O Guitarrista de Rock José Provetti, o inesquecível Gato.

Joe Primo descobre Gato!

Trabalhando nos meios de comunicação, Primo Moreschi, apelidado Joe Primo, havia gravado duas músicas em 78 rotações, sendo “Você me Fez de Limão” de autoria de Américo de Campos e Teixeira Filho  e “Água de Cheiro”, de Aguiar Rodrigues e Joe Primo, e estando ele em todo e qualquer lugar onde, de uma forma ou de outra, seu disco fosse tocado, voltou à Rádio Nacional de São Paulo para participar de outro programa de lançamentos musicais, programa este intitulado “Ritmos Para a Juventude”, cujo apresentador chamava-se Antônio Aguilar.

Quando Joe Primo entrou nos estúdios, algumas fãs que se encontravam lá dentro e… “Reconheceram-me e, como sempre acontece quando elas vêm um artista, deram gritinhos característicos, abraçando-me e pedindo autógrafos, o que me deixou com mais moral perante o apresentador Antônio Aguilar, que até então ainda nem tinha ouvido falar no meu nome. Radialista e jornalista experiente que era, não perdeu a oportunidade dos gritinhos das fãs para reportar aos ouvintes de seu programa, que estava no ar, o porquê daquela euforia, dizendo: “Acaba de entrar nos nossos estúdios, ele… vocês estão ouvindo ao fundo o alvoroço das fãs… está um pouco difícil para ele conseguir chegar até aqui… vocês vão ouvi-lo e reconhecê-lo, porque ele mesmo vai se apresentar”.

Passou-me o microfone, e eu disse: “Quem vos fala é Joe Primo. É com muito prazer que estou aqui, para participar do programa do nosso amigo Antônio Aguilar, que gentilmente convidou-me para estar com vocês”.

O apresentador, mesmo sabendo que não havia me convidado, prosseguiu: “Gosto de fazer dessas surpresas para os nossos ouvintes, e é por essa razão que nossa audiência aumenta a cada dia”, ao que eu retruquei: “Aguilar, meu amigo, você tem que ampliar seu estúdio ou fazer seu programa diretamente do auditório da Rádio Nacional para dar chances a mais fãs poderem conviver com seus artistas”.

Ele prosseguiu o diálogo, dizendo: “Joe Primo, meu amigo, deixe estar que vou pensar seriamente nesse assunto”.

Após terminar o programa ele me disse: “Obrigado pelo improviso, bem como a sugestão que você deu com o programa no ar. Mas, quanto a ampliar o estúdio, impossível. Fazer o programa diretamente do auditório depende de muitos fatores. O primeiro é a verba de patrocínio, sem a qual nada se faz. O segundo: se o programa for no palco, as fãs vão querer ouvir seus cantores cantarem ao vivo, o que acarretaria a necessidade de um conjunto musical especializado em ritmos próprios da juventude para acompanhar os artistas. Sem contar que os artistas que cantam rock no momento são muito poucos. Mesmo assim, é quase certo que iriam querer ganhar algum cachê para participar. Enfim, não é fácil. Além do mais, eu ainda teria de ter poder de convencimento junto ao Abreu (diretor-geral da Rádio Nacional), para conseguir a liberação do auditório e levar avante essa empreitada. Sozinho, é quase impossível”.

Depois de ouvi-lo atentamente, disse-lhe: “Aguilar, se os problemas forem esses, eu tenho a solução para quase todos. Você não ouviu falar do meu conjunto de rock (disse-lhe o nome de um conjunto americano, famoso na época)? Pois esse grupo é meu. Você já ouviu falar de Bobby de Carlo? Pois ele, além de cantar solo, faz parte do meu conjunto”.

Aguilar, surpreso, disse: “Sim, mas, para fazer um programa diretamente do auditório, haja atrações capazes de preencher o tempo mínimo, que, acredito, deva ser de uma hora”. Respondi: “Deixa comigo. Eu e meu conjunto faremos pela manhã uns testes com alguns cantores e cantoras amadores, aos quais você fará uma chamada pelo seu programa. Os que forem aprovados serão escalados para participar, intercalando-se comigo, cantando, juntamente com o Bobby de Carlo, e meu conjunto tocando. Você verá que vai haver cantores profissionais que, ao perceberem o sucesso do programa no auditório, farão questão de participar sem sequer pensar em cachê”.

Sem pestanejar, dirigi-me para o bairro do Canindé, indo direto para a casa do Bobby De Carlo, que era amigo meu havia algum tempo. Lá chegando, contei-lhe a história, o diálogo, o combinado; ele tudo ouvia sem discordar de nada. Quebrando o silêncio, Bobby virou-se pra mim, categórico: “Primão” – olhando-me espantado – “você tá louco? Cara, como é que nós vamos tocar como conjunto se não só não temos músicos suficientes, como também não temos instrumentos e tempo hábil para consegui-los”? Eu disse: “Bobby, é o seguinte. Nós só temos que arrumar um contrabaixo e um baterista. Baterista, normalmente, costuma já ter sua bateria. Eu compro uma guitarra a prestação nas Casas Manon, da Rua 24 de Maio, e você reveza comigo na guitarra, ora solando, ora acompanhando! Uma hora eu canto e você me acompanha. Outra hora você canta e eu o acompanho. Nesse instante, Bobby me interrompeu, dizendo que se lembrou de ter conhecido um carinha que morava lá pelos lados de Santana e tocava mais ou menos violão. “Quem sabe, a gente dando algumas dicas de como era a batida da guitarra para acompanhar rock, ele aprendesse, uma vez que sabia tocar samba?” Já era meio caminho andado, portanto valeria a pena arriscar. Fomos. Bobby apresentou-me a ele, José Paulo.

Pronto e definido, só faltavam duas coisas: como fazer pra eu não passar por mentiroso, tendo em vista ter dito para o Antônio Aguilar que eu tinha um conjunto de rock com o nome de um conjunto americano, muito famoso na época, que nunca poderíamos usar, conhecidíssimo que era dos aficionados em rock no mundo todo. Chamei Bobby de lado e lhe disse: “Ajude-me a encontrar um nome em inglês que, ao ser pronunciado, confunda-se o máximo possível com o do conjunto americano”.

Depois de muito pensar, chegamos à conclusão de que o único nome plausível, que, ao ser pronunciado rapidamente, pudesse se confundir com o que eu havia dito para Aguilar seria The Vampire´s.

Resolvido o nome do conjunto de rock recém-formado.

Solucionado o problema, dirigi-me ao apresentador e o autorizei a anunciar quando quisesse o primeiro programa “Ritmos para a Juventude”, diretamente do palco do auditório da Rádio Nacional de São Paulo.

Nessa semana que antecedeu a estréia do programa, Aguilar, ao fazer as chamadas, dava tanto ênfase à atração, que o conjunto The Vampire´s antes de se apresentar em público já estava praticamente famoso.

No sábado, quando seria a estreia do programa, diretamente do palco e auditório da Rádio Nacional de São Paulo, que se situava na Rua Sebastião Pereira, no bairro Santa Cecília, às sete horas da manhã, eu, Bobby De Carlo, Zé Paulo, Jurandy e Carlão, componentes do conjunto de rock The Vampire’s, lá estávamos, arregaçando as mangas e agitando os preparativos junto com Antônio Aguilar, tentando organizar da melhor maneira possível tudo o que deveria acontecer no transcorrer das apresentações em cima do palco. Toda a direção artística musical, bem como algumas encenações em cima do palco para não deixar buracos entre uma apresentação e outra, estava ao meu cargo. Aguilar, a todo instante, vinha a um dos estúdios que improvisei para fazer testes e me perguntava: “E aí, Joe Primo? Você tá confiante? Você acha que nós vamos conseguir preencher o horário cedido pela direção? Será que vai ter um bom público no auditório?” Respondia: “Tenha calma, Aguilar. Ainda falta mais de uma hora para o início do programa. Assim que eu terminar os testes com esse pessoal todo, vou ver quem tem condição de cantar hoje e intercalar uns três ou quatro deles com o Bobby De Carlo cantando “Oh, Eliana”. Em seguida, você usa seu poder de persuasão e convencimento, aproveitando a deixa dos aplausos destinados ao Bobby De Carlo, para valorizar o novato que irá se apresentar em seguida. Mais uns três novos e você anuncia Joe Primo, e eu canto. Novamente, alguns novos cantam e você chama o Carlão. Em seguida, encerramos com The Vampire´s tocando e deixando os participantes dançarem em cima do palco, enquanto você vai agradecendo a juventude presente, prometendo uma nova atração no outro sábado. Aí, tchau e benção”. Combinado, respondeu Aguilar.
Continuando com os testes. A fila de quem queria cantar era enorme, e como o êxito desses testes estaria condicionado quase 50% ao sucesso do programa de auditório, eu tinha que ser rigoroso, pelo menos dessa primeira vez. Devido ao pouco tempo de que dispunha para fazer um teste e ao mesmo tempo ensaiar o número que o novato apresentaria, resolvi que os que fossem aprovados por mim dissessem apenas o nome da música que iriam cantar. No palco, improvisaríamos uma introdução, e o novato entraria cantando. Foi a única maneira conciliatória que encontrei e, diga-se de passagem, não poderia ter sido melhor.

Dentre os amadores que aprovei, havia um que até no teste contagiava a gente. Só cantava o repertório de Little Richard, com movimentos de pernas e corpo dignos de elogio, indo ao encontro, portanto, do gosto do público frequentador de shows de rock. O nome artístico escolhido por ele era Jet Black. Ficamos eufóricos com a desenvoltura do crioulinho nos testes.

O nome escolhido para o grupo foi The Vampires, uma referência ao conjunto The Ventures, maior sucesso na época.

Após alguns sábados de sucesso total do programa “Ritmos para a Juventude”, diretamente do auditório e palco da Rádio Nacional de São Paulo, durante os ensaios, antes de entrarmos no palco, havia um rapaz, que, sentado ao piano, de vez em quando, dava uns toques discretos para não atrapalhar nosso ensaio. Veio-me à cabeça: “Como o Bobby De Carlo volta e meia falta aos sábados, seria uma boa eu tentar falar com esse cara. Se ele topar tocar piano em nosso conjunto, vou matar dois coelhos com uma cajadada. Na maioria dos arranjos de rock, o piano é usado. E ele vai cobrir a falta do Bobby de Carlo”. Perguntei se ele tocava piano há muito tempo. Respondeu-me que somente arranhava um pouco. Convidei-o para tocar conosco, ele aceitou e me disse que tinha uma guitarra. Perguntei-lhe se também sabia tocá-la. Respondeu-me que sabia arranhar um pouco. Disse-lhe que, após o programa, entraríamos em mais detalhes. Por enquanto, se ele quisesse atacar de piano compondo o conjunto The Vampire’s, tinha meu consentimento. Perguntei-lhe o nome e o informei a Aguilar, para que anunciasse sua entrada como participante do conjunto. O apresentador se enrolou todo ao anunciar. Não sabia se era José Provetti ou se era Gato. Mas, usando seu jogo de cintura de disc-jóquei, consertou: “É lógico que eu estou falando do nome artístico de José Provetti, ou seja, Gato, esse novo integrante que entra para valorizar ainda mais The Vampire´s, conjunto famoso que essa juventude feliz e sadia já elegeu como o melhor grupo de rock”!

Agora, dá-lhe ensaiar músicas instrumentais para deixar o prestígio adquirido com o programa crescer ainda mais. Dito e feito. Logo na primeira apresentação que fizemos tendo o Gato como solista, foi um sucesso. Dentre todos os cantores que devíamos acompanhar se encontrava, como sempre, o novato Jet Black. Durante os ensaios, dada a intimidade que tínhamos, eu brinquei com ele, dizendo: “Jet Black, você, por ser pequeno, deveria se chamar “Little Black” e deixar que nós nos chamássemos Jet Black´s”, ao que ele imediatamente respondeu: “Positivo, eu gostei, eu topo.” Eu não havia falado sério, fiquei surpreso e, como não simpatizava muito com o nome The Vampire’s, consultei Gato, Zé Paulo e Jurandy sobre o assunto.

The Vampire’s passou a ser nome do passado e passamos a usar The Jet Black´s”.

(Do livro de Primo Moreschi, “O Protagonista Oculto dos Anos 60”.

E assim, no ano de 1961 o Gato passou a integrar o conjunto que agora se chamava The Jet Black`s!

Nesta reportagem falamos sobre a sua breve e talentosa carreira como guitarrista de Rock:

https://wordpress.com/posts/luciazanetti.wordpress.com?s=Jos%C3%A9+Provetti%2C+o+Ga

Em 1966 Roberto Carlos estava tendo problemas no seu programa, pois não tinha um conjunto certo para acompanha-lo, então resolveu formar o seu.

Faltava um guitarrista para completar a formação e ele convidou Gato, que já não estava mais no The Jet Black`s, para tocar com eles, formando assim o RC-4: Bruno, Dedé, Wanderley e ele, o Gato, integrando a formação do RC-3 e depois RC-7, acompanhando Roberto Carlos durante todo o período Jovem Guarda e até por algum tempo depois.

José Provetti nasceu em Valparaíso-SP em 7 de Janeiro de 1941.

Filho de Ricardo Provetti e Antonia Buonvonatti, lavradores. Em 1948, a familia Provetti mudou-se para São Paulo. Em 1951 formou dupla caipira com Zé Cascudo, esse tocando violão e Gato tocando viola. Estudou violão clássico com o prof. Salvador Viola no Largo do Paissandú.

O dia 24 de fevereiro de 1991 foi muito especial para o Rock brasileiro e seu meio musical, pois foi o último encontro de Gato com seus ex companheiros do conjunto The Jet Black`s…

The Jet Black`s – Serginho Canhoto, Zé Paulo, Jurandi e Gato saindo da Boate Salon em São Paulo – 1966

Depoimento do músico Zezinho Mulero sobre o guitarrista

“Eu vi Gato poucas vezes, inclusive a última vez que eu o vi, ele estava derrubado fazendo jogo de bicho, em uma Padaria na Rua Agostinho Gomes, no Ypiranga em São Paulo. Tentei puxar conversa, mas ele não queria falar nada sobre Jet Black`s e nem Jovem Guarda. Já estava em seus últimos dias… Se você o tivesse visto, não o reconheceria como o grande Gato”!

Renato Barros comenta sobre o guitarrista que tocou na gravação de “Negro Gato”!

Em 25 de dezembro de 2019 publiquei no Facebook o vídeo do clipe da música “Quando” com a seguinte descrição:

Uma curiosidade: para quem não sabe, nos filmes o som das músicas era de Renato e Seus Blue Caps e a dublagem mostrava o conjunto RC- 7. Isto não foi comentado na época pra não tirar a ilusão do público, mas nas filmagens sempre foi feito assim, e era uma orientação do Sr. Evandro Ribeiro, Presidente da CBS na época.
Também para quem não sabe, o Gato nunca gravou com Roberto Carlos quando fazia parte das formações do RC7, assim como nenhum músico do RC-7 também não gravava com Roberto.
Nas gravações quem executava o contrabaixo sempre foi Paulo Cezar Barros.

Quando publiquei estas informações, gerou muita curiosidade por parte do pessoal interessado em saber quem tocava em cada música nos Anos 60, quando os discos não traziam seus nomes, e muitos acreditavam que a guitarra na gravação da música “Negro Gato”, por exemplo, havia sido executada pelo Gato, o José Provetti dos Jet Black’s e RC-7, devido à existência da ficha técnica incluída nos CDs lançados nas caixas da coleção “Pra Sempre Anos 60, 70, 80 e 90”, relatando os nomes dos conjuntos que acompanharam Roberto Carlos nas músicas.

Foi então que no dia seguinte, em 26 de dezembro de 2019, enviei o vídeo oficial de “Negro Gato” a Renato Barros e perguntei a ele se ouvindo a gravação ele reconheceria quem era o guitarrista nesta gravação, sabendo-se que ele próprio não era, pois Renato não gravou neste disco do Roberto…

Renato então respondeu assim:

Olha… É por isso que eu não gosto de falar de coisas muito antigas, de muito tempo, por que as coisas naquela época rolavam assim… muito atropeladas, uma coisa em cima da outra, havia aquela empolgação e eu sinceramente não me lembro mais de muita coisa que acontecia nas gravações.
Agora… por eliminação, eu vou dizer a você que não acredito que tenha sido o Gato, sinceramente, por que o Gato não tinha acesso ao Rio de Janeiro naquela época, ele era do The Jet Black’s, entendeu? Mas eu arrisco dizer que pode ter sido o GB (Carlos Roberto), o guitarrista de um grupo chamado “The Angels” que depois passou a se chamar The Youngsters.
Nós éramos amigos e eles participavam muito na CBS e participavam muito dos discos do Roberto Carlos também, entendeu?
Eu acho que o Gato com certeza não foi, por que o Gato era guitarrista do The Jet Black’s e vivia em São Paulo, ele não vinha para o Rio de Janeiro e muito menos pra gravar, não tinha cabimento a CBS chamar um músico de São Paulo pra gravar o disco aqui no Rio de Janeiro.
Então, até por uma questão de economia, o Sr. Evandro não permitiria isso, sabe? Eu acho que pode ter sido os Youngsters.
O Roberto gostava muito dos Youngsters também.

Então é isso… Agora por favor Lucinha, não me faz pergunta muito antiga por que a memória é curta! (risos)
Ah! E outra coisa: eu estou dizendo que essa guitarra não é minha, essa guitarra desse disco do Roberto Carlos, mas depois eu gravei Splish Splash, depois eu participei de todas as gravações naquela fase mais romântica do Roberto Carlos.
Era aquela fase mais romântica e eu não me lembro de cabeça os nomes dos discos, mas tinha “As curvas da estrada de Santos”, aquela coisa toda naquela época, e outra coisa, depois o Roberto foi gravar nos Estados Unidos com músicos lá dos Estados Unidos, músicos americanos, entendeu?
O guitarrista lá era o Vincent Bell, aquele que fez sucesso com a música Tema do Aeroporto, daquele filme “Aeroporto”, então durante um bom tempo o Roberto gravou nos Estados Unidos com músicos americanos.
O Gato era do The Jet Black’s.
É que as pessoas, no caso os historiadores, eles confundem muito as coisas. O Gato era guitarrista do Roberto Carlos pra tocar nos Shows. Fazia parte do RC-7, que antes era RC-4, RC-5 até chegar ao RC-7.
Muitas vezes, por dedução, as pessoas podem pensar que tenha sido o Gato, mas tenho quase certeza que era o GB do Youngsters.

Sabe Lucinha, parece que agora tudo que eu falo é sujeito a confirmação, mas eu adoro isso, eu aprendo também sabe?
Outra coisa, eu acho que é uma obrigação do músico se auto reconhecer através do som do seu instrumento, através da sua maneira de tocar, mas eu não vou ficar respondendo um a um “ah! fui eu, ou então não fui eu!”
Então é bom que você faça esta matéria mesmo por que a gente esclarece para as pessoas, não é? Todo mundo gravava naquela época, todo mundo!
Primeiro gravava só os Youngsters, misturava depois com elementos dos Fevers…

Mas olha, existe uma possibilidade de ter sido o Gato o guitarrista, por exemplo, eu toquei e gravei junto com Tom Jobim uma música (risos). Mas foi um acidente … É que tem coisas que aconteciam esporadicamente, então pode ter acontecido de exatamente nessa música o Gato ter participado por que estava lá por perto no estúdio naquele momento… Mas pra mim eram os Youngsters, não era o Renato e Seus Blue Caps nem eram os Fevers, pra mim eram os Youngsters por que Youngsters nessa época participava mais, mesmo por que o Renato e Seus Blue Caps estava estouradíssimo, a gente não tinha mais tempo de trabalhar dentro da CBS e eu fui muito prejudicado na minha carreira de produtor, por exemplo, por que a gente naquela época viajava durante dois meses seguidos, a gente ficava fora do Rio de Janeiro viajando pelo Brasil e a gente ia cedendo o terreno para os outros colegas…
Então eu, sinceramente, sobre essa música “Negro Gato”, eu não tenho como dar informação nenhuma sobre a gravação do Roberto Carlos por que eu não estava lá, eu não estava. Com certeza não fui eu, mas, por intuição, eu acho que foi o GB, não sei…

Eu me lembro de que o RC-7, por volta de 1966 até mais ou menos 1970, por aí, além do Gato tinha o Wanderlei, tinha o Dedé, tinha o Bruno, o Clécio, o Maguinho e o Dironir… Não sei se nesta mesma época já estava o Nestico, que foi também dos Jet Black’s, como o Gato.
Eu conheci todos eles, conheci ainda quando era RC-4, aí foi aumentando, passou a RC-6 até chegar a RC-7.

(Nota: Fui pesquisar depois e verifiquei que o RC-4 passou a RC-7 com Maguinho no Trumpete, Nestico no Sax Tenor e nos arranjos dos metais e Raulzinho (Raul de Souza) no Trombone de Vara, informação esta publicada por Lilu Aguiar no grupo Eternos Anos 60).

Poxa… Essa rapaziada era muito forte, era muito boa, nessa banda do Roberto Carlos, todos os componentes eram de São Paulo, a gente se via pouco, mas eu admirava muito, muito mesmo o RC-7.
De todos eles só tinha um que era carioca, que era o Dedé, que era com quem eu mais convivia e até hoje de vez em quando eu vejo o Dedé, ou tenho notícias dele, falo com ele, mas o RC-7 foi muito importante pra música do Roberto Carlos.
E o RC-7 fazia exatamente como o Roberto Carlos gravava nos discos. E nos discos ou era o pessoal do Renato misturado com os Fevers, ou eram os Youngsters, mas não importa, quando chegava ao vivo o RC-7 fazia tudo copiadinho, direitinho, era uma rapaziada muito, muito boa.

O nosso baterista Gelson Moraes, por exemplo, também não participava das gravações de Renato e Seus Blue Caps como baterista, quem participava era o Toni.

O Roberto Carlos usava uma guitarra Phelpa e antes da Phelpa, os instrumentos musicais como guitarra, baixo, eles eram fabricados todos lá em São Paulo pela Giannini até que surgiu a Phelpa, uma nova marca criada em São Paulo e a Phelpa fabricava guitarra, contrabaixo, e além de instrumentos ela fabricava também os amplificadores.

E a Phelpa dava de presente pra gente os instrumentos e a gente adorava isso… Então nós tivemos uma fase da Phelpa que veio tomar o lugar da Giannini na época. Eram instrumentos muito bons também, tanto quanto os da Giannini e os amplificadores também eram muito bons. Nós do Renato e Seus Blue Caps tivemos um bom tempo usando Phelpa e virou moda em São Paulo, o pessoal do Roberto Carlos também usava.

Isso até me fez lembrar que no começo nós e o Roberto Carlos, a gente tocava em Circos, e isso de tocar em circos era muito comum aqui no Rio de Janeiro, sabe… As coisas aconteciam de repente, às vezes o Roberto Carlos ligava pra mim, ou ligava para o Paulo Cezar e falava “você vai tá ocupado logo mais à noite? Não? Então vamos tocar lá no Circo tal?” Era mais ou menos assim… Nós íamos aos programas de rádio na Rádio Nacional, inclusive teve uma vez lá na Rádio Nacional que ele chegou um pouquinho atrasado, a gente ia fazer o programa Paulo Gracindo, o Roberto chegou um pouquinho… tipo cinco minutos atrasado e o Paulo Gracindo odiava a gente né, ele odiava negócio de Jovem Guarda, de Rock, ele não gostava! E o Roberto chegou um pouquinho atrasado e deu margem para o Paulo Gracindo tirar do programa. Eu me lembro de o Paulo Gracindo ficar falando “eu já não gosto desses cabeludos…”, mas a gente acabou fazendo o programa. Havia muito preconceito dos caras mais antigos do Rádio, não é! Com exceção, e eu estou falando do Rio de Janeiro, do César de Alencar, este adorava e enquanto o Paulo Gracindo não gostava, o César de Alencar dava a maior força pra gente…
Grande César de Alencar! Então era isso…

Mas eu não sou historiador e acho que a pessoa pra ser uma historiadora ela tem que realmente usar a verdade dos fatos e como tem muito tempo, difícil saber com precisão e principalmente não se pode confiar muito na memória de coisas que aconteceram há tantos anos…

Eu sinceramente Lucinha, eu terminava uma gravação, pra mim aquilo ali era um dia de trabalho e eu quando terminava eu pegava meu carro e ia pra casa e não pensava nunca mais naquilo… Aquilo já tinha ficado pra trás, mas hoje estão desencavando essas coisas… Eu acho importante, muito importante, mas desde que sejam verdadeiras.
Eu continuo te dizendo, tem certas coisas que eu não me lembro mais mesmo! Eu me lembro das brincadeiras, das farras no estúdio, mas detalhes assim eu não lembro mesmo, eu deixo por conta dessas pessoas que vão falando um monte de coisa… (risos).

O engraçado é que as pessoas não citam os contrabaixistas nestas pesquisas, só citam o guitarrista e tinham que citar todo mundo. O Lafayette, por exemplo, o músico mais importante nessa época era o Lafayette. Este sim participou de todas as músicas, marcou o som do órgão dele e, no entanto, as pessoas não falam no Lafayette, ou pelo menos eu nunca soube que falassem sobre o Lafayette.

Expliquei ao Renato que surgiram dúvidas quanto à participação do Wanderlei no filme, se era ele ou Lafayette tocando, e também houve um comentário da parte de Lilu Aguiar, irmã do saxofonista Nestico, que disse o seguinte:

“No filme meu irmão Nestico fez vários solos!!! Um logo no começo de “EU SOU TERRÍVEL” assim que o Roberto dá uma baforada de cachimbo na cara de um “inimigo”!!! A música ‘QUANDO’ foi gravada e tocada por eles. Basta ver o vídeo. Raul de Souza também faz um solo lindo durante o filme e mais para o fim há uma música do Nestico, “Coisa Blues”, que foi mais de improviso e o nome também.”

Deixe-me esclarecer bem à irmã do Nestico, que era meu amigo, eu não estou dizendo que alguém não tocou, o que eu estou querendo dizer é o seguinte: as músicas cantadas e tocadas originalmente pelo Roberto Carlos no filme eram dubladas, assim como em todos os filmes, até em filme americano, filme europeu, filme brasileiro principalmente, aquilo tudo ali era dublagem. O cara não tá cantando ali, entendeu? Como é que pode o Roberto Carlos cantar a minha música, por exemplo, “Você Não Serve Pra Mim”, no meio de umas bombas explodindo, como é que ele pode cantar dentro de um helicóptero entrando pelo túnel novo ali em Copacabana, então as pessoas têm que entender isso, é impossível você fazer essas coisas, mas aí que tá, isso não pode ser falado ou pelo menos não podia, que é pra não tirar o glamour da coisa né!
Quando eu era criança eu também achava que o cara estava cantando… Oscarito cantando, o Ivon Curi, aquela turma toda, o Cauby Peixoto, mas o cinema não permite que isso seja feito, então tudo era dublagem.
Agora veja bem, se o Nestico tocou seu instrumento, eu acho que sim também, assim como os outros músicos do Roberto Carlos, e ali só tinha gente boa. Mas quando eu falo na gravação específica, quando você ouve a gravação de uma música qualquer, aí é dublagem! O próprio cantor, tudo é dublagem por que tecnicamente seria impossível fazer ao vivo.

Mas Lucinha, eu gostaria de falar mais do Renato e Seus Blue Caps (risos), por que isso pra mim não soma nem diminui, eu não sinto nenhum acréscimo na minha vida falar sobre essas coisas.
Deve ter músicos que participaram nessa época aí e que tenham mais interesse de falar sobre esta fase, sabe, mas eu sou muito na minha, gosto muito de falar sobre o meu trabalho, sobre o trabalho da banda, um trabalho tão rico, tão bonito, com tanta história…

Tem tanta história que você até lançou um livro e eu vou ser grato a você a vida inteira por esse livro.

Pra mim isso não faz muita diferença não e eu não gosto de falar muito sobre isso, eu vou repetir, por que foi há muito tempo, já faz muito tempo!
É diferente a pessoa que ouve um disco e a pessoa que participou da feitura do disco.
São ouvidos completamente diferentes, sabe?
Rolava tanta coisa… Tanta coisa… Até recentemente eu te contei que durante uma gravação lá um dos músicos fez xixi na garrafa de guaraná do Maestro… Acontecia muita, muita coisa mesmo…

Sobre o Wanderlei e o Lafayette, vou voltar a dizer, eram muitos detalhes que aconteciam…
Eu me lembro, por exemplo, que no “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura” o Wanderlei participou ativamente tocando os teclados, tocando órgão, tocando piano, mas se você pegar (vou chutar) 90% do trabalho do Roberto Carlos foi o Lafayette!
Sei lá por que o Roberto Carlos gostava muito do Lafayette, todos nós gostávamos e eu gosto até hoje, então ele participou muito mais nas gravações não só do Roberto Carlos como nas gravações de todo mundo, inclusive nas nossas, nas de Renato e Seus Blue Caps ele participava também.

E é isso… Eu tenho que ir contando essas coisas devagarzinho por que fica tudo muito embolado na minha cabeça!
Eu sinceramente adoro o Roberto, sempre fomos amigos, não constantes assim né, por que a gente não se vê todo dia, todo mês e todo ano, mas é uma pessoa que eu admiro muito. O talento dele nem preciso falar, é uma pessoa que eu admiro como ser humano e tudo… Admiro muito o Roberto Carlos, mas sinceramente, Roberto Carlos é Roberto Carlos, entendeu?

Eu enquanto músico, eu era um músico comum lá no estúdio, era escalado ou não pra tocar determinadas músicas, eu sempre me dediquei muito mais a este meu lado de compositor e o meu lado Renato e Seus Blue Caps.
Eu sempre me dediquei muito e a este meu lado Renato e Seus Blue Caps, eu me dedico muito até hoje.
O lado compositor eu estou um pouco relaxado atualmente, mas quem sabe eu volte a compor aí…

Músico, como músico mesmo, eu já falei a você numa entrevista bem antiga, eu não me considero um músico assim e sabe por quê? Eu conheço tantos músicos maravilhosos, não só no Brasil mas no mundo, então eu sempre digo pra todo mundo assim “eu não sou músico, eu não sou músico não, eu sou compositor”… Aí em função de eu desempenhar uma arte, eu digo “eu sou um artista”, junto com meus colegas do Renato e Seus Blue Caps. Nós somos um nome que representa um artista que é o Renato e Seus Blue Caps. Agora músico eu nunca me considerei e nem faço questão de me considerar.
Eu queria deixar isso bem claro! Eu tenho bem claro na minha vida o que eu admiro em mim e o que eu não admiro, entendeu?

O músico no Brasil nunca foi muito valorizado né… Mas até que de alguns anos pra cá tá havendo uma valorização legal pra alguns músicos, eu acho isso muito bom!
Mas ninguém fala, por exemplo, que aqueles vocais, aquele coro nas gravações do Roberto Carlos era o Golderança quem fazia, que era uma mistura dos Golden Boys com o Trio Esperança, uma família né, são irmãos, mas eu sinceramente não ouço ninguém falar nos Golden Boys os quais participavam daquilo, no Trio Esperança, que participava também daquilo, é isso entendeu? Tem muita gente pra ser citada!

É complicado sabe, depois de tantos anos você falar essas coisas, ainda mais no meu caso, eu não ganho nada e nem perco nada em ter participado do disco do Roberto Carlos e dos discos de tanta gente… Não ganho nem perco nada, serve só pra história mesmo e é o que nós estamos fazendo aqui.

Eu estou tentando colaborar com você em nome da história não é, da história do que acontecia por que isso tudo acontecia também na nossa concorrente, na Odeon.
A Odeon tinha os artistas dela também entendeu? Tinha Celly Campello, Tony Campello e tantos outros, mas que já funcionava mais em São Paulo.
É difícil explicar para o leitor, muito difícil!

Disse a Renato que ele sempre diz que não se considera um músico, mas que todos discordam disso, por que sua maneira de tocar é diferenciada e muito elogiada inclusive por músicos!

Lucinha, eu estou me estendendo assim, eu sou aquele cara que dá um boi pra não entrar numa briga e eu dou uma boiada pra esclarecer tudo (risos), pra deixar tudo claro.
Só pra terminar, deixe-me te falar uma coisa: aquela época dos primórdios do Rock, todo mundo estava aprendendo…
De lá pra cá todos, inclusive eu, nós nos aprimoramos muito no decorrer do tempo, entendeu, muito, muito, muito, eu pelo menos, eu não fiquei estacionado.
Eu acredito que eu seja elogiado como guitarrista, aliás, eu vejo comentários também mas não é por isso não, é por que eu enveredei por um outro lado e eu tenho uma maneira de tocar Rock and Roll que eu fui adquirindo com o tempo.
Eu realmente, principalmente nos Shows ao vivo, as pessoas elogiam muito minha maneira de tocar, mas é uma coisa minha sabe… Própria minha, não copiei de ninguém, só que a gente vai ouvindo as coisas, vai ouvindo outros guitarristas e tudo e eu consegui ficar no meio termo, então tem pessoas que falam assim: “poxa Renato, depois de tantos anos você está tocando assim, assado e tal”… E eu fico feliz, mas tudo o que eu faço é muito natural, é muito do coração.

Também falei ao Renato que talvez ele não soubesse que o vocal da banda Renato e Seus Blue Caps é sempre muito elogiado, é um vocal muito diferenciado e que se destaca entre bandas de todos os tempos…

Os vocais do Renato e Seus Blue Caps, realmente a gente tem muito cuidado com isso, a gente tem cuidado com tudo né, na verdade a gente parece que tá começando a carreira todo dia por que pelo menos em meu nome eu devo dizer a você que eu morro de vergonha de fazer uma coisa mal feita! Quer me ver ficar com vergonha é fazer uma coisa mal feita!
Então é a dedicação mesmo, é o tempo de palco, o tempo de instrumentista, entendeu?
Uma coisa que é minha nata é que eu nunca copiei guitarrista nenhum, mas sofri influências de vários guitarristas, de vários! Principalmente os internacionais e eu coloco isso tudo humildemente na minha guitarra lá, e como eu sou muito crítico com os outros, eu sou autocrítico também e me policio demais, eu tenho uma tendência a achar que eu não fiz legal e que eu posso sempre fazer melhor… É mais ou menos isso.

Mas eu agradeço a oportunidade de fazer este esclarecimento, mesmo por que é sempre bom esclarecer certas coisas, principalmente por que a gente vê tanta besteira por aí, em vários lugares, então é bom a gente esclarecer.

Obrigado Lucinha.

O Guitarrista, Compositor, Cantor, Produtor, o Músico Renato Barros!

NOTA: Luiz Carlos Siqueira, que pertenceu ao conjunto The Youngsters, também fala sobre esta gravação:

“O GATO COM CERTEZA NÃO FOI, EU ACHAVA QUE TIVESSE SIDO RENATO E SEUS BLUE CAPS MAS PODE ATÉ TER SIDO O GB, NÃO SEI. LUCINHA MUITA COISA FICOU PERDIDA, NÃO SABÍAMOS QUE IRIA VIRAR HISTÓRIA E NÃO HAVIA REGISTRO DE PRATICAMENTE NADA. SÓ O ROBERTO DEVE SABER…BJS…PAZ”

Em 04 de abril de 2022, Paulo César Barros confirmou que foi o GB dos Youngsters o guitarrista que tocou em “Negro gato”.

A Polêmica Historia que envolve o nome da Banda The Jet Black`s e sua fundação.

Muito já se falou da historia deste conjunto dos anos 60, tanto por historiadores como pelo legado em textos e fitas deixados por alguns de seus integrantes, a exemplo das três fitas que estão em posse do historiador Eduardo Reis e que tocam no assunto “fundação do grupo e a escolha do nome”.

A primeira fita trata-se de uma entrevista do Gato com Idalina de Oliveira em 1966 pela Rádio Tupi) onde ele fala sobre várias coisas, por exemplo:

·         Conta sobre o nome, dizendo que, na opinião dele, “The Vampires” é coisa de Transilvânia e não servia para nome de conjunto de rock´n´roll, e ele (Gato), forçou a mudança do nome, tendo escolhido o nome Jet Black´s, com apóstrofe e “S” em homenagem aos THE SHADOWS. Vejam que a história é quase a mesma contada por Jurandi, pois ele (Jura) fala que Zé Paulo havia escolhido o nome.

·          Gato cita Joe primo, fala que no início de 1962 ele pegou tuberculose e, contrariando o Jurandi, ele (Gato), Jairo (diretor da Chantecler) e o cantor Oswaldo Rodrigues, com a ajuda do prefeito de Campos do Jordão, o internaram no sanatório Nossa Senhora das Mercês em Campos do Jordão; Eloy, Guitarra base do conjunto Super Som T.A., entrou no lugar de Joe Primo.

·         Fala da sua saída dos The Jet Black´s alguns meses antes, e que estava tocando baixo no quarteto de Renato Mendes, no Johan Sebastian Bar. Quando Idalina pergunta o motivo ele diz que prefere não tocar no assunto.

A segunda fita, gravada em 1991 na casa de Guilherme Dotta, o Tico, por um jornalista da Folha de São Paulo. Nela o jornalista entrevista Jurandi, Gato e Tico, falam sobre vários assuntos e nas páginas tantas o jornalista pergunta a origem do nome. O Jurandi imediatamente fala que ele (Jura) sugeriu o nome e o Gato, de forma meio ríspida, retruca: VOCÊ? Creio que fui eu que batizei o grupo com este nome. O Jura fala qualquer coisa baixo e retoma o assunto com o comentário: Polemicas à parte o nome foi escolhido pelo grupo. Nesta entrevista fica claro que o Gato e o Jurandi não haviam esquecido as magoas do passado…

A terceira fita é uma entrevista com o Orestes, onde estavam Eduardo Reis, Foguinho e Orestes e este conta sobre a época da Boate Lancaster e quando perguntado sobre o nome do grupo ele fala que, “pelo que sabia” foi uma decisão do Gato e que este havia escolhido o nome em homenagem aos Shadows.

Porém, a verdadeira historia da mudança de nome quem conta é Primo Moreschi, o Joe Primo, legítimo e verdadeiro fundador do conjunto The Vampires, que depois se tornou The Jet Black`s!

“Para início de conversa, conheci o Gato quando o vi mexendo em um piano dentro dos estúdios onde eu (Joe Primo), Bobby De Carlo, Carlão, Zé Paulo e Jurandi, que formávamos “The Vampires”, ensaiávamos alguns cantores, os futuros participantes que iriam se apresentar no Programa Ritmos Para a Juventude, de Antonio Aguillar; Gato era ainda um ilustre desconhecido num canto do estúdio, o qual somente me chamou a atenção em razão de estar tirando alguns acordes do piano. Perguntei se ele sabia tocar piano, ele disse que arranhava um pouco, então o convidei para tocar e ele aceitou. Na semana seguinte, eu tive a ideia de conversar e sugerir a um dos integrantes amadores que testei e aprovei para participar do programa Ritmos para a Juventude (vai dai eu ter a liberdade de sugerir), cujo nome era Jet Blacks, e com as seguintes palavras eu lhe disse: Vem cá Jet Black! Você não quer trocar de nome com a gente?

Ele humildemente, e sorridente, respondeu prontamente que trocava sim. Então eu sugeri a ele que por ele ser magro e pequeno deveria se chamar Little Black, e nós The Jet Black´s.

Portanto é mentira que teve condição imposta pelo Gato para mudar o nome do conjunto, e muito menos consultei alguém além do Bobby De Carlo para mudar o nome The Vampires para The Jet Black`s.
Outra mentira deslavada, sem nenhum cabimento, está relacionada ao início do The Vampires: dizer que Jurandi, Zé Paulo, Orestes, Gato e Ernestico que iniciaram o conjunto, quando em verdade somente o Gato chegou a participar da segunda semana da fundação do The Vampires feita por mim, Joe Primo, Bobby De Carlo, Carlão, e aí sim, o Zé Paulo veio e foi quem convidou o Jurandi, que mal sabia tocar samba em alguma reunião do colégio que os dois estudavam.
O Ernestico só passou a fazer parte do conjunto quando, já como The Jet Black´s, começamos a tocar na Boate Lancaster. E o Orestes sempre foi cogitado, principalmente pelo Zé Paulo, para fazer parte integrante do The Jet Black´s, mas nunca daí dizer que ele iniciou quando ainda era The Vampires. (mentira deslavada, que inclusive cai em contradição até pela fotografia postada na página em questão, (uma tremenda montagem) tendo ao fundo uma bateria dos The Clevers sendo que esse conjunto só passou a existir após o Jurandi, Zé Paulo e o Gato, já se achando muito superior, não aceitavam mais participar do programa Ritmos Para a Juventude, daí Antonio Aguillar ter lançado o conjunto.

Esta é a foto polêmica , onde podemos ver o Joe Primo e o Carlão, porém a bateria tem o nome The Clevers.

Esta é a foto polêmica , onde podemos ver o Joe Primo e o Carlão, porém a bateria tem o nome The Clevers.

Portanto, essa foto é uma mentira, mas também serve para desmentir declarações do Jurandi de que o Orestes e Nestico iniciaram o The Vampires, pois nessa montagem não esta nem Orestes, e muito menos o Nestico. E vou mais além, nem mesmo o Zé Paulo; esse sim deveria estar. Quanto ao Orestes, só passou a integrar os The Jet Black´s, quando eu adoeci por ter dado tudo de mim até a saúde para poder fazer o The Jet Black´s ser sucesso. Passados alguns meses voltei e fui deixado de lado em prol de outro que já havia ocupado meu lugar. Em meu livro “O Protagonista Oculto dos Anos 60″ eu relato o passo a passo de como tudo aconteceu, com provas vivas até hoje, que podem e devem confirmar a veracidade dos fatos por mim relatados em meu livro de memórias.”

E tudo isso já foi revelado aqui mesmo neste Blog e visto nas redes sociais, mas sempre vale a pena mostrarmos de novo, inclusive por que tivemos também o depoimento de Bobby de Carlo sobre a veracidade dos fatos relatados pelo Joe Primo e endossados por Sérgio Vigilato, o Serginho Canhoto.

Bobby de Carlo fala sobre seu amigo e companheiro, Primo Moreschi.

Eu diria que Primo é um artista! Musico, pintor, compositor, poderia ser também um grande ator comediante. Lembro-me de um texto seu que em resumo seria isto:

“…Como você é linda, seu vestido branco, suas mãos tão delicadas, seu rosto tão lindo, sua pele clara, muito clara.
Porque não fala comigo?
Acorda! acorda! ACORRRRDA!!!
Pô!  Não vê que ela tá morta?”

Desculpe o humor negro, mas isso era coisa do Primo…

No meu primeiro LP pela gravadora Mocambo, gravei com os Megatons. Foi certamente um dos momentos de maior prazer na minha vida.
Sem imposição alguma, gravei o que queria da forma mais descontraída possível.
Com o bom humor do grupo, o clima era maravilhoso. Criei arranjos, participei como musico, convidei para participar em algumas faixas o Wanderley pianista, (ex Roberto Carlos), o Nestico sax do Jet´s, e nunca houve por parte dos Megatons, Primo, Bitão, Luiz, Renato e Edgar qualquer tipo de estrelismo.
Nós nos divertimos muito.  Coisa que não aconteceu quando da minha volta ao The Jet Black´s em l964, quando disse ao Jurandir para que criássemos algumas musicas, coisas próprias. Porem ele achava melhor “tirar” musicas de outros conjuntos, ou seja, copiar o original e tocar nos Jet Black´s. Coisas estas que fazíamos em nossa adolescência musical.
O Orestes saiu, e eu, desmotivado, saí também.

Serei sempre amigo do Primo, tenho-o em alta estima.
Tenho certeza que a década de sessenta será marcada positivamente em nossas vidas!”

Um grande abraço
Bobby.

Joe Primo, o Precursor da História dos Jet Black’s!

Joe Primo, nome artístico de Primo Moreschi, é uma dessas pessoas predestinadas e muito especiais, que vieram ao mundo para construir uma vida rica de fatos pitorescos e situações inusitadas, sempre convivendo com venturas e desventuras, desafiando a morte e a vida com muito bom humor e propriedade, tirando dos infortúnios, força para sobrepujar os obstáculos que permearam sua vida, sempre tirando ensinamentos ao longo de sua trajetória, sem jamais esmorecer.
Filho dos italianos Concheta e José Moreschi, Primo foi o caçula de nove irmãos e ainda muito pequeno perdeu a mãe e em seguida o pai, tendo que viver de um lado para outro, sem um lar, primeiro de favor na casa de irmãos, depois tendo que trabalhar desde tenra idade para pagar seu próprio sustento em pensão domiciliar.
Ainda quando tinha de sete para oito anos de idade, Primo teve o primeiro contato com os instrumentos musicais, pois acompanhava seu irmão mais velho nos ensaios de sua banda country chamada Rancheiros da Paulicéia. Eles tocavam na Rádio América e Primo acompanhava os ensaios e assim aprendeu também a tocar violão e guitarra.
Primo nasceu artista e por necessidade aprendeu a profissão de retocador de retratos para ter o seu próprio sustento, e também exerceu a profissão de fotógrafo. Além disso, costumava compor canções e um belo dia a oportunidade de entrar para o meio artístico surgiu em um encontro casual com o compositor Américo de Campos.
Joe Primo gravou seu primeiro disco e tornou-se conhecido em 1961, com as músicas “Ela me fez de limão” e “Água de cheiro” sendo transmitidas pela Rádio Nacional de São Paulo, chegando às paradas de sucesso.
Foi em suas andanças pelas rádios de São Paulo para a divulgação do seu 78rpm que Joe Primo teve oportunidade de voltar à Rádio Nacional para participar de um programa de lançamentos musicais, intitulado “Ritmos para a Juventude”, cujo apresentador era Antonio Aguillar. Foi nessa época que ele teve a ideia de formar um conjunto de Rock para acompanhar os cantores que se apresentavam naquele programa, e juntamente com o amigo Roberto Caldeira dos Santos, o Bobby de Carlo, fundou o conjunto The Vampires, que viria a ser The Jet Black’s, em um tempo em que o Rock’n’Roll começava a marcar presença no Brasil.
Foi assim que o menino órfão, que passou tantas privações na vida, tendo sido até mesmo acometido por grave doença, precisando ser internado no Sanatório Nossa Senhora das Mercês em Campos do Jordão para se tratar da doença que o acometeu devido a ter passado fome e frio em suas peregrinações pelas rádios e gravadoras em busca de divulgação dos discos do conjunto, iniciou os primeiros passos para que o Brasil tivesse uma das mais queridas e famosas bandas de Rock Instrumental, The Jet Black’s, cujo sucesso foi tanto que mesmo tendo já se passado mais de 50 anos do início de tudo, não há quem não tenha ouvido falar nela!
Primo Moreschi ainda formou Os Megatons, um grupo que se destacou pelos sons exóticos e criativos perpetuados na música jovem, antes de se retirar definitivamente do meio artístico para viver em Campo Grande/MS, onde constituiu família e tornou-se reconhecido empresário da indústria de moveis planejados e exclusivos.

“O PROTAGONISTA OCULTO DOS ANOS 60”

O breve e inesquecível “Pulo do Gato”!

DE COMO GATO ENTROU PARA O CONJUNTO THE JET BLACK`S

“Após alguns sábados de sucesso total do programa “Ritmos para a Juventude”, diretamente do auditório e palco da Rádio Nacional de São Paulo, durante os ensaios, antes de entrarmos no palco, havia um rapaz, que, sentado ao piano, de vez em quando, dava uns toques discretos para não atrapalhar nosso ensaio. Veio-me à cabeça: “Como o Bobby De Carlo volta e meia falta aos sábados, seria uma boa eu tentar falar com esse cara. Se ele topar tocar piano em nosso conjunto, vou matar dois coelhos com uma cajadada. Na maioria dos arranjos de rock, o piano é usado. E ele vai cobrir a falta do De Carlo.” Perguntei se ele tocava piano há muito tempo. Respondeu-me que somente arranhava um pouco. Convidei-o para tocar conosco, ele aceitou e me disse que tinha uma guitarra. Perguntei-lhe se também sabia tocá-la. Respondeu-me que sabia arranhar um pouco. Disse-lhe que, após o programa, entraríamos em mais detalhes. Por enquanto, se ele quisesse atacar de piano compondo o conjunto The Vampire’s, tinha meu consentimento. Perguntei-lhe o nome e o informei a Aguilar, para que anunciasse sua entrada como participante do conjunto. O apresentador se enrolou todo ao anunciar. Não sabia se era José Provetti ou se era Gato. Mas, usando seu jogo de cintura de disc-jóquei, consertou: “É lógico que eu estou falando do nome artístico de José Provetti, ou seja, Gato, esse novo integrante que entra para valorizar ainda mais The Vampire´s, conjunto famoso que essa juventude feliz e sadia já elegeu como o melhor grupo de rock!” Casualmente, sem saber que estava praticamente profetizando, Aguilar anunciou o cantor que já havia virado o eleito dos novatos que se apresentavam aos sábados, Jet Black, que iria cantar acompanhado por The Vampire´s, com Joe Primo na guitarra, José Paulo na guitarra base, Jurandy na bateria, Carlão no baixo e, agora, Gato no piano. Terminado o programa, novamente um sucesso crescente, nós nos dirigimos à oficina de tapeçaria de carro, situada na Rua Hanneman, ao lado da Igreja Santo Antonio do Pari, de um amigo nosso, Jhony, e seu irmão Benê, que gentilmente nos cediam o local para os ensaios. Nesse ensaio, fizemos em comum acordo uma nova ordem de entrada com referência aos instrumentos que seriam tocados, ou seja, tendo em vista a desenvoltura apresentada por Gato nas preliminares de suas exposições, dado o modo como pegava na palheta para fazer algum improviso em uma guitarra amarela dourada, extraindo um som próximo ao de uma guitarra com alavanca, que a dele não tinha, resolvi indicá-lo como guitarra solo. Todos concordaram. Fiquei com a guitarra base, o José Paulo, com o baixo, e o Jurandy continuou sendo baterista.” (Primo Moreschi, O Protagonista Oculto dos Anos 60)

José Provetti nasceu em Valparaíso-SP em 7 Janeiro 1941. Filho de Ricardo Provetti e Antonia Buonvonatti, lavradores. Em 1948, a familia Provetti mudou-se para São Paulo. Em 1951 formou dupla caipira com Zé Cascudo, esse tocando violão e Gato tocando viola. Estudou violão clássico com o prof. Salvador Viola no Largo do Paissandú.

Gato - eu sou assim

Gato era o apelido de José Provetti e que ele usou durante toda sua vida adulta. Gato foi simplesmente o melhor guitarrista de rock’n’roll do Brasil. Não se sabe muito de sua vida antes de ser descoberto por Joe Primo no programa Ritmos para a Juventude… Sabe-se que nasceu em 07 de janeiro de 1941 na cidade de Valparaíso-SP, uma pequena cidade próxima a Guararapes, Andradina and Araçatuba. Seus pais eram pobres e trabalhavam em fazendas da região.

Em 1948, quando Zezinho estava com 07 anos sua família mudou-se para São Paulo. Em 1951, quando ele estava com 10 anos, juntou-se a Zé Cascudo e com ele formou uma dupla caipira. Um tocando violão e o outro viola. Um cantava a melodia e o outro a harmonia, que é a alma da música regional brasileira. Zé Provetti & Zé Cascudo deve ter sido mais uma entre tantas duplas. Depois Zé começou a ter aulas de violão clássico com Salvador Viola no Largo Paissandú no centro de São Paulo.

Não se sabe exatamente quando houve a conversão do Gato para o Rock mas não é difícil imaginar que ele deve ter se apaixonado por algum daqueles guitarristas dos primórdios do rock, pois já em 1959 Gato era um virtuoso na guitarra e fez parte da turma da gravadora Young, sendo líder dos Jester Tigers, acompanhando a maioria dos cantores. Gravou dois discos solo pela Young, um cantando ‘Kissin’ time’ e ‘What’d I say’ e no outro solando sua guitarra em ‘Paris Belfort’ e ‘Parada da Juventude’. Gato não apenas tocou guitarra como também cantou… e cantou em um ótimo inglês. Sua versão de ‘Kissin’ time’ é ótima e a de ‘What’d I say?’ também não é nada mal.

Gato também tocou guitarra na maioria das faixas gravadas pela Young Records, quando era o líder do The Jester Tigers.

Por volta de 1960 e 1961, Gato tocava aqui e ali… até que em 1962 entrou para o conjunto The Jet Black”s, a convite de Primo Moreschi, o Joe Primo.
Eles tocavam na boite Lancaster, localizada na época na Rua Augusta in São Paulo. Logo eles gravaram ‘Stick shift’, um disco 78 rpm pela Chantecler. Em setembro de 1962 a Chantecler lançou ‘Apache’, sucesso que chegou ao #1 das paradas.

The Jet Blacks lançaram dois álbuns seguidos e em 1964, houve uma avalanche de imitadores em todo o país. O Rock’n’roll brasileiro tinha vindo pra ficar!

Nesta foto, do acervo de Sérgio Vigilato (Serginho Canhoto), estão Zé Paulo, Gato, Serginho, e Jurandi na bateria.

Fernando Zara, à esquerda, era o produtor deste programa ao vivo da Rádio Piratininga, levado ao ar às 6as.feiras no auditório do Instituto de Arquitetos na Rua Bento Freitas, subsolo. Ao lado dele está Luiz Alberto como apresentador do programa intitulado ‘Clubinho da Juventude’, que tinha seu similar na TV Excelsior, Canal 9, às quintas-feiras às 17h. (Informações de Fernando Zarakauskas para a página Jovem Guarda, a Brasa Continua Acesa).

foto Jet Blacks

Em 1961 se tornou DJ na Rádio Piratininga e Rádio Santo Amaro. Na Piratininga José Provetti apresentava os programas ‘Diz que não conhece’ e ‘A bolsa do disco’. Com o sucesso absoluto dos Jet Black’s, Gato abandonou suas atividades de disc-jockey.

Começou a participar ativamente do programa ‘Rítmos da Juventude’ de Antonio Aguillar pela Rádio Nacional de São Paulo todos os sábados das 15h às 17h, e foi lá que conheceu Joe Primo e entrou para o conjunto The Vampires, que depois se tornou the Jet Black’s.

Sonia Andrade, Presidente do Fã Club Ronnie Cord, condecorando o musico Gato, ao lado de Antonio Aguillar que transmitia o acontecimento e também a presença de George Freedman, um de seus maiores amigos.

Sonia Andrade, Presidente do Fã Club Ronnie Cord, condecorando o musico Gato, ao lado de Antonio Aguillar que transmitia o acontecimento e também a presença de George Freedman, um de seus maiores amigos.

Miguel Vaccaro Netto conseguiu que gravassem um 78 rpm dos Jet Black’s na Chantecler. Gravaram ‘Apache’ em outubro de 1962, que estourou nas paradas, começando assim uma nova tendência dentro do rock nacional.

Em Janeiro de 1963 a Chantecler lançou ‘TWIST’, o 1o. LP dos Jet Blacks, que foi para o primeiro lugar nas paradas de sucesso, de imediato! Em Junho de 1963 a Chantecler lançou ‘Twist Again’, o segundo LP do conjunto. Foi sucesso absoluto, que abriu caminho para The Jordans, The Clevers e todos os outros conjuntos instrumentais que iam surgindo no Brasil.

The Jet Blacks na revista Melodias

Gato tocou na banda até sair em 1966, sendo substituído pelo não menos competente guitarrista Emilio Russo (ex-The Lions).

Revista Intervalo - edição de 24 de abril de 1966. Na foto, da direita para a esquerda: Emilio Russo, Jurandi, Gato e Zé Paulo

Revista Intervalo – edição de 24 de abril de 1966.
Na foto, da direita para a esquerda: Emilio Russo, Jurandi, Gato e Zé Paulo

Sai do conjunto The Jet Black`s em 1966

Sai do conjunto The Jet Black`s em 1966

 Por volta de Março de 1966 então Alemão, Zé P, cuja formação era então Alemão, Zé Paulo e Jurandi. O artigo da Intervalo diz que Fato estava prestes a ter um colapso nervoso devido a muitos compromissos como músico e não podia suportar mais. Os rapazes compreenderam e começaram a procurar seu substituto. Em 19 de março de 1966 Emilio tornou-se oficialmente lead-guitarrist e foi apresentado por Roberto Carlos no programa Jovem Guarda num domingo, dia 20 de março de 1966 como sendo o mais novo membro da banda. Emilio tinha 21 anos (nasceu em 1945), 1.80m de altura./ Around March 1966 Gato up and left The Jet Blacks who were then Alemão, Zé Paulo & Jurandir. The article at Intervalo says Gato was close to a nervous breakdown due to too many engaments as a musician and couldn't cope with it anymore. The guys understood Gato's predicament and went on the look out for a replacement. The boys went on a raid through most night-clubs in Sao Paulo and finally found lead-guitarrist Emilio playing with The Lions and popped the question to him. Emilio is an excellent guitarrist and a good looking one to boot. As of 19 March 1966, Emilio became the official lead-guitarrist with The Jet Blacks having been introduced by Roberto Carlos at 'Jovem Guarda' on the Sunday 20 March 1966 as the newest member of the band. Emilio was 21 years old (born in 1945) and 1.80 metres tall. Gato would then go into a detox joint and soon join Roberto Carlos's band.

Por volta de Março de 1966 então Alemão, Zé P, cuja formação era então Alemão, Zé Paulo e Jurandi. O artigo da Intervalo diz que Fato estava prestes a ter um colapso nervoso devido a muitos compromissos como músico e não podia suportar mais. Os rapazes compreenderam e começaram a procurar seu substituto. Em 19 de março de 1966 Emilio tornou-se oficialmente lead-guitarrist e foi apresentado por Roberto Carlos no programa Jovem Guarda num domingo, dia 20 de março de 1966 como sendo o mais novo membro da banda. Emilio tinha 21 anos (nasceu em 1945), e 1.80m de altura. / Around March 1966 Gato up and left The Jet Blacks who were then Alemão, Zé Paulo & Jurandir. The article at Intervalo says Gato was close to a nervous breakdown due to too many engaments as a musician and couldn’t cope with it anymore. The guys understood Gato’s predicament and went on the look out for a replacement. The boys went on a raid through most night-clubs in Sao Paulo and finally found lead-guitarrist Emilio playing with The Lions and popped the question to him. Emilio is an excellent guitarrist and a good looking one to boot. As of 19 March 1966, Emilio became the official lead-guitarrist with The Jet Blacks having been introduced by Roberto Carlos at ‘Jovem Guarda’ on the Sunday 20 March 1966 as the newest member of the band. Emilio was 21 years old (born in 1945) and 1.80 metres tall. Gato would then go into a detox joint and soon join Roberto Carlos’s band.

Na reportagem da Revista Intervalo consta que Gato estava prestes a ter um colapso nervoso devido a muitos compromissos como músico e não podia continuar mais.

The jet Blacks - Serginho, Zé Paulo, Gato e Jurandi

Os rapazes da banda compreenderam os motivos de Gato e começaram a procurar alguém para substituí-lo. Fizeram uma busca pelas boates e night-clubs em São Paulo e finalmente descobriram o guitarrista Emilio Russo tocando com o conjunto The Lions e fizeram a proposta a ele.

Gato passou por um período de desintoxicação e em breve se juntou ao RC3, de Roberto Carlos.
Gato foi instrumental na formação do RC-3 e depois RC-7 que acompanharam Roberto Carlos durante todo o período Jovem Guarda e até por algum tempo depois.

Gato, Serginho Canhoto, José Paulo e Jurandi em 1965 - foto no caderno de recordações da fã Nanci Satriani Ribeiro

Gato, Serginho Canhoto, José Paulo e Jurandi em 1965 – foto no caderno de recordações da fã Nanci Satriani Ribeiro

Últimas imagens de Gato

Em fevereiro de 1991 aconteceu um encontro na casa do saudoso Guilherme Dotta (The Jet Black`s), onde estiveram presentes Tony (Jordans), Nenê (Incríveis) Jurandi (Jet Black’s), que ainda estavam na ativa, Gatto (Jet Black’s) e Alladin (Jordans).

Seguem duas fotos do acervo do Fares Darwiche, feitas por Celso Fonseca, um repórter musical do Jornal da Tarde na época que se reportava a Castilho de Andrade, um fã da Jovem Guarda que junto com o Fares fizeram o filme de lançamento do Livro de Albert Pavão em sua primeira edição nos anos 80 no Hotel Normandie.
Celso foi levado pelo parceiro do Fares ao documentário, Valdimir D’Angelo, hoje Diretor da Gravadora Arlequim, e que também estava presente no local.
O Fotografo do evento é um baixinho à esquerda na foto do jornal.

Guilherme Dotta 1

Guilherme Dotta 2

Mais fotos do memorável encontro realizado em fevereiro de 1991 na casa do saudoso Guilherme Dotta. Este encontro fez parte de um Projeto realizado por Fares Darwiche e Valdimir D’Angelo, onde eles gravaram depoimentos com quase toda a Jovem Guarda, durante um período em dupla e depois cada um separadamente.

Gato e amigos na casa do Dotta

Gato na casa do Dotta

Gato na casa do Dotta 2

Todos estavam um pouco “enferrujados” pela distancia (em tempo) que estavam de seu instrumento. Mas o que se passou naquela tarde foi inesquecível. Os músicos “desenferrujaram” com mais ou menos 2 horas e meia de som, documentado em VHS (que está sendo devidamente restaurado).

Fares Darwich conta que um fato foi inesquecível e o levou às lágrimas…

A banda era Tony (Jordans), Nenê (Incríveis) Jurandi (Jet Black’s) que estavam na ativa, Gatto (Jet Black’s) e Alladin (Jordans) um pouco “enferrujados” pela distancia em que estavam de seus instrumentos.
Na afinação dos instrumentos, entrosamento, ninguém se falava, apenas dedilhavam seus instrumentos e ninguém entrava. Alguns inseguros, outros aguardando quase que por “hierarquia”, se é que existe isto neste meio.
Em determinado momento o grande Jurandi, já meio p…., grita um sonoro palavrão direcionado ao Gato e Alladin, e entra com a introdução de Apache!
Como num passe de mágica, todo aquele “ferrugem” se foi como fumaça, e a música correu “emocionantemente” solta…

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Mais vídeos deste encontro:

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E assim o lendário Gato, um dos maiores guitarristas do Brasil, morreu no esquecimento e afastado da mídia em 31 de janeiro de 1996, vitimado por sequelas de um derrame cerebral, e foi sepultado no cemitério do Cajú no Rio de Janeiro.

Pesquisa: 1) Luiz Amorim, Blog Brazilian Rock

2) Grupo Eterna Jovem Guarda