Joe Primo, de fundador de bandas como The Jet Black`s e Os Megatons, a artista ignorado pela mídia!

Primo Moreschi, nome artístico Joe Primo, foi um grande artista “ocultado” pela mídia e pelos amigos!

Este foi o depoimento que Primo me escreveu depois de ver um vídeo no Youtube, o qual eu li pra vocês:

“Lucinha bom dia. Tudo que foi dito nessa reportagem, fogem completamente dos documentos que você tem arquivados ” com certeza ” inclusive a afirmativa mentirosa de que eu fui expulso. Quando  que o certo seria regeitado pela banda que eu criei, logicamente com Bobby  de Carlo. A pecha de expulso. Caberia se eu tivesse infringido alguma lei ou coisa que o valha. Reportagem aquém do que está esperado. O tempo se incumbiu de mudar a história verdadeira. A qual eu e você, transcrevemos, a qual, você e portadora das controvérsias. Prometo que não irei me aprofundar mais em nada que ma traga lembranças desagradáveis. Risquei essa página de minha vida, a qual não me trouxe nenhum centavo de lucro. Fui vergonhosamente roubado dos meus direitos tanto de cantor, compositor, e  das bandas que criei gravei e etc, olha, que a mão grande das gravadoras, e editoras e outros aproveitadores de oportunidas, deitaram e rolaram com o que me era de direito. Abraço Lucinha. Não me queira mal.”

A Polêmica Historia que envolve o nome da Banda The Jet Black`s e sua fundação.

Muito já se falou da historia deste conjunto dos anos 60, tanto por historiadores como pelo legado em textos e fitas deixados por alguns de seus integrantes, a exemplo das três fitas que estão em posse do historiador Eduardo Reis e que tocam no assunto “fundação do grupo e a escolha do nome”.

A primeira fita trata-se de uma entrevista do Gato com Idalina de Oliveira em 1966 pela Rádio Tupi) onde ele fala sobre várias coisas, por exemplo:

·         Conta sobre o nome, dizendo que, na opinião dele, “The Vampires” é coisa de Transilvânia e não servia para nome de conjunto de rock´n´roll, e ele (Gato), forçou a mudança do nome, tendo escolhido o nome Jet Black´s, com apóstrofe e “S” em homenagem aos THE SHADOWS. Vejam que a história é quase a mesma contada por Jurandi, pois ele (Jura) fala que Zé Paulo havia escolhido o nome.

·          Gato cita Joe primo, fala que no início de 1962 ele pegou tuberculose e, contrariando o Jurandi, ele (Gato), Jairo (diretor da Chantecler) e o cantor Oswaldo Rodrigues, com a ajuda do prefeito de Campos do Jordão, o internaram no sanatório Nossa Senhora das Mercês em Campos do Jordão; Eloy, Guitarra base do conjunto Super Som T.A., entrou no lugar de Joe Primo.

·         Fala da sua saída dos The Jet Black´s alguns meses antes, e que estava tocando baixo no quarteto de Renato Mendes, no Johan Sebastian Bar. Quando Idalina pergunta o motivo ele diz que prefere não tocar no assunto.

A segunda fita, gravada em 1991 na casa de Guilherme Dotta, o Tico, por um jornalista da Folha de São Paulo. Nela o jornalista entrevista Jurandi, Gato e Tico, falam sobre vários assuntos e nas páginas tantas o jornalista pergunta a origem do nome. O Jurandi imediatamente fala que ele (Jura) sugeriu o nome e o Gato, de forma meio ríspida, retruca: VOCÊ? Creio que fui eu que batizei o grupo com este nome. O Jura fala qualquer coisa baixo e retoma o assunto com o comentário: Polemicas à parte o nome foi escolhido pelo grupo. Nesta entrevista fica claro que o Gato e o Jurandi não haviam esquecido as magoas do passado…

A terceira fita é uma entrevista com o Orestes, onde estavam Eduardo Reis, Foguinho e Orestes e este conta sobre a época da Boate Lancaster e quando perguntado sobre o nome do grupo ele fala que, “pelo que sabia” foi uma decisão do Gato e que este havia escolhido o nome em homenagem aos Shadows.

Porém, a verdadeira historia da mudança de nome quem conta é Primo Moreschi, o Joe Primo, legítimo e verdadeiro fundador do conjunto The Vampires, que depois se tornou The Jet Black`s!

“Para início de conversa, conheci o Gato quando o vi mexendo em um piano dentro dos estúdios onde eu (Joe Primo), Bobby De Carlo, Carlão, Zé Paulo e Jurandi, que formávamos “The Vampires”, ensaiávamos alguns cantores, os futuros participantes que iriam se apresentar no Programa Ritmos Para a Juventude, de Antonio Aguillar; Gato era ainda um ilustre desconhecido num canto do estúdio, o qual somente me chamou a atenção em razão de estar tirando alguns acordes do piano. Perguntei se ele sabia tocar piano, ele disse que arranhava um pouco, então o convidei para tocar e ele aceitou. Na semana seguinte, eu tive a ideia de conversar e sugerir a um dos integrantes amadores que testei e aprovei para participar do programa Ritmos para a Juventude (vai dai eu ter a liberdade de sugerir), cujo nome era Jet Blacks, e com as seguintes palavras eu lhe disse: Vem cá Jet Black! Você não quer trocar de nome com a gente?

Ele humildemente, e sorridente, respondeu prontamente que trocava sim. Então eu sugeri a ele que por ele ser magro e pequeno deveria se chamar Little Black, e nós The Jet Black´s.

Portanto é mentira que teve condição imposta pelo Gato para mudar o nome do conjunto, e muito menos consultei alguém além do Bobby De Carlo para mudar o nome The Vampires para The Jet Black`s.
Outra mentira deslavada, sem nenhum cabimento, está relacionada ao início do The Vampires: dizer que Jurandi, Zé Paulo, Orestes, Gato e Ernestico que iniciaram o conjunto, quando em verdade somente o Gato chegou a participar da segunda semana da fundação do The Vampires feita por mim, Joe Primo, Bobby De Carlo, Carlão, e aí sim, o Zé Paulo veio e foi quem convidou o Jurandi, que mal sabia tocar samba em alguma reunião do colégio que os dois estudavam.
O Ernestico só passou a fazer parte do conjunto quando, já como The Jet Black´s, começamos a tocar na Boate Lancaster. E o Orestes sempre foi cogitado, principalmente pelo Zé Paulo, para fazer parte integrante do The Jet Black´s, mas nunca daí dizer que ele iniciou quando ainda era The Vampires. (mentira deslavada, que inclusive cai em contradição até pela fotografia postada na página em questão, (uma tremenda montagem) tendo ao fundo uma bateria dos The Clevers sendo que esse conjunto só passou a existir após o Jurandi, Zé Paulo e o Gato, já se achando muito superior, não aceitavam mais participar do programa Ritmos Para a Juventude, daí Antonio Aguillar ter lançado o conjunto.

Esta é a foto polêmica , onde podemos ver o Joe Primo e o Carlão, porém a bateria tem o nome The Clevers.

Esta é a foto polêmica , onde podemos ver o Joe Primo e o Carlão, porém a bateria tem o nome The Clevers.

Portanto, essa foto é uma mentira, mas também serve para desmentir declarações do Jurandi de que o Orestes e Nestico iniciaram o The Vampires, pois nessa montagem não esta nem Orestes, e muito menos o Nestico. E vou mais além, nem mesmo o Zé Paulo; esse sim deveria estar. Quanto ao Orestes, só passou a integrar os The Jet Black´s, quando eu adoeci por ter dado tudo de mim até a saúde para poder fazer o The Jet Black´s ser sucesso. Passados alguns meses voltei e fui deixado de lado em prol de outro que já havia ocupado meu lugar. Em meu livro “O Protagonista Oculto dos Anos 60″ eu relato o passo a passo de como tudo aconteceu, com provas vivas até hoje, que podem e devem confirmar a veracidade dos fatos por mim relatados em meu livro de memórias.”

E tudo isso já foi revelado aqui mesmo neste Blog e visto nas redes sociais, mas sempre vale a pena mostrarmos de novo, inclusive por que tivemos também o depoimento de Bobby de Carlo sobre a veracidade dos fatos relatados pelo Joe Primo e endossados por Sérgio Vigilato, o Serginho Canhoto.

Bobby de Carlo fala sobre seu amigo e companheiro, Primo Moreschi.

Eu diria que Primo é um artista! Musico, pintor, compositor, poderia ser também um grande ator comediante. Lembro-me de um texto seu que em resumo seria isto:

“…Como você é linda, seu vestido branco, suas mãos tão delicadas, seu rosto tão lindo, sua pele clara, muito clara.
Porque não fala comigo?
Acorda! acorda! ACORRRRDA!!!
Pô!  Não vê que ela tá morta?”

Desculpe o humor negro, mas isso era coisa do Primo…

No meu primeiro LP pela gravadora Mocambo, gravei com os Megatons. Foi certamente um dos momentos de maior prazer na minha vida.
Sem imposição alguma, gravei o que queria da forma mais descontraída possível.
Com o bom humor do grupo, o clima era maravilhoso. Criei arranjos, participei como musico, convidei para participar em algumas faixas o Wanderley pianista, (ex Roberto Carlos), o Nestico sax do Jet´s, e nunca houve por parte dos Megatons, Primo, Bitão, Luiz, Renato e Edgar qualquer tipo de estrelismo.
Nós nos divertimos muito.  Coisa que não aconteceu quando da minha volta ao The Jet Black´s em l964, quando disse ao Jurandir para que criássemos algumas musicas, coisas próprias. Porem ele achava melhor “tirar” musicas de outros conjuntos, ou seja, copiar o original e tocar nos Jet Black´s. Coisas estas que fazíamos em nossa adolescência musical.
O Orestes saiu, e eu, desmotivado, saí também.

Serei sempre amigo do Primo, tenho-o em alta estima.
Tenho certeza que a década de sessenta será marcada positivamente em nossas vidas!”

Um grande abraço
Bobby.

Joe Primo, o Precursor da História dos Jet Black’s!

Joe Primo, nome artístico de Primo Moreschi, é uma dessas pessoas predestinadas e muito especiais, que vieram ao mundo para construir uma vida rica de fatos pitorescos e situações inusitadas, sempre convivendo com venturas e desventuras, desafiando a morte e a vida com muito bom humor e propriedade, tirando dos infortúnios, força para sobrepujar os obstáculos que permearam sua vida, sempre tirando ensinamentos ao longo de sua trajetória, sem jamais esmorecer.
Filho dos italianos Concheta e José Moreschi, Primo foi o caçula de nove irmãos e ainda muito pequeno perdeu a mãe e em seguida o pai, tendo que viver de um lado para outro, sem um lar, primeiro de favor na casa de irmãos, depois tendo que trabalhar desde tenra idade para pagar seu próprio sustento em pensão domiciliar.
Ainda quando tinha de sete para oito anos de idade, Primo teve o primeiro contato com os instrumentos musicais, pois acompanhava seu irmão mais velho nos ensaios de sua banda country chamada Rancheiros da Paulicéia. Eles tocavam na Rádio América e Primo acompanhava os ensaios e assim aprendeu também a tocar violão e guitarra.
Primo nasceu artista e por necessidade aprendeu a profissão de retocador de retratos para ter o seu próprio sustento, e também exerceu a profissão de fotógrafo. Além disso, costumava compor canções e um belo dia a oportunidade de entrar para o meio artístico surgiu em um encontro casual com o compositor Américo de Campos.
Joe Primo gravou seu primeiro disco e tornou-se conhecido em 1961, com as músicas “Ela me fez de limão” e “Água de cheiro” sendo transmitidas pela Rádio Nacional de São Paulo, chegando às paradas de sucesso.
Foi em suas andanças pelas rádios de São Paulo para a divulgação do seu 78rpm que Joe Primo teve oportunidade de voltar à Rádio Nacional para participar de um programa de lançamentos musicais, intitulado “Ritmos para a Juventude”, cujo apresentador era Antonio Aguillar. Foi nessa época que ele teve a ideia de formar um conjunto de Rock para acompanhar os cantores que se apresentavam naquele programa, e juntamente com o amigo Roberto Caldeira dos Santos, o Bobby de Carlo, fundou o conjunto The Vampires, que viria a ser The Jet Black’s, em um tempo em que o Rock’n’Roll começava a marcar presença no Brasil.
Foi assim que o menino órfão, que passou tantas privações na vida, tendo sido até mesmo acometido por grave doença, precisando ser internado no Sanatório Nossa Senhora das Mercês em Campos do Jordão para se tratar da doença que o acometeu devido a ter passado fome e frio em suas peregrinações pelas rádios e gravadoras em busca de divulgação dos discos do conjunto, iniciou os primeiros passos para que o Brasil tivesse uma das mais queridas e famosas bandas de Rock Instrumental, The Jet Black’s, cujo sucesso foi tanto que mesmo tendo já se passado mais de 50 anos do início de tudo, não há quem não tenha ouvido falar nela!
Primo Moreschi ainda formou Os Megatons, um grupo que se destacou pelos sons exóticos e criativos perpetuados na música jovem, antes de se retirar definitivamente do meio artístico para viver em Campo Grande/MS, onde constituiu família e tornou-se reconhecido empresário da indústria de moveis planejados e exclusivos.

“O PROTAGONISTA OCULTO DOS ANOS 60”

A obra de Primo Moreschi, de fundador do conjunto The Jet Black`s a artista plástico!

Os seguidores desse Blog com certeza conhecem bem a historia de Joe Primo, nome artístico de Primo Moreschi, uma dessas pessoas predestinadas e muito especiais, que vieram ao mundo para construir uma vida rica de fatos pitorescos e situações inusitadas, sempre convivendo com venturas e desventuras, desafiando a morte e a vida com muito bom humor e propriedade, tirando dos infortúnios, força para sobrepujar os obstáculos que permearam sua vida, sempre tirando ensinamentos ao longo de sua trajetória, sem jamais esmorecer.

Primo escreveu um livro sobre a historia de sua vida, cujo título é “O Protagonista Oculto dos Anos 60”, já publicado resumidamente também aqui.

Hoje recebi uma mensagem muito especial enviada por ele, compartilhando comigo sua alegria em terminar mais uma obra sua, um quadro a óleo encomendado pela família do ex-Governador do Estado de Mato Grosso do Sul, Dr. Pedro Pedrossian e Dna Maria Aparecida Pedrossian, e compartilho também com vocês a mensagem recebida!

“Lucinha, Após um longo período, acabei de pintar a tela a qual você pediu-me que lhe mostrasse assim que terminasse de pintá-la. Aproveito o ensejo, para dizer que atualmente é através das encomendas de pinturas (reproduções em tela a óleo) que sobrevivo. E quando estava na ativa com minha banda “The Jet Black´s”, eu nunca parei de trabalhar (pintar e retocar retratos), simultaneamente, divulgando nas rádios e lojas de discos, nossas primeiras gravações pela “Gravadora Chantecler”. Nunca me esquecendo (é bom que se diga), de agradecer aos meus amigos radialistas e programadores das emissoras de Rádio, (citados em meu livro de memórias) que sempre me deram uma colher de chá, executando nossas musicas, culminando com o sucesso avassalador de Stick Sheeft, e Apache; nossas musicas de trabalho na época.

A família do ex-Governador do Estado do Mato Grosso do Sul, Dr. Pedro Pedrossian e Dna Maria Aparecida Pedrossian.

A família do ex-Governador do Estado do Mato Grosso do Sul, Dr. Pedro Pedrossian e Dna Maria Aparecida Pedrossian.

Este quadro que lhe enviei, quem fez o preço, foi a própria cliente. O tamanho dessa tela é de l,OO mts x 7O,oo cmts. Quanto às pessoas pintadas, são do ex- governador de MS, e família.”

Já imaginaram ter um quadro pintado pelo fundador do The Jet Black`s? 😉
Quem quiser encomendar um, segue o perfil de Primo Moreschi, ou se preferir, deixe um comentário aqui mesmo nesta publicação.

Primo Moreschi

Joe Primo e Bobby de Carlo, precursores do Rock no Brasil!

Neste desenho do artista Francisco Carlos Silva, uma Homenagem aos Fundadores do conjunto The Jet Black’s: Joe Primo e Bobby de Carlo.

Neste desenho do artista Francisco Carlos Silva, uma Homenagem aos Fundadores do conjunto The Jet Black’s: Joe Primo e Bobby de Carlo.

Quando sugeriu para Antonio Aguillar que lançasse seu programa de rádio diretamente do palco auditório da Radio Nacional de São Paulo, Primo Moreschi, mesmo sem ter conjunto de Rock, se comprometeu em trazer “seu conjunto” e fazer alguns testes com prováveis cantores amadores, para com isso preencher um tempo condizente com a duração do programa, uma vez que não teria nenhum cantor profissional além dele e Bobby De Carlo para preencher o horário do programa.
Primo já fazia algum sucesso como cantor, usando o nome artístico de Joe Primo, por que havia gravado em 1961 um 78RPM pela gravadora Todamerica, contendo de um lado “Ela me fez de limão” e do outro, “Água de Cheiro”, composições de Aguiar Rodrigues e dele próprio, Joe Primo.

Por isso Primo já era conhecido do público quando sugeriu a Antonio Aguillar que ele fizesse o programa Ritmos para a Juventude diretamente do auditório da Rádio Nacional.

Bobby de Carlo começava a carreira cantando rock, tendo em 1960 gravado a canção “Oh! Eliana”, de Marcucci, De Angelis e Sérgio Freitas e “Quero amar”, versão de Fred Jorge para música de Deane e Weisman.

Primo atuava como diretor artístico eventual do programa, com a ajuda de Bobby de Carlo, o qual fazia parte do conjunto que eles improvisaram, e que Bobby de Carlo sugeriu que se chamasse “The Vampires”, para soar como The Ventures.

Waldemar Botelho Jr, o Foguinho, que mais tarde se tornaria famoso como baterista dos Jordans, me contou que dias antes de The Vampires estrearem oficialmente no primeiro programa Ritmos para a Juventude, diretamente do palco do auditório da Rádio Nacional de São Paulo, estavam os amigos reunidos numa sexta-feira no Largo Padre Bento em São Paulo tocando violão, entre eles além do próprio Foguinho também o Bobby de Carlo, quando chegou o Primo e disse pra eles: “amanhã, sábado, às 21h, vamos lá à Rádio Nacional no programa “No Mundo dos LP’s”, do Ademar Dutra.”

E eles foram a quatro: Foguinho (caixa), Joe Primo (banjo), Bobby de Carlo (violão) e o Carlão, primo do Joe (piano).

Depois do programa Ademar Dutra recebeu muitas cartas comentando sobre o “conjunto”, cujo repertório era de músicas de Little Richard, Everly Brothers, Elvis, Cliff Richards. Depois desta apresentação aconteceu a estreia do programa Ritmos para a Juventude com o Antonio Aguillar, diretamente do auditório da Radio Nacional de São Paulo, tendo o “FOGUINHO LITTLE FIRE” como cantor, acompanhado pelos The Vampires.

A Estreia

A estreia oficial do conjunto The Vampires portanto se deu no programa Ritmos Para A Juventude, apresentado por Antonio Aguillar diretamente do auditório da Rádio Nacional de São Paulo, e foi logo no programa de estreia, no ano de 1961.

Quem por ventura teve a oportunidade de ler o livro “O Protagonista Oculto dos Anos 60″, de Primo Moreschi, especificamente na pagina 84, se inteirou em detalhes de como foi o inicio meio e fim das apresentações do conjunto no programa “Ritmos para a Juventude”.

Primo Moreschi lembra que o Porteiro da Rádio se chamava Sr. Victório, o qual era pai do técnico de som Luiz Merlo, um amigo particular de Primo e morador da Rua Rio Bonito quase esquina com a rua onde ele morava, a Silva Telles, no Bairro do Braz em São Paulo, Capital.

Em seu livro Primo cita também alguns nomes de cantores que iniciavam sua vida artística e que passaram pelos primeiros testes para se apresentarem no programa, testes estes que ficavam a cargo do Primo, tais como Jerry Adriani, Ilze Aparecida (Cidinha Santos), que lhe foi recomendada pelo apresentador da Rádio Nacional chamado José Rosa, alias foi a única menina a se apresentar nesse primeiro programa acompanhada pelos Vampires, que já se formavam com os seguintes elementos: Joe Primo, Bobby De Carlo, Carlão, Zé Paulo e Jurandi.
Outro cantor que foi citado no livro de Primo é o cantor Baby Santiago, compositor da música Rock do Saci, que depois foi gravada por Demétrius.

Já na pagina 99, Primo conta que mesmo antes do sucesso alcançado pelo conjunto, Jurandi, Zé Paulo e Gato faziam cara feia e apontavam o polegar para baixo quando ele dizia para continuarem participando do programa Ritmos para a Juventude. Conta também que Antonio Aguillar, percebendo que estava ficando cada vez mais difícil contar com o The Jet Black´s para acompanhar os cantores em seu programa, houve por bem criar um conjunto com o qual pudesse sempre contar em seu programa, atitude esta de Aguillar que foi tal qual um tapa com luvas de pelica que Primo levou por tabela, sem merecer, uma vez que ele era o idealizador e fundador do grupo The Vampires e não media esforços para manter sua palavra e alavancar o sucesso daquele que depois se tornaria o famoso conjunto The Jet Black´s…
Antonio Aguillar na época então formou um conjunto que recebeu o nome de The Clevers, mas esta é outra historia…

Entrada do Gato no Conjunto e a mudança do nome

Certo dia Joe Primo viu um rapaz mexendo em um piano dentro dos estúdios onde The Vampires, formado por ele, Joe Primo, Bobby De Carlo, Carlão, Zé Paulo e Jurandi, ensaiavam os futuros participantes que iriam se apresentar no Programa Ritmos Para A Juventude.
Este rapaz era José Provetti, um ilustre desconhecido que tirava alguns acordes do piano num canto do estúdio.

Primo lhe perguntou se ele sabia tocar piano, ele disse que arranhava um pouco, então o convidou para tocar no conjunto e ele aceitou; Gato começava sua brilhante trajetória como músico, destacando-se não como pianista, mas sim como um dos maiores guitarristas do Brasil.

Na semana seguinte, Primo teve a ideia de sugerir a um dos participantes amadores que ele havia testado e aprovado para participar do programa Ritmos para a Juventude que trocasse seu nome e lhe cedesse o seu para colocar no conjunto, usando as seguintes palavras:

“Vem cá Jet Black! Você não quer trocar de nome com a gente?”

O rapaz, com humildade e todo sorridente, respondeu prontamente que sim, que trocava. Foi então que Primo sugeriu que por ele ser magro e pequeno deveria se chamar Little Black, e eles do conjunto, passariam a se chamar The Jet Black´s!

Cerca de duas semanas antes deste acontecimento, Gato já fazia parte do conjunto que ainda tinha o nome de “The Vampires”.

Um dia antes dessa atitude do Primo em pedir ao cantor Jet Black para trocarem de nomes, Primo estava reunido com alguns amigos na praça Padre Bento, no largo Santo Antonio do Pary, entre eles Serginho de Freitas e Bobby De Carlo, ouvindo o Programa Voz da América do Carlos Alberto Lopes, conhecido pelo apelido de Sussego, e eles escutavam em um radiozinho de pilha chamado Spik, muito em moda naquela época, e Primo comentou com o Bobby e o Sérgio sobre o sucesso que um rapazinho apelidado de Jet Black, que estava na faixa de seus 17 ou 18 anos, estava fazendo quando se apresentava no Programa “Ritmos para a Juventude”, e comentou com eles sua vontade de sugerir ao Jet Black cantor a troca de nomes. Tanto o Serginho quanto o Bobby De Carlo acharam ótima a ideia, mas aventaram a hipótese de Primo receber um sonoro “NÂO” da parte dele.
Foi assim que no dia seguinte Primo criou coragem e, durante os ensaios na Rádio Nacional, chegou para o cantor e se atreveu a sugerir a ele a troca de nomes.
Somente depois de ter recebido o sim como resposta, democraticamente Primo fez o comunicado aos companheiros de grupo, Gato, Zé Paulo e Jurandi, perguntando se eles estavam de acordo com a troca do nome The Vampires para The Jet Black´s.

Esta é a verdadeira história construída a duras penas por Primo Moreschi, comprometendo até sua saúde, a qual acabou por ser o estopim de um emaranhado de ingratidão por parte de quem ele tirou do anonimato e elevou artisticamente aos píncaros da glória…

The Jet Black’s e o Início de Tudo!

Em 1958, um jovem fotógrafo e jornalista assistiu no Cine Art Palácio, na Avenida São João, centro de São Paulo, a primeira exibição do filme Rock Around the Clock (Ao Balanço das Horas), e pode registrar a euforia dos jovens durante aquela projeção, e diante do que restou das poltronas do cinema, após a exibição do filme, resolveu que sua carreira profissional tomaria outro rumo. Decidiu que queria participar ativamente do movimento musical jovem brasileiro. Este fotógrafo chamava-se Antonio Aguillar.

O jovem Antonio Aguillar

Depois de atuar em algumas emissoras de Rádio, Aguillar foi convidado por Francisco de Abreu, diretor artístico das rádios Nacional e Excelsior de São Paulo, passando a produzir e apresentar programas de auditório.
Criativo, ele lançou programas de calouros, como o apresentado na Rádio Nacional, chamado “Aí vem o Pato”, abrindo as portas para muitos artistas que mais tarde viriam a ser famosos intérpretes da nossa música brasileira.
Antonio Aguillar convivia com profissionais de gabarito e estava feliz com seus programas de calouros, mas seu sonho era apresentar um programa totalmente dedicado à música jovem.
E foi o que aconteceu em fins de 1959, quando Francisco de Abreu, diretor da Rádio Nacional, hoje Rádio Globo, lhe deu a oportunidade de apresentar um programa diário denominado “Ritmos para a Juventude”.
Desde a década de 30 as grandes rádios possuíam estúdios espaçosos devido a apresentações de orquestras e produções de radionovelas. Sendo assim, havia espaço para acomodar umas cinquenta ou sessenta pessoas nesses auditórios. Foi então que um cantor que havia gravado em 1961 um 78RPM pela gravadora Todamerica, e que ali estava entre os cantores para participar do programa, teve uma grande ideia. Seu nome artístico: Joe Primo.

Filho de italianos, Primo Moreschi era o mais novo de uma série de 9 irmãos e morava com os pais na Rua Canuto Saraiva, no bairro da Moóca em São Paulo, em um sobradinho, até que a fatalidade da vida lhe tirou a mãe, logo em seguida o pai, e os irmãos tiveram que se separar para sobreviverem.

Primo foi viver com um irmão em uma pensão, e em suas andanças conheceu o compositor Américo de Campos, que foi quem primeiro lhe acenou com a possibilidade de entrar para o mundo da música, e ao contar o fato para seu amigo Luiz Merllo, este se mostrou surpreso por saber que Primo cantava e compunha e recomendou que ele fosse a um programa infantil que acontecia aos domingos na Rádio Nacional. Foi então que ele passou a ir todos os domingos e cantava uma música no programa. Joe Primo comenta: “Como havia um contrabaixo sempre ali no palco, sem ninguém que o tocasse, às vezes, eu arriscava ajudar nos acompanhamentos dos participantes (só amadores), dando uma de contrabaixista.”
Primo Moreschi conseguiu que uma gravadora o contratasse, e em menos de uma hora, ele já havia colocado voz em duas músicas, que foram: “Ela Me Fez De Limão”, e “Água de Cheiro”, ambas de sua autoria.
E foi em comum acordo entre Américo de Campos, o Sr. Rozemblitz e o técnico presente na gravação que decidiram que ele deveria ter um nome artístico, e este seria “Joe Primo”.

Primo Moreschi - compacto 78rpm

De como Joe Primo conhece Antonio Aguillar e teve a ideia de formar um conjunto musical.

Trabalhando nos meios de comunicação, estando em todo e qualquer lugar onde, de uma forma ou de outra, seu disco era tocado, Joe Primo voltou à Rádio Nacional de São Paulo para participar de outro programa de lançamentos musicais, intitulado “Ritmos Para a Juventude”, cujo apresentador chamava-se Antônio Aguilar. Quando entrou nos estúdios, algumas fãs que se encontravam lá dentro o reconheceram e, como sempre acontece quando elas vêm um artista, deram gritinhos característicos, abraçando-o e pedindo autógrafos, o que o deixou com mais moral perante o apresentador Antônio Aguilar, que até então ainda nem tinha ouvido falar no seu nome.

Radialista e jornalista experiente que era, Aguillar não perdeu a oportunidade dos gritinhos das fãs para comunicar aos ouvintes de seu programa, que estava no ar, o porquê daquela euforia, dizendo: “Acaba de entrar nos nossos estúdios, ele… vocês estão ouvindo ao fundo o alvoroço das fãs… está um pouco difícil para ele conseguir chegar até aqui… vocês vão ouvi-lo e reconhecê-lo, porque ele mesmo vai se apresentar.” Passou então o microfone ao Primo, que disse: “Quem vos fala é Joe Primo. É com muito prazer que estou aqui, para participar do programa do nosso amigo Antônio Aguilar, que gentilmente convidou-me para estar com vocês”.
O apresentador, mesmo sabendo que não o havia convidado, prosseguiu: “Gosto de fazer dessas surpresas para os nossos ouvintes, e é por esta razão que nossa audiência aumenta a cada dia”, ao que o cantor retrucou: “Aguilar, meu amigo, você tem que ampliar seu estúdio ou fazer seu programa diretamente do auditório da Rádio Nacional para dar chances a mais fãs poderem conviver com seus artistas”. Aguillaar prosseguiu o diálogo, dizendo: “Joe Primo, meu amigo, deixe estar que vou pensar seriamente nesse assunto.”
Após terminar o programa, Aguillar disse: “Obrigado pelo improviso, bem como a sugestão que você deu com o programa no ar. Mas, quanto a ampliar o estúdio, impossível. Fazer o programa diretamente do auditório depende de muitos fatores. O primeiro é a verba de patrocínio, sem a qual nada se faz. O segundo é que se o programa for no palco, as fãs vão querer ouvir seus cantores ao vivo, o que acarretaria a necessidade de um conjunto musical especializado em ritmos próprios da juventude para acompanhar os artistas. Sem contar que os artistas que cantam rock no momento são muito poucos. Mesmo assim, é quase certo que iriam querer ganhar algum cachê para participar. Enfim, não é fácil. Além do mais, eu ainda teria de ter poder de convencimento junto ao Abreu (diretor-geral da Rádio Nacional), para conseguir a liberação do auditório e levar avante essa empreitada. Sozinho é quase impossível.”
Depois de ouvi-lo atentamente, disse-lhe Primo: “Aguilar, se os problemas forem esses, eu tenho a solução para quase todos. Você não ouviu falar do meu conjunto de rock? E disse-lhe o nome do conjunto americano famoso na época, chamado The Ventures. Pois esse grupo é meu. Você já ouviu falar de Bobby De Carlo? Pois ele, além de cantar solo, faz parte do meu conjunto.”

Aguilar, surpreso, respondeu: “Sim, mas para fazer um programa diretamente do auditório, é preciso haver atrações capazes de preencher o tempo mínimo, que, acredito, deva ser de uma hora.” E Primo respondeu: “Deixa comigo. Eu e meu conjunto faremos pela manhã uns testes com alguns cantores ou cantoras amadores, aos quais você fará uma chamada pelo seu programa. Os que forem aprovados serão escalados para participar, intercalando-se comigo, cantando, juntamente com o Bobby Di Carlo, e meu conjunto tocando. Você verá que vai haver cantores profissionais que, ao perceberem o sucesso do programa no auditório, farão questão de participar sem sequer pensar em cachê.”
Animado com tudo, Aguilar disse: “Joe Primo, eu vou dar o primeiro passo ainda hoje. Sabe qual? Falar do que conversamos com o Abreu. Dependendo do que ele disser, amanhã mesmo farei as chamadas para quem quiser fazer testes procurar você sábado pela manhã, e seja o que Deus quiser. Mas (olho no olho), Joe Primo, pelo amor de Deus, não me vá mancar, porque isso tudo é muito sério. Após o cartão verde do Abreu, não existe volta”.
Resposta de Primo: “Pode confiar em mim. Palavra e responsabilidade eu tenho até demais.”

E assim foi feito.
Aguillar conversou então com Francisco Abreu sobre a sugestão feita pelo cantor Joe Primo, para que fosse incluído na programação um programa especial semanal, a ser realizado no grande auditório da rádio, na Rua Sebastião Pereira, 218.
E assim começou aos sábados o programa ao vivo, com plateia, no auditório da emissora, tendo sido o início do lançamento de cantores e grupos musicais.

Quando os dois se despediram e Primo começou a entrar no corredor lateral da Rádio Nacional, que dava até a saída para a Rua Sebastião Pereira, as fãs novamente lhe assediaram e depois de dar mais alguns autógrafos, conversou com seu amigo Barnabé, e em seguida, tomou um suco na lanchonete.
Foi exatamente nesse instante que ele começou a perceber a responsabilidade que havia assumido com Antônio Aguilar. Sem pestanejar, dirigiu-se para o bairro do Canindé, indo direto para a casa de Bobby Di Carlo, que era seu amigo havia algum tempo. Lá chegando, contei-lho a história, o diálogo, o combinado, e ele tudo ouvia sem discordar de nada. Quebrando o silêncio, Bobby virou-se para Primo e disse categórico: “Primão, você tá louco? Cara, como é que nós vamos tocar como conjunto se não só não temos músicos suficientes, como também não temos instrumentos e tempo hábil para consegui-los?”
Primo respondeu: “Bobby, é o seguinte. Nós só temos que arrumar um contrabaixo e um baterista. Bateristas normalmente costumam já ter sua bateria. Eu compro uma guitarra a prestação nas Casas Manon, da Rua 24 de Maio, e você reveza comigo na guitarra, ora solando, ora acompanhando! Uma hora eu canto e você me acompanha. Outra hora você canta e eu o acompanho.”
Nesse instante Bobby di Carlo o interrompeu, dizendo que se lembrou de ter conhecido um carinha que morava lá pelos lados de Santana e tocava mais ou menos violão. “Quem sabe, a gente dando algumas dicas de como era a batida da guitarra para acompanhar rock, ele aprendesse, uma vez que sabia tocar samba.”
Já era meio caminho andado, portanto valeria a pena arriscar. Fomos até lá e Bobby apresentou Joe Primo a José Paulo Matrangulo. Imediatamente, Primo perguntou se ele toparia participar de um conjunto de rock para tocar todos os sábados na Rádio Nacional. Ao ouvir o convite, principalmente pelo nome da Rádio Nacional, a resposta foi a seguinte: “Rapaz… é claro que eu topo, vou realizar um sonho”. José Paulo ficou muito alegre e disse que tinha um conhecido no colégio que tocava bem bateria, só não sabia se também tocava rock, pois só o tinha visto tocar samba. Após contatarem o baterista, cujo nome era Jurandi, este também concordou em participar do conjunto imediatamente, e assim marcaram um encontro para decidir como seria a atuação de estreia, tendo em vista não terem praticamente tempo hábil para ensaios. Nessa reunião eles combinaram quem tocaria o quê, dentre outras coisas. Ficou então estabelecido que na guitarra solo seria Bobby Di Carlo; no contrabaixo, Carlos Alberto de Carvalho, o Carlão, apelidado pelos amigos, dado sua altura e jeito de ser brincalhão. Era muito querido por todos, e Joe Primo o conhecia pois morava em sua casa como pensionista; na bateria, Jurandi e na guitarra base, Joe Primo e Zé Paulo.
E assim estava formado o conjunto de rock, que Joe Primo apresentaria a Antonio Aguillar para acompanharem os cantores no programa Ritmos para a Juventude, da Rádio Nacional.

Pronto e definido, só faltavam duas coisas: como fazer pra ele não passar por mentiroso, tendo em vista ter dito para o Antônio Aguilar que tinha um conjunto de rock com o nome de um conjunto americano, muito famoso na época, que nunca poderiam usar, conhecidíssimo que era dos aficionados em rock no mundo todo. Primo chamou Bobby de lado e lhe disse: “Ajude-me a encontrar um nome em inglês que, ao ser pronunciado, confunda-se o máximo possível com o do conjunto americano, The Ventures.”
Depois de muito pensar, chegaram à conclusão de que a único nome plausível que, ao ser pronunciado rapidamente, pudesse se confundir, seria The Vampires.
Resolvido o problema do nome do conjunto de rock recém-formado, Primo dirigiu-se ao apresentador e o autorizou a anunciar quando quisesse o primeiro programa “Ritmos para a Juventude”, diretamente do palco do auditório da Rádio Nacional de São Paulo.
Aquela semana que antecedeu a estreia do programa, Aguilar, ao fazer as chamadas, dava tanta ênfase à atração, que o conjunto The Vampires antes de se apresentar em público já estava praticamente famoso. No sábado, quando seria a estreia do programa, diretamente do palco e auditório da Rádio Nacional de São Paulo, que se situava na Rua Sebastião Pereira, no bairro Santa Cecília, às sete horas da manhã, Joe Primo, Bobby De Carlo, Zé Paulo, Jurandi e Carlão, componentes do conjunto de rock The Vampires, lá estavam presentes, arregaçando as mangas e agitando os preparativos junto com Antônio Aguilar, tentando organizar da melhor maneira possível tudo o que deveria acontecer no transcorrer das apresentações em cima do palco. Toda a direção artística musical, bem como algumas encenações em cima do palco para não deixar buracos entre uma apresentação e outra, ficou a cargo de Joe Primo. Aguilar, a todo instante, vinha a um dos estúdios improvisado para fazer testes e perguntava: “E aí, Joe Primo, você está confiante? Você acha que nós vamos conseguir preencher o horário cedido pela Direção? Será que vai ter um bom público no auditório?”
Joe Primo respondia: “Tenha calma, Aguilar. Ainda falta mais de uma hora para o início do programa… Assim que eu terminar os testes com esse pessoal todo, vou ver quem tem condição de cantar hoje e intercalar uns três ou quatro deles com o Bobby Di Carlo cantando “Oh, Eliana”. Em seguida, você usa seu poder de persuasão e convencimento, aproveitando a deixa dos aplausos destinados ao Bobby De Carlo, para valorizar o novato que irá se apresentar em seguida. Mais uns três novos e você anuncia Joe Primo, e eu canto. Novamente, alguns novos cantam e você chama o Carlão. Em seguida, encerramos com The Vampires tocando e deixando os participantes dançarem em cima do palco, enquanto você vai agradecendo a juventude presente, prometendo uma nova atração no próximo sábado.
“Combinado”!, respondeu Aguilar.”

Uma curiosidade: Alguns dias antes de The Vampires (futuros The Jet Black’s) participarem pela primeira vez do programa Ritmos Para A Juventude, diretamente do palco do auditório da Rádio Nacional de São Paulo, estavam no Largo Padre Bento em São Paulo tocando violão numa sexta-feira, o Foguinho e o Bobby di Carlo, entre outros, quando chegou o Joe Primo e disse pra eles: “amanhã, sábado, às 21h, vamos lá na Rádio Nacional no programa “No Mundo dos LP’s”, do Ademar Dutra.”
E eles foram, e eram quatro: Foguinho(caixa), Joe Primo( banjo), Bobby de Carlo(violão) e o Carlão, primo do Joe (piano). Depois do programa o Ademar Dutra recebeu muitas cartas comentando sobre o “conjunto”, cujo repertório era de músicas de Little Richard, Everly Brothers, Elvis, Cliff Richard.
Depois desta apresentação, começou o “primeiro” programa Ritmos para a Juventude com o Antonio Aguillar, diretamente do auditório da Radio Nacional de São Paulo, tendo o “FOGUINHO LITTLE FIRE” como cantor, juntamente com os The Vampires.

Aguillar  no Auditório da Radio Nacional (Esta foto é apenas ilustrativa, pois como informou Prmo Moreschi, o programa de estreia do Ritmos Para a Juventude, sob a batuta do Antonio Aguilar, diretamente do palco auditório da Radio Nacional de São Paulo situada na Rua Sebastião Pereira, ainda não tinha essa passarela na qual o Antonio Aguilar está. Somente existia o palco sem essa passarela.

Aguillar no Auditório da Radio Nacional (Esta foto é apenas ilustrativa, pois como informou Prmo Moreschi, o programa de estreia do Ritmos Para a Juventude, sob a batuta do Antonio Aguilar, diretamente do palco auditório da Radio Nacional de São Paulo situada na Rua Sebastião Pereira, ainda não tinha essa passarela na qual o Antonio Aguilar está. Somente existia o palco sem essa passarela.)

Roberto Caldeira dos Santos, mais conhecido como Bobby de Carlo, nasceu em São Paulo, no dia 30 de junho de 1945.
Começou sua carreira no início da década de 1960 cantando rock, tendo gravado a canção “Oh! Eliana”, de Marcucci, De Angelis e Sérgio Freitas e “Quero amar”, versão de Fred Jorge para música de Deane e Weisman. No ano seguinte gravou “Broto feliz”, de Marcucci, De Angelis e Sérgio Freitas e “Amor de brotinho”, de Ballard e Hunter, com versão de Sérgio Freitas. Ele costumava ir a programas de auditório, como o Rítmos para a Juventude, de Antonio Aguillar, na Rádio Nacional, era amigo de Joe Primo e foi, juntamente com o amigo, que estreou no conjunto The Jet Black’s no programa de Aguillar, com a seguinte formação: Bobby de Carlo na guitarra solo, Carlão no contrabaixo, Jurandy na bateria e Joe Primo e Zé Paulo na guitarra base.

José Paulo Matrangulo nasceu em 26 de maio de 1941 na cidade de Sertãozinho, interior de São Paulo. Seu pai era violinista da orquestra da cidade e o incentivou a seguir carreira de músico, já que ele possuía uma voz suave e o dom para a música, pois ainda muito jovem já havia aprendido a tocar violão.

Jurandi Trindade Abreu da Silva nasceu em 01 de dezembro de 1943 em uma pequena cidade do sul da Bahia e aos 16 anos já tocava bateria. Em meados de 1960 juntou-se aos amigos José Paulo e Bobby de Carlo na formação do conjunto criado por Joe Primo.

The Jet Black´s na Boate Lancaster

The Jet Blacks no Jardim de Inverno da antiga Boite Lancaster em São Paulo

The Jet Blacks no Jardim de Inverno da antiga Boite Lancaster em São Paulo

The Jet Black´s em sua formação de 1964

The Jet Blacks em 1964/66 - Serginho Canhoto, Zé Paulo, Gato e Jurandi

The Jet Blacks em 1964/66 – Serginho Canhoto, Zé Paulo, Gato e Jurandi

Depoimento do baterista Foguinho, que esteve no primeiro programa Ritmos para a Juventude, juntamente com The Vampires, na condição de cantor, o Little Fire:

Waldemar Botelho Jr Foguinho: “ANTES DE INICIAR OS VAMPIRES (THE JET BLACKS) E O PROGRAMA RITMOS PARA A JUVENTUDE DO AGUILLAR EU, O PRIMO, O CARLAO E O BOBBY DE CARLO FIZEMOS UM PROGRAMA ” PILOTO” NA RÁDIO NACIONAL DE S.PAULO APRESENTADO PELO SAUDOSO ADEMARZINHO DUTRA.O GRUPO RECEBEU CARTAS DOS OUVINTES ELOGIANDO E LOGO DEPOIS COMEÇOU O ANTONIO AGUILLAR E EU FUI JUNTO COM O GRUPO MAS COMO “CANTOR”E O MEU AMIGO D.J.SERGINHO DE FREITAS ME BATIZOU COMO “LITTLE FIRE”,POR CAUSA DO MEU CABELO RUIVO ME CHAMAVAM DE “FOGUEIRA” EM MEU BAIRRO.”

FONTE DESTA PESQUISA:

1. Histórias da Jovem Guarda – por Antonio Aguillar, Debora Aguillar e Paulo Cesar Ribeiro
2. O Protagonista Oculto dos Anos 60 – Primo Moreschi
3. The Jet Black’s – Eduardo Reis

A História dos Megatons, uma banda de Rock dos anos 60!

Em 1964, ao constatar que seus companheiros do conjunto The Jet Black’s lhe puxaram o tapete, quando do seu retorno a São Paulo, após passar meses internado em um Sanatório em Campos do Jordão, em tratamento, Joe Primo decide criar um novo conjunto, que chamou de Os Megatons.
O primeiro LP da banda foi exclusivamente instrumental, lançado pela gravadora Phillips em 1964.

Alfredo Borba, respeitadíssimo diretor artístico da gravadora Phillips, lançador de inúmeros artistas de renome mundial, deu seu aval para que Joe Primo gravasse com seu novo conjunto na gravadora, e o conjunto ainda teria que ser formado, instrumentos musicais comprados, repertório de 12 músicas escolhido, local para ensaios, mas a gravadora estava garantida.

Foi assim que Joe Primo falou com seu irmão Luizinho, que morava na Vila Nossa Senhora das Mercês, e o convidou para ser integrante do novo conjunto de rock, tocando a guitarra. Luizinho tinha contato com Renato, também ótimo guitarrista, que foi convidado para fazer uma dupla de guitarras com ele, que aceitou o convite. Faltava somente o baterista e Renato lembrou-se de um amigo que morava na Mooca, de nome Edgard. Este foi convidado e também aceitou, então estava assim formado a nova banda de rock, como conta Primo Moreschi em seu livro, “O Protagonista Oculto dos Anos 60”, nas Páginas 133 a 161.

Os Megatons

“Renato tinha uma guitarra, uma tenor elétrica de cinco cordas, que, no frigir dos ovos, acabou virando contrabaixo. Bastou apenas trocar as cinco cordas de guitarra tenor por cordas de contrabaixo para aflorar um som com características totalmente dissonantes, vindo ao encontro do que idealizei. Nossos instrumentos, de uma forma geral, primaram pelo improviso. O que interessava naquele momento era aprimorar o desempenho das guitarras para que, quando estivessem executando uma peça juntas, dessem ao ouvido a impressão de ser somente uma guitarra. Com essa inovação, nosso som seria um misto de The Byrds com Beatles, estilizado, procurando explorar ao máximo a agilidade manual invejável dos nossos guitarristas. Em comum acordo, escolhemos o nome do conjunto de rock: Os Megaton’s. Durante esses ensaios, por se tratar de duas guitarras que, na maioria das vezes, faziam o papel de uma, havia a necessidade de uma guitarra base para fazer os acompanhamentos. O neto da dona da pensão, um rapaz de 16 anos, mais ou menos, brincalhão e companheirão nosso, vivia mexendo com os instrumentos, propondo-se até ser nosso carregador de instrumentos para poder frequentar o meio artístico. Entreguei o contrabaixo em sua mão e passei a tocar provisoriamente a guitarra base. Agora, o som estava começando a atingir o que almejávamos. Passamos, então, a utilizar para nossos ensaios o salão da Empresa de Transportes Estrela do Norte, gentilmente cedido pelo meu grande amigo comendador José Morgado. E muitos ensaios.
Dentre as músicas que mais ensaiávamos, destacava-se o “Voo da abelha”, por se tratar de ser uma peça cuja execução requer muita agilidade nos dedos, o que muito credencia e qualifica o artista que a alcança. Eu a escolhi dentre as demais porque, quando de nossa aparição de estréia em público, com certeza iríamos ser questionados quanto à capacidade técnica e artística dos integrantes. Eu acreditava que a qualidade de sons diferenciados dos demais conjuntos de rock existentes na época nos dissociaria das mesmices, o que realmente aconteceu, e o público nos elegeria – como nos elegeu, um grupo sui generis. Pensando em todos esses detalhes, que pesquisamos exaustivamente, ensaiamos as 12 músicas escolhidas, aceitando sempre que possível a opinião de Serginho de Freitas e Bobby de Carlo, nossos maiores incentivadores, que, volta e meia, estavam nos vendo ensaiar e nos dando seus abalizados conselhos. Levamos praticamente 30 dias para preparar os arranjos. Feito isso, disse para Serginho que estávamos prontos para entrar em estúdio e gravar. Passamos nos escritórios da gravadora Phillips e conversamos com Lessa. Ele entrou em contato com o diretor artístico Alfredo Borba, que autorizou Serginho de Freitas ser o produtor do nosso disco. O estúdio de gravação que usamos, por coincidência, foi o mesmo em que eu gravei com o Jet Black’s no início. Quando estávamos iniciando as gravações, Alfredo Borba entrou no estúdio, deu uma olhada geral e passou o bastão para Serginho continuar com as gravações. Quem estava na técnica de som, manipulando aquela infinidade de controles operacionais top de linha daquela época, era Ghaus, profissional respeitadíssimo por artistas e gravadoras. Com a colaboração de Ghaus, só não fazíamos chover, mas sons diferentes extraíamos a nosso bel prazer – isso com apenas dois canais –, coisa que o público jovem sabia reconhecer e à qual dava valor. Tudo foi gravado na maior tranquilidade, sem necessidade de playback. Terminadas as gravações, fomos diretos para a sessão de fotos que comporiam a capa do LP dos Megaton´s. Várias fotos foram tiradas, em diversos lugares, tanto para o disco como para fins promocionais.
Passados alguns dias, soube por meio de Edgar, nosso baterista, que alguém de sua amizade disse-lhe ter ouvido uma emissora de rádio tocar o “Vôo da Abelha”, com o conjunto de rock Os Megaton’s. Quase não acreditei. Imediatamente, fui até a casa de Serginho de Freitas, pois ele morava a três quadras de minha pensão, procurar saber se ele tinha conhecimento daquela notícia. Com a maior naturalidade, Serginho mostrou-me uma relação enorme de emissoras de rádio, inclusive com os horários em que seus programas de rádio iriam executar o “Vôo da Abelha” com Os Megaton´s. Com um radinho portátil em sua mão, sintonizou a Rádio Bandeirantes, que transmitia naquele momento o programa de Luís Aguiar denominado “Os Brotos Comandam”. Ele estava acabando de anunciar Os Megaton’s tocando o “Vôo da Abelha”. Ao fim da execução, o apresentador deu um “alô” para mim, mais ou menos nesses termos: “Ôôôô, Joe Primo, parabéns pela excelente gravação! Isso vem demonstrar que quem foi rei nunca perde a majestade. Nós estamos com saudades de você e de nossas brincadeiras. Traga Os Megaton’s para batermos aquele papo. Alôooo, Nassura! Como vai a gordura?” Essa é tanto para o Luís quanto para o Nassura – empresário de shows de Mato Grosso, sempre tratado com carinho por Aguiar –sentirem saudades. Serginho me disse que a Gravadora Phillips não brincava em serviço. Quando de um lançamento, como no caso d’Os Megaton’s, o novo conjunto de rock do Joe Primo, que o meio radiofônico estava ansioso por conhecer, nada melhor que distribuir a todas as emissoras de São Paulo a “bolacha” do grupo, porque o trabalho de divulgação havia sido feito antecipadamente por nós.
À medida que “O Vôo da Abelha” ia sendo executada, os elogios à técnica e agilidade empregadas por Luizinho se tornaram comuns entre guitarristas de conjuntos de rock. Alguns chegaram a pensar que fosse montagem de gravação. Quando nos apresentávamos em programas de televisão, eram raras as vezes que alguém não questionasse se aquela agilidade de nosso guitarrista era real. Certa vez, ainda na TV Excelsior, fomos convidados a participar de um dos programas do Chacrinha, no qual também se apresentou Roberto Carlos, entre tantos outros artistas da época. Estávamos atrás da coxia aguardando o apresentador dar a deixa para entrarmos no palco para tocar, quando um ajudante de cenografia forçou uma passagem em cima de Renato, que praticamente estava se equilibrando tal qual malabarista, devido à falta de espaço, derrubando-o. Sua guitarra bateu a parte das cravilhas na madeira lateral de um tapume, e ele bateu com a boca na quina do instrumento. Até aquele exato momento, tinha pra mim que Renato fosse uma pessoa calma e pacata, mas eu estava tremendamente enganado. Ao perceber que sua guitarra desafinou e havia se machucado, nosso guitarrista partiu para cima do ajudante de cenografia dando-lhe bofetões. Outros funcionários da emissora intervieram em defesa do cenógrafo, obrigando-nos a também entrar em defesa do Renato, criando com isso o maior tumulto atrás dos cenários, sobrando sopapos até para o lado do auditório. Devido à maneira de Chacrinha apresentar seu programa, praticamente no improviso, o público pensou que fazia parte do show costumeiro. Mesmo assim, nós nos apresentamos, sendo chamados pelo apresentador como “o maior conjunto de rock do Brasil” e recebendo o maior carinho da plateia ali presente. Pensei que fôssemos ter algum revide na saída da televisão, mas errei, não ouve nada. Essas cenas devem estar nos arquivos dos programas do Chacrinha.
No sábado seguinte, fomos convidados a participar do programa de Ayrton e Lolita Rodrigues, “Almoço com as Estrelas”. Comparecemos trajando smoking, gravatinha borboleta e tudo mais que tínhamos por direito e obrigação, por conta do prestígio e liderança de audiência que o programa do Ayrton e da Lolita desfrutava no horário, com transmissão todas as tardes de sábado pela P.R.F.3, TV Tupi, canal 3. Tocamos nossa música de trabalho, “O Vôo da Abelha” e recebemos muitos elogios por parte de Ayrton Rodrigues, que valorizou demais a agilidade de nossos guitarristas. Os elogios tornaram-se uma constante em nossas apresentações, enchendo-nos de orgulho e satisfação por termos cumprido nosso “dever de casa”. Dentre as pessoas (fãs) que gentilmente acercavam-se de nós para pedirem autógrafos, um senhor, dono de um boliche, atividade que estava muito em moda em São Paulo, convidou-nos para tocar em seu estabelecimento. Achei um tanto esquisito tocarmos num boliche. Mas, como a proposta de pagamento por nossos serviços era relativamente boa, aceitamos. Assim, iniciamos outra modalidade de atração, ou seja, boliche com música ao vivo. Quando começamos a tocar no local, ficamos até meio receosos, devido a não haver praticamente ninguém. Qual não foi meu espanto, porém, quando, no começo da segunda música, olhei a nossa volta e notei que não parava de chegar cliente, aumentando a platéia a ponto de atrapalhar o trânsito na rua, para nos ver tocar! E o público participava, cantando conosco. Foi uma consagração. Desse dia em diante, a moda pegou. Todo boliche passou a ter um conjunto de rock.
Havia vários cantores que queriam gravar com acompanhamento d’Os Megaton’s. Só não nos dispúnhamos a gravar com a maioria porque Renato somente tocava conosco se respeitado o quesito de não interferir em seu emprego, que ele priorizava. Não dependíamos da música para viver, ou seja, tínhamos o conjunto praticamente como um hobby – cada músico tinha outro meio de sobrevivência – e procurávamos não ser antipáticos com quem quisesse gravar com Os Megaton’s. Na medida do possível, nós o fazíamos com o maior prazer. Em certo dia de ensaio, passando diante da casa de Serginho de Freitas, ele me disse que estávamos agradando com essa inovação de tocar e cantar. Disse-me também que havia uma pessoa que eu iria gostar de conhecer. Foi assim que me apresentou uma figura, com quem, de cara, simpatizei. Falava mais do que a boca. Tão magro, que, de frente, parecia estar de lado; de lado, parecia ter ido embora. Serginho cochichou ao meu ouvido, usando aqueles seus trejeitos característicos de falar com as pessoas: “Conhecias o bom Bitão?” Estranhando o nome, mas concordando, estendi a mão. Ele disse se chamar Wagner Tadeu Benatti, vulgo Bitão. Serginho, com a mão em volta de meu pescoço, perguntou-me: “Deixa o amiguinho assistir aos ensaios dos Megaton’s?” Respondi: “Oh, Serginho! Você manda, não pede, vamos lá!” No caminho, o amigo me informou que Bitão cantava, tocava e compunha. Quase chegando ao local de ensaio, encontramos Bobby de Carlo e seguimos todos juntos.
Depois das apresentações, começou um festival de gozações costumeiras que os integrantes dos Megaton’s, normalmente, costumavam fazer, imitando bêbado. Bitão também pegou a mania e, daí pra frente, se algum estranho nos visse, pensaria que estávamos todos embriagados. Após nos divertirmos pra valer, o novo amigo mostrou algumas de suas composições, ao mesmo tempo acompanhando-as, demonstrando muita versatilidade e desenvoltura. Cativou todos os componentes dos Megaton’s. Convidei-o para participar do conjunto. Serginho de Freitas perguntou para Bobby di Carlo se ele gostaria de gravar uma das músicas de Bitão. Bobby logo disse que sim. A música de que Sérgio mais gostou, tendo-a sugerido a Bobby que a ensaiasse para gravar, comigo na segunda voz, chamava-se “Tijolinho.” Naquele dia mesmo, começamos a fazer os arranjos. Ensaiamos até a exaustão, procurando criar um som nas guitarras que nos diferenciasse de todos os conjuntos existentes na época. Conseguimos um som que lembrava em muito o The Byrds. Tendo encontrado o que procurávamos para nos distinguir, restava-nos testá-lo em gravações e em público, o que não demorou a acontecer. Em contato com a gravadora Odeon, Serginho de Freitas, recebeu de Tony Campello, em meados de agosto ou setembro de l966, a informação de que queria gravar com Os Megaton’s cantando duas composições de Bitão. Ficamos muito contentes, principalmente, por termos sido lembrados e convidados a gravar por Tony Campello, produtor da gravadora.
Em meados de setembro de l966, entramos em estúdio e gravamos “Tarzan” e “Viajando”, pela Odeon, com produção de Tony Campello. Quatro meses antes, ou seja, em maio de l966, a gravadora Polidor havia lançado uma coletânea com Os Megaton’s, The Fevers, Os Vickings, Os Inocentes, Os Santos, Roberta, Roberto Rei, Os Golden Boys, etc. Como não sabíamos desse lançamento, deixamos de trabalhar esse LP; não fomos avisados em tempo hábil. Acabamos gravando outro compacto pela gravadora Odeon quase simultaneamente ao lançamento do disco coletivo da Polidor. Se tivessem me avisado, eu adiaria a gravação do compacto para me debruçar sobre a divulgação primeiramente do LP “O Fino para a Juventude”. Ter amigos no meio artístico era comigo mesmo. Sem querer me gabar, artistas renomados praticamente imploravam para gravar um disco, ao passo que eu recebia convites e mais convites para gravar, que tanto vinham das gravadoras como também dos cantores que queriam o acompanhamento d’Os Megaton’s.
Mal tínhamos gravado nosso compacto pela Odeon e já estávamos fazendo os arranjos musicais com Bobby de Carlo para gravar “O Tijolinho”, de Wagner Tadeu Benatti, no qual eu faria a segunda voz. Em alguns dias, estávamos com os arranjos prontos. Serginho de Freitas foi o produtor. Entramos em estúdio e regulamos, como de costume, o volume das guitarras para conseguir o som que durante nossos ensaios elegemos como o melhor. Logo na primeira, para teste, todos acharam que já era a boa, – fala de técnico de gravação. Todos os presentes eram só elogios à qualidade de arranjo, bem como ao som que conseguimos extrair das guitarras. Os elogios se estenderam por todo o meio artístico. Quase todos os cantores diziam que queriam gravar com Os Megaton’s. Dentre eles, Marcos Roberto, que chegou a compor uma música exclusivamente para nós gravarmos, intitulada “Cuidado”. Essa canção foi registrada num disco em cujo verso gravamos “Só penso em meu bem”, de um compositor amigo, do bairro do Canindé, gente da nossa patota, que apelidamos Lhe, por ele ser filho de libanês. Também gravamos o – acompanhamos – quando gravou seu compacto de estréia. Antes, gravamos “Meu machucadinho” e “Nelma”, composições de Bitão.
Certo dia, apresentando-nos no programa do Luiz Aguiar na Rádio Bandeirantes, “Os Brotos Comandam” nosso baterista, Edgar, começou com aquela brincadeira de imitar bêbado, caindo nas graças do apresentador, que deu corda e também acabou, sem querer, fazendo a entrevista como se também estivesse embriagado. A alegria tomou conta de todos, tanto dentro dos estúdios, quanto entre a assistência. Dos que estavam do lado de fora do estúdio, davam boas risadas Odair Batista, Umberto Marçal, José Paulo de Andrade e outros integrantes do elenco milionário que fazia parte da Rádio Bandeirantes, naquela época começando também como emissoras de TV. Nos corredores que levavam aos departamentos recém construídos, cruzávamos com todos que trabalhavam lá e recebíamos um carinho fora do comum dos que se dirigiam a nós, o que retribuíamos. Por ocasião de nos apresentarmos nos vários programas da época, Luizinho já ficava sentado ao lado do José Paulo de Andrade, dentro do estúdio. Nos intervalos que normalmente o apresentador tem, entre uma e outra gravação, conversavam e contavam causos, esquecendo que estávamos ali para entrarmos no ar de uma hora para outra. Isso nos obrigava, ás vezes, a sair correndo pelos corredores, dando trombada com todo mundo. Tudo isso era encarado pela “família Bandeirantes de Rádio e TV” com uma alegria e efusividade, que, desde o porteiro até João Sahad, só faltavam estender um tapete vermelho para que passássemos. Tempos que trazem muita saudade.
Como Serginho de Freitas também era disc-jóquei da Rádio América, que nessa época funcionava ao lado do estúdio da Rádio Bandeirantes, no mesmo prédio recém-construído, nosso contato era freqüente, facilitando nossa agenda de compromissos de gravações ou de apresentações, que recebíamos por seu intermédio. Certo dia, Serginho me avisou que tínhamos um convite para o programa “Pequeno Mundo de Ronnie Von”, junto com Bobby di Carlo. Foi a primeira vez que Os Megaton’s se apresentaram na televisão acompanhando Di Carlo tocando “O Tijolinho”, de Bitão, com o autor acompanhando o criador do arranjo e eu fazendo a segunda voz, conforme a gravação original. Nem Ronnie Von sabia disso. O produtor do programa era o Randal Juliano, apresentador do “Astros do Disco”, que tempos atrás me apresentou, defendendo o compacto mais vendido do The Jet Black’s, quando eu ainda fazia parte do conjunto. Por coincidência, ele apresentou em seu programa os verdadeiros organizadores e lançadores do The Jet Black’s, que o fizeram por força de um compromisso moral com o radialista Antônio Aguilar. Agora unidos em um novo grupo, com sucesso crescente nas paradas de sucesso, recebíamos o reconhecimento dos fãs das inovações de sons extraídos das guitarras e dos arranjos d’Os Megaton’s. Vez em quando, convidavam-nos a nos apresentarmos no “Pequeno Mundo de Ronnie Von”, que comumente cantava ao som do conjunto Baobás. Lá tivemos o prazer de conhecer também uma cantora de nome Decalaf, que tinha tudo para ser um grande sucesso, mas, de quem, sem explicação, nunca mais tivemos notícia no meio artístico.
Durante uma das apresentações no programa do Ronnie Von, fomos convidados a participar do programa da Hebe Camargo. Para a costumeira entrevista que a apresentadora fazia com seus convidados, ela chamou a mim e ao Bitão, que, muito novo, com apenas 15 anos, tornava-se um prato cheio, uma grande atração. Inteligentíssima, Hebe tirava o máximo proveito dos ímpetos e trejeitos de Bitão, transformando cada pergunta em um festival de gargalhadas. Depois de explorar ao máximo aquela entrevista, ela nos disse: “Como vocês dois fazem também composições às vezes em parceria, hoje, vocês terão que demonstrar isso. Entrem lá numa sala especial, totalmente indevassável, na qual vocês irão compor uma letra e música, para, em seguida, cantá-la aqui em público. Ah, vocês concorrerão com outro compositor, que ficará em outra sala. Lá fomos nós para aquela “boca torta”. Digo isso porque nem de leve poderíamos imaginar que seríamos expostos daquela maneira, sem ninguém ter nos avisado antes. Compor e cantar em dueto sem tempo de decorar um mínimo da melodia recém-criada? É um verdadeiro furo n’água, que só não recusei movido pela euforia daquele momento mágico. Só o fato de estarmos nos apresentando no programa da Hebe Camargo já provava aos meus desafetos que, como fiz com o Jet Black’s em tempos idos, estava novamente fazendo, agora com Os Magaton’s, sendo visto e entrevistado no programa de maior audiência da TV brasileira. Era uma vitória em nossa carreira, com a qual todo artista daquela época sonhava. Quanto ao concurso, perdemos.
Devido ao sucesso de “O Tijolinho”, entramos novamente em estúdio para gravar agora mais 12 faixas com Bobby De Carlo, dessas 12, duas comigo fazendo a segunda voz, “A Boneca que diz não” e “Teimosa”. Enquanto gravávamos o LP de Bobby, aproveitamos para gravar outro compacto contendo uma composição de Marcos Roberto, intitulada “Cuidado”, e, na outra face, “Só penso em meu bem”, de autoria de Lhe, inclusive um acompanhamento musical de Marcos Roberto cantando “Vai Embora Daqui”, composição sua que se tornou praticamente seu carro-chefe, devido ao sucesso. Toda vez que Marcos Roberto se apresentava em uma rádio com esse disco, nunca se esquecia de dizer que Os Megaton’s tinham feito tanto os arranjos quanto o acompanhamento. Sempre que podia, ele procurava nos enaltecer, dando-nos qualidades até além do que merecíamos. Marcão, aceita um abração do amigão? Então, sinta-se abraçado. Uuupa!
No segundo semestre de 1967, urante uma apresentação dos Megaton’s cantando “Meu machucadinho” na TV Bandeirantes, Sérgio Galvão e Débora Duarte convidaram-nos para fazer laboratório, nome usado pelos artistas, principalmente atores e comediantes, quando querem testar algo antes de ser exposto ao público. Elaboramos pequenas aparições com a intenção de fazer graça no meio das músicas que tocaríamos durante um programa com direção do renomado Caetano Zama. Até hoje, quando me lembro, quase não acredito que tivemos como diretor, colaborador, incentivador e orientador, para que pudéssemos lançar um programa com tantos altos e baixos; esse monstro sagrado respeitado e cultuado pelos seus dotes artísticos e culturais invejáveis. Só para se ter uma idéia do espírito criativo dessa fera, naquela época ele pesquisou a área e idealizou Os Megaton’s fazendo aparições, tocando e cantando, em diversos lugares sui generis, tais como, em cima de um ônibus andando, em cima do prédio da TV Bandeirantes, sobre postes de transmissão de energia elétrica da empresa Light, mil e um lugares quase impossíveis de enumerar. Isso tudo era feito por um cinegrafista que passava os dias inteiros filmando em table tops, modalidade de filmagem na qual o cinegrafista filma takes de dois segundos em dois segundos, com pausas para mudar de local, numa seqüência sincronizada. Ao ser exibida a gravação junto à música, vê-se uma movimentação numa rapidez extraordinária; não se consegue acompanhar e imaginar como pode alguém cantar a mesma melodia em lugares tão diferentes ao mesmo tempo. Na época, essa inovação de Caetano Zama nos colocou como o centro das atenções do programa “Quadrado e Redondo”, o que nos mantinha ocupados de quatro a cinco dias da semana com filmagens, boa parte dentro da própria TV Bandeirantes, nos altos do bairro do Morumbi, em São Paulo, outras em externas em algum lugar pitoresco sugerido por nós ou a mando de Zama. Quando terminávamos de gravar o que seria exibido aos sábados à tarde pela TV Bandeirantes, mal tínhamos tempo de jantar e já estava na hora dos ensaios, na Transportadora Estrela do Norte.
Os ensaios não se resumiam a nosso próprio repertório. Zama dava-nos compactos importados dos Monkey´s (Bus Stop), Rollyng Stones, Beatlles, etc., para que tocássemos suas músicas. Bitão e Sodinha (Antônio Carlos) tiravam praticamente de letra quase todas, porque almoçavam, jantavam e dormiam ao som desses discos. As gravações das músicas no estúdio da TV Bandeirantes tinham no som o técnico Índio, que sabia tudo de recursos de gravações e conseguia realizar o que idealizávamos. Deve-se também a sua colaboração técnica o sucesso que alcançávamos nas gravações iam ao ar nas tardes de sábado, conseguindo um ibope que a emissora jamais havia pensado que conseguiria alcançar. Quando circulávamos pelos corredores da TV Bandeirantes em dias que não estivéssemos gravando, maquiladores, maquinistas e operadores de boom (corpo técnico que cuidava do programa “Quadrado e Redondo”), sem exceção, davam aqueles tapinhas de satisfação em nossas costas, dando-nos parabéns pela audiência alcançada. Recebíamos aqueles elogios com muita humildade, mas, no fundo, sabíamos que havíamos feito por merecer, portanto, nada mais justo do que, pelo menos, o reconhecimento do público, para confirmar que estávamos no caminho certo. Só faltou mesmo uma compensação financeira.
De repente, surge Serginho de Freitas com um monte de compactos importados em baixo do braço em direção ao seu programa pela Rádio América. Chamou-me de lado e, em tom de voz bem baixo, disse-me que tinha um carinha que queria aparecer nos nossos ensaios no Canindé. Perguntei quem era, mas ele fez questão de não dizer. No dia seguinte, no momento em que ensaiávamos uma das músicas que gravaríamos para o “Quadrado e Redondo”, eis que aparece Serginho, com dois rapazes. Nas apresentações, um disse se chamar Antônio Marcos, e o outro, Mário Marcos. Serginho me falou que ele queria gravar um disco com arranjo e acompanhamento dos Megaton’s. Respondi que sim e perguntei qual seria a música. Antônio e Mário, então, cantarolaram um pouco da canção “Um amor melhor que o seu”. Passamos aquela noite inteira de ensaios procurando criar um arranjo que tivesse algo de diferente, como era nossa marca registrada. Naquele momento, ainda não estava bem ao meu gosto. Disse ao Serginho que precisávamos de mais alguns ensaios com o Antônio Marcos para encontrarmos um som e balanço que ficassem a contento tanto do conjunto, quanto do compositor. Como o estúdio que usaríamos para gravar – RGE, na Rua Paula Souza – estava com a agenda lotada, aproveitamos para ensaiar de dois em dois dias, determinados a lapidar seu arranjo tal qual uma jóia. Quando terminavam os nossos ensaios, acompanhávamos Antônio Marcos até o ponto de ônibus. Nessa época, ele morava na vila Matilde, tinha de tomar duas conduções para chegar a sua casa. Nas brincadeiras que surgiam enquanto esperávamos o ônibus, certa vez, Serginho pegou no pé dele, fazendo-o mostrar um dos sapatos que estava usando, com um pequeno furo na sola. Serginho, segurando o pé de rapaz, dizia pra mim: “Primão, o Marquitcho está desviando de ponta de cigarros, meu! Nós precisamos gravar esse disco dele de-pres-si-nha, senão o amiguinho vai vir ensaiar de chinela!” Antônio Marcos pegava-o pelo pescoço, fingindo enforcá-lo, chacoalhava-o, rindo e dizendo: “Ô, rapaaaz! Você está me es-cu-la-chan-do?” E continuava a brincadeira dando uma gravata com o braço em volta do pescoço de Serginho, até que ele pedisse desculpas. Os dois depois se abraçavam, e a turma d’Os Megaton’s quase morria de tanto rir. Assim, nesse clima de amizade e alegria, criamos um arranjo para acompanhar Antonio Marcos em seu primeiro disco solo e, ao mesmo tempo, marcar época, tanto no jeito de bater com a palheta nas cordas das guitarras, como na maneira diferente de tocar o contrabaixo. A exemplo de “O Tijolinho”, com essa gravação fizemos escola, que foi seguida por outros conjuntos.
Gravamos nos estúdios da gravadora RGE, naquela época situada na Rua Paula Souza. Quem estava na técnica de som, por coincidência, era o Ghaus, que tempos atrás foi técnico no estúdio da Gravodisc, onde gravei com o The Jet Black’s. Depois, eles apagaram a gravação e a refizeram, com outro em meu lugar, demonstrando cabalmente o quanto eram frios e calculistas, minando sob todos os aspectos a hipótese de que qualquer benefício pudesse me advir. Como meus princípios sempre foram de trabalhar com honestidade e responsabilidade, nunca enganando ou me aproveitando de ninguém, sempre acreditando e confiando nas pessoas, fui vergonhosamente passado para trás. Vi todo um projeto de vida que batalhei para conseguir ser usufruído por outros. Os louros e lucros que seriam meus por direito foram consumidos pelas cobras criadas por mim. Acho que só criei cobras para me picar.
No caso da música de Antônio Marcos, entramos em estúdio, gravamos algumas vezes até ficar sem defeito nenhum e, em cima dessa gravação, eu ainda pus um playback tocando órgão, ou seja, toquei contrabaixo e órgão no acompanhamento. Nós, d’Os Megaton’s, não ganhamos nem um centavo para fazer o arranjo nem para acompanhar a canção “Um amor melhor que o seu”, que acabou se tornando o primeiro sucesso que Antônio Marcos obteve em sua carreira de cantor, abrindo-lhe todas as portas para sua ascensão meteórica no estrelato. Infelizmente, Antônio Marcos nem ao menos uma vez, dentre tantas e tantas entrevistas, citou meu nome ou o d’Os Megaton’s, o que nos daria o prazer de ver e ouvir, pelo menos uma vez, o reconhecimento de nosso desempenho como arranjadores e conjunto instrumental que gravou seu primeiro sucesso.
Durante as gravações diárias do programa “Quadrado e Redondo” pela TV Bandeirantes, num dos poucos momentos em que parávamos de gravar os table tops que seriam exibidos no sábado, como era de costume, Sérgio Galvão e Débora Duarte, também partes integrantes do programa, ficaram eufóricos porque recebemos a notícia de que a atração ganhara mais tempo de duração, devido à audiência alcançada. Bitão virou-se pra mim e disse: “Joe Primo, se o Serginho ainda tivesse o conjunto dele, Os Mutantes, nós poderíamos chamá-los para participar de nosso programa.” Resolvemos ir até a casa de Sérgio, que gostou do convite e ficou muito satisfeito. Disse que fazia algum tempo que estava sem se apresentar em TV e costumava assistir ao “Quadrado e Redondo”, considerando-o “super pra frente”. Desse dia em diante, Os Mutantes passaram também a participar do programa, que também já contava com Tim Maia, naquela época ainda batalhando por um lugar ao sol.
Num dos programas, com Tim Maia já diante das câmeras para começar a cantar, Luizinho viu-se em palpos de aranha para conseguir acalmar os ânimos de uma senhora que se dizia ser dona da pensão que o cantor morava. Ela queria a todo custo invadir o programa justamente quando estivesse se apresentando, para lhe cobrar um aluguel. Luizinho conseguiu segurá-la. Imaginem o estrago que ele conseguiu impedir. Ao término da apresentação, Tim não tinha palavras para agradecer o favor recebido. Como a amizade reinava entre todos os integrantes do programa, esse foi mais um dos casos corriqueiros que se passaram entre nós.
Havia um rapaz, de nome Natan, que se uniu a nós como fã e amigo, ajudando a carregar instrumentos e entrando em estúdio de gravação conosco. Às vezes, acabava até gravando uma pequena participação nos programas, chegando a dar a impressão de que fazia parte do conjunto. Ele tinha um DKW, que se prestava a nos transportar para quase todos os lugares onde tivéssemos compromissos artísticos; nós colaborávamos com o combustível. O carro muitas vezes tinha de transportar até sete pessoas, porque Antônio Carlos, o Sodinha, integrante dos Megaton’s, namorava a Débora Duarte. Como a única condução que tínhamos era o DKW, não havia outro jeito, enfrentávamos essa verdadeira “boca torta” do bairro do Morumbi até o bairro do Pari. Somente quem conhece São Paulo pode avaliar a duração do aperto. Outra pessoa que convivia muito conosco era Alberto Luiz, um menino magrinho, com idade entre l8 e 20 anos, que tinha uma voz muito parecida com a do Roberto Carlos. Várias vezes eu o aconselhei a imitá-lo. Naquela época, ainda não havia aparecido essa legião de imitadores, portanto, quem o fizesse seria sucesso. Alberto Luiz também compunha, mas, devido a seu pouco conhecimento no meio artístico, encontrava muita dificuldade de mostrar suas composições. O que mais impedia que isso se realizasse era sua timidez e o receio de receber uma desfeita por parte de algum artista. Às vezes, cantarolávamos nossas composições um para o outro, durante os intervalos das gravações do nosso programa Quadrado e Redondo. Na sua humildade, ele demonstrava esse lado tímido, que aos poucos foi diminuindo, graças ao jeito brincalhão de todos os integrantes d’Os Megaton’s. Aquela nossa maneira de brincar com as pessoas, fingindo falar como quem estivesse bêbado, contagiava a quase todos da Rádio e TV Bandeirantes. Nos corredores da emissora, bastava qualquer um dos membros do conjunto cruzar com quem quer que fosse que já começava, tanto um como o outro, a falar como embriagado, praticamente como se fosse uma saudação.
Certa vez, Luiz Aguiar nos apresentou a Nalva Aguiar, dizendo-nos de seus dotes vocais. Naquela época, ela nem ao menos sonhava que iria gravar um disco, o que, aliás, não tardou a acontecer, e a cantora transformou-se num dos grandes sucessos fonográficos da época. Nesse dia, estávamos parados diante de um vidro que dividia o corredor dos estúdios da Rádio Bandeirantes, que naquele momento tocava a música “Coração de papel”. Eu disse para Luiz Aguiar que quem havia feito essa produção foi o mesmo produtor do nosso disco pela Gravadora Odeon, ou seja, Tonny Campello, que produziu nosso compacto simples “Tarzan”. Mal acabei de falar, Aguiar respondeu: “E quem canta está vindo ali”, apontando para Sérgio Reis, que parecia um bezerro desmamado, de tanto que chorava. Serginho de Freitas, brincando, pôs a mão no ombro de Sérgio Reis e, dirigindo-se a mim e a Luiz Aguiar, disse em tom de gozação: “Vocês sabem por que o amiguinho está chorando? É porque ele não encontrou a Lanna!” Nesse instante todos caíram na gargalhada, contagiando também Sérgio Reis, que ria e chorava ao mesmo tempo. O motivo da piada era que, tempos atrás, eu devia gravar mais um disco para cumprir meu contrato com a Gravadora Continental, cujo diretor artístico, Palmeira, sugeriu que eu gravasse a versão de uma música de nome “Lanna”. Passado algum tempo, essa mesma música foi lançada com gravação de Sérgio Reis, que a trabalhou muito, cantando e pedindo para tocá-la. Bem no começo da letra, diz-se: “Procuro por Lanna, que é meu amor, que se foi, sem adeus.” Já o motivo do choro de Sérgio Reis era porque sua mais recente gravação, “Coração de papel”, tinha entrado nas paradas de sucesso, consolidando com isso seu nome em letras maiúsculas (à altura de seu tamanho) no cenário nacional, abrindo-lhe todas as portas para o estrelato. Choro de alegria, de quem conseguiu se realizar naquilo que se propôs a fazer, diga-se de passagem, com louvor. Depois de todas as brincadeiras, todos começaram a dar os parabéns para Sérgio Reis, enaltecendo seu trabalho incansável, com Luiz Aguiar levando para o ar, em “Os Brotos Comandam”, toda aquela rasgação de seda.
Jorge Helau – disc-jóquei da Rádio América – gostava muito de jogar conversa fora com os integrantes de Os Megaton’s. Chegava, às vezes, com cara de poucos amigos para o nosso lado, e começávamos a indagar qual foi o bicho que o havia mordido. Depois de muita insistência de nossa parte, acabava dizendo que não estava legal porque havia se desentendido com a namorada. Nesse ponto, entrava Luizinho, dando uma de consultor para assuntos amorosos, e dizia: “Mas, Jorge, isso é um fato comum entre duas pessoas que se amam. Sabe como você deve fazer? Peça desculpas a ela e etc., etc., etc., entendeu?” Responde o Jorge: “Rapaz, não é que você está certo?” E lá iam os dois discutindo o sexo dos anjos pelos corredores afora. A moral que tínhamos por causa do programa “Quadrado e Redondo” colocava-nos num pedestal tão alto, que eu próprio não acreditava. Mesmo tendo sido meu objetivo, vendo-o se realizar, sentia não ser merecedor de tantos privilégios, bem como tudo o que estava se passando comigo. Achava ter ainda muita coisa para explorar, oferecer e levar ao encontro de todos que confiaram em mim e acreditaram em minhas idéias, quer como colaborador ou espectador. Ainda nesse clima de euforia, Sérgio Reis, chamando-me de lado, convidou a mim e aos Megaton’s para acompanhá-lo em shows. Era um convite irrecusável se não tivéssemos o compromisso do programa “Quadrado e Redondo”, que absorvia quase todo nosso tempo, principalmente aos sábados, quando se realizam 90% dos espetáculos nos quais teríamos de acompanhá-lo. Expliquei a ele e lamentei não poder aceitar. “Que pena, Serjão, fica para outra, tá?” Nessa, deixamos passar o cavalo encilhado.
Aproveitando o ensejo de fazer uma apresentação no nosso programa, eis que ao meu lado, pondo a mão em meu ombro, surge Jerry Adriani, com uma carinha de quem quer “tirar uma casquinha”, e me diz, sarcástico: “Oh, Joe Primo, você se lembra de quando me rejeitou nos testes que você fazia para o programa ‘Ritmos para a Juventude’, do Antônio Aguilar? Olha eu aqui. O que você tem a me dizer?” Respondi: “Tenho a dizer que você continua cantando pelo nariz e, mesmo depois de ter gravado um disco, não sei como, está dependendo de se apresentar em meu programa, como no início, para se alavancar artisticamente, ao passo que eu fiz o The Jet Black’s e agora também Os Megaton’s, estamos estourando com o programa “Quadrado e Redondo”, e o nosso sucesso você comprova pela audiência que a emissora recebe nas tardes de sábado, quer mais?” – “hoje… (desculpando-me) reconheço ter ido longe demais nos meus conceitos sobre o Jerry, deixando passar despercebido suas múltiplas qualidades”. – Exatamente nesse instante, chamaram-me, porque entraríamos no ar naquele momento para aguardar em cena a exibição do table top que havíamos gravado durante a semana. Em seguida, ao vivo, acompanharíamos Biquinho (Ed Carlos) cantando a música “Estou feliz”, que também estava nas paradas de sucesso. O apelido de Ed Carlos foi dado por Edgar, nosso baterista. A referência era a “bicão”, pessoa que entra sem ser chamada num ambiente, festa ou conversa, mas Carlos era um menino de aproximadamente 13 ou 14 anos, por isso, Biquinho.
De vez em quando, enquanto Sérgio Galvão, Débora Duarte e Caetano Zama finalizavam os preparativos para que o programa entrasse no ar, nós do conjunto sentávamos nas poltronas do auditório, aguardando a deixa de entrada e, ao mesmo tempo, curtindo umas gozações costumeiras com os artistas que ficavam ao nosso lado. Quase sempre, Serginho, dos Mutantes, que já faziam parte do programa, vinha se juntar a nós nas poltronas, pondo mais lenha na fogueira da bagunça que normalmente fazíamos. Rita Lee, depois que se entrosou conosco, fingia ser uma dessas menininhas sem educação e simulava cuspir em Luizinho, fazendo as birras que normalmente uma garotinha malcriada costuma fazer na frente de uma visita.
No meio de uma dessas brincadeiras, Caetano Zama me chamou para subir até o 1º andar da TV Bandeirantes. Chegando lá, o maestro Potcho, juntamente com sua orquestra, estava gravando uns jingles. Caetano Zama me pediu para ouvir atentamente a orquestra tocar. Havia um instante em que ela dava uma ligeira parada e continuava a tocar a música; lembrava um pouco aquele fundo musical que se ouve na apresentação dos desenhos animados do Pica-pau. Após ouvir atentamente, Zama me disse que, como eu fazia isso e os sons diferentes nas gravações d’Os Megaton’s, ele se lembrou de mim para extrair um som que lembrasse uma mola sendo esticada e depois solta, para entrar exatamente naquele intervalo no qual a orquestra do Potcho dava a parada. Imediatamente fui buscar uma das nossas guitarras, no térreo, e pedi para o técnico de som Índio que a ligasse. Potcho começou tocando aquele jingle e, em dado momento, parou e apontou a batuta em minha direção. Nesse exato momento, afrouxei, através da alavanca da guitarra, as duas últimas cordas (si e mi), dei um toque forte de palheta nas duas ao mesmo tempo e soltei a alavanca, tremendo com a mão na mesma. O efeito que extraí agradou em cheio a Caetano Zama, bem como a todos os músicos da orquestra de Potcho. Esse jingle passou a ser usado em quase todas as transmissões de jogos de futebol da TV Bandeirantes. Com o passar do tempo, ouvi esse mesmo som, que criei e gravei, ser usado e copiado em várias propagandas comerciais e situações engraçadas, como, por exemplo, uma pancada na cabeça ou um tombo em programas de “vídeo-cacetadas”, cujo desfecho requer som de mola tremulando. Isso, no entanto, não era nenhuma novidade para mim. Quando nós d’Os Megaton’s nos debruçávamos sobre a tarefa de um arranjo para gravar um disco, pensávamos exatamente nesse detalhe: fazer escola, o que conseguimos, pois nossas inovações foram seguidas por vários conjuntos. Na gravação de “O Tijolinho”, com Bobby de Carlo, o som das guitarras, bem como o efeito que uma delas executa logo no início, foram copiados por vários músicos, inclusive duplas sertanejas. Já na gravação que fizemos acompanhando Antônio Marcos no sucesso “Um amor melhor que o seu”, composição de Roberto Carlos, a sequência de palhetadas dada nas cordas das guitarras – tal qual fossem baquetas sendo batidas numa caixa de fanfarra ou caixa de escola de samba – e o balanço que o contrabaixo e a bateria executam, passaram a ser imitados por quase todas as bandas de rock. Em agosto de 2005, na novela “Se a Lua Falasse”, exibida pela TV Globo, ouve-se claramente no início e nos intervalos, a introdução melódica que Os Megaton’s criaram para os acompanhamentos da música “O Tijolinho”. Isso tudo se deveu às pesquisas que, incansavelmente, fazíamos durante os ensaios para extrairmos um som diferente, que acabou sendo reconhecido e imitado, numa prova evidente de que todo o trabalho que tivemos não foi em vão, servindo, portanto, de contribuição à música, ainda que discreta, levando-se em consideração um universo de sons exóticos e arranjos que podem e devem ser criados para o deleite dos aficionados e amantes dos sons.
Basta nos atermos a criar, não a copiar – fica aqui o recado.” (Primo Moreschi, o Joe Primo)

Ouçam algumas gravações da banda e também Os Megatons acompanhando o cantor Bobby di Carlo:

1. Cuidado – Mocambo 1297

2. Só penso em meu bem – 1967

3. Voo do Besouro – 1964

4. Meu Machucadinho – 1967

5. Cuidado

6. Nelma – 1967

7. Não vou me entregar – 1967

8. Infinito

9. Bobby de Carlo – A Boneca que Diz Não – 1966

10. Temptation – 1964

11. Bobby di Carlo – Tijolinho

12. Bobby di Carlo – Não vou me entregar

Uma Conversa sobre os primórdios do Rock! (entre músicos que estiveram lá!)

Como muitos já devem ter notado, gosto de registrar tudo que nos leva a conhecer sobre o início do Rock and Roll no Brasil, e hoje, ao participar desta conversa no nosso grupo Eterna Jovem Guarda no Facebook, não poderia deixar de registrar aqui para a posteridade, e também para os historiadores.

Tudo começou quando eu compartilhei esta foto a mim enviada por Antonio Aguillar, onde podemos ver a cantora Ilze Aparecida, que depois se tornou Cidinha Santos, se apresentando em seu programa, e ao fundo estão os dançarinos….

Ilze Aparecida, a Cidinha Santos, hoje Cinthia (da Rádio Capital de SP), se apresentando na TV Paulista canal 5 no programa Ritmos para a Juventude, de Antonio Aguillar. Atrás podemos ver o conjunto Lancaster de dança, identificando o Xupeta e o Bolão. O ritmo era Rock and Roll!

Ilze Aparecida, a Cidinha Santos, hoje Cinthia (da Rádio Capital de SP), se apresentando na TV Paulista canal 5 no programa Ritmos para a Juventude, de Antonio Aguillar.
Atrás podemos ver o conjunto Lancaster de dança, identificando o Chupeta e o Bolão.
O ritmo era Rock and Roll!

Vejam a conversa entre Sérgio Vigilato, o Serginho Canhoto do The Jet Black´s, Primo Moreschi, o Joe Primo, fundador do conjunto The Vampires, que se tornou The Jet Black´s e também fundador dos Megatons, Waldemar Botelho, o Foguinho dos Jordans, Santo Humberto Lunetta, músico nos anos 60, Fares Darwiche, pesquisador e colecionador e eu, uma simples mortal. rsrs

  • Waldemar Botelho Jr FoguinhoO DANÇARINO DA ESQUERDA DE CAMISETA BRANCA E O CHUPETA QUE EU ENSINEI A TOCAR BATERIA LÁ NO LANCASTER E O GORDINHO LÁ ATRÁS E O SAUDOSO BOLAO

    3 de junho às 19:04 ·

  • Sérgio Vigilato“CORRETAMENTE” FOGUINHO! CHUPETA E BOLAO!
  • Primo MoreschiO Chupeta, o Bebeto e a Denize, aprenderam os primeiros passos de Twist, em uma tarde no palco da Radio América, ao lado de The Jet Black´s, convidados que fomos pelo Miguel Vacaro Neto, para aprendermos os passos do ritmo que acabava de surgir no brasil, e mostrar aos frequentadores da Boate Lancaster, quando de nossas apresentações diarias das 10:hrs, as 4hrs na Rua Augusta.Hooo saudade.
  • Fares DarwichePrimo Moreschi, Bom Dia. Duas perguntas : 1. O Conjunto Lancaster de dança que participava da Jovem Guarda, teve seu nome originário em função da Boite ?…2. está Rádio América que vc cita, era de um casarão que ficava na esquina da Consolação com a São Luiz que hoje é a outra pista da Consolação ? Abração
  • Primo MoreschiAmigo Fares Darwiche, O Conjunto Lancaster de dança? Acredito que sim. Porque no começo lá na Boate Lancaster, o Chupeta, o Bebeto e a Denize, (dançando) não havia quem lá estivesse que não ficava admirado e motivado para também dar alguns passos.( Mesmo que fossem desajeitados no inicio). Vai daí (acredito) o fato de se unir o útil ao agradável. Ha… Os Globbers Trotters, também deram uma ajudazinha quando lá estiveram, demonstrando já dominarem a dança. Aliás, ficaram de boca aberta ao ouvir nosso saxofonista Néstico. Quanto ao casarão citado, na Consolação esquina com a São Luiz realmente era lá que se situava a Radio América.
  • Sérgio VigilatoSaudades daquela epoca Primo moreschi.
  • Primo Moreschi: Sergio Vigilato Amigo veio ou velho amigo! claro que tenho saudades. É inegável. Como você também tem não é mesmo? Ha… Obrigado por estar torcendo por mim. Isso me envaidece e me me faz acreditar que existe muito mais coisas a serem descobertas por mim. Você foi uma delas, a qual computo como um exemplo abençoado. Receba mais um a vês o abraço deste seu amigo de hoje e sempre Joe Primo- Primo Moreschi. Quanto ao resto?…Hora, o resto é resto rsrsrs fuuiii
  • Santo Humberto Lunetta FilhoTá aí algo que também me lembro caro Primo Moreschi . O conjunto Lancaster de danças . O Chupeta , o Bolão e a Denise e o Bebeto . Aliás o Chupeta virou baterista depois de um tempo vindo a tocar na formação dos Snakes que se apresentou no Programa do Eron Rodrigues ( O Erontex dá Sorte) na Tv Paulista Canal 5 . Formação nessa ocasião era : O Edson Trindade , O China, o Altair (Arlenio) no vocal e na “cozinha” o Santo Humberto”Teddy Pardal” Lunetta Filho no Contrabaixo e o Chupeta na bateria . Isso se deu no lançamento do compacto “Pra Você Voltar ” e Voce não me agrada pela MOCAMBO / Rozemblitz Discos .. TOC ! TOC! TOC ! kkkkkkkkk
    Fares Darwiche: Santo Humberto Lunetta Filho, bom dia. Por acaso o nome do China era Fernando ?
    • Fares DarwicheSanto Humberto Lunetta Filho, este compacto que vc citou acima , de que ano é ? Vou postá-lo com autografos ou autografo, pois a letra é uma só e não há menção do ano. (A dedicatória não foi a minha pessoa, pois o comprei em algum sebo da vida)
    • Santo Humberto Lunetta FilhoBom dia Fares . Não posso te precisar a data . Mas posso por relembrar fatos relacionados dizer mais ou menos ..depois disso eu por imposição de minha ex= eu PAREI com a Música … e casei-me com ela . (A ex) kkkkkk isso foi em 1967 Pelo menos é o que diz a certidão de Casamento kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    • Santo Humberto Lunetta FilhoPassei por um periodo de Ostracismo ate a dissolução do Casamento e então voltei a VIVER kkkkkk
    • Santo Humberto Lunetta FilhoPor falar nisso Primo Moreschi eu estava presente quando eles arenderam o TWIST la na Radio America se não me falha a memoria foi durante um programam do Miguel Vaccaro Neto onde eu era o secretário …kkkkkk Vcs , os Jet Black´s estavam como sempre testando os candidatos a cantor que o Miguel escolhia para se apresentar e depois gravar Lembro-me que após issto houve aquela apresentação do lançamento do TWIST no Brasil que foi feita na Hebraica kkkkk logo em seguida vcs gravaram o LP TWIST, TWIST lá na Gravodisc que ficava na esquina da Gal Osorio com a Praça Julio Mesquita onde eu estive presente e me valeu uma surra do meu velho e falecido pai … pois a gravação foi feita de madrugada e chovia torrencialmente …….Lembra-se ????///
      Primo Moreschi: Santo Humberto Luneta Filho! Agora eu arrepiei rsrsrs Isso é o que eu posso chamar de memória fotográfica.Assinei em baixo.Em 5 de junho de 2014 08:41

Para ilustrar esta publicação, segue um vídeo com depoimentos dos cantores Tony Campello, Tim Maia e Erasmo Carlos sobre a primeira fase do Rock no Brasil.

Tony Campello, Tim Maia, Erasmo Carlos falam sobre a primeira fase do Rock no Brasil.
Alberto de Barros, de Betinho e Seu Conjunto, inspirou cantores no início.
Tony Campello diz que Betinho marcou muito pra ele, que ouvia também Carlos Gonzaga.

Tim Maia conta que ensinou os primeiros acordes ao violão para Erasmo Carlos e lembra que o sotaque de Roberto Carlos era bem interiorano, lá de Cachoeiro…
Eduardo Araújo também foi Secretário de Carlos Imperial e foi Arlênio Trindade quem levou Roberto Carlos até a casa de Erasmo Esteves…
Roberto fez o convite a ele: “Apareça lá na televisão”!

Histórias de Joe Primo e Os Megatons

Conversando sobre o cantor Bobby de Carlo e a canção “O Tijolinho”, Primo Moreschi, o Joe Primo, disse:

Quem compôs essa musica, foi o “Bitão” Wagner Tadeu Benatti, hoje na banda Os Pholhas, quando pertencia ao conjunto Os Megatons. Inclusive gravamos com o Bobby Di Carlo nesta gravação e tive o prazer de fazer a segunda voz. A maioria das vezes em que ele se apresentava na televisão, eramos nós, “Os Megatons”, que o acompanhávamos. Hooo saudade…

Eu me referi à musica “Tijolinho” e vou mais além ; “A Boneca Que Diz Não” também faço a segunda voz, bem como todo o acompanhamento com meu conjunto (banda) “Os Megatons”.

Gravamos também seu LP e depois gravamos o primeiro disco solo do cantor Antonio Marcos, inclusive com arranjo meu para a musica “Tenho Um Amor Melhor Que O Seu”, no qual eu ainda além de tocar contrabaixo, ataquei de teclado. E também gravamos com o Marcos Roberto… HOOO saudade!!

Os Megatons

Da esquerda para a direita: Luis Moreschi (Guitarrista solo) Edgard (bateria) ainda em cima: Joe Primo (guitarra), Bitão, Wagner Tadeu Benatti (guitarra) e abaixo Sodinha (Antonio Carlos Cortez (teclado). O Bitão é o autor do Sucesso “O Tijolinho”.

Este LP foi o único gravado pelo conjunto no inicio de sua formação.  Posteriormente gravaram três compactos (cantando), e algumas gravações fazendo acompanhamento, Inclusive na música

Este LP foi o único gravado pelo conjunto no inicio de sua formação.
Posteriormente gravaram três compactos (cantando), e algumas gravações fazendo acompanhamento, Inclusive na música “O Tijolinho” tendo como cantor o Bobby Di Carlo, com Joe Primo fazendo a segunda vós.
Devido ao sucesso de “O Tijolinho”, cujo autor já falamos acima que foi o “Bitão (Wagner Tadeu Benatti), integrante dos Megatons, tendo como produtor o Sergio de Freitas, que houve por bem que eles gravassem um LP acompanhando o Bobby Di Carlo.

“Sou o primeiro à esquerda, abastecendo a guitarra do

“Sou o primeiro à esquerda, abastecendo a guitarra do “Bitão” rsrsrs seguido do “Renato” (guitarra solo) , “Luis Moreschi” (guitarra solo), e Edgard (batera).” (Joe Primo)

Sobre esta foto, Wagner Benatti escreveu: o amigo Primo vai corroborar: a foto aí de cima nós fizemos no local onde ensaiávamos: no bairro do Canindé em São Paulo na Rodoviária Estrela do Norte, que era do “seo” Morgado, nos ajudou bastante cedendo um quartinho para os ensaios; tive o enorme prazer de fazer parte de 2 bandas junto com o saudoso Eddy Teddy (Eduardo Moreira). Ooo saudade de tudo isso…Megatons aí nessa foto: Primo, Bitão, Renato, Luis (com sua 12 cordas) e Edgard. Posteriormente no lugar do Renato entrou o querido Sodinha (Antonio Carlos Cortês). Lá se vão quase 50 anos da foto…

Primo Moreschi

Primo Moreschi 2 de junho de 2014 10:08

Em meu livro “O Protagonista Oculto dos Anos 60”, citei os Baobás como a principal banda do programa do Ronnie Von. Volta e meia nós, “Os Megatons”, juntamente com “Bobby Di Carlo”, éramos convidados a participar. Inclusive a Decalaf era também figura constante. Era muito carismática. Nós gostávamos muito de vê-la em suas apresentações no programa do Ronnie Von, sempre descalça e de túnica.

Eu cantava fazendo a segunda vós com o” Bobby Di Carlo” na música “O Tijolinho”,  porque além de termos gravado com ele, também era uma composição do Bitão “Wagner Tadeu Benatti”, integrante da banda “Os Megatons”.   Hooo saudade!!

Outro programa no qual nós, “Os Megatons”, nos apresentávamos na recente inaugurada TV Bandeirantes, chamava-se “Quadrado e Redondo”, que ia ao ar todos os sábados à tarde, apresentado pelo Sergio Galvão e Débora Duarte, com produção de Caetano Zama. O Programa era líder de audiência do horário.Esse programa era gravado durante toda a semana, e levado ao ar aos sábados.Em meu livro “O Protagonista Oculto dos Anos 60” eu conto isso em detalhes…

De como Joe Primo teve a ideia de formar o conjunto The Vampires, que depois recebeu o nome de The Jet Black’s!

Primo Moreschi foi um dos pioneiros do Rock’n roll no Brasil.

Compositor, gravou canções de sua autoria, idealizou e fundou as bandas de Rock “The Vampires”, depois “The Jet Black´s”, e em seguida “Os Megatons”, atuando intensamente no meio artístico musical como músico, cantor e compositor nos anos sessenta.

Os Megatons

Porém, sua trajetória de sucesso teve surpresas desagradáveis, como a grave doença que o acometeu no auge da fama, seguida de uma longa internação e a constatação da traição pelos companheiros de banda.

Primo Moreschi

Primo Moreschi

Foi pelas mãos habilidosas deste brilhante músico que surgiram duas das mais cultuadas e respeitadas bandas (conjunto musical) de rock instrumental nacional: “The Jet Black´s” e “Os Megatons”.
Muitos dos jovens músicos que iniciaram seu aprendizado naqueles longínquos e criativos anos 60 tiveram como espelho essas duas bandas, sendo que “Os Megatons”, apesar de nunca terem tido um sucesso avassalador como outras bandas da época, sempre foram muito cultuados por todos os músicos pela qualidade instrumental e virtuose de seus integrantes, a exemplo do que pode testemunhar um dos integrantes que pertenceu ao conjunto, o Bitão, guitarrista e vocalista dos “Pholhas”.

Para conhecer sua história, convido a todos a visitar o Blog Primo Moreschi, O Protagonista Oculto dos Anos 60, de onde extraí o texto a seguir.

Foi o compositor Américo de Campos quem primeiro lhe acenou com a possibilidade de entrar para o mundo da música, e ao contar o fato para seu amigo Luiz Merllo, este se mostrou surpreso por saber que Primo cantava e compunha e recomendou que ele fosse a um programa infantil que acontecia aos domingos na Rádio Nacional. Foi então que ele passou a ir todos os domingos e cantava uma música no programa. Joe Primo comenta: “Como havia um contrabaixo sempre ali no palco, sem ninguém que o tocasse, às vezes, eu arriscava ajudar nos acompanhamentos dos participantes (só amadores), dando uma de contrabaixista.”

Primo Moreschi conseguiu que uma gravadora o contratasse, e em menos de uma hora, ele já havia colocado voz nas duas músicas, que se chamavam “Seu Delegado” e “Água de Cheiro”, ambas de sua autoria.
E foi em comum acordo entre Américo de Campos, o Sr. Rozemblite e o técnico presente na gravação que decidiram que ele deveria ter um nome artístico, e este seria “Joe Primo”.
Joe Primo conheceu Enzo de Almeida Passos, a quem valeu muito pra ele conhecer naquela fase de início de carreira artística.

De como Joe Primo conhece Antonio Aguillar e tem a ideia de formar um conjunto musical.

(Do livro “O Protagonista Oculto dos Anos 60”)

Trabalhando nos meios de comunicação, estando em todo e qualquer lugar onde, de uma forma ou de outra, meu disco fosse tocado, voltei à Rádio Nacional de São Paulo para participar de outro programa de lançamentos musicais, intitulado “Ritmos Para a Juventude”, cujo apresentador chamava-se Antônio Aguilar. Quando entrei nos estúdios, algumas fãs que se encontravam lá dentro reconheceram-me e, como sempre acontece quando elas vêm um artista, deram gritinhos característicos, abraçando-me e pedindo autógrafos, o que me deixou com mais moral perante o apresentador Antônio Aguilar, que até então ainda nem tinha ouvido falar no meu nome. Radialista e jornalista experiente que era, não perdeu a oportunidade dos gritinhos das fãs para reportar aos ouvintes de seu programa, que estava no ar, o porquê daquela euforia, dizendo: “Acaba de entrar nos nossos estúdios, ele… vocês estão ouvindo ao fundo o alvoroço das fãs… está um pouco difícil para ele conseguir chegar até aqui… vocês vão ouvi-lo e reconhecê-lo, porque ele mesmo vai se apresentar.” Passou-me o microfone, e eu disse: “Quem vos fala é Joe Primo. É com muito prazer que estou aqui, para participar do programa do nosso amigo Antônio Aguilar, que gentilmente convidou-me para estar com vocês”. O apresentador, mesmo sabendo que não havia me convidado, prosseguiu: “Gosto de fazer dessas surpresas para os nossos ouvintes, e é por essa razão que nossa audiência aumenta a cada dia”, ao que eu retruquei: “Aguilar, meu amigo, você tem que ampliar seu estúdio ou fazer seu programa diretamente do auditório da Rádio Nacional para dar chances a mais fãs poderem conviver com seus artistas”. Ele prosseguiu o diálogo, dizendo: “Joe Primo, meu amigo, deixe estar que vou pensar seriamente nesse assunto.” Após terminar o programa ele me disse: “Obrigado pelo improviso, bem como a sugestão que você deu com o programa no ar. Mas, quanto a ampliar o estúdio, impossível. Fazer o programa diretamente do auditório depende de muitos fatores. O primeiro é a verba de patrocínio, sem a qual nada se faz. O segundo: se o programa for no palco, as fãs vão querer ouvir seus cantores cantarem ao vivo, o que acarretaria a necessidade de um conjunto musical especializado em ritmos próprios da juventude para acompanhar os artistas. Sem contar que os artistas que cantam rock no momento são muito poucos. Mesmo assim, é quase certo que iriam querer ganhar algum cachê para participar. Enfim, não é fácil. Além do mais, eu ainda teria de ter poder de convencimento junto ao Abreu (diretor-geral da Rádio Nacional), para conseguir a liberação do auditório e levar avante essa empreitada. Sozinho é quase impossível.” Depois de ouvi-lo atentamente, disse-lhe: “Aguilar, se os problemas forem esses, eu tenho a solução para quase todos. Você não ouviu falar do meu conjunto de rock (disse-lhe o nome de um conjunto americano, famoso na época)? Pois esse grupo é meu. Você já ouviu falar de Bobby De Carlo? Pois ele, além de cantar solo, faz parte do meu conjunto.”
Aguilar, surpreso: “Sim, mas, para fazer um programa diretamente do auditório, haja atrações capazes de preencher o tempo mínimo, que, acredito, deva ser de uma hora.” Respondi: “Deixa comigo. Eu e meu conjunto faremos pela manhã uns testes com alguns cantores ou cantoras amadores, aos quais você fará uma chamada pelo seu programa. Os que forem aprovados serão escalados para participar, intercalando-se comigo, cantando, juntamente com o Bobby De Carlo, e meu conjunto tocando. Você verá que vai haver cantores profissionais que, ao perceberem o sucesso do programa no auditório, farão questão de participar sem sequer pensar em cachê.”

Animado com tudo, Aguilar disse: “Joe Primo… eu vou dar o primeiro passo ainda hoje. Sabe qual? Falar do que conversamos com o Abreu. Dependendo do que ele disser, amanhã mesmo farei as chamadas para quem quiser fazer testes procurar você sábado pela manhã, e seja o que Deus quiser. Mas (olho no olho), Joe Primo, pelo amor de Deus, não me vá mancar, porque isso tudo é muito sério. Após o cartão verde do Abreu, não existe volta”. Respondi: “Pode confiar em mim. Palavra e responsabilidade eu tenho até demais.”

Aguillar  no Auditório da Radio Nacional

Antonio Aguillar no auditório da Rádio Nacional.

Quando nos despedimos e comecei a entrar no corredor lateral da Rádio Nacional que dava até a saída para Rua Sebastião Pereira, as fãs novamente me assediaram. Depois de dar alguns autógrafos, bati um papinho amigo com o Barnabé, que me perguntou, entre outras coisas, o que eu achava dele arriscar fazer um LP, com histórias e piadas caipiras. Como na época o José Vasconcelos, humorista, estava com o maior sucesso de vendas de um LP de histórias e piadas diversas, dei-lhe meu parecer favorável. Barnabé, com seu jeito bem humilde de tratar a todos, aliado ao seu linguajar caipira por natureza, que lhe dava mais autenticidade, não tinha por que não dar certo com um disco de piadas.
Em seguida, tomei um suco na lanchonete.

Foi exatamente nesse instante que comecei a perceber a responsabilidade que havia assumido com Antônio Aguilar. Sem pestanejar, dirigi-me para o bairro do Canindé, indo direto para a casa do Bobby De Carlo, que era amigo meu havia algum tempo. Lá chegando, contei-lhe a história, o diálogo, o combinado; ele tudo ouvia sem discordar de nada. Quebrando o silêncio, Bobby virou-se pra mim, categórico: “Primão” – olhando-me espantado – “você tá louco? Cara, como é que nós vamos tocar como conjunto se não só não temos músicos suficientes, como também não temos instrumentos e tempo hábil para consegui-los?” Eu disse: “Bobby, é o seguinte. Nós só temos que arrumar um contrabaixo e um baterista. Baterista, normalmente, costuma já ter sua bateria. Eu compro uma guitarra a prestação nas Casas Manon, da Rua 24 de Maio, e você reveza comigo na guitarra, ora solando, ora acompanhando! Uma hora eu canto e você me acompanha. Outra hora você canta e eu o acompanho. Nesse instante, Bobby me interrompeu, dizendo que se lembrou de ter conhecido um carinha que morava lá pelos lados de Santana e tocava mais ou menos violão. “Quem sabe, a gente dando algumas dicas de como era a batida da guitarra para acompanhar rock, ele aprendesse, uma vez que sabia tocar samba?” Já era meio caminho andado, portanto valeria a pena arriscar. Fomos. Bobby apresentou-me a ele, José Paulo. Imediatamente, perguntei se toparia participar de um conjunto de rock para tocar todos os sábados na Rádio Nacional. Ao ouvir o convite, principalmente pelo nome da Rádio Nacional, a resposta foi a seguinte: “Rapaz… é claro que eu topo, vou realizar um sonho”. Ficou muito alegre e disse que tinha um conhecido no colégio que tocava bem bateria, só não sabia se também tocava rock, pois só o tinha visto tocar samba. Apos contatar o baterista, Jurandy, que também concordou em participar do conjunto imediatamente, marcamos um encontro para decidir como seria nossa atuação de estreia, tendo em vista não termos praticamente tempo hábil para ensaios. Nessa reunião, combinamos, dentre outras coisas, por exemplo, quem tocaria o quê. Na guitarra solo, seria Bobby De Carlo; no contrabaixo, Carlão. Na bateria, Jurandy e, na guitarra base, Joe Primo e Zé Paulo.

Pronto e definido, só faltavam duas coisas: como fazer pra eu não passar por mentiroso, tendo em vista ter dito para o Antônio Aguilar que eu tinha um conjunto de rock com o nome de um conjunto americano, muito famoso na época, que nunca poderíamos usar, conhecidíssimo que era dos aficionados em rock no mundo todo. Chamei Bobby de lado e lhe disse: “Ajude-me a encontrar um nome em inglês que, ao ser pronunciado, confunda-se o máximo possível com o do conjunto americano.” Depois de muito pensar, chegamos à conclusão de que a único nome plausível, que, ao ser pronunciado rapidamente, pudesse se confundir com o que eu havia dito para Aguilar seria The Vampire´s. Resolvido o nome do conjunto de rock recém-formado. Solucionado o problema, dirigi-me ao apresentador e o autorizei a anunciar quando quisesse o primeiro programa “Ritmos para a Juventude”, diretamente do palco do auditório da Rádio Nacional de São Paulo. Nessa semana, que antecedeu a estreia do programa, Aguilar, ao fazer as chamadas, dava tanto ênfase à atração, que o conjunto The Vampire´s antes de se apresentar em público já estava praticamente famoso. No sábado, quando seria a estréia do programa, diretamente do palco e auditório da Rádio Nacional de São Paulo, que se situava na Rua Sebastião Pereira, no bairro Santa Cecília, às sete horas da manhã, eu, Bobby De Carlo, Zé Paulo, Jurandy e Carlão, componentes do conjunto de rock The Vampire’s, lá estávamos, arregaçando as mangas e agitando os preparativos junto com Antônio Aguilar, tentando organizar da melhor maneira possível tudo o que deveria acontecer no transcorrer das apresentações em cima do palco. Toda a direção artística musical, bem como algumas encenações em cima do palco para não deixar buracos entre uma apresentação e outra, estava ao meu cargo. Aguilar, a todo instante, vinha a um dos estúdios que improvisei para fazer testes e me perguntava: “E aí, Joe Primo? Você tá confiante? Você acha que nós vamos conseguir preencher o horário cedido pela direção? Será que vai ter um bom público no auditório?” Respondia: “Tenha calma, Aguilar. Ainda falta mais de uma hora para o início do programa. Assim que eu terminar os testes com esse pessoal todo, vou ver quem tem condição de cantar hoje e intercalar uns três ou quatro deles com o Bobby De Carlo cantando “Oh, Eliana”. Em seguida, você usa seu poder de persuasão e convencimento, aproveitando a deixa dos aplausos destinados ao Bobby De Carlo, para valorizar o novato que irá se apresentar em seguida. Mais uns três novos e você anuncia Joe Primo, e eu canto. Novamente, alguns novos cantam e você chama o Carlão. Em seguida, encerramos com The Vampire´s tocando e deixando os participantes dançarem em cima do palco, enquanto você vai agradecendo a juventude presente, prometendo uma nova atração no outro sábado. Aí, tchau e benção.” Combinado, respondeu Aguilar.”

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Dentre os amadores que aprovei, havia um que até no teste contagiava a gente. Só cantava o repertório de Little Richard, com movimentos de pernas e corpo dignos de elogio, indo ao encontro, portanto, do gosto do público frequentador de shows de rock. O nome artístico escolhido por ele era Jet Black. Ficamos eufóricos com a desenvoltura do crioulinho nos testes.

O cantor Jet Black, que se tornou Little Black

O cantor Jet Black, que se tornou Little Black

Aprovei-o e chamei o próximo…

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Aquela plateia gritava e pulava tanto que não conseguíamos sequer ouvir o que Aguilar falava. Somente ouvi-lo dizer “juventude feliz e sadia”. Só conseguimos nos entender porque começamos a nos comunicar por meio de sinais. E tome pauleira. Mais ou menos na metade do horário para o término do programa, não sei até hoje de onde veio tanta gente, superlotando o auditório, subindo no palco, dançando perto do Aguilar, enquanto cantávamos. Foi quando chegou a vez de se apresentar o rapaz autocognominado Jet Black. Ele cantava, dançava, pulava e instigava o público, gritava e corria no palco – tudo isso dentro da música – enfim, deixava o público louco com suas peripécias. Sucesso total. O Bobby De Carlo, além de estar tocando em nosso conjunto, teve de cantar mais de uma vez, porque o público pedia bis incessantemente, o mesmo acontecendo comigo, sem contar que nós tínhamos que ficar o tempo todo com os instrumentos na mão e sempre fazendo algum solo de improviso para não cair o ritmo de euforia. Quando terminou o programa tivemos que ficar mais de duas horas dentro dos estúdios da rádio até que o público dispersasse um pouco. É que também a rua em frente da Rádio Nacional estava totalmente tomada pelo público, que não conseguiu entrar no auditório, mesmo após muito tempo, ao sairmos, cansamos de tanto dar autógrafos. Quando estávamos sós, o Zé Paulo, com sua humildade, não cabia em si de contente. Disse: “Rapaz, eu nunca tinha dado autógrafo! E se ria. “Foi demais, que bacana”. Perguntou ao Jurandy: “E você? O que achou?”, ao que ele respondeu; “É, pra mim, tudo bem”, como se já estivesse acostumado. Nisso, o Carlão, todo estabanado, concluiu: “Tudo bem? Tudo ótimo, meu camarada. Nunca dei tanto autógrafo em toda minha vida!”
Na segunda-feira, após a estreia no palco e auditório da Rádio Nacional, antes que o Aguilar começasse seu programa de rádio costumeiro, eu e o Bobby De Carlo conversamos com ele para saber da repercussão do programa de sábado. O apresentador nos contou que todos da Rádio Nacional, sem exceção, adoraram, e seu diretor, senhor Abreu, havia-lhe concedido todo o horário da tarde de sábado para usar como quisesse. Eu e o Bobby ficamos contentes com a novidade. Só que pra preencher uma tarde de shows somente com “The Vampire´s” seria um pouco puxado, haveria a necessidade de arranjarmos outro conjunto de rock, o que não era fácil. Combinamos que o Aguilar faria uma chamada em seu programa; se houvesse algum conjunto de rock que quisesse participar de nosso programa no sábado à tarde, que procurasse o Joe Primo para fazer os testes preliminares. Durante a semana, no horário das 14 às 16 horas, eu passei a fazer ponto na Rádio Nacional à espera de um conjunto de rock que pudesse dividir com The Vampire’s os acompanhamentos de quem participasse cantando no programa. Apareceu um indivíduo magrelo, com um chapeuzinho daqueles que somente os jóqueis costumavam usar. Muito educadamente, chegou-se a mim dizendo que tinha um conjunto de rock e gostaria de participar, fazendo um número no programa. Indaguei qual era a formação do conjunto, quantos elementos o compunham e como eu poderia vê-los tocarem. Eufórico, disse-me que, se eu quisesse, sábado de manhã traria os músicos, bem como seus instrumentos, para fazer um teste. Concordei e não me arrependi. Eles tocavam direitinho, e eu lhes propus que, a partir daquele instante, iriam dividir a responsabilidade dos acompanhamentos com The Vampire´s. O nome do rapazinho magrelo era Aladim. O conjunto? The Jordans. Outro fato pitoresco que merece ser contado é que havia um colega nosso, que nos acompanhava ajudando a carregar instrumentos, que, sempre que podia, sentava-se na bateria do Jurandy. Mal sabia pegar nas baquetas, mas eu tinha quase certeza de que, no fundo, no fundo, torcia para o Jurandy faltar um dia, para ele poder se sentar em seu lugar. Nunca houve essa oportunidade. Mas, passado algum tempo, ele conseguiu uma oportunidade que agarrou com unhas e dentes. Nós do The Vampire´s ficamos até surpresos. Foguinho – apelido que nós lhe demos – passou a tocar bateria no conjunto The Jordans e nunca mais saiu. Toda vez que nos cruzávamos, fazíamos a maior gozação com ele, perguntando se ele já sabia rufar na caixa da bateria, bater com a baqueta no ximbau e outras brincadeiras próprias de quem estima alguém. A verdade é que Foguinho passou a ser respeitado pelas suas qualidades de ótimo baterista e companheiro.
Após alguns sábados de sucesso total do programa “Ritmos para a Juventude”, diretamente do auditório e palco da Rádio Nacional de São Paulo, durante os ensaios, antes de entrarmos no palco, havia um rapaz, que, sentado ao piano, de vez em quando, dava uns toques discretos para não atrapalhar nosso ensaio. Veio-me à cabeça: “Como o Bobby De Carlo volta e meia falta aos sábados, seria uma boa eu tentar falar com esse cara. Se ele topar tocar piano em nosso conjunto, vou matar dois coelhos com uma cajadada. Na maioria dos arranjos de rock, o piano é usado. E ele vai cobrir a falta do De Carlo.” Perguntei se ele tocava piano há muito tempo. Respondeu-me que somente arranhava um pouco. Convidei-o para tocar conosco, ele aceitou e me disse que tinha uma guitarra. Perguntei-lhe se também sabia tocá-la. Respondeu-me que sabia arranhar um pouco. Disse-lhe que, após o programa, entraríamos em mais detalhes. Por enquanto, se ele quisesse atacar de piano compondo o conjunto The Vampire’s, tinha meu consentimento. Perguntei-lhe o nome e o informei a Aguilar, para que anunciasse sua entrada como participante do conjunto. O apresentador se enrolou todo ao anunciar. Não sabia se era José Provetti ou se era Gato. Mas, usando seu jogo de cintura de disc-jóquei, consertou: “É lógico que eu estou falando do nome artístico de José Provetti, ou seja, Gato, esse novo integrante que entra para valorizar ainda mais The Vampire´s, conjunto famoso que essa juventude feliz e sadia já elegeu como o melhor grupo de rock!” Casualmente, sem saber que estava praticamente profetizando, Aguilar anunciou o cantor que já havia virado o eleito dos novatos que se apresentavam aos sábados, Jet Black, que iria cantar acompanhado por The Vampire´s, com Joe Primo na guitarra, José Paulo na guitarra base, Jurandy na bateria, Carlão no baixo e, agora, Gato no piano. Terminado o programa, novamente um sucesso crescente, nós nos dirigimos à oficina de tapeçaria de carro, situada na Rua Hanneman, ao lado da Igreja Santo Antonio do Pari, de um amigo nosso, Johnny, e seu irmão Benê, que gentilmente nos cediam o local para os ensaios. Nesse ensaio, fizemos em comum acordo uma nova ordem de entrada com referência aos instrumentos que seriam tocados, ou seja, tendo em vista a desenvoltura apresentada por Gato nas preliminares de suas exposições, dado o modo como pegava na palheta para fazer algum improviso em uma guitarra amarela dourada, extraindo um som próximo ao de uma guitarra com alavanca, que a dele não tinha, resolvi indicá-lo como guitarra solo. Todos concordaram. Fiquei com a guitarra base, o José Paulo, com o baixo, e o Jurandy continuou sendo baterista. Tudo foi feito de modo democrático, com a concordância dos integrantes. As modificações eram necessárias por conta da falta de assiduidade de Bobby de Carlo nos ensaios e apresentações do programa, devida ao diversos shows que ele tinha de cumprir, graças ao sucesso de sua gravação “Oh, Eliana”, na Odeon. Bobby me havia dito que não poderia arcar com os compromissos do conjunto, pelo menos temporariamente, dizendo-me que segurasse as pontas, provisoriamente. Em vista disso, fizemos as alterações. Mas faltava o contrabaixo. Usamos a criatividade e improvisamos: colocamos cordas de contrabaixo na guitarra do José Paulo, e pronto. Agora, dá-lhe ensaiar músicas instrumentais para deixar o prestígio adquirido com o programa crescer ainda mais. Dito e feito. Logo na primeira apresentação que fizemos tendo o Gato como solista, foi um sucesso. Dentre todos os cantores que devíamos acompanhar se encontrava, como sempre, o novato Jet Black. Durante os ensaios, dada a intimidade que tínhamos, eu brinquei com ele, dizendo: “Jet Black, você, por ser pequeno, deveria se chamar “Little Black” e deixar que nós nos chamássemos Jet Black´s”, ao que ele imediatamente respondeu: “Positivo, eu gostei, eu topo.” Eu não havia falado sério, fiquei surpreso e, como não simpatizava muito com o nome The Vampire’s, consultei Gato, Zé Paulo e Jurandy sobre o assunto. The Vampire’s passou a ser nome do passado e passamos a usar The Jet Black´s…

Toda a história e trajetória deste músico de destaque, pode ser lida aqui, no Blog de Primo Moreschi, o legítimo fundador do conjunto The Jet Black’s!

The Jet Blacks no Jardim de Inverno da antiga Boite Lancaster em São Paulo

The Jet Blacks no Jardim de Inverno da antiga Boite Lancaster em São Paulo

Comentário recebido em 18-05-2014:

Santo Humberto Lunetta Filho comentou sua atividade em WordPress.
Santo escreveu: “Eu estive presente em diversas gravações dos Jet Black´s e posso afirmar que “outros ” participaram e não tiveram seus nomes reconhecidos na história do conjunto de rock The Jet Black’s ….. Posso AFIRMAR PEREMPTORIAMENTE que FATOS foram omitidos dolosamente por razões a serem investigadas …

Em 19-05-2014, Primo Moreschi escreveu:

Primo Moreschi comentou um link que você compartilhou.
Primo escreveu: “… amiga Lucinha Zanetti, estou aqui livre leve e solto para dirimir qualquer dúvida pendente, se após ler as postagens de meu livro ainda houver duvidas, Agora sem querer polemizar mas já polemizando; não vou deixar o Antonio Aguillar se vangloriar de ter sido ele que falou com o cantor Jet Black, para ceder seu nome para o The Vampires, e ainda por imposição do Gato. Não vou deixar mais ninguém fazer reverencia com meu chapéu. E digo mais…Um dia antes dessa minha atitude de pedir ao Jet Black Para mudarmos os nomes, Exatamente na praça Padre Bento, no largo Santo Antonio do Pary, Eu, juntamente com Serginho de Freitas, e Bobb Di Carlo, Ouvindo o Programa Voz da América do Carlos Alberto Lopes (Sossego), em um radiozinho de pilha chamado Spik,( muito em moda naquela época), comentei com o Bobb e o Serginho, sobre o sucesso que o rapazinho (veja Bem) rapazinho na faixa de seus 17 ou 18 anos, cognominado Jet Black, fazia quando se apresentava no Programa “Ritmos Para a Juventude”; aventando minha vontade de sugerir a ele, a troca de nossos nomes. Tanto o Serginho quanto O Bobb Di Carlo, acharam genial minha ideia, mas… aventaram a hipótese de eu receber um sonoro “NÂO” da parte dele.Foi assim que no dia seguinte, criei coragem, e, durante nossos ensaios na Radio Nacional; me atrevi a sugerir a ele (O Jet Black) a troca de nomes. E só depois dele me ter dado como resposta o sim, que democraticamente comuniquei ao Gato, Zé Paulo e o Jurandy, se eles estavam de acordo com a troca de nosso nome The Vampires, para The Jet Black´s. Nunca ninguém pediu ao Antonio Aguillar para em nosso nome pedir a troca de nome com o cantor Jet Black. e muito menos foi sobe imposição condicional do Gato entrar ou não para o conjunto (banda hoje) uma vez que ele já havia entrado a uma ou duas semanas antes. E digo mais…Essa foto que o Antonio Aguillar postou como sendo o Jet Black, não tem nada a haver.O Jet Black em questão não tinha mais que 18 anos, e muito bem afeiçoado por sinal.Acredito que o Foguinho poderá comprovar se estou mentindo. Alias o Foguinho por sinal tinha o codinome de Litle Fire… Hooo saudade. Trocando em miúdos…é isso ai por enquanto amiga Lucinha Zanetti; quanto ao resto?…ora o resto é resto rsrsrs fuuiii Manda um abração ao Sérgio Vigilato meu amigo de alguns infortúnios arquitetados por nossos inimigos gratuitos.”