A Importância de Antonio Aguillar na Carreira de Roberto Carlos.

Em 1959, Abelardo “Chacrinha” Barbosa apresentava um programa de música da velha guarda, de segunda a sexta-feira, às 18h pela Rádio Nacional de São Paulo, localizada na Rua Sebastião Pereira, 218.

Em 1959, Antonio Aguillar apresentava um programa de música jovem chamado “Ritmos para a Juventude”, de segunda a sexta-feira, às 17h, pela Rádio Nacional de São Paulo, localizada na Rua Sebastião Pereira, 218.

Os dois radialistas eram muito amigos e sempre estavam juntos, trocando ideias sobre música e sobre os cantores.
Antonio Aguillar foi inúmeras vezes ao Rio de Janeiro para participar dos programas de rádio e televisão do Chacrinha, onde o disc-jóquei da juventude levava sempre os artistas que lançava em disco em São Paulo.

Chacrinha sempre falava a Antonio Aguillar sobre Roberto Carlos, um cantor que cantava samba canção e bossa-nova com a voz pausada e baixa, bem ao estilo de João Gilberto; ele se apresentava na boate Plaza em Copacabana, no Rio de Janeiro.

Em 1959 Roberto Carlos lançou o seu primeiro disco em 78rpm pela Polydor, com as músicas JOÃO E MARIA / FORA DO TOM, de autoria de Carlos Imperial e Roberto Carlos.

Em 1960 Antonio Aguillar foi ao Lord Palace Hotel , na Rua das Palmeiras, onde o Chacrinha se hospedava semanalmente para fazer os seus programas de rádio e televisão em São Paulo e no hall do hotel o velho guerreiro chamou um garoto tímido com um ar tristonho e o apresentou ao disc-jockei Antonio Aguillar, com a seguinte frase:

“Este é o cantor Roberto Carlos, que mora no Rio e vem morar em São Paulo. Ele gravou MALENA em um 78rpm e eu gostaria, Aguillar, que você divulgasse esse moço, que tem muito valor e futuramente será um grande sucesso. Ajude-o por mim em seus programas, que você não vai se arrepender”.

Antonio Aguillar, que fazia os seus programas de rádio e televisão com muita audiência em todo o Brasil, prometeu ao Chacrinha, que era seu amigo, fazer aquilo que podia para dar uma força na carreira do rapaz que acabara de ser apresentado.

Como Roberto Carlos ficou hospedado naquele hotel, Aguillar foi no dia seguinte conversar com ele para combinar como seriam feitas suas apresentações na televisão e também a divulgação do seu disco no rádio.

A música “Malena” não inspirava muito ao Aguillar, mas Roberto Carlos prometia gravar outras músicas voltadas mais para os jovens da época.

Roberto apresentou ao Aguillar a sua divulgadora em São Paulo, de nome Edy Silva, conhecida no meio por trabalhar nas emissoras coligadas, que tinham uma programação distribuída para as principais emissoras do País.

Através dela, Aguillar conheceu pessoalmente Othon Russo, que era o diretor de divulgação da CBS e que prometera fazer um trabalho intenso para projetar da melhor forma possível o cantor de Cachoeiro do Itapemirim.

Roberto Carlos entrou no esquema de Aguillar e sempre esteve nas programações musicais da rádio Nacional de São Paulo e semanalmente no Festival da Juventude da TV Excelsior Canal 9. Muitos cantores de sucesso eram apresentados nas programações de Aguillar, como Nilton Cesar, Agnaldo Rayol, Carlos Ganzaga, The Jordans, Ronnie Cord, Demetrius, Baby Santiago, Hamilton Di Giorgio, Tony Campello, Celly Campello, Gessi Soares de Lima, Maria Odete, The Jet Blacks, Leila Silva, Marta Mendonça, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Oslaim Galvão, Prini Lorez, The Clevers, Renê Dantas, Sergio Reis, George Freedman, Meire Pavão, Albert Pavão, Renato Guimarães, Sergio Murilo, Bobby de Carlo, Marcos Roberto, Dori Edson, Nilton Cesar, Carlos Ely, Sergio Reis, etc.

Claro que o sucesso chegou para Roberto com um Rock, a música Splish Splash, que ele gravou seguindo os conselhos de Carlos Imperial e Antonio Aguillar.

Neste vídeo a seguir, podemos ouvir algumas mensagens feitas por Roberto Carlos especialmente para Antonio Aguillar, que foram levadas ao ar em programas de Rádio comandados por Antonio Aguillar, mas nunca divulgadas antes de 2012 em outro veículo de comunicação.

As gravações me foram gentilmente enviadas pelo próprio Antonio Aguillar em 08 de dezembro de 2012 e eu coloquei no Youtube:

Roberto Carlos também enviava convites para Antonio Aguillar e sua família sempre que fazia shows em São Paulo, como aconteceu no dia 20 de setembro de 2018, quando conversaram e Roberto Carlos enviou mensagem para o programa de Aguillar na época, que era o JOVENS TARDES DE DOMINGO, levado ao ar pela Rádio Capital no dia 30 de setembro de 2018:

Em 1968, Roberto Carlos queria cantar na Igreja, e nesta época ele estava compondo músicas sacras e a primeira delas havia sido a hoje tão famosa “Jesus Cristo”.

Na época o Cardeal Arcebispo de São Paulo era Agnello Rossi e Roberto Carlos havia pedido para Antonio Aguillar que interferisse por ele junto ao cardeal, pois estava querendo se casar com Cleonice Rossi, uma mulher desquitada, mais velha que ele, com uma filha pequena, e se conquistasse o clero, talvez pudesse se casar na igreja.

Antonio Aguillar foi entrevistar Don Agnelo Rossi, levando o pedido de Roberto, o qual foi negado, ouçam:

Roberto Carlos queria cantar na Igreja.

A reportagem com fotos sobre o pedido de Roberto Carlos a Don Agnelo Rossi, intermediado por Antonio Aguillar:

Morre Carminha, grande perda para Roberto Carlos…

“ESSA É A CARMINHA SECRETARIA DO ROBERTO CARLOS DESDE 1973 FALECEU HOJE A TARDE.. EM 23/09/2023…

ELA ESTAVA HÁ UNS 6 ANOS COM ALZEIMER E ESTAVA DESDE QUE SURGIU O PROBLEMA MORANDO NO APTO ABAIXO DO DE ROBERTO , ONDE MOROU A DONA LAURA MÃE DELE… TINHA 24 HORAS UMA CUIDADOSA E UMA ENFERMEIRA QUE TOMAVAM CONTA TANTO DELA COMO DA SUA IRMÃ NORMA BRAGA QUE TAMBÉM MORA LÁ… PORTANTO FOI UMA TRISTE PERDA PARA O ROBERTO CARLOS”, escreveu Nichollas Mariano.

Carmosita Silva era Cearense, costureira, e em 1972 foi trabalhar no Canecão, Rio de Janeiro, quando do primeiro Show de Roberto Carlos naquela casa de Shows, ocasião em que o artista a contratou.

Carmosita, a Carminha, deixou um filho chamado Lincoln.

Que ela descanse em paz 🌷🌹🙏

Em breve, lançamento do livro “Esse Cara Fui Eu”, de Nicholas Mariano

Em 1979 Nichollas Mariano lançou o polêmico livro “O Rei e Eu, Minha Vida com Roberto Carlos”, o qual foi terminantemente proibido por Roberto Carlos, tendo sido incineradas todas as centenas de cópias do livro, que hoje pode ser compartilhado virtualmente em arquivo PDF.

Em seu novo livro intitulado “Esse Cara Fui Eu”, Nichollas fala sobre tudo que passou através dos anos em consequência de ter sido Secretário de Roberto Carlos, como também conta sobre outros artistas com os quais fez amizade desde aquela época nos anos 60.

Neste vídeo, uma entrevista de Nichollas à Rede Record de TV:

Comentários sobre o livro, por jornalistas e críticos literários:
“Em seu livro “Esse Cara Fui Eu”, Nichollas Mariano não apenas registra suas memórias privilegiadas ao lado dos grandes ídolos de sua geração, mas também pega o leitor pela mão e nos convida a passear de volta ao cenário artístico-musical do início dos anos 60.
Ao seu lado, ele nos conduz aos bastidores da Rádio Carioca, do Teatro Record, e de tantos outros palcos que tão importante foram para a consagração dos artistas que marcaram época no Brasil.
A linguagem é leve e acessível, de modo que não reserva seu livro a uma elite intelectual, mas estende seu alcance aos fãs que desejam usufruir de uma prazerosa nostalgia de volta aos bons e velhos anos 60.
Impossível não falar sobre Roberto Carlos, que teve uma longa e intensa passagem na vida de Nichollas. No entanto, o autor não trata o Rei com amargura ou rancor, pelo contrário, enaltece sua imagem e nos faz compreender sua grandeza e importância na cultura brasileira, revelando a imagem do grande artista que é, mas também do ser humano que foi seu amigo pessoal durante anos”. (Vitor Diniz)

“Eu gostei. É um bom livro, bem escrito, leitura fácil e objetiva, sem aquele montão de detalhes, o que torna a leitura não cansativa. Pelo contrário, achei muito prazeroso, tanto que li o livro todo sem interrupção… Eu confesso que tive um pouco de receio, antes de ler o livro, mas não vi nada que possa ofender a imagem do Roberto. São apenas detalhes sobre um artista maravilhoso, mas que também é ser humano e não está passível de erros. Perfeito só Deus né… Então é isso. Eu gostei muito do livro e, com certeza, indicaria aos fãs do Roberto. Parabéns Nicholas … é um bom livro …
Quero acrescentar aqui que gostei muito de te conhecer melhor, através do livro … Você é uma pessoa maravilhosa, um ser humano bom e generoso … Você tem o meu carinho, respeito e, agora, admiração.
A descrição dele é sensacional. Um belíssimo convite para um livro que tem tudo pra virar um filme.”

“Eu já estou ansioso para ter esse exemplar nas mãos e divulgar essa história para o mundo. O prefácio é muito bom e fácil de absorver, pois descreve os primeiros anos de convivência e sua importante participação na cronológica vida do cantor Roberto Carlos, valorizando muito a sua importância na vida dele. Este livro com certeza será um sucesso. Acredito que vai complementar bem mais a primeira obra que infelizmente foi proibida. “
“Não vou te chamar de Senhor porque li seu livro e não vou me esquecer que você disse que não aceita que te chamem de Senhor, certo? rsrs
Nichollas Mariano, pessoa incrível da terceira idade, cheio de vida e muitos momentos incríveis para contar. Seu livro é espetacular, deixa-nos a par da mais eufórica história da música popular brasileira e retrata também as grandes injustiças cometidas nessa época tão singular.
Eu com certeza recomendo a leitura de seu livro e decididamente não vejo em momento algum que vc agride o maior artista do nosso país, muito pelo contrário, vc conta histórias de coisas que costumeiramente acontecem entre amigos próximos e o retrata como sendo alguém de bom coração, que apesar de tanta correria com sua carreira ainda conseguia arranjar tempo para atender pedidos de fãs e ajudar pessoas que o procuravam pedindo ajuda.
Em momento algum você agride o Rei mais sim o faz merecedor de seu trono e eu como sendo também uma fã do Rei chorei em algumas partes desse livro; chorei principalmente pq senti o quão linda era a amizade de vcs e que por um motivo tão besta acabou e eu ficaria muito feliz se vcs um dia conseguissem ao menos voltar a se falarem; acho que vcs dois merecem essa chance de bater aquele bom papo de dois bons grandes amigos.
Desejo de todo coração que esse livro possa vir a proporcionar esse reencontro entre vocês e voltar a colar esse elo quebrado.
Nichollas Mariano, eu te desejo muito sucesso, vc é um grande homem, muito inteligente, o qual eu tive o grande prazer de conhecer e passei a admirar profundamente
Amo-te do fundo do meu coração e te desejo tudo de bom que a vida possa lhe oferecer.
Aquele abraço de sua amiga V.N.”.

“Quero dizer que estou gostando demais do livro, estou conseguindo “viver” e visualizar com detalhes uma época especial na qual eu nem era nascida”. É realmente uma pena a forma como as coisas decorreram após o rompimento da grande amizade, mas sei também que todos os fatos vividos permanecerão para sempre em seu coração.
As pessoas mais jovens que tiverem um pouco de curiosidade junto com sensibilidade vão conseguir captar o mesmo que eu, mas já adianto que a leitura é leve, interessante e nos instiga a querer saber um pouco mais. Estou agora na parte da Adelaide, me surpreendi pois já havia lido um livro dela, O Estudante na minha adolescência, mas não fiz a ligação que se tratava de sua grande amiga. De qualquer forma confesso que estou surpresa com a qualidade de sua obra, não esperava nada tão interessante, leve e jovial. Muita gente comentou e todos mostraram-se bastante interessados. Percebi que estão numa expectativa muito grande para o lançamento.”
“Realmente será um livro dinâmico… Já gostei muito da primeira obra… Acredito que essa segunda será ainda melhor… Gostei do lapso temporal de 1958 aos tempos atuais… Pois o primeiro livro deixou essa abertura para conhecemos ainda melhor sua história até os tempos atuais”.

CONVITES DE LANÇAMENTO

Passagem de Roberto Carlos pela Região de Piracicaba nos Anos 70.

Já contamos aqui que Roberto Carlos vinha muito a Piracicaba, ele gostava de pescar e ficava em um Rancho no Distrito de Artemis aqui em Piracicaba (soube que era de propriedade da Senhora Norma Dedini).

O Radialista Antonio Carlos Tedeschi esteve com Roberto em alguns destes momentos do cantor na nossa cidade, inclusive também na reinauguração da Ponte de Ferro de Artemis em 1974, na gestão do Prefeito Adilson Maluf, e guardou em seu acervo as fotos que tirou ao lado do cantor…

Ele também esteve em Tietê, cidade vizinha a Piracicaba, juntamente com o compositor e versionista Fred Jorge, para receber o Título de Cidadão Tieteense, e desta passagem temos as fotos a seguir…

Nesta foto ele aparece sendo cumprimentado pelo então Vereador José Mazucatto.

Nesta foto Roberto Carlos aparece ao lado de Antonio Carlos Tedeschi, Radialista de Piracicaba.

Nesta foto Roberto Carlos aparece no Campo do Comercial em Tietê, onde também esteve presente o compositor Fred Jorge. (Foto: Luiz de Campos Paladini)

Nota: Agradeço ao Radialista Antonio Carlos Tedeschi pelas fotos.

Roberto Carlos, 80 anos!

Roberto Carlos Braga nasceu em Cachoeiro do Itapemirim no dia 19 de abril de 1941, embora há quem diga que foi em outra cidade e no início do mês…

Sua família queria que ele se formasse em Medicina mas desde cedo sua mãe Laura percebeu que o filho queria ser cantor e acabou lhe dando um violão de presente.

No decorrer do tempo, depois de participar de alguns programas de rádio em sua cidade natal, o jovem Zunga, apelido de criança, mudou-se para o Rio de Janeiro, indo morar na casa de sua tia Amélia, para a qual em sua homenagem compôs até uma musica.

Já residindo na cidade maravilhosa, participou de alguns programas de televisão, entre os quais a Discoteca do Chacrinha. O velho guerreiro acabou apresentando Roberto Carlos ao Carlos Imperial, que comandava no Rio de Janeiro programas de música jovem, ocasião em que o Roberto conheceu Arlênio Lívio, amigo de Erasmo, um rapaz ligado à chamada turma do Matoso, que o levou até Tim Maia, ocasião também em que Roberto conheceu Erasmo Carlos e se tornaram amigos.

Roberto chegou a participar do conjunto musical Os Sputniks, cujo líder era Tim Maia, mas no decorrer do tempo começaram alguns problemas entre ele e Tim.
Foi em 1957 que Tim Maia montou o conjunto Os Sputniks, sendo os componentes: Sebastião Rodrigues Maia, Arlênio Lívio, Wellington Oliveira e Roberto Carlos. Após uma briga entre Tim e Roberto, o grupo foi desfeito, Wellington desistiu da carreira musical, e o único remanescente era Arlênio, que no ano seguinte resolveu chamar Erasmo e outros amigos da Tijuca, como Edson Trindade (que tocou violão no grupo Tijucanos do Ritmo, onde Tim Maia tocava bateria) e José Roberto, conhecido como “China” para formarem o grupo vocal “The Boys of Rock”. Mas, por sugestão de Carlos Imperial, o grupo passou a se chamar The Snakes, e acompanhava tanto Roberto quanto Tim Maia em seus respectivos shows.
Foi Arlênio quem levou Roberto para participar do conjunto The Snakes, mas Roberto queria mesmo é se tornar um cantor solo na linha de João Gilberto e Tito Madi, e acabou gravando um compacto com as músicas “João e Maria” e “Fora do Tom”, composições de autoria de Carlos Imperial.

No decorrer do tempo Roberto gravou um LP cujo título era “LOUCO POR VOCE”, hoje uma raridade, e os colecionadores chegam a pagar de 5 a 10 mil reais por um exemplar!

Enquanto no Rio nos anos 60 predominava a Bossa Nova, em São Paulo a grande força era o Rock and Roll.

Antonio Aguillar comandava na Rádio Nacional (hoje Rádio Globo) o programa “Ritmos para a Juventude” e na TV Excelsior, canal 9, o programa Festival da Juventude, enquanto Chacrinha tinha um programa na TV Tupi chamado Discoteca do Chacrinha, que depois foi para a TV Rio onde ficou até 1968.
Os dois eram grandes amigos e Chacrinha pediu a Antonio Aguillar que ajudasse Roberto Carlos, pois ele desejava morar em São Paulo.
Marcaram um encontro no Lord Palace Hotel em São Paulo e Aguillar disse a Roberto, que o pedido do velho guerreiro para ele “era uma ordem”, e que ia tentar ajuda-lo, mas que milagres não fazia, e se ele tivesse talento e estivesse preparado para enfrentar a vida de artista, isso tudo o tempo diria.

Roberto estava divulgando a musica Malena, composição de Rossini Pinto e Fernando Costa, mas Aguillar sabia que não era a cara de seus programas de rock…

Roberto Carlos alugou um apartamento na Rua Albuquerque Lins e Aguillar foi visita-lo. Viu na parede da sala no apto, um grande poster de Elvis Presley montado numa motocicleta de 1.200 cilindradas…

Aguillar então disse ao Roberto que já que ele era fã de Elvis, porque não gravava um rock? Roberto retrucou dizendo que era um cantor romântico, ficaria difícil gravar esse tipo de musica. Aguillar respondeu: Elvis Presley também canta musica romântica, mas o rock é seu destaque.
Roberto ficou pensativo e falou com Erasmo Carlos, que já era roqueiro naquela época, e Erasmo pegou uma musica de sucesso do cantor Bobby Darin e fez uma versão. A música era “Splish Splash”.

Daí em diante mudou tudo na vida de Roberto Carlos!

A direção da gravadora CBS, antiga Colúmbia, contratou Edy Silva, que trabalhava no ramo de divulgação e ela passou a visitar com Roberto a tiracolo todos os Disc Jockeys do Brasil.

E foi assim que essa melodia ficou nas paradas de sucessos por muito tempo.
Roberto ficou conhecido em todo o Brasil, e teve a oportunidade de ser convidado a comandar o programa Jovem Guarda no Teatro Record, localizado à época na Rua da Consolação – o programa durou 3 anos, de 1965 a 1968.

Atualmente, segundo Genival Barros, responsável pela organização dos shows de Roberto Carlos, ele vem preparando durante a pandemia algumas musicas inéditas e elaborando um livro sobre sua vida, o qual deverá lançar brevemente.

Vamos aguardar e desejar sempre boa sorte ao maior cantor popular do Brasil, que é sem dúvida alguma ROBERTO CARLOS.

(Informações do Texto enviadas por Antonio Aguillar)

Foto: Internet

Leiam também a coluna de Alex Medeiros para a Tribuna do Norte e conheçam a história da canção “Aparências”, que ficou conhecida como “A canção que o rei não gravou”…

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Adolescente aos 45 anos! rsrs

Houve uma vez um outono em que eu acreditava em “Papai Noel”… rsrs

E me prestei a escrever esta carta e entregar ao Roberto Carlos durante um Show que ele realizou aqui em minha cidade de Piracicaba/SP, com direito a anexar uma versão que fiz para o inglês, da música “Nossa Senhora”. 😁😂

Coisas de fã, em uma época que eu acreditava que um artista poderia ler e responder uma carta endereçada a ele. Hoje sei que Roberto Carlos deve ter mandado a pessoa a quem eu entreguei a carta jogar “ali”, e lá ficou… rsrs

Renato Barros comenta sobre o guitarrista que tocou na gravação de “Negro Gato”!

Em 25 de dezembro de 2019 publiquei no Facebook o vídeo do clipe da música “Quando” com a seguinte descrição:

Uma curiosidade: para quem não sabe, nos filmes o som das músicas era de Renato e Seus Blue Caps e a dublagem mostrava o conjunto RC- 7. Isto não foi comentado na época pra não tirar a ilusão do público, mas nas filmagens sempre foi feito assim, e era uma orientação do Sr. Evandro Ribeiro, Presidente da CBS na época.
Também para quem não sabe, o Gato nunca gravou com Roberto Carlos quando fazia parte das formações do RC7, assim como nenhum músico do RC-7 também não gravava com Roberto.
Nas gravações quem executava o contrabaixo sempre foi Paulo Cezar Barros.

Quando publiquei estas informações, gerou muita curiosidade por parte do pessoal interessado em saber quem tocava em cada música nos Anos 60, quando os discos não traziam seus nomes, e muitos acreditavam que a guitarra na gravação da música “Negro Gato”, por exemplo, havia sido executada pelo Gato, o José Provetti dos Jet Black’s e RC-7, devido à existência da ficha técnica incluída nos CDs lançados nas caixas da coleção “Pra Sempre Anos 60, 70, 80 e 90”, relatando os nomes dos conjuntos que acompanharam Roberto Carlos nas músicas.

Foi então que no dia seguinte, em 26 de dezembro de 2019, enviei o vídeo oficial de “Negro Gato” a Renato Barros e perguntei a ele se ouvindo a gravação ele reconheceria quem era o guitarrista nesta gravação, sabendo-se que ele próprio não era, pois Renato não gravou neste disco do Roberto…

Renato então respondeu assim:

Olha… É por isso que eu não gosto de falar de coisas muito antigas, de muito tempo, por que as coisas naquela época rolavam assim… muito atropeladas, uma coisa em cima da outra, havia aquela empolgação e eu sinceramente não me lembro mais de muita coisa que acontecia nas gravações.
Agora… por eliminação, eu vou dizer a você que não acredito que tenha sido o Gato, sinceramente, por que o Gato não tinha acesso ao Rio de Janeiro naquela época, ele era do The Jet Black’s, entendeu? Mas eu arrisco dizer que pode ter sido o GB (Carlos Roberto), o guitarrista de um grupo chamado “The Angels” que depois passou a se chamar The Youngsters.
Nós éramos amigos e eles participavam muito na CBS e participavam muito dos discos do Roberto Carlos também, entendeu?
Eu acho que o Gato com certeza não foi, por que o Gato era guitarrista do The Jet Black’s e vivia em São Paulo, ele não vinha para o Rio de Janeiro e muito menos pra gravar, não tinha cabimento a CBS chamar um músico de São Paulo pra gravar o disco aqui no Rio de Janeiro.
Então, até por uma questão de economia, o Sr. Evandro não permitiria isso, sabe? Eu acho que pode ter sido os Youngsters.
O Roberto gostava muito dos Youngsters também.

Então é isso… Agora por favor Lucinha, não me faz pergunta muito antiga por que a memória é curta! (risos)
Ah! E outra coisa: eu estou dizendo que essa guitarra não é minha, essa guitarra desse disco do Roberto Carlos, mas depois eu gravei Splish Splash, depois eu participei de todas as gravações naquela fase mais romântica do Roberto Carlos.
Era aquela fase mais romântica e eu não me lembro de cabeça os nomes dos discos, mas tinha “As curvas da estrada de Santos”, aquela coisa toda naquela época, e outra coisa, depois o Roberto foi gravar nos Estados Unidos com músicos lá dos Estados Unidos, músicos americanos, entendeu?
O guitarrista lá era o Vincent Bell, aquele que fez sucesso com a música Tema do Aeroporto, daquele filme “Aeroporto”, então durante um bom tempo o Roberto gravou nos Estados Unidos com músicos americanos.
O Gato era do The Jet Black’s.
É que as pessoas, no caso os historiadores, eles confundem muito as coisas. O Gato era guitarrista do Roberto Carlos pra tocar nos Shows. Fazia parte do RC-7, que antes era RC-4, RC-5 até chegar ao RC-7.
Muitas vezes, por dedução, as pessoas podem pensar que tenha sido o Gato, mas tenho quase certeza que era o GB do Youngsters.

Sabe Lucinha, parece que agora tudo que eu falo é sujeito a confirmação, mas eu adoro isso, eu aprendo também sabe?
Outra coisa, eu acho que é uma obrigação do músico se auto reconhecer através do som do seu instrumento, através da sua maneira de tocar, mas eu não vou ficar respondendo um a um “ah! fui eu, ou então não fui eu!”
Então é bom que você faça esta matéria mesmo por que a gente esclarece para as pessoas, não é? Todo mundo gravava naquela época, todo mundo!
Primeiro gravava só os Youngsters, misturava depois com elementos dos Fevers…

Mas olha, existe uma possibilidade de ter sido o Gato o guitarrista, por exemplo, eu toquei e gravei junto com Tom Jobim uma música (risos). Mas foi um acidente … É que tem coisas que aconteciam esporadicamente, então pode ter acontecido de exatamente nessa música o Gato ter participado por que estava lá por perto no estúdio naquele momento… Mas pra mim eram os Youngsters, não era o Renato e Seus Blue Caps nem eram os Fevers, pra mim eram os Youngsters por que Youngsters nessa época participava mais, mesmo por que o Renato e Seus Blue Caps estava estouradíssimo, a gente não tinha mais tempo de trabalhar dentro da CBS e eu fui muito prejudicado na minha carreira de produtor, por exemplo, por que a gente naquela época viajava durante dois meses seguidos, a gente ficava fora do Rio de Janeiro viajando pelo Brasil e a gente ia cedendo o terreno para os outros colegas…
Então eu, sinceramente, sobre essa música “Negro Gato”, eu não tenho como dar informação nenhuma sobre a gravação do Roberto Carlos por que eu não estava lá, eu não estava. Com certeza não fui eu, mas, por intuição, eu acho que foi o GB, não sei…

Eu me lembro de que o RC-7, por volta de 1966 até mais ou menos 1970, por aí, além do Gato tinha o Wanderlei, tinha o Dedé, tinha o Bruno, o Clécio, o Maguinho e o Dironir… Não sei se nesta mesma época já estava o Nestico, que foi também dos Jet Black’s, como o Gato.
Eu conheci todos eles, conheci ainda quando era RC-4, aí foi aumentando, passou a RC-6 até chegar a RC-7.

(Nota: Fui pesquisar depois e verifiquei que o RC-4 passou a RC-7 com Maguinho no Trumpete, Nestico no Sax Tenor e nos arranjos dos metais e Raulzinho (Raul de Souza) no Trombone de Vara, informação esta publicada por Lilu Aguiar no grupo Eternos Anos 60).

Poxa… Essa rapaziada era muito forte, era muito boa, nessa banda do Roberto Carlos, todos os componentes eram de São Paulo, a gente se via pouco, mas eu admirava muito, muito mesmo o RC-7.
De todos eles só tinha um que era carioca, que era o Dedé, que era com quem eu mais convivia e até hoje de vez em quando eu vejo o Dedé, ou tenho notícias dele, falo com ele, mas o RC-7 foi muito importante pra música do Roberto Carlos.
E o RC-7 fazia exatamente como o Roberto Carlos gravava nos discos. E nos discos ou era o pessoal do Renato misturado com os Fevers, ou eram os Youngsters, mas não importa, quando chegava ao vivo o RC-7 fazia tudo copiadinho, direitinho, era uma rapaziada muito, muito boa.

O nosso baterista Gelson Moraes, por exemplo, também não participava das gravações de Renato e Seus Blue Caps como baterista, quem participava era o Toni.

O Roberto Carlos usava uma guitarra Phelpa e antes da Phelpa, os instrumentos musicais como guitarra, baixo, eles eram fabricados todos lá em São Paulo pela Giannini até que surgiu a Phelpa, uma nova marca criada em São Paulo e a Phelpa fabricava guitarra, contrabaixo, e além de instrumentos ela fabricava também os amplificadores.

E a Phelpa dava de presente pra gente os instrumentos e a gente adorava isso… Então nós tivemos uma fase da Phelpa que veio tomar o lugar da Giannini na época. Eram instrumentos muito bons também, tanto quanto os da Giannini e os amplificadores também eram muito bons. Nós do Renato e Seus Blue Caps tivemos um bom tempo usando Phelpa e virou moda em São Paulo, o pessoal do Roberto Carlos também usava.

Isso até me fez lembrar que no começo nós e o Roberto Carlos, a gente tocava em Circos, e isso de tocar em circos era muito comum aqui no Rio de Janeiro, sabe… As coisas aconteciam de repente, às vezes o Roberto Carlos ligava pra mim, ou ligava para o Paulo Cezar e falava “você vai tá ocupado logo mais à noite? Não? Então vamos tocar lá no Circo tal?” Era mais ou menos assim… Nós íamos aos programas de rádio na Rádio Nacional, inclusive teve uma vez lá na Rádio Nacional que ele chegou um pouquinho atrasado, a gente ia fazer o programa Paulo Gracindo, o Roberto chegou um pouquinho… tipo cinco minutos atrasado e o Paulo Gracindo odiava a gente né, ele odiava negócio de Jovem Guarda, de Rock, ele não gostava! E o Roberto chegou um pouquinho atrasado e deu margem para o Paulo Gracindo tirar do programa. Eu me lembro de o Paulo Gracindo ficar falando “eu já não gosto desses cabeludos…”, mas a gente acabou fazendo o programa. Havia muito preconceito dos caras mais antigos do Rádio, não é! Com exceção, e eu estou falando do Rio de Janeiro, do César de Alencar, este adorava e enquanto o Paulo Gracindo não gostava, o César de Alencar dava a maior força pra gente…
Grande César de Alencar! Então era isso…

Mas eu não sou historiador e acho que a pessoa pra ser uma historiadora ela tem que realmente usar a verdade dos fatos e como tem muito tempo, difícil saber com precisão e principalmente não se pode confiar muito na memória de coisas que aconteceram há tantos anos…

Eu sinceramente Lucinha, eu terminava uma gravação, pra mim aquilo ali era um dia de trabalho e eu quando terminava eu pegava meu carro e ia pra casa e não pensava nunca mais naquilo… Aquilo já tinha ficado pra trás, mas hoje estão desencavando essas coisas… Eu acho importante, muito importante, mas desde que sejam verdadeiras.
Eu continuo te dizendo, tem certas coisas que eu não me lembro mais mesmo! Eu me lembro das brincadeiras, das farras no estúdio, mas detalhes assim eu não lembro mesmo, eu deixo por conta dessas pessoas que vão falando um monte de coisa… (risos).

O engraçado é que as pessoas não citam os contrabaixistas nestas pesquisas, só citam o guitarrista e tinham que citar todo mundo. O Lafayette, por exemplo, o músico mais importante nessa época era o Lafayette. Este sim participou de todas as músicas, marcou o som do órgão dele e, no entanto, as pessoas não falam no Lafayette, ou pelo menos eu nunca soube que falassem sobre o Lafayette.

Expliquei ao Renato que surgiram dúvidas quanto à participação do Wanderlei no filme, se era ele ou Lafayette tocando, e também houve um comentário da parte de Lilu Aguiar, irmã do saxofonista Nestico, que disse o seguinte:

“No filme meu irmão Nestico fez vários solos!!! Um logo no começo de “EU SOU TERRÍVEL” assim que o Roberto dá uma baforada de cachimbo na cara de um “inimigo”!!! A música ‘QUANDO’ foi gravada e tocada por eles. Basta ver o vídeo. Raul de Souza também faz um solo lindo durante o filme e mais para o fim há uma música do Nestico, “Coisa Blues”, que foi mais de improviso e o nome também.”

Deixe-me esclarecer bem à irmã do Nestico, que era meu amigo, eu não estou dizendo que alguém não tocou, o que eu estou querendo dizer é o seguinte: as músicas cantadas e tocadas originalmente pelo Roberto Carlos no filme eram dubladas, assim como em todos os filmes, até em filme americano, filme europeu, filme brasileiro principalmente, aquilo tudo ali era dublagem. O cara não tá cantando ali, entendeu? Como é que pode o Roberto Carlos cantar a minha música, por exemplo, “Você Não Serve Pra Mim”, no meio de umas bombas explodindo, como é que ele pode cantar dentro de um helicóptero entrando pelo túnel novo ali em Copacabana, então as pessoas têm que entender isso, é impossível você fazer essas coisas, mas aí que tá, isso não pode ser falado ou pelo menos não podia, que é pra não tirar o glamour da coisa né!
Quando eu era criança eu também achava que o cara estava cantando… Oscarito cantando, o Ivon Curi, aquela turma toda, o Cauby Peixoto, mas o cinema não permite que isso seja feito, então tudo era dublagem.
Agora veja bem, se o Nestico tocou seu instrumento, eu acho que sim também, assim como os outros músicos do Roberto Carlos, e ali só tinha gente boa. Mas quando eu falo na gravação específica, quando você ouve a gravação de uma música qualquer, aí é dublagem! O próprio cantor, tudo é dublagem por que tecnicamente seria impossível fazer ao vivo.

Mas Lucinha, eu gostaria de falar mais do Renato e Seus Blue Caps (risos), por que isso pra mim não soma nem diminui, eu não sinto nenhum acréscimo na minha vida falar sobre essas coisas.
Deve ter músicos que participaram nessa época aí e que tenham mais interesse de falar sobre esta fase, sabe, mas eu sou muito na minha, gosto muito de falar sobre o meu trabalho, sobre o trabalho da banda, um trabalho tão rico, tão bonito, com tanta história…

Tem tanta história que você até lançou um livro e eu vou ser grato a você a vida inteira por esse livro.

Pra mim isso não faz muita diferença não e eu não gosto de falar muito sobre isso, eu vou repetir, por que foi há muito tempo, já faz muito tempo!
É diferente a pessoa que ouve um disco e a pessoa que participou da feitura do disco.
São ouvidos completamente diferentes, sabe?
Rolava tanta coisa… Tanta coisa… Até recentemente eu te contei que durante uma gravação lá um dos músicos fez xixi na garrafa de guaraná do Maestro… Acontecia muita, muita coisa mesmo…

Sobre o Wanderlei e o Lafayette, vou voltar a dizer, eram muitos detalhes que aconteciam…
Eu me lembro, por exemplo, que no “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura” o Wanderlei participou ativamente tocando os teclados, tocando órgão, tocando piano, mas se você pegar (vou chutar) 90% do trabalho do Roberto Carlos foi o Lafayette!
Sei lá por que o Roberto Carlos gostava muito do Lafayette, todos nós gostávamos e eu gosto até hoje, então ele participou muito mais nas gravações não só do Roberto Carlos como nas gravações de todo mundo, inclusive nas nossas, nas de Renato e Seus Blue Caps ele participava também.

E é isso… Eu tenho que ir contando essas coisas devagarzinho por que fica tudo muito embolado na minha cabeça!
Eu sinceramente adoro o Roberto, sempre fomos amigos, não constantes assim né, por que a gente não se vê todo dia, todo mês e todo ano, mas é uma pessoa que eu admiro muito. O talento dele nem preciso falar, é uma pessoa que eu admiro como ser humano e tudo… Admiro muito o Roberto Carlos, mas sinceramente, Roberto Carlos é Roberto Carlos, entendeu?

Eu enquanto músico, eu era um músico comum lá no estúdio, era escalado ou não pra tocar determinadas músicas, eu sempre me dediquei muito mais a este meu lado de compositor e o meu lado Renato e Seus Blue Caps.
Eu sempre me dediquei muito e a este meu lado Renato e Seus Blue Caps, eu me dedico muito até hoje.
O lado compositor eu estou um pouco relaxado atualmente, mas quem sabe eu volte a compor aí…

Músico, como músico mesmo, eu já falei a você numa entrevista bem antiga, eu não me considero um músico assim e sabe por quê? Eu conheço tantos músicos maravilhosos, não só no Brasil mas no mundo, então eu sempre digo pra todo mundo assim “eu não sou músico, eu não sou músico não, eu sou compositor”… Aí em função de eu desempenhar uma arte, eu digo “eu sou um artista”, junto com meus colegas do Renato e Seus Blue Caps. Nós somos um nome que representa um artista que é o Renato e Seus Blue Caps. Agora músico eu nunca me considerei e nem faço questão de me considerar.
Eu queria deixar isso bem claro! Eu tenho bem claro na minha vida o que eu admiro em mim e o que eu não admiro, entendeu?

O músico no Brasil nunca foi muito valorizado né… Mas até que de alguns anos pra cá tá havendo uma valorização legal pra alguns músicos, eu acho isso muito bom!
Mas ninguém fala, por exemplo, que aqueles vocais, aquele coro nas gravações do Roberto Carlos era o Golderança quem fazia, que era uma mistura dos Golden Boys com o Trio Esperança, uma família né, são irmãos, mas eu sinceramente não ouço ninguém falar nos Golden Boys os quais participavam daquilo, no Trio Esperança, que participava também daquilo, é isso entendeu? Tem muita gente pra ser citada!

É complicado sabe, depois de tantos anos você falar essas coisas, ainda mais no meu caso, eu não ganho nada e nem perco nada em ter participado do disco do Roberto Carlos e dos discos de tanta gente… Não ganho nem perco nada, serve só pra história mesmo e é o que nós estamos fazendo aqui.

Eu estou tentando colaborar com você em nome da história não é, da história do que acontecia por que isso tudo acontecia também na nossa concorrente, na Odeon.
A Odeon tinha os artistas dela também entendeu? Tinha Celly Campello, Tony Campello e tantos outros, mas que já funcionava mais em São Paulo.
É difícil explicar para o leitor, muito difícil!

Disse a Renato que ele sempre diz que não se considera um músico, mas que todos discordam disso, por que sua maneira de tocar é diferenciada e muito elogiada inclusive por músicos!

Lucinha, eu estou me estendendo assim, eu sou aquele cara que dá um boi pra não entrar numa briga e eu dou uma boiada pra esclarecer tudo (risos), pra deixar tudo claro.
Só pra terminar, deixe-me te falar uma coisa: aquela época dos primórdios do Rock, todo mundo estava aprendendo…
De lá pra cá todos, inclusive eu, nós nos aprimoramos muito no decorrer do tempo, entendeu, muito, muito, muito, eu pelo menos, eu não fiquei estacionado.
Eu acredito que eu seja elogiado como guitarrista, aliás, eu vejo comentários também mas não é por isso não, é por que eu enveredei por um outro lado e eu tenho uma maneira de tocar Rock and Roll que eu fui adquirindo com o tempo.
Eu realmente, principalmente nos Shows ao vivo, as pessoas elogiam muito minha maneira de tocar, mas é uma coisa minha sabe… Própria minha, não copiei de ninguém, só que a gente vai ouvindo as coisas, vai ouvindo outros guitarristas e tudo e eu consegui ficar no meio termo, então tem pessoas que falam assim: “poxa Renato, depois de tantos anos você está tocando assim, assado e tal”… E eu fico feliz, mas tudo o que eu faço é muito natural, é muito do coração.

Também falei ao Renato que talvez ele não soubesse que o vocal da banda Renato e Seus Blue Caps é sempre muito elogiado, é um vocal muito diferenciado e que se destaca entre bandas de todos os tempos…

Os vocais do Renato e Seus Blue Caps, realmente a gente tem muito cuidado com isso, a gente tem cuidado com tudo né, na verdade a gente parece que tá começando a carreira todo dia por que pelo menos em meu nome eu devo dizer a você que eu morro de vergonha de fazer uma coisa mal feita! Quer me ver ficar com vergonha é fazer uma coisa mal feita!
Então é a dedicação mesmo, é o tempo de palco, o tempo de instrumentista, entendeu?
Uma coisa que é minha nata é que eu nunca copiei guitarrista nenhum, mas sofri influências de vários guitarristas, de vários! Principalmente os internacionais e eu coloco isso tudo humildemente na minha guitarra lá, e como eu sou muito crítico com os outros, eu sou autocrítico também e me policio demais, eu tenho uma tendência a achar que eu não fiz legal e que eu posso sempre fazer melhor… É mais ou menos isso.

Mas eu agradeço a oportunidade de fazer este esclarecimento, mesmo por que é sempre bom esclarecer certas coisas, principalmente por que a gente vê tanta besteira por aí, em vários lugares, então é bom a gente esclarecer.

Obrigado Lucinha.

O Guitarrista, Compositor, Cantor, Produtor, o Músico Renato Barros!

NOTA: Luiz Carlos Siqueira, que pertenceu ao conjunto The Youngsters, também fala sobre esta gravação:

“O GATO COM CERTEZA NÃO FOI, EU ACHAVA QUE TIVESSE SIDO RENATO E SEUS BLUE CAPS MAS PODE ATÉ TER SIDO O GB, NÃO SEI. LUCINHA MUITA COISA FICOU PERDIDA, NÃO SABÍAMOS QUE IRIA VIRAR HISTÓRIA E NÃO HAVIA REGISTRO DE PRATICAMENTE NADA. SÓ O ROBERTO DEVE SABER…BJS…PAZ”

Em 04 de abril de 2022, Paulo César Barros confirmou que foi o GB dos Youngsters o guitarrista que tocou em “Negro gato”.

Roberto Carlos e sua passagem por Artemis, em Piracicaba/SP

Pois é amigos, Roberto Carlos teve um rancho em Artemis, fez muitos amigos que compuseram canções as quais ele gravou, ele pescava no nosso rio Piracicaba e teve até uma historia de um caseiro que jogou uma bota velha dele no rio, e esta mesma bota foi pescada mais tarde pelo próprio Roberto Carlos, que a guardou…

Um documentário sobre a vida de Roberto Carlos nos anos 70, quando ele visitava com frequência o bairro de Artemis em Piracicaba, onde costumava pescar e fez muitos amigos.
O documentário foi produzido por Rosemeire Salvadori Barbosa.


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Roberto Carlos pescando no Rio Piracicaba

ANTONIO AGUILLAR relatando um pouco da sua historia.

(Texto: Antonio Aguillar)

Em 1959, Abelardo “Chacrinha” Barbosa apresentava um programa de música da velha guarda, de segunda a sexta-feira, às 18h pela Rádio Nacional de São Paulo, localizada na Rua Sebastião Pereira, 218.

Em 1959, Antonio Aguillar apresentava um programa de música jovem chamado “Ritmos para a Juventude”, de segunda a sexta-feira, às 17h, pela Rádio Nacional de São Paulo, localizada na Rua Sebastião Pereira, 218.

Os dois radialistas eram muito amigos e sempre estavam juntos, trocando ideias sobre música e sobre os cantores.
Antonio Aguillar foi inúmeras vezes ao Rio de Janeiro para participar dos programas de rádio e televisão do Chacrinha, onde o disc-jóquei da juventude levava sempre os artistas que lançava em disco em São Paulo.

Chacrinha sempre falava a Antonio Aguillar sobre Roberto Carlos, um cantor que cantava samba canção e bossa-nova com a voz pausada e baixa, bem ao estilo de João Gilberto; ele se apresentava na boate Plaza em Copacabana, no Rio de Janeiro.

Em 1959 Roberto Carlos lançou o seu primeiro disco em 78rpm pela Polydor, com as músicas JOÃO E MARIA / FORA DO TOM, de autoria de Carlos Imperial e Roberto Carlos.

Em 1960 Antonio Aguillar foi ao Lord Palace Hotel , na Rua das Palmeiras, onde o Chacrinha se hospedava semanalmente para fazer os seus programas de rádio e televisão em São Paulo e no hall do hotel o velho guerreiro chamou um garoto tímido com um ar tristonho e o apresentou ao disc-jockei Antonio Aguillar, com a seguinte frase:
_ Este é o cantor Roberto Carlos, que mora no Rio e vem morar em São Paulo. Ele gravou MALENA em um 78rpm e eu gostaria, Aguillar, que você divulgasse esse moço, que tem muito valor e futuramente será um grande sucesso. Ajude-o por mim em seus programas, que você não vai se arrepender.

Antonio Aguillar, que fazia os seus programas de rádio e televisão com muita audiência em todo o Brasil, prometeu ao Chacrinha, que era seu amigo, fazer aquilo que podia para dar uma força na carreira do rapaz que acabara de ser apresentado.

Como Roberto Carlos ficou hospedado naquele hotel, Aguillar foi no dia seguinte conversar com ele para combinar como seriam feitas suas apresentações na televisão e também a divulgação do seu disco no rádio.
A musica “Malena” não inspirava muito ao Aguillar mas Roberto Carlos prometia gravar outras musicas voltadas mais para os jovens da época.

Roberto apresentou ao Aguillar a sua divulgadora em São Paulo, de nome Edy Silva, conhecida no meio por trabalhar nas emissoras coligadas, que tinham uma programação distribuída para as principais emissoras do Pais. Através dela, Aguillar conheceu pessoalmente Othon Russo, que era o diretor de divulgação da CBS e que prometera fazer um trabalho intenso para projetar da melhor forma possível o cantor de Cachoeiro do Itapemirim.

Roberto Carlos entrou no esquema de Aguillar e sempre esteve nas programações musicais da rádio Nacional de São Paulo e semanalmente no Festival da Juventude da TV Excelsior Canal 9. Muitos cantores de sucesso eram apresentados nas programações de Aguillar, como Nilton Cesar, Agnaldo Rayol, Carlos Ganzaga, The Jordans, Ronnie Cord, Demetrius, Baby Santiago, Hamilton Di Giorgio, Tony Campello, Celly Campello, Gessi Soares de Lima, Maria Odete, The Jet Blacks, Leila Silva, Marta Mendonça, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Oslaim Galvão, Prini Lorez, The Clevers, Renê Dantas, Sergio Reis, George Freedman, Meire Pavão, Albert Pavão, Renato Guimarães, Sergio Murilo, Bobby de Carlo, Marcos Roberto, Dori Edson, Nilton Cesar, Carlos Ely, Sergio Reis, etc.

A FORMAÇÃO DE GRUPOS MUSICAIS

O primeiro conjunto de rock and roll foi The Jordans, com um 78rpm Budha selo Spacial (em fins de 1959 e começo de 1960). Sua primeira formação era:
Aladim, Mingo, Neno, Irupe, Siwal, Tony e Manito.

O programa Ritmos para a Juventude era apresentado pelo Moreira Jr. na rádio Nacional. Como esse apresentador estava deixando o rádio para trabalhar nas páginas amarelas da telefônica que lhe rendia algum dinheiro, o sr. Francisco Abreu, Diretor da Emissora, convidou para fazer o programa Ritmos para a Juventude o locutor comercial Antonio Aguillar, que também apresentava aos domingos à tarde, naquela emissora, o programa MELODIAS SANDAR, com musicas exclusivas de Ray Connif para a rapaziada dançar em casa.

Começava desta forma uma programação mais dinâmica e com maior audiência, porque Aguillar, sempre dinâmico, passou a dar ao programa um tratamento especial, convidando os ouvintes a comparecerem nos estúdios para compartilhar da programação.

Naquele tempo os estúdios das grandes emissoras eram enormes porque existiam as radionovelas e exigia um ambiente amplo para conter o numero de participantes.

Assim Aguillar podia receber muita gente e fazer o seu programa de disco com a presença das meninas que na época eram denominadas play girls. Elas ouviam as musicas, aplaudiam, gritavam e daí nascia o grande sucesso do programa, a ponto de a direção levar essa programação aos sábados ao vivo no auditório da emissora da rua Sebastião Pereira, 219, o qual foi demolido para dar lugar ao minhocão.

The Jordans fazia parte dessa apresentação ao vivo e os cantores da chamada musica jovem iam aparecendo e procurando no programa a oportunidade de um lugar ao sol.
Como os rapazes dos Jordans passaram a tocar na Boate Lancaster (uma boate de musica jovem, principalmente Twist, localizada na rua Augusta e de propriedade de Fauser e Miguel Vaccaro Neto), o grupo deixou de acompanhar os cantores que apareciam aos sábados no programa. Foi então que Joe Primo (cantor e guitarrista) juntamente com Bobby de Carlo (músico e cantor) comprometeram-se a formar um conjunto de rock para acompanhar os cantores no programa de Antonio Aguillar.
Nascia então o grupo THE VAMPIRES, composto por Joe Primo, Bobby De Carlo, Zé Paulo, Carlão e Jurandi.

The Vampires posteriormente teve o nome trocado com um cantor que se apresentava no programa, chamado Jet Black (o cantor passou a se chamar Little Black), e Joe Primo, que havia descoberto José Provetti, o Gato, em um canto tocando piano, convidou-o para entrar para o grupo e Gato tornou-se o grande mentor musical do grupo, que depois foi levado para gravar na Chantecler por Miguel Vacaro Neto.

Mais uma vez Aguillar ficava na mão e desejando criar um novo grupo.

Procurou então Mingo, que deixava o The Jordans e o Manito, que estava sem serviço, e numa conversa decidiram a formação do novo conjunto que recebeu o nome de The Clevers, para que Aguillar pudesse tê-los no programa que já se fazia também na TV Paulista – Canal 5.

Mingo concordou que Aguillar registrasse a patente em seu nome para que não houvesse problema com os componentes, assim eles ficariam presos ao contrato com Aguillar, que seria o 6º elemento.
Para achar um nome para o conjunto, Aguillar, que mantinha um dicionário Inglês-Português em sua mesa de trabalho, abriu uma das páginas e achou interessante a palavra “Clevers”, porque tinha o significado de Vivos, Astutos, Hábeis, etc…

E assim nascia o conjunto com a formação de mais 03 elementos:
– Neno (trazido pelas mãos do Mingo)
– Luizinho (trazido pelas mãos do Neno)
– Waldemar , o Risonho (trazido pelas mãos de um deles).

Como Luizinho ganhou a bateria do avô, em homenagem a ele Aguillar o apelidou de Netinho;
Waldemar, que vinha de uma orquestra de Valparaiso e era bancário em São Paulo, estava sempre sorridente, então Aguillar passou a apelidá-lo de Risonho.

Ficou assim a formação dos Clevers:
_ Manito (sax), Mingo (guitarra-base e voz), Neno (contrabaixo), Netinho (bateria) e
Risonho (guitarra solo).

Depois de muitos ensaios na sala de trabalho de Antonio Aguillar na Organização Victor Costa, este apresentou o grupo em seu programa de rádio aos domingos pela manhã.

Num desses domingos, Aguillar convidou Francisco Petrônio (cantor) que era uma espécie de olheiro do Palmeiras (Diogo Mullero) Diretor da Continental Discos, para vê-los tocar.
Não deu outra! Aguillar foi convidado a levar o grupo à Gravadora e fazer o contrato para gravar imediatamente um 78 rpm.

Assim foi feito o disco, com arranjos do músico Poly, e assim que o disco foi tocado em primeira mão no programa Telefone Pedindo Bis, na Radio Bandeirantes, com apresentação de Enzo de Almeida Passos, a musica estourou no Brasil inteiro e eles se consagraram como integrantes do primeiro grupo musical conhecido em todo o Brasil no gênero.
Até no Pacaembu, em dias de jogo, a musica El Relicário era tocada e o povo gritava com o refrão: OLÉ!
Sucesso total.

Antonio Aguillar entrevista Roberto Carlos nos anos 60.

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Antonio Aguillar no camarim depois do Show de Roberto Carlos em São Paulo, no Espaço das Américas, em 20 de setembro de 2018,


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ANTONIO AGUILLAR entrevista ROBERTO CARLOS DEPOIS DO SHOW NO ESPAÇO DAS AMÉRICAS.

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Historias sobre Roberto Carlos, contadas por Geraldo Alves no livro “O MESTRE DAS ESTRELAS”..

Muitos que viveram a época da Jovem Guarda e mesmo aqueles das novas gerações que apreciam a boa música, se reportam aos anos 60/70 e com certeza já ouviram falar que o início da carreira dos grandes ídolos da música brasileira não foi nenhum “mar de rosas”, e todos tiveram que lutar muito, passando até mesmo por humilhações, como foi o caso de Roberto Carlos, que entre outras coisas, recebeu um NÃO de Ayrton e Lolita Rodrigues para cantar no programa Almoço com as Estrelas, só pra citar um exemplo.

Recentemente o primeiro empresário de Roberto Carlos, que foi Geraldo Alves, lançou um livro onde ele conta essas e muitas outras historias sobre os muitos artistas que empresariou.

Trata-se do livro “O MESTRE DAS ESTRELAS”, onde podemos ler historias como esta a seguir:

ROBERTO CARLOS ROMPE COM SEU PARCEIRO ERASMO CARLOS

“O movimento da Jovem Guarda cresceu tanto que sempre eram alvos de fofocas e intrigas dos grupos adversários e numa dessas aconteceu um momento em que o bicho pegou. Roberto estava com Geraldo Alves no estúdio da CBS, gravando, quando um dos assessores, sem o seu consentimento, ligou para ele dizendo que o Erasmo estava num programa de televisão na Record dando uma entrevista onde dizia que era ele, Erasmo, o gênio da Jovem Guarda. Na verdade essas palavras saíram do apresentador Wilson Simonal, com quem inocentemente Erasmo concordou, como ele mesmo recorda: “um tremendo mal entendido: fui homenageado como compositor no programa do Wilson Simonal na TV Record. Cantei um medley de 10 canções de sucesso da dupla Roberto/Erasmo, só que em nenhum momento alguém se lembrou de dizer que Roberto Carlos era coautor das músicas. A indústria da “fofoca” fez o resto. Ficamos um ano sem nos falar”.

Isso me causou uma profunda mágoa, por que depois desse fato a dupla de maior sucesso da Jovem Guarda estava separada. A amizade continuou, porém superficialmente. Passaram muito tempo sem compor. Depois desse período, o Erasmo marcou uma reunião comigo (Geraldo Alves) e disse:
_ Geraldo, você está muito ocupado com o Roberto, por isso… se você não fizer questão… vou arrumar outro empresário.”

Estas e outras historias estão no livro “O Mestre das Estrelas”, de Geraldo Alves.

Aqui algumas fotos do seu acervo.