse de seus cuidados. Porém, John continuava mantendo sua miopia em segredo, deixando que apenas alguns seletos amigos o vissem com a nova aquisição, e somente em momentos totalmente necessários, como alguma tarefa escolar um pouco mais complexa ou os ensaios com Paul em Forthlin Road.

Algumas fotos, quando eram tiradas de surpresa, acabavam captando John por de trás do seu par de óculos (foto abaixo).
Apesar de todas as influências significativas que a chegada de Buddy Holly causaram em John Lennon, nenhuma seria tão evidente e marcante como a musical.

Em 1974, depois de John Lennon ter mostrado ao mundo todo o seu talento musical, agora com um par de óculos redondos, Jim Dawson, um jornalista autônomo iniciante de San Francisco, contatou John. Na época, Dawson trabalhava na Receita Federal em San Francisco, e pretendia escrever um artigo sobre Buddy Holly and the Crickets. Para chamar a atenção da Rolling Stone, para quem ele pretendia vender o artigo, ele enviou um questionário curto a Bob Dylan, Paul McCartney e John Lennon. Como era de se esperar, levando em conta a quantidade de cartas que respondia, só John respondeu. A matéria nunca foi parar nas páginas da Rolling Stone, mas Dawson se tornou escritor de música e lançou alguns livros sobre rock e Buddy Holly.
Recentemente ele contou a Hunter Davies o destino do interessante questionário: “Guardei o original da carta de John em um cofre por muitos anos, junto com centenas dos meus LPs que nunca toquei. Cansei de me preocupar com eles, me custava muito mantê-los e ninguém podia vê-los. Então um dia, há cerca de dez anos, decidi vender tudo em leilão. Não sei quem comprou a carta, mas espero que esteja em boas mãos”.

PARTE DO QUESTIONÁRIO

1. Como você reagiu à turnê dos Crickets pela Inglaterra em 1958?

Eu só os vi no Palladium de Londres (pela TV), eles eram ótimos! Foi a primeira vez que vi uma guitarra Fender! Sendo tocada!! Enquanto o cantor cantava!!! Também o “segredo” da bateria em Peggy Sue foi revelado… ao vivo…

2. Que efeito isso teve nos músicos britânicos?

Só sei do efeito em mim. Mas reconheço que os discos tiveram um efeito enorme sobre todos nós. TODOS OS GRUPOS TENTAVAM SER OS CRICKETS. O nome BEATLES foi diretamente inspirado pelos CRICKETS (DOUBLE ENTENDRE/INSETOS etc.) Acho que o maior efeito foi na COMPOSIÇÃO MUSICAL. (ESPECIALMENTE A MINHA E A DE PAUL)

3. O que você acha de Buddy Holly musical e historicamente?

Ele foi um músico ótimo e inovador. Ele era um “MESTRE”. Sua influência persiste. Sempre me pergunto como seria a música dele hoje, se ele estivesse vivo…

4. Você acha que a música dele teve algum efeito no estilo dos Beatles? Em seu sentimento pela música?

Veja acima. Interpretamos praticamente tudo que ele lançou i.e. ao vivo no Cavern etc, etc. O que ele fez com “3” acordes fez de mim compositor!!

5. Outras observações?

Ele foi o primeiro sujeito que eu vi com um capo xxx Ele mostrou que era legal usar óculos! Eu ERA Buddy Holly.

Com amor, John Lennon

PUBLICADO POR BEATLEPEDIA EM 16 DE OUTUBRO DE 2013.

“Jai Guru Deva OM” – “Glória ao nosso Mestre e Senhor, Amém”!

John Lennon Pintura: Hugo Rhoden

John Lennon
Pintura: Hugo Rhoden


Na canção “Across the Universe” há a frase “Jai Guru Deva OM”, cujo significado eu queria entender, então perguntei ao meu amigo Gops Krishna, que é da Índia, e ele traduziu a expressão dizendo:

“Jai Guru Deva Om” means “Victory to Preacher(or Teacher)Lord Amen. => “Jai Guru Om significa” Glória ao Senhor Amém!

Jai – Victory / Glory – Glória
Guru- Teacher – Mestre
Deva – Lord – Senhor
Om – Amen – Amém

Então… “Glória ao nosso Mestre e Senhor, Amém”!

“Across The Universe”
Words are flowing out like endless rain into a paper cup
They slither wildly as they slip away across the universe
Pools of sorrow, waves of joy are drifting through my opened mind
Possessing and caressing me
Jai Guru Deva OM
Nothing’s gonna change my world
Nothing’s gonna change my world
Nothing’s gonna change my world
Nothing’s gonna change my world
Images of broken light which dance before me like a million eyes
They call me on and on across the universe
Thoughts meander like a restless wind inside a letter box
They tumble blindly as they make their way across the universe
Jai Guru Deva OM
Nothing’s gonna change my world
Nothing’s gonna change my world
Nothing’s gonna change my world
Nothing’s gonna change my world
Sounds of laughter, shades of life are ringing through my open ears
Inciting and inviting me
Limitless undying love which shines around me like a million suns
It calls me on and on, across the universe
Jai Guru Deva OM
Nothing’s gonna change my world
Nothing’s gonna change my world
Nothing’s gonna change my world
Nothing’s gonna change my world
Jai Guru Deva
Jai Guru Deva
Jai Guru Deva
Jai Guru Deva
Jai Guru Deva

“Jai is to praise… guru deva is the spiritual guru… ohm is the ultimate truth… that is when we come to know the ultimate truth of life through our spiritual guru ‘nothings gonna change my world’… tht is no distraction can divert u frm the path of truth… its my interpretatn…” ( Sayantan Ghosh)

lennon

O dia em que Paul McCartney foi apresentado a John Lennon!

Em 06 de Julho de 1957, os Quarrymen se apresentaram no Garden Fete de St. Peter’s Church em Woolton, Liverpool, e foi entre 16h15min. e 17h45min. que Paul McCartney conheceu John Lennon através de Ivan Vaughan, que era colega de escola dele e morava perto da casa de John; fazia 8 meses que Paul tinha perdido sua mãe Mary…

woolton-6-07-57

O Show havia sido marcado para as 09h e começou às 10h da manhã e Julia, mãe de Lennon, foi ver o show com Mimi, que achou aquilo tudo uma indecência!
O modo como o adolescente John tocava e se requebrava com Eric Griffith no palco improvisado, horrorizou tia Mimi. Paul chegou por volta de 11h30min. na quermesse, onde John só cantaria 6 músicas, porque Mimi ficou horrorizada e John teve que deixar o palco envergonhado… 🙂

Bob Spitz descreve este momento em seu livro “Os Beatles – A Biografia”:

“John ficou impressionado por Paul lembrar a letra, que ele sempre esquecia , por isso optava por fazer improvisos vocais para acompanhar o ritmo. A versão de Paul era mais pesada, mais marcante, ele tocava a quinta tônica, que a banda simplesmente ignorava. E Paul cantou a música fazendo todas as pausas, despreocupado como se estivesse em frente ao espelho do quarto sem ninguém à sua volta. O fato de os integrantes de uma banda e uma dúzia de escoteiros estarem por perto não o intimidava nem um pouco. Não obstante, a “platéia” ficou magnetizada.
“Aquilo foi estranho. Ele tocava e cantava de uma forma que nenhum de nós era capaz, nem mesmo John”, lembra Eric Griffiths. “Paul tinha confiança, presença. E com uma naturalidade incrível. Ficamos realmente impressionados.”

(…)Houve uma identificação instantânea, uma conexão química entre os dois rapazes que se percebiam comprometidos com a música com a mesma intensidade, com a mesma paixão cega. Tendo em vista a forma como se estudavam, a postura e os olhares dirigidos de um para o outro, o que realmente acontecia era um amor à primeira vista.”

Pg. 96 e 97

Uma Simples Guinada do Destino (Parte 1)

Em seu livro “Os Beatles – A Biografia“, Bob Spitz escreveu no Capítulo 5:
“A única verdadeira surpresa da festa do jardim da Igreja de São Pedro no ano de 1957 foi a participação dos Quarry Men.
Nos mais de quarenta anos em que os habitantes da vila de Woolton celebraram o evento que eles chamavam costumeiramente de “a Rosa da Rainha”, só bandas marciais haviam tocado. Ainda havia um brilho heróico, uma resposta emocional, a todos aqueles homens rubicundos em uniforme tocando “pop standards” formais arranjadas como se eles estivessem acompanhando a retirada de Dunquerque. (…) Mas algo havia mudado. A canção regular dos homens em azul não mais encantavam os jovens, cujo mundo em expansão via pouco glamour na tradição. Bessie Shotton, a mãe de Pete, convenceu o comitê da festa que uma banda de skiffle atrairia os jovens e propôs os Quarry Men (…)
Os garotos entraram em êxtase. A festa do jardim era “o maior evento social no calendário da vila” (…) Além de tocar, os Quarry Men receberam outra distinção: acompanhar a parada anual dos carros alegóricos (…)
A banda se instalou na carroceria de um caminhão que partiu da igreja pouco depois das duas horas da tarde do dia 6 de julho.

Uma Simples Guinada do Destino (Parte 2)

(…) Um cheiro de circo persistia no ar pesadamente escaldado (…)Os Quarry Men tocaram uma animada seleção de canções – metade skiffle, metade rock’n’roll – que foi recebida entusiasticamente pelos jovens que se aglutinavam em volta do palco (…) John se lembra: “foi o primeiro dia que cantei Be-Bop-A-Lula ao vivo no palco”, e bem se pode imaginar o quanto ele curtiu. Depois improvisou uma versão de “Come Go With Me” de forma hilariante (…)
Um pouco antes de encerrarem, Eric Griffiths e Pete Shotton perceberam Ivan Vaughn logo abaixo do palco, à direita, com outro jovem ao lado (…) sorriram uns para os outros, ficando subentendido que eles se reuniriam depois do show.
Ivan se aproximou afoitamente. Cumprimentou a todos e apresentou seu amigo da escola – Paul McCartney.

Uma Simples Guinada do Destino (Parte 3)

Len Garry relembra: “O clima estava um pouco tenso. Ivan havia dito [antes dessa tarde, NT] a John sobre Paul ser um grande guitarrista, então ele se sentia um pouco ameaçado.” (…)Curiosamente, Paul tinha trazido seu violão. Sentindo a oportunidade, roubou as atenções, tocando habilmente uma versão do “Twenty Flight Rock” de Eddie Cochran, com todas as sibilâncias do fraseado rockabilly e um toque de Elvis na garganta (…)“De cara, pude ver que John estava com toda a atenção no garoto”, diz Pete Shotton. (…) “Pude perceber que John estava muito impressionado.”Paul também deve ter percebido. Ele parecia se concentrar justamente em John, a quem reconhecia como o legítimo líder da banda. Sem querer perder o pique, “mandou ver” em sua própria versão de “Be-Bop-A-Lula”.(…)“Foi fantástico. Ele tocava e cantava de um jeito que nenhum de nós conseguia, inclusive o John”, relembra Eric Griffiths (…)Mas Paul ainda não tinha acabado. Já mesmo então sabendo como “trabalhar” uma audiência, ele atacou com um medley de Little Richard – “Tutti Frutti,” “Good Golly, Miss Molly,” e “Long Tall Sally” (…)“Depois disso,” diz Colin Hanton, “John e Paul passaram a se circundar como gatos.”
Nota: Esta frase do livro, original, diz o seguinte: “Afterwards,” Colin Hanton says, “John and Paul circled each other like cats.”
A tradução foi mais ou menos literal, e acho que o sentido é o seguinte: ficaram estimulados e desafiados um pelo outro.
Na edição brasileira esta frase ficou traduzida assim; “Depois daquilo”, diz Colin Hanton, “John e Paul se rodearam como gatos.”

Na igreja em Woolton existe esta placa em homenagem a este histórico encontro!

woolton-placa-encontro-john-e-paul

Há 47 anos John Lennon e Yoko Ono eram presos em Londres!

Em 18 de outubro de 1968 John Lennon e Yoko Ono foram presos em Londres!

John e Yoko presos 1

Há 47 anos eles foram presos em Londres por porte de drogas. A polícia antidroga britânica invadiu o apartamento onde o casal morava e lhes deu voz de prisão de forma autoritária e sem mandado judicial.

John e Yoko presos 2

A frente o notório Sgt. Pilcher, que adorava prender celebridades para aparecer na mídia como paladino da moralidade.

John e Yoko presos 3

Foram encontradas 200 gramas de haxixe; uma máquina de enrolar cigarros com traços de maconha e meio grama de morfina.

Yoko estava grávida. Tomou um susto enorme com o ato de invasão e da prisão, e sofreu um aborto dias depois.

Em principio ela e John negaram que a quantidade de droga fosse deles, mas depois, por medo que Ono fosse extraditada, o beatle assumiu a culpa sozinho.

Pagou fiança e recebeu uma advertência, que em caso de reincidência, ficaria um ano na cadeia.

Quanto ao Sgt. Pilcher, fez a festa na mídia já que John Lennon era a pessoa mais famosa que ele pegou. O sujeito também encarcerou Keith Richards; Mick Jagger e outros luminares do rock.

Até que foi desmascarado por seus atos de corrupção; exibicionismo e truculência, e expulso da Scotland Yard…

John e Yoko presos 4

Por Cláudio Teran, colunista, jornalista e apresentador.

Homenagem a John Lennon (*09-10-1940 / +08-12-1980)

Um dos maiores astros da música pop do século 20, John Lennon nasceu em 09 de outubro de 1940 e foi brutalmente assassinado em 08 de dezembro de 1980.

Montagem por Ian Hello

Montagem por Ian Hello

Cantor, compositor, músico, ativista social e fundador dos Beatles, Lennon foi assassinado em 8 de dezembro de 1980 em frente ao prédio onde morava, em Nova York.

Lennon continua vivo em nossos corações e ao redor do mundo as homenagens a ele são frequentes.

Em Nova York, fãs sempre fazem vigília no Central Park, na esquina batizada de “Strawberry Fields”, próximo ao Edifício Dakota, onde ele morava. Na capital da Islândia, a “Imagine Peace Tower”, torre de luz que atinge até 4 quilômetros de altura, foi erguida em homenagem a ele.

Em Liverpool, nesta época o clima é de comoção entre os turistas.

Enquanto isso, Mark Chapman, o assassino do Beatle, teve seu pedido de condicional negado muitas vezes e permanece trancafiado na prisão de Attica, próxima a Nova York.

Assim, o legado de John Lennon solo e com os Beatles permanece vivo pelo mundo afora… Foi ele quem criou o grupo The Quarry Men (ou The Quarrymen), que depois recebeu Paul McCartney, George Harrison e finalmente Ringo Starr, tornando-se The Beatles, a banda mais famosa do mundo, e também considerada a maior de todos os tempos.

Em carreira solo, Lennon não foi menos relevante. Continuou a unir com maestria, melodias perfeitas e letras marcantes, como “Give Peace a Chance”, “Mother”, “Working Class Hero”, entre outras mais românticas, como “Look at Me”, uma das minhas favoritas.

Aqui um álbum contendo mais de 400 fotos em homenagem a John Lennon.
.
https://www.facebook.com/media/set/?set=a.4567924958007&type=1&l=ad5755eee3
.

E aqui, uma volta ao passado da vida de John Lennon, em fotos.